Maldição dos Deuses escrita por Nephilim Imortal


Capítulo 2
Janeiro * Michael Yew torna-se meu guia turístico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702158/chapter/2

Sinceramente, voar em um pégaso era a melhor coisa que eu já tinha feito em toda minha vida. Larry voava em alta velocidade e cortava o vento. Em um piscar de olhos já não estávamos mais em São José e passávamos por bosques, campos e fazendas. Descobri que voar de pégaso era a minha atividade favorita, o melhor conceito de liberdade.

—Larry, aonde estamos indo?

Para o Acampamento, oras.

—Que acampamento?

Você vai ver.

—Aonde é isso?

Manhattan.

Nesse momento, Carlos murmurou:

—Onde estamos?

—Voando.  – eu respondi

—Como assim?

—Estamos indo pra um tal de acampamento sei lá o que.

—O que? Mas e a dracaena?

— Você tem que descansar Carlos, então fique quieto.

—Mas...

Ele acabou me obedecendo, enfim. Depois de aproximadamente meia hora de voo, meu pescoço estava latejando mais e minha visão estava turva, pensei que iria desmaiar quando Larry disse que já estávamos em Manhattan, decidi que eu era capaz de suportar a dor. Pude avistar colinas e bosques, florestas bem fechadas. De repente avistei ao longe uma colina verde, com um enorme pinheiro no topo.

Chegamos.

Cada vez que nos aproximávamos mais, pude ver mais detalhes, algumas construções estranhas, no estilo grego, um anfiteatro, uma arena circular, um pavilhão a céu aberto, só que novos em folha. Uma casa enorme de um azul veraneio, uma quadra de areia, um lago. Muitas pessoas estavam andando por ali, pareciam ocupadas com atividades bem diferentes, umas estavam com arcos e flechas outras com pégasos parecidos com Larry e a menos que estivesse tendo uma alucinação, vi um homem cavalo conduzindo uma turma. Só consegui registrar isso antes de, aterrissarmos em um no meio da quadra de areia.

A correria foi intensa. Aquilo certamente não era frequente. Os rostos espantados olhavam para mim e principalmente. Alguns que pareciam menos assustados ou mais experientes ajudaram a mim e a Carlos descermos das costas de Larry. O homem cavalo chegou correndo para nos acudir e perguntou:

—O que aconteceu?

—Não sei. – respondi ainda atordoada.

—Carlos o que aconteceu? Venha precisamos tratar dos ferimentos dele. Chalé de Apolo, venham, vamos precisar de muitos ajudantes. Por Zeus!! Sua ferida está muito grave, qual é o seu nome?

—Giovanna - respondi.

—Por favor, levem-na à enfermaria , depois discutiremos com os conselheiros o quão estranha é essa situação.

Fiquei por horas e horas na enfermaria, até ter meu curativo feito e beber um pouquinho de um suco estranho com gosto de biscoito quente, muito aconchegante, mas o veneno ainda estava no meu sangue. O sol estava se pondo, quando eu pude sair e Quiron, o centauro instrutor me levou para a varanda da Casa Grande que era como eles chamavam aquela casa azul que nem era tão grande assim. De lá eu podia ver todo o espaço. Mas, a cada hora que se passava eu desejava cada vez mais estar sonhando, pois eu vi jovens correndo em volta das árvores e fugindo de sátiros, os homens-bodes e depois sumiam quando eles chegavam perto, provavelmente brincando de pega-pega que valia um beijo.

Vi pégasos brancos voando próximos ao lago. Tudo aquilo era lindo, claro, mas era tão perfeito que parecia irreal. E todo aquela história que a mitologia grega era real e que deuses gregos existiam só podia ser uma brincadeira, logo eu acordaria. Mas, mesmo querendo eu sabia que não era bem assim, eu sabia que eu quase morri de verdade. Naquele momento eu sentia como se a maior verdade tivesse sido dita na minha cara e que eu sempre soube que eu tinha algo estranho, mas que por ser muito perigoso e estranho, eu não queria aceitar. Era isso.

Vi centauros, os homens cavalos, vi o que parecia um dragão acima daquele pinheiro enorme acima da colina principal próximo á um objeto de ouro...

—Quíron, aquele é...

—O Velocino de Ouro? Sim.  – disse ele me observando.

—Mas...

—Aquele é o pinheiro de Thalia. Ela foi uma filha de Zeus que morreu á alguns anos, seu pai para salvá-la transformou-a num pinheiro. É o que protege nosso acampamento. Fortalece as fronteiras mágicas. Mas, o pinheiro foi envenenado...

—O que? Quem faria isso?

O olhar de Quiron ficou melancólico, enquanto observávamos a arvore da frente da Casa Grande.

—Você provavelmente vai ter que saber alguma hora – ele suspirou - Os tempos estão difíceis, criança.

Ele não continuou, e eu não perguntei, sei não ser inconveniente, ás vezes. Ele depois de um tempo em transi, continuou:

—Enfim, o pinheiro foi envenenado e o nosso acampamento foi atacado brutalmente. Eu tive que sair daqui, pois me acusaram de ter envenado.

—O que? Você?? Olha eu nem te conheço muito bem, mas você não seria capaz disso, seria?

—Nunca, criança, mas não se discute com Zeus.

Ok, eu ia demorar muito pra me acostumar com aquilo. Meu cérebro explodia a cada menção a um novo deus. Me referir aos deuses gregos como se pudéssemos conversar com eles pessoalmente tomando um chazinho da tarde, ou que talvez eles tomariam Diet Coke, como qualquer outra pessoa, e principalmente como se pudéssemos encontrar com eles na rua e falar: E aí cara? Falou? ou mesmo, E aí papai de boa? Como está indo sua vida. Muitos para pulverizar? Seria muito estranho!!

—Eu tive que sair do acampamento – continuou Quiron – No tempo que estive fora, alguns campistas que você logo vai conhecer, foram até a ilha de Polifermo recuperar o Velocino. A única coisa que poderia nos salvar.

Balancei a cabeça negativamente e Quiron percebeu:

—O que foi, Giovanna?

—Ahn... o que ? Ah... Nada, só que tudo parece muito falso, pra ser verdade, ilha de Polifermo? E onde fica isso?

—No mar de Monstros.

—Ótimo...Perfeito.

—Para os mortais é o Triangulo das Bermudas.

Pensei bem, e realmente era um pouco lógico tudo aquilo.

—Tudo bem... Então quem é meu parente mágico? Eu conheci meu pai e tenho mãe.

—Ninguem sabe. E um deles está mentindo para você.

—Como assim? Não da pra fazer tipo um exame de DNA?

—Não é assim. Seu pai tem que te determinar. Ele tem que te assumir como filha.

—Mas e se isso não acontecer? E se meu pai não me quiser como filha?

—Pense positivo! Além disso, é claro que seu pai vai te querer como filha. Você enfrentou uma dracaena sozinha e sem treinamento!

Fiquei pensando em tudo que Quiron me falou. Mas, é claro que eu pensei se ele estaria em algum lugar orgulhoso de mim. Em parte queria impressioná-lo também. Estava certa de que era meu pai, afinal, minha mãe estava comigo todo o dia.

—Enquanto isso, você vai ficar no chalé 11.

—Ahn o que é isso?

—Você vai descobrir quando der o tour pelo acampamento. Eu queria que Annabeth te conhecesse agora, mas ela tem que descansar, chegou ontem de uma missão muito difícil. Mas, mesmo assim, aposto que logo vocês serão grandes amigas.  – disse ele – Ahh veja só, Michael está chegando.

Vi um garoto com cara de fuinha correndo em nossa direção. Ele carregava no ombro um arco e flecha e usava cotoveleiras e munhequeiras de couro, tinha cabelos loiros e olhos verdes claros. Ele era mais baixo do que eu, por incrível que pareça.

—Oi, Quiron – murmurou o garoto, ofegante – Me chamou?

—Sim. Michael essa é Giovanna Halles, nova campista e esse é Michael Yew, filho de Apolo.

—Oi Michael.

—Oi Giovanna – disse ele, com um sorrriso divertido

—Michael você pode mostrar o acampamento para ela?

—Claro Quiron, acabei de sair da minha aula de arco e flecha.

—Ótimo, boa sorte Giovanna.

Com isso, ele saiu galopando. Michael ainda sorria e disse:

—Bem, quantos anos você tem Giovanna?

—Tenho 13 e você?

—Eu tenho 14, mas estou aqui desde meus 9 anos.

—Caramba!! Quanto tempo!

—Que nada, a Annabeth está aqui desde os 7.

Annabeth. Aquele nome de novo, ela deveria ser importante no acampamento.

—Vamos conhecer o acampamento?

—Claro.

Michael era muito simpático, animado, soube que seríamos muito amigos. Ele me mostrou o lago de canoagem as paredes de escalada, a arena, o centro de treinamentos, indicou onde era a floresta, mas me avisou para não entrar lá, mostrou-me o pavilhão á céu aberto que era um espaço cheio de mesas enormes que era o refeitório.

Mostrou-me também o espaço para a fogueira, o anfiteatro e por fim a ala dos chalés. Aquilo era enorme e muito perfeito. Diversas construções organizadas formando um U. Passamos na frente de cada chalé, que eram muito diferentes entre si. Um era todo recoberto de grama, outro era todo pintado de vermelho, outro ainda era cinzento, outro era envolvido por vinhedos, outro ainda era de um dourado reluzente.

—Este aqui é o chalé de meu pai. Apolo, chalé 7.

—Apolo é o cara do sol?

—É sim... -  diz ele sorrindo – Apolo é o deus da poesia, do sol, da medicina e dos arqueiros.

—Que legal! Bem que eu podia ser filha de Apolo....

—Seria muito legal, mas mesmo que você não seja minha irmã, sabe que vai ser minha amiga não é?

—Claro – digo com um enorme sorriso

Continuamos andando pelos chalés e avisto então duas construções sentrais maiores:

—Estes são os chalés 1 e 2, de Zeus e Hera. Rei e rainha dos deuses.

Eu, particularmente, não vi nada de interessante naqueles chalés, eram maiores que os outros e para mim aqueles deuses que representavam os chalés 1 e 2, não eram nem um pouco melhores que os demais. Todos os deuses deviam ser tratados de forma igual. Desde o começo, não me dei bem com Zeus, mesmo sem conhecê-lo.

—Michael, eu ainda não aceito que sou isso!

—Mas você é, filha de um humano com um deus.

—Eu não sou um ser mutante. Não quero ser, não quero mais problemas.

—Eu sei, ninguém quer Giovanna, mas você terá que aceitar um dia.  

Chegamos mais perto dos chalés e, então vi o do lado da maior, chalé 1. Não era nada parecido com o primeiro, pequeno e não tinha nada de ouro, retirando alguns acabamentos em prata, tinha milhares de conchas incrustradas nas paredes, um tridente enorme em cima e ao lado o número três. Um típico chalé de praia.

Não pude resistir ao impulso de entrar. Não entendi porque aquele foi o único chalé que me chamou a atenção, talvez porque eu goste muito de praia, mas não sei realmente.

Pude ver dois garotos sentados no chão chagando um jogo de tabuleiro. Um deles se levantou assustado quando eu cheguei, ele era magro e tinha a mesma altura que eu, tinha olhos verdes azulados da cor do mar e cabelos pretos com um leve ondulado. O outro era bem mais alto e forte, tinha cabelos castanhos e um rosto enorme, só que nesse rosto enorme não tinham dois olhos e sim um olho enorme no meio da testa. Preferi ignorar esse aspecto, caso contrário enlouqueceria. Os dois olhavam atentamente para o enorme curativo no meu pescoço.

Michael chegou correndo e disse:

—Percy, me desculpe! Giovana, não é legal parar na porta do chalé das pessoas sem pedir licença e sem conhecer ninguém – mas mesmo assim sorria para mim

O menino de olhos verdes, aparentemente o Percy, abriu um sorriso largo e de dentes alinhados e disse:

—Tudo bem, Michael. Acho que nunca te vi aqui...

Disse ele se dirigindo a mim.

—Ah, na verdade não...

—Ela é campista nova, acabou de chegar.

—Bem, então, seja bem vinda...

—Giovana Halles  – disse Michael

—Seja bem vinda ao acampamento meio sangue, você vai adorar.

—Isso se eu não enlouquecer!!

Percy riu.

—É tem isso também, mas você vai ficar bem sim. Se quiser conversar comigo, é só vir aqui, ok? Sei como é difícil se adaptar, eu, por exemplo, não me adaptei ainda. Annabeth seria melhor para conversar...

—Já escutei esse nome aqui mais de duas vezes. Estou anciosa para conhecê-la.

—É só passar no chalé 6 então. Ela com certeza, vai estar estudando ou lendo alguma coisa.

—Sério? Eu adoro ler.

—Então você pode ser uma filha de Atena – comentou Michael.

—Oi – disse o garoto maior.

—Oi – respondi, ele parecia ter se ligado na conversa agora.

— esse é Tyson. Meu meio irmão, mas irmão completo.

—Prazer – eu disse.

—Bem, acho melhor irmos. – disse Michael

—É

...

Ao fim do tour pelo acampamento, Michael me perguntou:

— Veja você teve sorte, porque o Percy é gente boa, mas nem todos os campistas permitem que outros entrem em seus chalés, principalmente os filhos de Ares

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Eu pensava em como tudo aquilo era improvável, impossivel, tudo era mágico demais. Aquele garoto de um olho só no quarto, foi a ultima coisa que eu aguentaria naquele dia maluco.

—Bem, - disse Michael. – Agora vamos para o chalé de Hermes, como seu pai divino não te determinou ainda.

—Tudo bem.

—Mas, quando chagarmos lá, por favor fique atenta. No chalé de Hermes você pode ter suas coisas roubadas. E sob hipótese alguma, aperte a mão dos Stolls


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e me ajudem! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maldição dos Deuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.