Ao amanhecer de mais um dia, Mei foi a academia frequentar suas aulas de dança.

Ensaiavam agora em uma sala onde haviam aulas de musculação e ginástica aeróbica enquanto esperavam a sala ser reformada e consertada.

Mei ainda não conseguia entender por que alguém teria a coragem de ir durante a noite invadir a academia e destruir a sala de dança.

E ainda se perguntava por que haviam feito isso.

Mas a principal duvida era a respeito daquela estranha magia vinda do colar do panda na qual Mei havia conhecido anteriormente.

— Parecia um dragão. Saia uma luz prateada do colar dele! E que fez os dois caras que destruíam a sala desmaiarem. - Mei descreveu para os colegas o que presenciara quando fora investigar no dia anterior.

—Ele deve ser um mago!-sugere um deles.

—Quem sabe até mesmo um Saiyajin!- diz outro com certo tom de fascínio.

Depois do fim da aula sua professora  chamou Mei Lien para conversarem.

— Já arranjou um parceiro para a sua dança?- perguntou a professora.

—Ainda não. Sabe, eu me sinto insegura com essa questão de minha coreografia ter de ser em dupla. - responde ela cabisbaixa.

— Mas você chamou algum de seus colegas? Fez um teste?

—Sim todos eles.

— E algum deles conseguiu ser agradável?

—Ate agora, nenhum.

— Mas tenho certeza que hoje a noite o parceiro perfeito vai aparecer diante de seus olhos!- diz ela com a mesma confiança dos dias anteriores. Como se fosse uma especia de vidente.

Mei apenas encarou a professora e sorriu, mas por dentro se sentia insegura e prestes a entrar em pânico.

“O parceiro perfeito não existe.” Pensou Mei Lien depois de sair da porta da sala. “E quem seria capaz de me levantar no ar como naquele filme de dança que eu tanto gosto?’

Assim que chegou na lanchonete para cumprir seu turno, viu que Peter o panda que havia evitado uma catástrofe maior na academia de dança havia aparecido novamente.

“ Ele trabalha aqui? Mas por que ele trabalharia aqui?”

Pensava chocada e sem saber o que fazer ou o que dizer a ele.

— Oi! – disse ele sorrindo.

Aquele sorriso lhe despertou novamente as sensações que ela havia tido anteriormente

—E aí? Quem diria que trabalhamos no mesmo lugar.- conotou Mei Lien com um sorriso tímido.

— O destino sempre nos prega peças.- diz o panda num tom filosófico.

Mei e Peter se entreolharam.

 O coração da cabritinha acelerou quando ele pegou em seu casco, firme e delicado e sorrindo diz a ela:

—Pronta para o teste de hoje a noite?- perguntou o panda com um sorriso cativante.

Mei fez que sim com a cabeça.

—Espero que você também esteja.- diz ela ainda sentindo se nervosa e sentindo o corpo ferver de tanto calor.

—Pode crer que estarei.

No fim do trabalho, Mei pensava em não fazer mais nenhum teste e ficar em casa, assistindo suas series e trabalhando na pintura das cerâmicas de seu pai adotivo.

Mas como não queria deixá-lo decepcionado, por que ele com certeza ficaria, e de uma vez por todas quebrar aqueles sentimentos de insegurança da aula de dança a respeito da sugestão da professora, que insistia de ver uma dança romântica, decidiu que iria ate a academia de luta e fazer o teste com ele.

Naquela noite ,Mei Lien explicou a seus pais e que estava indo fazer e perguntou a eles se podia sair um pouco para praticar sua dança

Eles então lhe dizem para não voltar muito tarde como sempre pediam.

Ao chegar na porta da academia, Mei Lien esperou que a aula de Take Won Do acabasse para fazer o teste nele.

Assim que a sala ficou vazia e o mestre dele a convidou para entrar, ignorou a vontade de querer sair correndo e voltar para casa, decidida a ver se ele seria bom ou não.

E assim que ela adentrou no dojo, não conseguiu evitar em ver o sorriso de contentamento que se formou no rosto redondo e fofo do panda, que de imediato fez seu coração voltar a retumbar inquieto dentro de seu peito.

— Você demorou tanto que achei que não viria. - diz ele atiçando novamente o pulsar descontrolado em seu interior.

— É que eu precisava de um tempo pra pensar.- diz Mei Lien, novamente tentando parecer seria.

Os dois primeiramente permaneceram sentados no chão do dojo e Mei Lien explicou para Peter como era seu solo para que eles no fim pudessem acrescentar mais movimentos e transformassem a dança numa coreografia em dupla e romântica.

Encarando-o novamente, MeiLien sentiu a calma ir por água abaixo.

A hora do teste havia chegado.

Com tudo isso veio à avalanche de preocupações - imaginando que ele a deixaria cair no chão e se irritando por ele não saber nada de dança.

E que as batidas por todo o corpo, que naquela tarde já estavam roxas, ficariam piores no dia seguinte.

Mas ao olhar para os olhos verdes dele que novamente pareciam ser duas jades reluzentes, uma pequena chama de esperança permanecia acessa dentro de Mei Lien.

Talvez ele não fosse mesmo capaz de deixá-la cair no chão.

Afinal naquela vez em que haviam se colidido na rua, ele não havia deixado aquilo acontecer.

— Me mostre o seu solo. - pediu o panda num tom de voz gentil e atencioso. - eu adoraria ver.

—Eu... –Mei Lien deu uma olhada pela sala.

Ela ainda podia ver as pessoas passando por ali perto.

—Espera aí. -Peter se apressou e fechou as persianas.

Depois, gentilmente, guiou Mei Lien até o centro da sala de treinamento.

—Dance.

Mei Lien ainda pensava em se recusar, mas era tarde demais.

Assim que a musica começou a tocar, a cabritinha não conseguiu resistir em começar a dançar.

De alguma forma sem mais ninguém a não ser Peter, Mei Lien sentiu a melodia suave do violino dentro dela como antes.

E então antes que pudesse perceber, estava dançando.

 Com tudo o que tinha.

Dançava com os sentimentos vindos de sua alma.

 A esperança, o medo e a alegria apareceram a medida que Mei lien dançava para Peter exatamente como havia dançado nas semanas anteriores, naquela sala com os espelhos que refletiam sua imagem, muito antes dela ser completamente destruída.

Quando ela terminou, Peter sorriu e se aproximou para mais perto dela.

—Podemos começar?-pergunta ele.

E assim, o panda lhe mostrou como seria o solo dele, e lhe mostrou os movimentos que faria juntamente dos dela.

E começaram a ensaiar sem a musica, a fim de praticarem um pouco antes de começarem a treinar de verdade.

E enquanto o panda dançava em sincronia com seus movimentos, Mei Lien percebeu que os movimentos que Peter fazia, pareciam representar algo profundo de uma história de amor.

Onde um cara que se apaixona por uma garota, quer fazer de tudo para se aproximar dela e conquistar seu coração.

Como naqueles contos de fada chinês que seu pai uma vez contou para ela antes de dormir quando pequena.

E se lembrou da historia de Aladdin* que se apaixonara pela princesa e filha do imperador apos vê-la passando na rua onde morava quando percebeu o encanto e fascino visível em seus olhos verdes.

A canção que ele cantara na lanchonete no dia anterior também parecia ter algo a ver com tudo àquilo que havia acontecido nos dias anteriores.

Ela então percebe que o panda parecia realmente estar disposto em participar de seu solo de dança da academia.

‘Se ele está mesmo disposto então é o que vamos ver agora” Pensou Mei Lien se afastando , dando giros ao redor da sala e saltando com graça e elegância.

Lentamente, Mei Lien começou a dar impulso, dái fez o grande salto com os olhos fechados ainda pensando que iria cair no chão como nos testes anteriores.

Porem assim que abriu os olhos, permaneceu surpresa.

Ele havia a pegado e estava a erguendo no ar.

Exatamente como na cena do filme de dança que tanto gostava de ver.

Peter a jogou para o alto novamente e depois a envolveu em seus braços fazendo a descer para o chão lentamente.

E assim ele a guiou numa dança envolvente e romântica, semelhante a um tango que depois pareceu ser o verdadeiro pax de diuex que sempre via em seus sonhos.

Mei Lien ainda o encarava com certa timidez nos olhos.

Mas conforme continuavam dançando, a pequena cabra começou a sorrir.

 Estava gostando de dançar com o panda que, por incrível que pareça, havia se mostrado ser gentil e atencioso.

Como um anjo.

Quando terminaram, Mei Lien se sentiu relaxada e tranqüila.

Se sentia feliz.

—Você dança muito bem para uma cabritinha que parece tão tímida!- disse ele

—É que eu venho treinando desde que era pequena.- explicou Mei Lien para ele ainda tentando desviar do olhar atento dele.

—E essa é a primeira coreografia que criou sozinha?

—Sim! Desde que ouvi essa musica pela primeira vez.-responde Mei Lien.

— Você ouviu essa musica de algum lugar ou alguém passou ela pra você?

— Quando eu era pequena, meus pais me deixaram na porta da academia de dança Shangdu com o CD e prometeram de que um dia voltariam até lá para me buscar. Desde que aprendi a dançar,acabei criando uma coreografia com essa musica.

— E quem são seus pais? - pergunta Peter.

— Eu nunca os conheci pessoalmente. E o diretor disse que eu vim com esse bilhete dentro do meu colar que eu gosto de usar até hoje.- diz Mei Lien mostrando um pedaço de papel que ela tirou de dentro do lírio da água que ficava pendurado em sua gargantilha.

Nele Peter pode ler um pedido escrito em pequenas letras.

Por favor cuide da nossa filha

O nome dela é Mei Lien

Nos a amamos muito.

E voltaremos para buscá-la.

Estamos deixando este cd com uma musica para que ela continue a dançar.

E o medalhão de lírio d’água em volta do pescoço para que quando viermos buscá-la, sabermos que é ela.

Mei pensou que talvez ele fosse perguntar a respeito do nome do casal, mas para sua surpresa, isso não aconteceu.

—Eu gosto dessa musica. Sempre que eu passava pela academia Shangdu eu parava pra ficar observando a sua dança e às vezes desejava poder dançar com você também.

—Você jura? Ou tá brincando comigo?- pergunta MeiLien esperando que ele de repente se levantasse, rindo sarcástico e revelasse a ela que realmente só estava fazendo uma brincadeirinha de maus gosto.

—Não! É serio! Meu pai quando tinha minha idade fazia dança naquela mesma academia. Ele e minha mãe passavam horas praticando dança de salão. E eles eram muito bons! Tão bons que viviam se apresentando em festivais de danças de casais!

— Então quer dizer que decidiu ser meu parceiro na dança por causa de seus pais?

—Eu diria que sim!

—Mas o que você vê na dança para decidir se arriscar a fazer essa coreografia comigo?

— Uma forma de contar uma historia de amor e aventura sem precisar de palavras. Apenas de uma musica e de uma linda companheira que se mostre gentil e atenciosa como você!

Aquelas palavras fizeram Mei Lien se sentir em choque, porem cada vez mais fascinada por ele.

Os dois continuaram olhando um para os olhos do outro e sem dizer nenhuma palavra por alguns segundos.

Sentiam-se felizes por estarem juntos e se conhecendo mais a fundo.

Depois de um tempo, eles tiveram de ir embora do dojo por que o mestre precisava fechar o templo e ir embora.

Peter insistiu em acompanhá-la ate a estação onde ela pegaria um trem que a levaria para casa.

— Eu estou em pensando em encontrar meus pais verdadeiros.

— Mas como você fará isso?

— Eu não sei. Mas eu quero conhecê-los. Todo esse tempo, eles nunca vieram me buscar. Eu esperei por tanto tempo.

— Eu tenho amigos da policia que podem te ajudar com isso!- diz Peter tocando em seu ombro e atraindo a atenção de Mei novamente.

— É serio? Oh obrigada, Peter! Você não sabe o quanto eu sou tão grata por você nessas horas.- diz Mei e o abraça, coisa que o deixou chocado, porem feliz.

— De nada!-respondeu ele sorrindo e retribuindo o abraço de Mei.

— Amanhã podemos ir a Zootopia! Eu levo você até o Departamento de Policia para pedirmos que localizem seus pais verdadeiros. Quem sabe eles possam te ajudar.

—Mesmo?

—Sim!

—Então a gente se vê amanhã não é?

Peter concordou com a cabeça, sorrindo.

— Boa noite.- diz Mei acenando enquanto entrava no trem enquanto ele dava a buzinada avisando que logo iria partir para as próximas estações.

— Ate amanhã. Na estação de trem da vila.- acenava Peter se despedindo.

Ela continuou o observando pela janela enquanto o trem começava a andar.

Depois continuou sentada e quieta, esperando até chegar em casa.

E assim que chegou, foi bem recebida pelos pais adotivos que a abraçaram e encheram-na de beijos.

—Estamos felizes que esteja de volta- diz Jiang Li abraçando-a.

Logo depois, todos foram dormir.

Naquela noite, Mei Lien demorou para pegar no sono.

Sentia-se ansiosa demais com a oportunidade de se encontrar com seus verdadeiros pais.

E quem sabe, finalmente poder fazer a pergunta que estava guardada com ela há anos.

“Por que vocês me abandonaram?” perguntava Mei Lien mentalmente. Se imaginando em frente a seus pais verdadeiros e visualizando a si mesma com as lagrimas escorrendo de seus olhos.

“Por que todo esse tempo, nunca vieram me buscar?”

Essas questões ficaram cercando sua mente até que ela fechou seus olhos e viu seus pais lado a lado.

Uma cabra e um carneiro que tinham uma aparência de serem bondosos e atenciosos.

Ela correu para mais perto deles, querendo abraçá-los e ouvi-los falando que sentiam muito sua falta, como sempre sonhara que iria acontecer quando se encontrasse com eles.

Mas ao olhar para o rosto deles, viu que pareciam estar tristes e preocupados.

E quando tentou falar com eles, os dois ficavam em silencio.

Sem dizer nada.

Apenas a encaravam com o mesmo olhar triste.

“Falem comigo.” Implorou ela em seus pensamentos

Porem eles começaram a se afastar cada vez mais até que começaram a ficar transparentes.

‘ Por que vocês não me queriam?

Perguntou mais uma vez.

Mas eles então desapareceram.

Mei Lien de repente sentiu o corpo caindo no chão e quando abriu os olhos viu que havia caído da cama, e estava embrulhada nos lençóis.

E chorou.

Ainda sentindo a dor por nunca saber a resposta.

Pensava no olhar do casal de cabras, tentando adivinhar o que aquele olhar significava.

Assim que se encontrou com Peter na estação, como haviam combinado, não contou nada a ele.

Pois tinha muito medo que ele não entendesse seu sonho e a julgasse como louca.

Já havia perdido muitos amigos deste jeito e não gostava nem um pouco de se lembrar do que eles haviam dito a ela.

E assim que se adentram no trem, Peter pegou em seus cascos, firmes e delicados, e a levou para um outro vagão, no segundo andar onde eles puderam ficar sozinhos.

—Para aonde estamos indo? –pergunta ela completamente insegura.

—Para a parte de cima do trem!- responde Peter a ela.- Aqui posso testemunhar coisas maravilhosas acontecendo! E queria compartilhar isso com você.

Mei então olhou para a clarabóia no teto do trem e observou quando o trem continuava correndo pelos diferentes lugares e pode observar as arvores e o céu durante ,mais um nascer do dia.

Ela viu quando passaram pela selva e naquele momento os irrigadores funcionaram fazendo parecer que estava chovendo e a luz do sol fez um arco Iris aparecer.

Era de deixar qualquer um impressionado.

— Eu gosto de me sentar aqui por que sempre posso estar sozinho com essas maravilhas do mundo e da natureza.

Mei Lien o encarou nos olhos com uma expressão de duvida mas ao mesmo tempo estava completamente admirada pelas diferentes cidades de Zootopia.

Nunca havia se arriscado a ir em outros lugares e aquela estava sendo a primeira vez em que ia para outro lugar alem da vila.

E quando Peter pegou em seu casco novamente, percebeu que adorava a maciez de suas patas felpudas.

E ao olhar para o colar que ele usava no pescoço, se sentiu fascinada.

A medalha dourada brilhava em contraste com a luz do sol nascente.

E sorriu enquanto continuava a apreciar a paisagem pelas janelas do trem que deslizava pelos trilhos.

Zootopia era mesmo uma cidade grande e imensa.

E haveria uma imensidão infinita a ser vista e desvendada.