No Fim escrita por Flávia Monteiro


Capítulo 1
É assim que as coisas começam




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As músicas do Linkin Park rolavam solta no MP3 de Jennifer, no recreio de sua escola. Apesar de ser um rock um pouco pesado para aquela simples menina que ficava sentada o recreio inteiro no canto mais afastado de todos, Aquela música a fazia esquecer os problemas de seu pequeno mundo. O sino tocou e ela não escutou. Ao ver todos se recolherem, ela desliga o aparelho e vai com eles para a sala de aula.

            Logo após aula um grande carro preto sempre a buscava e a levava para a casa. A casa era no campo e extremamente grade. Mal chegou e foi logo para seu quarto, se deita na cama e fica olhando para os pôsteres de sua banda preferida, que estava pelas paredes, prateleiras e tudo mais. Jenny se cansa e vai para o computador, que não é nenhuma surpresa, fotos de Mike, líder da banda pelo qual é apaixonada.  Mas quais eram as chances dele saber de sua existência? Ela morava no Brasil e ele nos EUA. Nunca a veria. Cansada, ligou a web cam e tirou uma foto, em que ela aparecia de lado, olhando para a câmera, colocou essa foto em seu Orkut e, em seguida desligou o computador. Tinha aula de ginástica rítmica e não podia faltar. Desligou a luz de seu quarto e saiu.

 

# Em Agoura, Califórnia#

 

            Enquanto isso Mike entra na sala ao qual está seu amigo no computador.

            – O que é isso, Paul? – Mike espia interessado o computador de Paul.

            – Um site muito querido no meu país, equivale ao Facebook. Olha o que eu encontrei! –Paul aponta para o PC – Encontrei uma garota do meu estado nessa comunidade.

            – Qual comunidade?

            – Eu escolho a cor do canudinho. – riu Paul.

            – É a sua cara mesmo. Mas quem é ela? – Mike pergunta olhando agora com mais atenção para a foto da garota e algo desperta em seu interior que o deixa paralisado.

            – Bem, aqui só diz a cidade e o estado em que ela mora. PERA AÍ!

            O grito de Paul acorda Mike, do que parecia mais um hipnotismo.

            – O que foi? – Perguntou ele assustado.

            – Dá só uma olhada nisso.

            Paul abriu o álbum dela e viu as várias fotos de Mike que ela possuía.

            – Parece que ela é apaixonada por você, cara!

            – Mike, Mike!

            Chester vinha chegando com um papel na mão.

            – Você tem alguma preferência de aonde poderíamos passar as férias?

            – Que tal Brasil?

            – Lá é lindo, segundo dizem. Sempre quis conhecer lá.

            – É, eu também. – Disse Mike perdido em pensamentos e se virou para Paul.

            – E você vai junto, ensinar português para nós!

            – Pode deixar!

            Mike não iria perder de conhecer o Brasil e nem aquela garota que de alguma forma o chamou tanta atenção.

           

# Brasil #

 

            O grafite do lápis de colorir verde arranhava o papel, quebrando o silêncio do quarto de Jenny. Ela adorava passar o tempo à toa, mas, hoje queria se movimentar. Nem que fossem apenas os dedos. Desenhar era um tanto chato. Demorava em que tudo o que estivesse á mente fosse colocado no papel, mas o dia estava entediante e não restavam mais opções para “o que fazer” e, representar uma aldeia dos camponeses da Europa da Idade Média era uma boa idéia. Já conhecia os detalhes mesmo.

            – Droga!

            A ponta do lápis havia quebrado e estragado uma parte ínfima do desenho, se é que se podia chamar aquela pequena obra de arte barroca. Jenny se levantou e foi até a sua cama, onde se encontrava sua mochila aberta com todo seu conteúdo saindo desordenado sobre o lençol. Revirou a confusão de papéis por uns instantes e encontrou o que procurava. Pegou o estilete e foi postar-se na janela para apontar o lápis enquanto olhava algumas crianças correndo juntos com adolescentes em algum jogo no qual não se interessou muito. Seus pensamentos não acompanhavam seus olhos, estavam mais distantes.

            Batidas na porta às suas costas, a fez despertar.

            – Entre.

            – Hey, o que você faz aqui até agora?

            Tânia fechou aporta atrás de si e sentou-se na cama de Jenny. Elas nunca foram muito amigas. Duas garotas geniosas não conseguem ser amigas. Eram obrigadas a se dar bem, embora essa tarefa fosse mais fácil para Tânia quando não estava tentando ser melhor que Jenny em alguma coisa, mas, para Jenny suporta-lá era simplesmente o mesmo que estar sempre atuando uma complicada peça.

            Virou-se descansada para a colega. Não era por que elas moravam no mesmo teto desde que nasceram e sempre se odiaram pelas costas que agora iriam se incomodar se uma quisesse se dar mal em alguma coisa.

            – Desenhando. – disse Jenny indiferente.

            Uma coisa que Tânia não podia odiá-la por fazer, já que as duas se igualavam nas perfeições dos traços no papel.

             – DP está igual a um louco te procurando.

            Ah, DP. Seu inseparável anjo da guarda superprotetor. Tão superprotetor que pirava se não soubesse onde ela estaria. Mais um dos motivos para estar enfurnada na solidão de seu quarto. Longe de todos, até mesmo DP.

            – O deixe procurar mais um pouco. A loucura vai fazer bem a ele. DP já saiu da casa?

            – É claro que não. Ele não tem saído daqui faz muito tempo.

            – Três anos.

            Tânia se mostrou irritada quando Jenny mostrou que sabia exatamente há quanto tempo DP não via a luz do sol. Jenny sabia que era por mais do que isso. Ela sabia o porquê que DP havia mudado seu jeito de ser da noite para o dia, passando mais tempo com ela do que com a própria Tânia, que, há tempos tinha uma queda por ele.

            – Obrigada por me avisar. – Jenny mudou de assunto.

            – E o que vai fazer agora? Digo, vai em frente ou vai correr?

            – Vou fazer o que me der na telha. Ou seja, eu ainda não sei o que vou fazer.

            – Boa sorte. – disse Tânia sem dar atenção ao tom cortante que Jenny usara com ela.

            Jenny atravessou o quarto e saiu para o corredor deserto dos dormitórios. Em pouco tempo estava no grande gramado em frete a casa que morava. Não havia chances de DP ir procurar por ela muito longe, então, sem pressa, caminhou até a floresta que havia ali perto. Sem dúvida morar em uma fazenda tinha suas vantagens, a floresta a encobria sempre que queria ficar algum tempo sozinha.

 


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