Sweet Blood escrita por Kin-chan


Capítulo 1
Capítulo 1 - Solticio


Notas iniciais do capítulo

Nesse 1° capitulo vem a introdução da vidinha normal de nossa antiheroina. Espero que gostem! #



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Capitulo I – Solstício.

 

Isso pode parecer estranho, mas o que não é?

Aconteceu no primeiro dia da primavera, eu era eu, olhando pras flores dos jardins enquanto caminhava pelas ruas cheias na noite clara de Lua Cheia,  vez ou outra  trocava vagas palavras com um conhecido, minha casa era a mais afastada do centro da vila, a casa da cidade de um barão, o meu pai. Já estava distante do centro onde os aldeões não transitavam mais, tinha dispensado minha dama de companhia, precisava ficar comigo mesma um pouco.

Tudo tinha acontecido rápido de mais e eu sabia que não tinha escolha, havia chegado da capital há um mês atrás, lá eu deixei meu coração e nunca mais eu poderia recuperá-lo, mas ficar com um jovem rapaz que cursava advocacia, não eram os planos do meu pai para mim, me casaria com um homem de meia idade dono de terras. Se meu doce Miguel estivesse comigo naquele momento ele pegaria a minha mão e me levaria dali, sem choro nem vela, mas ele não estava.... Fugiria sozinha! Voltaria para capital e nos casaríamos!!!

Mas algo, não, alguém chamou minha atenção. No meio da estrada de terra batida que levava até minha casa havia um homem parado, me olhando, ficamos parados por longos segundos um a olhar o outro parado no meio da estrada estava a uns 50 metros de distancia um do outro, me lembro bem como se fosse ontem, tinha por volta de 1,75m com músculos definidos, a pele branca cintilava ao luar, usava roupas fulas, uma calça e uma camiseta branca com botões apertos até o abdome, mas foram seus olhos que me tomaram a atenção. Na face imaculada e de expressão gentil emoldurada por louros cabelos jaziam dois rubis, que me fascinaram e me deram medo, deles brotavam desejos e ódios incontroláveis. Coisas que na época eu não entedia, semente temiam.

Então aqueles olhos se moveram, mudando de lugar, avançando, a um palmo de meu rosto, eu recuei, ele coçou a cabeça com uma das mãos dando sorriso torto, eu também sorri, fora involuntário, me observava novamente e eu sentia seu olhar mais intenso do que no primeiro momento, então eu o encarei. O que aquele desconhecido olhava tão interessado em mim? E como ele andara aquela distancia tão rápido?

Estava ficando tarde, não podia mais ficar ali parada estudando a estética do homem e que ele ficasse me olhado parada como estatua próxima dele. Então seus olhos fugiram dos meus. Ele estava parado ao meu lado levemente curvado fazendo uma reverencia para que eu seguisse. Eu o olhei de novo. Não tinha tempo para aquilo! Horas já era noite alta. Pus-me a correr, e quando já restabelecia a distancia de nosso primeiro encontro olhei pra traz, e ele estava lá acenado pra mim com o sorriso no rosto, aquilo me vês desequilibrar, eu esperava velo no mesmo lugar, talvez alguns passos além, mas não me sorrindo e acenando. Deixei pra lá, nunca mais veria aquele estranho.

Algum tempo depois cheguei em casa, meus pais estavam na sala tomando café, minha mãe sorriu disfarçadamente e meu pai tinha uma expressão de desdém e prazer ao mesmo tempo, não me importava o que eles estavam tramando pra mim, eu iria fugir, não importava com. Voltaria pro meu Miguel! Cumprimentei-os e disse que ir ia ao meu quarto estava cansada.

–Amanhã uns amigos de teu pai viram aqui, o Barão de Boa Vista, também vira – ela se levantou e me abraçou dando-me um beijo na face e depois murmurou – E seu afilhado, virão jantar conosco.

Fiz-lhe um leve aceno com a cabeça, e me despedi de meu pai. Pouco me importava o tal Barão e seu infeliz afilhado que de nada herdaria se o velho tivesse filhos. Amanhã eu sumiria dali! Que saudade sentia de meu Miguel!!

 

- X -

 

Como todas as vezes que meu pai resolvera fazer uma reunião em que um novo integrante juntar-se-ia ao grupo, está seria em casa, que teria de estar impecável, mamãe e eu usaríamos um dos nossos melhores vestidos, as escravas usariam uniformes e o braço-direito do papai seria o nosso Anfitrião. Tudo para mostrar o Poder, o imponente poder que lhe garantiria o respeito. Mas apesar de nós e os escravos estarmos empenhados nesta tarefa, ele não se importava, nunca fizera isso o que lhe valia era o dinheiro, o poder e o prazer.

Minha ama era a pessoa em que mais confiava e sabia que não contaria a ninguém os meus planos, ela sabia de tudo, absolutamente tudo. Mas ela achava melhor esperar um pouco dar confiança a meu pai, ele sabia o que eu pretendia e tinha mandado seus peões guardarem a casa para eu não poder fugir, se esperasse e ele pensasse que eu desistira teria mais chances de escapar sem ser descoberta. Talvez uma semana ou duas. Escreveria a Miguel pedindo que me esperasse. Subia ao quarto, Maria levaria a carta ao correio ainda hoje ela partiria no trem das 2 horas para a capital.

Lembro perfeitamente o que havia escrito.

Meu amado Miguel.

 

Não consegui te esquecer um segundo sequer, então tomei a decisão de fugir, mas isso não acontecerá imediatamente. Peço que me espere por uma ou duas semanas, pois se for agora serei impedida por meu pai, mas ele não impedira nosso amor.

Ainda sinto o gosto de seus lábios, e nada tem o cheiro melhor que o seu, e cada vez que penso em ti meu coração palpita e um suspiro vem em minha boca por não poder ficar em seus braços. Quero que saiba que mesmo esse mês longe não mudou nada do que sinto por você, eu não estou apaixonada, não, eu Te amo do fundo do meu coração que pertence somente a ti!

Mas existe uma coisa que eu gostaria de lhe contar. Ontem fui passear pela cidade, ver os jardins da praça e no caminho de volta encontrei-me com um homem, ele era totalmente estranho à pessoa de pele mais alva que já pus meus olhos e seus olhos pareciam rubis! Tenho que lhe confessar que senti muito medo era como se nada mais existisse, como se nosso amor não fosse verdade e minha vida fora um nada, um completo vazio. Mas quando pensei em sair correndo ele se afastou de mim fazendo uma reverencia! Percebes como isso é estranho? Senti tanto medo de não poder mais te ver que corri até chegar em casa, no meu quarto, e pensei em ir para ai o mais rápido possível naquela mesma noite, mas tive medo de reencontrá-lo. Então fiquei lá a noite toda sem dormir pensando em ti.

Sinto muito a sua falta.

 

Elizabeth

 

Coloquei a em um envelope e perfumei a carta enquanto uma lacrima rolava de meu rosto, a entreguei a Maria e está foi à cidade dizendo que iria comprar uma fita pra por em meus cabelos. Ela voltou depois do almoço.

De tarde ajudei as escravas na organização da casa. Depois fui tomar meu banho e me arrumar em companhia de minha dama-de-companhia. Haviam me preparado um vestido rosa-salmão e branco, com um espartilho, meu cabelo fora preso delicadamente em forma de coque pela dama, uma fita adornava meu pescoço e luvas brancas de cetim nas mãos. Então desci e esperei os convidados.

     

- X -

 

Eram quase oito horas quando o tal Barão de Boa Vista e seu afilhado o Sr. Gilbert Di Violla foram anunciados pelo secretario do papai, André. Não lhes dei atenção no momento, fazia o que me fora mandado, conversar com as poucas mulheres que acompanharam seus ricos e gordos maridos. Mamãe tinha ido dar algumas instruções às escravas e no caminho trocara rápidas palavras com o papai. Ele me chamou e eu me aproximei pedindo licenças às mulheres com quem eu conversava, não me lembrava o nome de uma sequer, mas eram tão gentis que até simpatizei com as coitadas. Papai falava com um grupo de homens e dentre eles estava o tal Barão e... Aquele homem! Não era possível!

– Elizabeth querida você esta bem?- papai perguntava, me segurando pela cintura dando leves chacoalhões.

– ...Eu... – os homens ali me olhavam com alguma preocupação, exceto ele que parecia curioso, me encarando da mesma forma que na noite passada, mas seus olhos não eram rubis e sim pelas e verdes esmeraldas - Sim estou bem.

– Que bom querida – disse um senhor pousando a mão sobre meu ombro, era o padre, e com exceção do barão e aquele homem, e conhecia todos ali presentes – Por um instante pensei que teria de dar lhe a extremunção.

Os homens ali riram e até eu ri da piada sem graça alguma do velho homem. E quando todos já haviam se fartado da piada, papai me levou até os dois desconhecidos então o mais velho se aproximou estendendo a mão e eu a apertei o mais forte que pude, era um homem estranho, seu cabelo começava a ficar grisalho, e tinha um bigode horrível dando-lhe à aparência de um leão marinho.

– Antonio Da Boa Vista – ele tinha a voz grossa do tipo que se dá medo de ouvir no escuro sozinho - e este é meu afilhado Gilbert.

O Barão deu um passo para o lado deixando minha mão livre ao moço, que pegou minha mão entre as suas e se curvou dando um leve beijo nela. Demorei um segundo pra raciocinar o que devia fazer. Os dois eram estranhos, do mesmo modo. Com a outra mão puxei um pouco o vestido e flexionei levemente os joelhos, fazendo o mínimo que eu poderia fazer. Ele sorriu quando seus olhos cruzaram os meus senti meu rosto queimar levemente.

– Sua mãe esta a lhe chamar.

Tinha a voz doce e calma, era quase como um sussurro. Eu me virei e ela acenou me chamando, parecia excitada não era normal vê-la naquele estado, seus olhos brilhavam como se ela esperasse a resposta da coisa mais importante. Deveria estar esperando a aprovação dos convidados sobre alguma coisa, o jantar talvez, não deveria pensar assim, fazia tempos que não a via daquele jeito desde que a casula da família nascera ela não estaria grávida tinha certeza. Meu irmão mais velho, Rafael, deveria estar voltando da Europa. Parti em sua direção depois de pedir-lhes licenças.

– Gostaste do moço? – fora à pergunta mais estranha que me fizera na época ninguém perguntava a filha se gostou de um rapaz.

– Sim, parecer um bom moço mamãe. Mas porque me pergunta isto?

–Não é hora de falar nisso. Meu bem, Magda está me chamando, com licença!

Ela sabia dar essas escapadas, mas mais cedo ou mais tarde acabaria me contando. Magda estava realmente a chamando o jantar deveria estar pronto. Sim ele estava. Fomos para a mesa, Gilbert se sentou ao meu lado, era silencioso e quase não comeu.

Eu sentia que o conhecia e de longe me lembrou muito o homem da noite passada, poderia jurar de pés juntos que eram a mesma pessoa tinham o mesmo porte físico, mas sua pele não parecia tão pálida, poderia ser muitos bem a luz da lua que o deixara daquela tonalidade fantasmagórica e os cabelos castanhos, outra hora eram negros. Feitiços da lua. Mas seus olhos isso eu não poderia estar enganada foram do vermelho sangue ao mais belo verde oliva!!

– Cheguei da Itália há um mês, depois disso estava na capital. – disse a voz sussurrante ao meu lado – morei lá desde que nasci.

– Mas falas tão bem nosso idioma, jurava que viveu aqui a vida toda!

– Minha família é daqui, então sempre falamos o português.

Era por isso o nome estranho “Gilberto da Viola”. Aquele jantar fora tedioso, mas deu tempo para eu clarear as idéias sobre a fuga, que agora não me parecia tão desesperadora, algo mais interessante me chamava à atenção era como uma vela no meio de um cômodo escuro como o breu. Mas apesar de minha mente dizer para ficar e descobrir meu coração queria ser dele do meu Miguel. Aquilo estava me enlouquecendo. O jantar acabou-se e os convidados se foram ficando apenas o Barão e o afilhado, eu estava sentada no sofá bebericando o café, minha mãe estava na cozinha e os homens conversavam na biblioteca.

–Vai esfriar. – foi o que disse a voz dele ao meu ouvido.

– Ai!!! Você não devia assustar os outros assim!!

Ele riu, foi então que percebi que ele quase me abraçava, mas aquilo tinha um propósito, ele segurava a xícara em que estava em minhas mãos há poucos segundos, bem na realidade ela ainda estava em meus dedos frouxos teria caído Gilbert não estivesse a segurando. Então ele a tirou de minha mão e bebeu um gole generoso do café enquanto rodeava o sofá para sentar-se ao meu lado me entregando a xícara quase vazia.

– Você parece triste... O que aconteceu? – ele parecia interessado como uma criança chegava a ser estranho, mas o que não era nele.

– Posso te perguntar uma coisa? – eu ia mesmo perguntar? Era ridículo.

– Eu perguntei primeiro, mas dessa vez passa, o que há?                                      

– Na noite passada... – que palavra eu devia usar? Você? Eu? Nos? –... Nós nos encontramos...?

– Humf... – ele parecia tentar lembrar como se fossem séculos – Nós? Talvez sim... Talvez não... Porque me perguntas isso?

– Ontem eu fui passear a noite e quando estava voltando encontrei um rapaz que se parecia muito com você e agia quase do mesmo modo...

– Como podes saber os modos do rapaz senão passou com ele sequer 5 minutos? - Aquilo me vez calar, ele parecia irritado, queria lhe responder de forma mal criada, mas eu simplesmente não conseguia. Talvez fossem seus olhos que nem piscavam de concentração, ou o frio que me descia à espinha. Mordi a língua não ia discutir com ele, não iria gastar saliva a toa! – Por que quer saber?

– É... Importante pra mim... Só isso...

As palavras saíram entrecortadas e eu olhava para minhas mãos nos meus joelhos. Como era ridícula naquela época, mas creio que hoje isso ocorreria da mesma forma. Ele pousou a mão sobre a minha e com a outra ergueu meu rosto. Passos. André adentrava a sala. O rapaz recuou a mão. O conselheiro parecia querer esganar Gilbert contra a parede, ele era como meu segundo pai, não ele era meu verdadeiro pai o homem que me criou.

– Seu pai deseja vê-la e ao senhor também.

Do mesmo modo que apareceu ele se foi, me apresei em segui-lo, não queria ficar sozinha com um louco que quase me agarrará, Gilbert se levantou logo depois de mim. Rumamos para o escritório.

Poderíamos chamar o cômodo de biblioteca e não cometeríamos grandes erros, era grande e abarrotado de estantes com livros, um pequeno divã e umas poltronas, uma mesa de mogno, e cortinas em tons de vermelho como todo o resto da decoração. Eu adorava aquele lugar, mais do que meu quarto ou a cozinha, mais até do que a sala.

Quando entramos no cômodo tomei conhecimento de mais uma pessoa, meu noivo, não lhes falei dele ainda? Bem era um homem de meia idade, magro, cabelos acinzentados e tinha um bigode mexicano era ridículo. Mas naquela noite não sustentava o sorriso de rei do mundo que costumava estampar-lhe o rosto, o barão parecia lhe consolar enquanto meu pai tragava um charuto em frente à lareira apagada, um enfeite. Os três homens ali presentes nos lançaram olhares diferentes, amor, ódio e vitória. André tomou seu lugar de costume, próximo à mesa de mogno. Papai se sentou no sofá, me dirigi a uma das poltronas e Gilbert ficou de pé.

– Sente-se – disse o Barão de Vila Velha e se virou pra mim – Manoel vai ceder sua mão ao Barão de Violla.

Virei mercadoria. Tinha pena do podre Dom Manoel só de pensar quais propostas haviam lhe feito até cederem às ameaças e o velho dar minha mão o jovem. Menos mal. Pelo menos esse era novo... Miguel... O homem sendo velho morreria cedo e eu ficaria viúva, agora vai saber quantos anos aquele desgraçado viveria uma eternidade.

– Então me casarei do Gilbert Di Violla, papai?

– Sim, já acertei tudo com o Barão. Casaram-se em dois messes no máximo. Está feliz rapaz?

– Será uma honra casar-me com uma mulher tão bela e esperta. ­– Honra do que ele estava falando tinha quase me beijado um segundo atrás – Espero ser um bom marido para a sua filha.

Aquilo era o fim, mas me parecia um final agradável, Gilbert não era de todo o mal, melhor ele do que o velho Dom Manoel, era-me agradável àquela idéia de viver ao lado dele e ter um filho varão para prosseguir com a família. O que eu estava dizendo... Eu quero é o Miguel! Talvez ele me levasse pra capital e me deixaria vê-lo! Meus olhos brilharam com a idéia de ver meu amado.

– Gostaria de falar a sós com a senhorita Elizabeth.

Meu pai o olhava desconfiado era estranho agir daquele jeito, estava sempre por cima do assunto, ele era o chefe, o macho alfa. Não me importava nem um pouco com o que Gilbert me falaria, mas estava começando a simpatizar com ele, ninguém desafiava o velho Barão, e isso me empolgava... Ou não... Papai era um cachorro grande, um guerreiro, fora do exercito, era briguento até hoje, um barriu de pólvora ao lado de um fósforo. Ele se levantou contrariado deu um tapa no ombro de Dom Manoel, que se levantou com os ombros encurvados, derrotados, pobre homem, o Barão de Boa Vista ainda de pé se encaminhou para a porta, André ainda antes de sair lançou um olhar furioso para o rapaz.

– Antes que abra a boca quero lhe falar uma coisa, só me casarei contigo se me levares pra capital e me deixar ver uma pessoa!

–... Um rival...? – erguendo a sobrancelha ele apoio o queixo na mão envergando um sorriso torto – Certo o quanto antes melhor, falarei com seu pai hoje mesmo, tens algum parente por lá?

–...

– Tens ou não?

Ele estava extasiado, me lembrava uma criança quando olhava para um doce era ridículo. Quem ele pensava que era? O ultimo homem do mundo. Não. Deveria ser um daqueles riquinhos metidos que tinha tudo o que queria.  Melhor mudar o rumo da conversa.

– Tenho uma tia... Mas o que queria me falar?

– Isso já não tem importância! Quero conhecer! Como se chama?

– Inês Al...

– Ah! É uma mulher?

– Claro! É minha tia!

– Ah... Estás a falar de sua tia.

– De quem pensou que eu estava falando? De Miguel?

–... Miguel... – ele repetiu para si mesmo e depois pronunciou algo inaudível e tive a impressão de ver seus olhos brilharem em chamas rubras.

Parecia atordoado depois disso peguei sua mão entre as minhas, eu nem o conhecia, mas podia sentir cada uma de suas emoções, sua mão estava fria, nervosismo talvez. Gilbert olhou para mim com os olhos brilhantes e eu lhe sorri. Era a terceira vez na noite que ele me lembrava uma criança, já era um rapaz que beirava facilmente os 20 anos, não acreditava naquilo, ele mudava muito rápido de personalidade. Mas me levaria pra ver meu Miguel!

Gilbert pousou a mão livre sobre a minha. Ajoelhou-se perante mim e beijou as costas de minhas mãos.

– Senhorita Elizabeth aceita casar se comigo? – se eu pudesse escolher entre sim e não, diria não – Não quero saber se você está sendo obrigada a se casar comigo. Quero saber se você quer se casar comigo.

– Tu sabes que se eu pudesse escolher gostaria de ficar com Miguel.

– humpf... Certo, certo terei de resolver esse impasse primeiro se quiser tela completa mente minha – antes que eu expressasse qualquer reação ele se levantou e caminhou ate a porta a abrindo – Barão eu poderia abusar de sua boa vontade mais um pouco?

– Diga meu rapaz – papai adentrava a sala com André ao seu lado e o Barão de Boa Vista logo atrás.

– Gostaria de conhecer a capital e soube que sua filha passou os últimos anos por lá na casa de sua irmã, Inês, seria de muita falta de respeito minha pedir que a senhorita Elizabeth me acompanhasse até a capital e que fiquemos hospedados da casa da Senhora Inês?

– hummm... Mandarei uma carta a Inês, se ela e meu cunhado aceitarem deixarei que vocês partam. - Segurei uma exclamação de satisfação. Não. Não podia ser verdade o velho barão não deixaria. – Vamos menina escreva uma carta a sua tia o que está esperando?

– Certo papai. – Me levantei e praticamente corri a mesa e comecei a escrever o pedido de autorização a dia Inês – Aqui está! André pode levar para mim amanhã?

– O que eu não faço para você Lize? – André pegou a carta e guardou no bolso do casaco.

– Obrigado tio André – eu o abracei então murmurei ao seu ouvido – eu posso falar com você as sós, tio?

– Barão nós vamos tomar uma xícara de café.

Ele me pegou pela mão e me tirou da biblioteca, caminhamos até a sala o homem se sentou no sofá enquanto eu fui buscar a bebida.

– Não gostei nem um pouco do rapaz, mas seu pai nunca me ouve, nem sei por que me deu este cargo de conselheiro.

– Melhor ele do que o velho Dom Manoel. Aqui está. – entreguei lhe a xícara.

– Pelo menos conhecemos Manoel.

– Há tantos anos que ele poderia ser meu pai.

– E poderia mesmo. – murmurou. – se não fosse o barão...

– O que disse tio?

– Nada, não disse nada. Mas o que você queria me disser?

– Pode me entregar uma carta junto com essa no correio? Sem papai saber?

Ele ficou em silencio um tempo, enquanto bebericava o café olhando para as fotos sobre a mesa. E depois de longos 5 minutos ele olhou de volta pra mim.

– André! Rápido eu não tenho o dia todo!

– Eu não gosto dele...  

– A carta André é disso que eu to falando! Eu também não gosto dele. Por isso eu vou fu... gir...

– Sabia!

– Por isso que eu vou pra capital, vou fugir para a casa de uma amiga minha.

– Seu pai não vai gostar nem um pouco. Mas eu prefiro assim. Certo escreva então para essa sua amiga.

Miguel tinha uma irmã, mandaria a carta no nome dela e pedira que lhe entregasse o recado de que chegaria em duas semanas no máximo. E selaríamos nosso amor.

Quando desci os homens estavam na sala e riam enquanto tomavam uma dose de Whisky. Entreguei o papel o mais rápido que pude a André. Depois disso me retirei recebendo um beijo de boa noite do Gilbert.

Fosse como fosse. Eu iria à capital, veria meu Miguel, e se Gilbert quisesse um duelo meu amor o venceria e nós nos amaríamos o resto da vida, teríamos um filho varão e uma doce garotinha que se chamaria Alice e se pareceria comigo a não ser pelos olhos que seriam azul-esverdeados como o do pai, eu ensinaria as crianças em casa, todas as noites jantaríamos juntos e depois de colocar as crianças na cama, nós nos amaríamos até o amanhecer.

Maria me esperava no quarto para me trocar, senti o rosto quente ao me ver pensando naquele tipo de coisas, e a mulata desviou o olhar de mim, para que eu não percebesse que ela me fitava. E uma curiosidade sobre o assunto surgiu em minha mente, Maria tinha relações com um negro e tivera um filho com ele, mas seria muita petulância minha perguntar-lhe sobre tal assunto. Logo eu descobriria. E esperava que fosse bem logo.

Então me deitei. Pensando em como seria minha vida de casada com meu amado e doce Miguel.


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Notas finais do capítulo

Mandem reviews! please!



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