Midnight escrita por Sherl


Capítulo 6
Midnight Five


Notas iniciais do capítulo

Não, eu não abandonei a fanfic, além do mais, ela já está toda escrita, mas não pude postar terça por questões pessoais, um parente morreu e bem, para resumir é isto.



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m i d n i g h t      f i v e  

Não houve aula na sexta, por razões óbvias. Castiel segurou o sorriso ao escutar todos agradecerem por quem quer que tivesse feito aquilo, apenas continuou fingindo não saber como a escola havia ficado daquele jeito, e ele era muito bom em permanecer com uma expressão séria. 

"A má notícia é que agora a diretora contratou um guarda de segurança para parar com os 'delinquentes' como ela diz." Disse Michael. "Mas a cara dela essa manhã foi ótima."  

"E eu nem havia feito a atividade para hoje, eu amo quem fez isso e nem o conheço." Disse Meg sorrindo.  

"Nós todos sabemos quem foi." O coração do Castiel deu um pulo ao escutar Samandriel. "Dean Winchester."  

"Mas por que ele faria isso? Ele nem ao menos estuda lá." Perguntou Anna.  

"Como eu vou saber? Não sou amigo dele. Castiel por outro lado..."  

Castiel franziu a testa. "Não somos amigos, apenas moramos na mesma rua."  

"Se você diz."  

Todos ficaram em silêncio e Castiel segurou a alça de sua mochila com mais força, Samandriel não estava parecendo Samandriel naquele dia, estava na cara que ele ainda não havia esquecido o que aconteceu em sua festa de aniversário, mas não precisava agir daquela maneira. Castiel suspirou e segurou em seu pulso, o parando para poderem conversar, já que estavam em frente a sua casa e ele não poderia fazer aquilo até segunda. Os outros três olharam para trás, mas continuaram a andar, sabendo que deveriam deixá-los.  

"Me desculpe por não querer beijá-lo, Samandriel." Disse Castiel o olhando nos olhos. "Mas eu não te vejo desse jeito, você é meu melhor amigo, nos conhecemos desde crianças." 

Samandriel deixou que a expressão em seu rosto relaxasse. "Eu sei, me desculpa, Cas. Eu só estava...meio irritado porque você não gostava de mim como..." Ele suspirou. "Eu sei que fui idiota."   

"Você continua meu melhor amigo."  

Samandriel deu um pequeno sorriso e abraçou Castiel brevemente. "Michael me disse sobre o que vocês conversaram ontem, eu estava aliviado por você não ter ficado com nojo de mim, ele me disse que você também gostava de garotos, a nossa amizade é tudo para você não vê nada mais ou tem alguém que você gosta?"  

Castiel estava prestes a responder quando os dois viraram as cabeças para ver o que estava acontecendo na casa vizinha, de onde se ouviam gritos. A porta da frente se abriu com força e de lá saiu Dean com o rosto machucado e seu pai logo atrás dele, irritado com alguma coisa.  

"Você volte aqui imediatamente, seu filho da mãe."  

"'Pra você me bater novamente? Não obrigado, já cansei." John pegou no braço do Dean, o forçando a se virar.  

"Eu encontrei suas malditas revistas, você não tem o que esconder agora." 

"Oh, encontrou minhas revistas, meus parabéns."  

John lhe lançou um olhar furioso e deu um soco em seu rosto, com força o bastante para jogá-lo no chão. Castiel deu um pequeno pulo e segurou-se para não correr até Dean. "EU NÃO CRIEI FILHO MEU PARA ELE SE TORNAR VIADO." Gritou John. "Porque é isso que você é, Dean, um VIADO NOJENTO."  

"VOCÊ NÃO ME CRIOU, EU ME CRIEI SOZINHO." Dean levantou e se aproximou de seu pai, como se não estivesse nem um pouco com medo, mas Castiel sabia que ele provavelmente estava e não queria demonstrar. "Eu me criei, eu criei Sammy, você não fazia nada além de gritar e beber."  

"Como se atreve a ser desrespeitoso com seu pai?"  

"Você não é um pai, você é apenas um bêbado que merece ser tratado com desrespeito."  

John empurrou Dean para o chão novamente e subiu em cima dele para continuar a socá-lo. Castiel deu um passo para frente automaticamente e Samandriel segurou seu braço, o impedindo de ir até o jardim dos Winchester.  

"Dean precisa de ajuda."  

"Achei que tivesse dito que não eram amigos."  

"Ele continua sendo um humano, Samandriel."  

Samandriel juntou as sobrancelhas e então as levantou segundos depois, como se tivesse descoberto algo. "Você gosta dele." Não foi uma pergunta.

"O que?" 

"Gosta." Samandriel soltou o braço do Castiel. "Jesus Cristo, Cas, é o Dean Winchester."  

"Nós precisamos ligar para alguém pedindo ajuda." Disse Castiel, o ignorando.  

Dean agora estava de pé, batendo em seu pai como se John fosse a pessoa a quem ele mais odiava. Quando John caiu no chão, ele chutou Dean na barriga e então levantou para entrar em casa, deixando seu filho com a mão onde ele havia chutado e cuspindo no chão. Minutos depois, John apareceu novamente fora de casa jogando roupas em Dean e por último três revistas.  

"Por que não vai morar sozinho para que você possa receber homens em casa para dar para eles todas as noites?"  

"Quer saber, talvez eu faça isso."  

John fechou a porta com força e Castiel escutou o barulho da tranca. Olhou para o lado para falar com Samandriel, mas ele não estava mais lá, deixando Castiel confuso, pois não havia visto quando seu amigo tinha saído.  

Dean respirou fundo com os olhos fechados e passou a mão em um corte em sua boca, olhando para os dedos e vendo o sangue na ponta de dois deles. Limpou-os em sua calça e Castiel pode ver sua boca e queixo tremendo como se Dean estivesse prestes a chorar, mas ele passou a mão nos olhos e olhou para cima, inspirando e expirando com força, piscando várias vezes e então olhando para Castiel, que sentiu suas mãos tremerem apenas ao ver seu olhar triste.  

Dean então olhou para o chão e pegou suas roupas e as revistas, saindo de casa e passando por Castiel sem dar uma palavra, como um desconhecido. 

✧ 

Onze e cinquenta e oito. 

Castiel pegou o potinho de glitter que estava em cima da mesa de seu quarto e o escondeu com os dedos, o punho fechado. Podia escutar seu pai digitando no computador, mas embora antes ficasse nervoso saindo com Chuck acordado em casa, Castiel se tranquilizava com o fato de que ele nunca entrava em seu quarto.  

Saiu pela janela e deu a volta pela casa. Dean estava sentado na calçada, de costas para ele, seus braços estavam descansados em cima de cada joelho e sua cabeça estava abaixada, como se ele estivesse cansado demais ou apenas esperando, muito possivelmente os dois.  

"Olá, Dean." Disse Castiel sentando ao seu lado direito. 

"Hey." Dean respondeu com a voz baixa, olhando para os pés do Castiel, provavelmente não querendo encontrar seus olhos.  

Os dois ficaram em silêncio, nenhum se levantou para irem fazer algo em sua quinta meia noite juntos. Castiel sentia-se leve em apenas estar ao lado do outro, sentia que poderia permanecer naquele silencio para sempre se Dean estivesse ao seu lado. Era curioso como ele ficou confortável com Dean em tão pouco tempo, considerando os anos em que se manteve afastado.  

Mas Castiel não lembra mais como era querer estar longe do Dean, ele não deseja estar longe. Castiel quer que Dean lhe conte todo pensamento retorcido e assustador que ele já teve na vida, quer que aqueles olhos verdes quebrem seus ossos e suas palavras rasguem sua pele.  

"Você está bem?" Era uma pergunta estúpida.  

Dean não respondeu de primeira, como se pensasse se deveria dizer a verdade. Por fim, respondeu com a mesma voz fraca de antes. "Não." 

Era o que Castiel havia imaginado.  

Com um movimento lento, segurou o rosto do Dean com delicadeza, virando-o para torná-lo totalmente visível a ele. Dean, com uma expressão surpresa, apenas o olhou e não fez nada para impedi-lo.  

Seu rosto era uma bagunça de cortes e machucados roxos e inchados, não tão graves para deixá-lo irreconhecível, já que sua beleza poderia ainda ser vista com clareza. Dean parecia totalmente destruído, não somente por causa de seus machucados, mas também por causa de seus olhos. Olhos cansados e sem brilho, com o verde que mal podia ser visto com aquela luz fraca. Dean também não usava sua jaqueta de couro de costume e sua postura estava longe de ser aquela de que todos falavam.  

Castiel soltou seu rosto e Dean olhou para seus pés novamente, como se estivesse pensando que Castiel achava sua aparência repulsiva. Doía vê-lo daquele jeito.  

Castiel abriu o potinho de glitter dourado e virou o rosto do Dean novamente para si, agora se aproximando para conseguir fazer o que havia planejado.  

"O que 'tá fazendo?" Dean perguntou olhando para o dedo do Castiel que vinha em sua direção cheio de glitter.  

"Fadas tem sangue como ouro líquido, por isso, quando se machucam, parecem que elas são perfeitas estátuas gregas salpicadas de ouro." Disse Castiel calmamente enquanto passava o glitter em cima dos machucados do Dean, que escutava atenciosamente ele explicar. "E é claro que por isso, existem pessoas cruéis que as machucam apenas para verem a beleza que seu sangramento traz. As fadas são sábias quanto ao que elas aprenderam por experiência que tudo tem dois lados: beleza, afinal de tudo, lhes causou dor."  

Castiel passou o glitter por último no longo corte que começava em seu nariz e terminava na área abaixo de seu olho. E então olhou para seu feito, Dean o observava com atenção, suas pupilas dilatas e seu rosto coberto de glitter. Perfeito, foi o que Castiel pensou ao segurar seu rosto mais uma vez e colar seus lábios juntos.  

Quando começou a ficar nervoso e se arrepender de seu impulso, Dean abriu de leve a boca e o beijou de volta. No interior do Castiel, algo se retorce, afiado, doloroso e maravilhoso, e quando Dean coloca uma mão sobre suas costas e suas línguas se encontram, Castiel sente como se os fogos de quarto de julho fossem acesos dentro de seu estomago. 

O som do vento atingia seu ouvido fracamente, a rua estava deserta e ele não escutava mais nada. Castiel não sentia cheiro, pelo menos não um que ele conhecia. A boca na sua tinha um toque delicado, embora o que fosse o começo de uma barba estivesse arranhando seu queixo, seus narizes se tocavam quando suas cabeças se moviam para o lado desajeitosas em um ritmo lento. Dean tinha gosto de cigarro misturado com hortelã, e Castiel imaginou que aquele era um gosto que combinava com ele.

"Você nunca me falou seu nome." Dean disse contra os lábios do Castiel, em seguida beijando seu queixo e seu maxilar, descendo para seu pescoço.  

"Castiel." 

"Castiel." Repetiu Dean. "Cas." Os dois se beijaram novamente, com mais aprofundamento que antes, seus dedos se entrelaçaram de leve e eles se aproximaram ainda mais.  

Naquela noite, os dois não saíram da calçada, mas sim apenas ficaram sentados conversando ali mesmo. Seus dedos alisando a mão, rosto, perna, braços um do outro, além dos vários beijos que trocaram, foi o resumo de sua quinta meia noite juntos.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo já é o último e ele será o maior da fanfic huehuaheuahe



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