No Fim escrita por Flávia Monteiro
Algumas semanas depois, Jennifer está na sala de aula, esperando o professor entrar. Estava tentando se recuperar dos ataques constantes que DP tinha sempre que a encontrava. Agora ela estava longe dele por algumas horas e tentava viver alguma coisa interessante naquela sal. Estava sentada ali, na sua entediante cadeira quando uma amiga sua chega com uma revista na mão lhe dizendo:
– Adivinha quem vai vir aqui no Brasil nas férias?
Como poderia pensar se sempre vinha alguém tentando conversar? Espere um pouco, o que ela queria mesmo?
– Quem? – disse automaticamente sem realmente ouvir o que a garota dizia.
– Lin-kin Park!
– Nossa, que legal.
Jennifer não demonstrava nenhuma excitação na voz, apesar da noticia que deveria fazê-la sair dançando por aí.
– Não é você que era apaixonada por eles?
Era mais que claro que todos soubessem de seu interesse desenfreado pela banda, mas sem querer esqueceu-se dela por algum tempo. Como isso foi acontecer?
– Sou, mas as probabilidades deles virem aqui no estado não existem. E, além disso, não vai adiantar ficar sonhando mesmo.
– Hiiii, que ânimo, hein? Vou embora para não ficar assim, viu? Bye, bye.
Ficar assim como? A sua vida tem tudo o que ninguém imagina que sequer existisse e, tudo o que todos dariam a vida para ter. Poderia ser um conto de fadas. Um conto de fadas sangrento, na verdade. Poderia ser maravilhoso ou assustador, dependendo da escolha que a pessoa fizesse. Mas ela já estava mais que cansada dessa vida. Ser uma garota normal parecia ser uma boa Idéia, se fosse possível. “Ficar assim” era o único jeito de esquecer o que a aborrecia tanto e ser parecida com alguém normal.
O professor já entrava na sala de aula e, o máximo que Jennifer poderia esperar dali em diante era o recreio. Logo ali, bem perto da sua sala estava o Linkin Park na sua escola.
#Entrada da escola#
– Sinceramente, por que você quer conhecer uma garota que você viu em um site? Você nem sabe se a foto é dela mesmo. –Perguntou Chester aborrecido com a loucura súbita do amigo.
Ele acompanhava Mike e Paul a uma escola sem compreender o quê eles queriam com a garota.
– Para ela ser além do Paul nossa tradutora.
– Hey! – Paul tinha ouvido e virara para trás para encarar Mike – Você quer conhecê-la só para isso? Tem certeza?
– Tenho, vamos?
Ele não tinha que dar explicações para eles, não por enquanto. Como explicaria uma paixão à primeira vista pela internet? Não deveria ser paixão à primeira conversa instantânea? Ao entrarem na secretaria da escola, Paul foi adiantando:
– Oi!
A secretária que estava no computador se virou e disse cordialmente:
– Bom dia, posso ajudá-los?
–Paul, the manager! – Alertou Mike
– Me desculpe – começou a secretária educadamente, sem entender nada – mas o quê ele disse?
– Queremos falar com o diretor ou diretora.
– Ah, sim. Vou chamá-la.
A secretária entrou em uma sala ao lado e logo saiu de lá dizendo:
– Podem entrar.
Eles entraram em uma sala nada pequena e encontraram a diretora os esperando. Ela os convidou-os para se sentarem, mas não tinham cadeiras suficientes para todos. Então começou:
– Vocês são americanos?
– Eu não, mas eles são.
A diretora os olhava com interesse dizendo:
– Eu os conheço de algum lugar.
– Linkin Park.
– O que têm? São eles?- a diretora arregalava os olhos.
Paul deu um sorrisinho.
– São. E estão procurando por uma menina...
– Pra quê? Para alguma apresentação?
A diretora se mostrava entusiasmada com a idéia.
– Não, não é nada disso. Nós só sabemos que o nome dela é Jennifer.
– Ah, a Jenny!
De repente ela afundou na cadeira, decepcionada.
– Você sabe quem é?
– Claro! Aqui só tem uma. Não é um nome muito comum aqui, não é?
– Será que a senhora poderia nos levar até ela ou trazê-la até nós?
– Humm... Sabe, é que no momento a turma dela acaba de sair para fazer uma visita a uma academia de dança.
– E quando ela volta?
– Não se preocupe. Ela está chegando na hora do recreio que, a propósito é daqui a alguns minutos. Querem esperá-la?
Paul se virou para a banda e depois de conversarem por algum tempo ele disse à diretora que ele e Mike esperariam.
Chester não quis esperar por Jenny e foi para uma casa que Mike alugara descansar. O que tinha dado em Mike? Não era o feitio dele recusar um hotel.
# Mais tarde, dentro do ônibus escolar#
Jenny olhava pela janela, como sempre estava pensativa. Não foi tão ruim o escorregão que seu colega de classe, Henrique, tinha levado ao tentar dançar com a bailarina que ele tanto tinha xavecado. Ninguém sabia que a culpa era de Jenny e, ela também gostava de brincar com as pessoas, embora seus amigos não achassem correto fazer “aquilo” com inocentes. Por que a parte que tornava a sua vida divertida tinha que ser reprimida? DP já colou nas provas, aquele safado. Agora ele a proibia de fazer o mesmo. Jenny pensou que a justiça faltava nesse ponto.
O ônibus estava parando e algumas pessoas se levantaram. Jenny olhou com mais atenção pela janela e descobriu que haviam chegado à escola.
Henrique passou por Jenny correndo e tropeçou nos próprios pés. Jenny sorriu e passou pelo amigo que estava coma cara no chão. Dessa vez não foi sua culpa.
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