I Need rUn, Butterfly escrita por Pandacórnia


Capítulo 1
Prologue




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Era um dia belo e claro para muitos, o sol iluminava no céu azul e nenhuma nuvem podia ser vista, mas, no coração daquele garoto só havia trevas e tempestades.

“A vida não é justa”, pensava.

Ora, que a vida não era justa ele e quase todos os jovens da sua idade já sabiam. Sim, todos sabem, mas só paramos para pensar em sua injustiça quando somos nós os afetados.

Coisas passavam por sua cabeça.

Suicídio? Ir para longe e nunca mais voltar? Até onde vai a tristeza do homem?

O quão longe podemos ir pela dor da separação? Um término é apenas um término, não é mesmo?

Seus colegas disseram que apenas uns copos de bebida eram o suficiente para curar corações partidos, mas, o que fazer quando nem se tem vontade de beber? Se a própria ideia de ficar bêbado para esquecer lhe provocava náuseas?

— Foda-se também! — O garoto gritou para o nada, com lágrimas nos olhos. Chorar não iria adiantar, e ele odiava fazer as coisas em vão.

Tinha tanta coisa para fazer que a ideia de depressão lhe fugia a mente, não tinha tempo para isso, mas também precisava abandonar aquela tristeza contínua de vez.

Ligou para a única pessoa que lhe veio à cabeça naquele momento, o único que podia se animar em qualquer situação, era a pessoa mais esperançosa que conhecia.

 Ficou meio receoso em completar a ligação, já fazia um bom tempo que não se viam, que não conversavam, talvez seja apenas loucura procurar uma pessoa desse jeito.

 Ia desistir, mas antes que pudesse cancelar a ligação, o outro já havia atendido.

— Yoongi? — Ouviu a voz de Hoseok do outro lado da linha, estava mais rouca do que o normal, mas não havia mudado muito. De repente o sentimento de nostalgia e melancolia apareceu. Já se passou tanto tempo...

— Ah... Hobi? Você ainda tem o meu número salvo? — Não tinha certeza se ainda podia chamá-lo assim, mas se surpreendeu pelo outro ainda o ter em seus contatos.

— Caramba Suga, você ainda está vivo? Claro que tenho o seu número, ele não mudou. Onde você está? O que aconteceu? Nossa, a gente precisa conversar, já se passou tanto tempo. — Hoseok demonstrou uma animação repentina, como se também estivesse passando por uma situação difícil e houvesse encontrado uma luz.

— Você ainda mantém contato com os outros? Nossa, faz realmente um bom tempo. Como você está?

— Bem, não com todos, mas ainda vejo o Jimin e vi o  Taehyung quando ele voltou, acredito que eles sim mantém um certo contato com os outros. Sobre como estou? Bem, eu gostaria de estar melhor, mas acredito que estou conformado. — Sua voz passou de animada para distante, como se tivesse lembrando-se de coisas que não deveriam ser lembradas.

— Eu não só compreendo, estou tentando viver assim. — Um silêncio em constrangimento de ambas as partes surgiu. — Você realmente não tem notícias do JungKook? — Suga perguntou, mas sem muitas esperanças.

Ah, Jungkook... Como sentia saudades dele. Antes de se separarem assim, viviam um relacionamento de irmãos. Jungkook era órfão e Yoongi o adotou com uma postura de irmão mais velho, mas naquele momento pareciam apenas irmãos distantes.

— Sinto muito, Yoongi... — Ele já sabia que essa seria a resposta de Hoseok.

— Tudo bem, não sinta... Acha que podemos nos encontrar? — Como precisava desse encontro...

— Claro que sim. Pensando bem, acho que todos nós precisamos nos encontrar. Farei o possível para que todos estejam presentes.

                                                                       ***

O horizonte era a resposta para todos os males, ele ouvira isso em algum lugar.

Agora que parava para pensar nisso, que resposta? Ele cansava de olhar, mas não encontrava nada que o pudesse ajudar.

Não tinha mais nada, havia perdido tudo, bem, quase tudo... Mas do que valia a esperança quando se está no fundo do poço?

“Você precisa ser forte, por todos”, tais palavras martelavam em sua cabeça.

Que todos? Costumava ser o mais velho entre seus amigos porque os garotos de sua idade o consideravam infantil e demasiado sonhador. Mas os seus pequenos amigos haviam partido, como todos os outros.

O que mais o admirava era ele não estar numa linha de depressão profunda, pelo contrário, ele estava mais do que conformado, ele dizia para todos que estava tudo bem.

Ele não demostrava, mas estava cada dia mais difícil manter as tais esperanças.

Havia sido mais uma vez rejeitado na tão sonhada faculdade de medicina. Bem, sonhada por seus pais que tanto colocavam suas expectativas nele, mas o próprio garoto, agora um homem, não tinha aquilo como objetivo de vida.

Não deixava de parecer frustrado, ele só queria que seus pais sentissem orgulho, se seus sonhos não podiam ser realizados queria pelo menos realizar os sonhos daqueles que o puseram no mundo, mas nem isso ele conseguia, se sentia uma vergonha para eles.

Se quisesse prestar o vestibular novamente teria de esperar mais um ano. Ano após ano, só sentia o sabor da rejeição. Se tentasse mais uma vez, não iria apenas cair mais fundo?

Cansou de encarar o nada e levantou subitamente, talvez a culpa seja toda dele, por apenas observar e nunca fazer algo, tinha alguma vantagem em passar a vida toda sendo apenas um espectador?

Levantou-se e começou a andar nas calçadas meio sem rumo. Não queria ir para casa, mas ao mesmo tempo a falta do lar estava o matando. Chegou à porta de casa e antes que pudesse entrar sentiu algo vibrando em seu bolso.

Pegou o celular surpreso, fazia tempo desde a última vez que ligaram para ele, e sua surpresa maior foi por ver na tela quem ligava.

— Taehyung? — Não conseguiu disfarçar a surpresa em sua entonação.

— Jin Hyung, quanto tempo! — O outro por sua vez estava animado, nem parecia que fazia tanto tempo que não falava com o Jin.

— Tae... — Ainda não acreditava que falava com ele. — Você voltou? Está tudo bem?

— Sim, eu voltei, e não se preocupe comigo Hyung, já sou um adulto, esqueceu? — Jin não podia ver o Tae, mas imaginava que estava sorrindo do seu típico jeito estranho naquele momento. — Estou ligando como um informante, Hyung. Você está totalmente convocado para estar hoje à noite atrás do terreno abandonado, onde costumávamos nos encontrar tempos atrás. Acho melhor obedecer, ordens de Min Yoongi.

Jin não pôde deixar de rir, ouvir a voz do Tae ainda mais falando do Yoongi. Pensava se os outros também estariam presentes, sentia tanto a falta deles...

— Ordens de Min Yoongi? Bem, vou pensar no caso. — Brincou. — Caramba, já faz tanto tempo... Imagino como vocês devem estar...

— Não sei os outros, mas eu estou bem, Hyung — Seu tom não estava muito convencido — Bem, é eu vou ficar bem... — Taehyung conseguiu mudar de alegre para preocupado, e Jin percebeu isso.

— Não precisa ficar preocupado, tudo vai melhorar, tudo vai ficar bem. — Depois de muito tempo, o mais velho voltou a confortar os mais novos. Como sentia falta disso.

— Obrigado, espero que esteja certo, Seokjin Hyung.  Bem, te vejo mais tarde.

Desligou o telefone e encarou a porta de casa. Suas emoções estavam à flor da pele.

Não sabia o que pensar, mas o sorriso invadia seu rosto. A esperança voltou, será? Bem, talvez seja cedo para já dizer isso. Só poderia afirmar naquela noite, quando fosse finalmente ver aqueles garotos que já considerou como irmãos. E claro, ver o “garoto esperança”, como costumavam apelidar o Hoseok, que sempre estimulava a todos.

Precisava deles, todos eles.

E eles também precisam dele.


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Notas finais do capítulo

Bom, pretendo atualizar a fic às sextas.
Espero que tenham gostado do capítulo, até semana que vem.