Chuva de Papel escrita por Lady Nyx, Lizzy Di Angelo


Capítulo 1
Chuva de Papel




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Kalluto rasgava folhas de papel em pequenos pedaços e logo após largava−os aos seus pés, e fazia o mesmo processo com outra folha, talvez aquilo parecesse normal ou entediante se não pela brutalidade com que o fazia, como se estivesse rasgando uma pessoa. 

No dia anterior completara seu quinto ano como membro da Trupe Fantasma, cinco anos que assumira lugar como a número 4 da aranha, onde finalmente se destacava, e depois de dez anos com sua família se referindo a si como um garoto, era bom ter sua feminilidade reconhecida, ainda que as vezes achasse estranho. Aquele dia tinha tudo para ser ótimo, mas ao mesmo passo que estava bem, tudo foi estragado por uma infeliz pessoa.

Feitan. Claro que Feitan iria destruir seu bom−humor e tratá−la como incompetente, coisa que não era e jamais seria, ele já vinha fazendo isso há quase cinco meses. Tinha a missão perfeita para se testar bem diante de si, não ligava para se alguém da Associação Hunter lhe perseguiria, era exatamente isso que queria. Quando se juntara a Trupe, tinha certeza de que seria fácil se tornar o membro mais poderoso dela, mas sua teoria caiu por terra assim que viu a batalha daquele moreno, que lhe vinha perturbando a mente, com a criatura que se denominava rainha de Meteor City, nem se lembrava do nome dela. Talvez não fosse fácil, mas Kalluto conseguiria. Conseguiria porque era talentosa, porque se esforçava, porque era o prodígio que nunca havia sido reconhecido.

Seus traços femininos se franziram em raiva e seus curtos cabelos negros caíram sobre os olhos ao repetir na mente a cena ridícula que ele protagonizara, aquilo tudo apenas para humilha−la. Chrollo lhe dignara a missão que esperava a tempos, sem parceiros ou intromissões, apenas a jovem Zoldyck, e de repente Feitan arrancara aquela chance de suas mãos. Ainda conseguia lembrar da risada dele, tão fria e cruel que ela preferia não ter escutado, e então ele desmerecera tudo o que ela havia conquistado. Havia zombado de si, de seus ataques, de sua força, e de sua família.

Avançara contra ele quando o nome de Killua foi proferido com deboche, suas delicadas e pequenas mãos haviam se tornado as mais afiadas navalhas, prontas para decepa−lo. Havia conseguido deixar um corte profundo naquele rosto, que rapidamente perdeu sua típica expressão de tédio, e levar uma mecha do cabelo escuro como a noite, antes de ser segurada por alguns outros membros. E então veio a parte da punição, havia quebrado a regra que não permitia brigas entre os membros.

Franklin lhe segurou pelos ombros no lugar, impedindo qualquer chance de voltar a avançar em Feitan, e era sua vez de apanhar do moreno. Havia acertado um golpe nele, e agora ele poderia esmurrará−la o quanto quisesse, era o que as regras diziam. Nunca admitiria que sentiu medo naquele momento, uma gota de medo em um mar de raiva. Para a supresa de todos, o moreno apenas murmurou "não" e lhe deu as costas, índo embora com seu rosto sangrando, mas levou junto de si a missão de Kalluto.

Picotou a última folha e logo em seguida acumulou todos aqueles que havia usado em suas mãos, as palmas brilharam expelindo nen e o transferindo para os pedaços. A garota jogou os papéis para cima e fechou seus olhos esperando que eles voltassem a descer, com seu nen transformando−os em pequenas navalhas. Havia sofrido todo tipo de coisa na Montanha Kukuru, e se torturar havia se tornado algo comum para si, era quase como respirar.

Abriu os olhos irritada ao não sentir sua pele ser perfurada e o sangue quente escorrer por ela, não podia olhar para cima pois não queria correr o risco de ficar cega, franziu o nariz e esperou mais três segundos. Nada. Virou−se para trás vendo roupas negras, subiu os olhos e fechou a cara ao ver Feitan lhe encarar, o guarda−chuva dele aberto sobre sua cabeça, quase sendo perfurado por o que um dia foi uma folha de papel.

−O que está tentando fazer, Kalluto? −lhe perguntou entediado, a garota quase riu de si ao achar que ouvira uma ponta de preocupação. Sem resposta, o moreno continuou. −Estive te procurando.

Os olhos negros se desviaram de si por questão de segundos, mas logo se voltaram para sua expressão azeda.

−Não tenho outra missão. −acusou asperamente, não sabia para o que ele lhe procurava, mas se fosse para ofende−la, não iria permitir. Percebeu a mecha falha de cabelo, culpa sua, assim como a bandagem que sumia sobre o pano que tampava parte do rosto de Feitan.

−Sei disso. − respondeu no mesmo tom que ela, Kalluto era terrivelmente desafiadora.

−Então some. −a garota mandou sem a menor simpatia na voz, um sorriso irônico se abriu em seu rosto ao ver um traço de surpresa aparecer no dele.

−Por que está tentando se machucar, Zoldyck? −ignorou−a sem a menor descrição, franziu as sobrancelhas irritado ao ler os olhos da garota, diziam claramente que não lhe devia satisfação. −Eu estava apenas preocupado, mas tudo bem, Kalluto Zoldyck. Pode voltar a sua maldita chuva de papel.

Kalluto olhou as costas daquele homem baixinho enquanto ele se afastava, as palavras de Feitan ecoavam em sua mente em um tom vazio, no fim das contas não sabia o que aquilo devia significar.


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