Maldição dos Deuses escrita por Nephilim Imortal


Capítulo 1
Janeiro * Minha salvação vinda dos ares




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Quando seu dia começa mal, isso quer dizer que ele vai piorar cada vez mais até no final estar péssimo e confuso.

Acordei sobressalta de um pesadelo horrível, em que adultos discutiam uns com os outros e olhavam para mim presa numa cadeira como se decidissem se me matavam ou atiravam no lixo mesmo por ser mais fácil. A expressão de decepção em seus rostos era clara, ser sufocada por sombras não é legal. Só me acalmei quando percebi que estava no meu quarto.

Levantei-me e fui até o banheiro, ao me olhar no espelho levei um susto, estava simplesmente parecendo um monstro(eu não fazia ideia do que estava falando nesse momento). Meus cabelos castanhos claros, hoje estava um ninho de ratos e meus olhos estavam enterrados sob olheiras roxas muito fundas, contudo eu nem ligava para a minha aparência, era irrelevante.

Enfiei uma roupa e penteei os cabelos. As férias já estavam acabando e eu não tinha feito nada de interessante ainda. Tinha de arranjar alguma coisa para fazer. Meio difícil, em Columbus, estado de Geórgia não há muito lazer.

Fui até a cozinha, onde estava minha mãe e meu padrasto. Minha mãe era certamente a melhor mulher do mundo, brigava comigo muitas vezes, mas no final me entendia. Ela era baixa e tinha olhos claros e cabelos castanhos também, tinha bochechas grandes e um nariz arrebitado definitivamente não era nada parecida comigo. Já meu padrasto, tinha olhos castanhos um pouco mais escuros que os dela, era baixo, mais do que eu. Seus cabelos eram escuros e ele queria mandar em mim, agia como se fosse meu pai. Eu o amava também, mas nós vivíamos brigando. Minha mãe e ele se casaram quando eu tinha oito anos. Nós três vivíamos em um apartamento de tamanho médio em Columbus desde então. Ela se chamava Ana e ele Frederick

—Bom dia – disse ele sorrindo

—Nossa acordou cedo!! – exclamou minha mãe

—É, caí da cama.

Minha mãe sorriu e com isso eu me sentei para tomar café. Nós não trocamos mais palavras, pois eu estava com sono e os dois atrasados para o trabalho.

...

Eu não tenho certeza do que aconteceu durante as horas seguintes, provavelmente voltei a dormir, porque quando voltei ao meu corpo o sol já estava forte e eram dez horas da manha.

Fiquei pensando em muitas outras coisas, como em minha infância, quer dizer o fim dela. Não fazia muito tempo, mas mesmo assim eu gosto sempre de me referir a ela como acabada e que agora que sou uma “adolescente”, será uma fase muito melhor. Bem... eu nunca fui uma criança normal. Eu sempre tirei notas altas e fui considerada nerd, mesmo com meus sérios problemas, mas nunca tive muitos amigos e tinha dificuldade em me relacionar.

Sempre preferi ficar em casa com a minha mãe. Lembro-me de uma vez em que nós estávamos em Jacksonville e caminhávamos na areia, com a água do mar lhe tocando os pés, enquanto ela falava do meu pai, que nunca conheci, ela parecia plenamente feliz ao falar dele. Lembro-me de dias ensolarados nessa mesma praia, lembro-me de ler um livro atrás do outro, mesmo com minha terrível dislexia e deft de atenção, valia a pena fazer um esforço. Lembro-me apenas estar feliz na praia, a brisa marítma sempre me acalmou, e quando eu estava triste minha mãe me levava para lá...

O dia estava lindo, não podia ficar em casa perdendo tempo. Liguei para uma das minhas poucas amigas, Sophie. Ela estava dormindo, segundo a mãe dela. Liguei então para minha segunda amiga, Cathy, que também estava dormindo. Eu não tinha mais amigas. Tudo bem, sei o que você vai falar, é impossível uma garota de 13 anos só ter duas amigas. É eu também acho, mas o fato é que eu tenho TDAH, deft de atenção e dislexia, ou seja, sou uma garota problemática e difícil. Sophie também compartilha comigo os mesmos problemas, por isso nos entendemos. Cathy é tão distraída e no seu mundo próprio que seria difícil ter mais alguém além de nós.

Decidi sair de casa, mesmo que fosse sozinha, queria aproveitar meu último mês de férias, ainda mais que iria mudar de escola nesse ano letivo. A escola que estava indo era grande e não era fácil de passar, ainda mais para uma menina com todos os meus problemas. Saí de casa sozinha. Andei de bicicleta, pela ciclovia, escutando minha musica favorita, World So Cold, da banda de rock, Three Days Grace. Estava quente, um dia simplesmente perfeito e eu pensei que nada poderia estraga-lo. Como eu estava errada. Quando cheguei até a praça da academia, eu não sabia mais o que fazer. Sentei no banco da praça e fiquei esperando o tempo passar. Depois de umas cinco músicas à toa, meu celular toca:

—Alo? Giovanna onde você está?

Minha mãe com uma voz desesperada. Meu primeiro pensamento foi: estou ferrada, ela já voltou pra casa. Será que eu tinha me desligado tanto tempo do mundo?

—Mãe, fica calma, eu estou na pracinha. Estou voltando.

—Giovanna, você deveria ter ficado em casa!! Seu pai me avisou que eu não devia mante-la perto de mim e que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria.

—Mãe, do que você está falando?

—Ele me avisou! Ele me avisou!

—Da pra me explicar alguma coisa?

—Não posso, a gente conversa depois. Fique aí, vou mandar alguém do acampamento para te ajudar.

Com isso, ela desligou, me deixando com aquele bip bip bip irritante aos o fim da ligação. Eu não entendi nada e agora havia ficado apreensiva. Peguei minha bicicleta e em pouco tempo atravessei a praça em direção a minha casa. Eu não ficaria ali sozinha. Foi aí que eu escutei um sibilar de cobra e, bem devagar, me virei para ver o que era. O que eu vi não fez nenhum sentido. Era uma mulher, mas, ao mesmo tempo não era. Ela tinha o rosto pálido e olhos como fendas igual as cobras. A medida que fui baixando o olhar, percebi que seu corpo ficava escamoso. No lugar das pernas, havia duas caldas verdes escamosas. Tinha garras ao invés de unhas, e quando abriu a boca, Meu deus! Pude ver seus dentes pontudos, sua língua bifurcada e saliva verde, nojenta!! Aposto que ela não escovava os dentes há séculos!

—É vocccccê!!

—Ahn??

—Fui enviada para te matar. E vejo que não sssserá difíccccil!! Vocccccê nem sssssabe quem é!!

—Eu?

Aquela fala de cobra me dava arrepios na espinha.

—É... Voccê é maisss fáccil de matar que aquele outro garoto, o Jacksssson!!

—Quem?

—Cale a boca!! Quer morte rápida ou devagar?

—Eu não vou morrer.

Provavelmente não foi a coisa mais inteligente a dizer, mas eu estava completamente apavorada. Ela sibilou e veio para cima de mim. Minha primeira reação: jogar algo contra ela. A bicicleta. A mulher cobra caiu no chão com a bicicleta no rosto, o que não deixou-a muito feliz.Ela se levantou mais rápido do que eu esperava e voltou a sibilar.

Nesse momento algo simplesmente extraordinário aconteceu. Ouvi asas batendo e alguém que parecia jovem, gritando:

—Fique longe dela, coisa imunda!!

Era um jovem vestindo uma camiseta laranja com alguns dizeres. Ele era louro com cabelos enrolados. Olhou assustado em direção a mulher cobra

 – Bem... conversamos depois e matamos ela agora, combinado?

Balbuciei algo não muito inteligente como resposta, quem sabe, “ahn... ok”

—O plano é o seguinte, eu vou prende-la com raízes e você mata ela com a lança.

—Eu? Mato? Com o que?

—A lança. Não posso matar a dracaena sozinho. Não consigo.

—A o que?

A dracaena!! Vamos, não podemos perder tempo, se não outros monstros vão chegar.  Segure a lança!!

Com isso o menino-bode me entregou uma lança pesada de bronze e saiu correndo em direção a dracaena, que já se preparava para atacar novamente. Ele tirou de um cinto de ferramentas, uma flauta de madeira, colocou na boca e logo raízes racharam o cimento e enrolaram-se nas caudas das dracaena.

Nesse momento o menino olhou em minha direção e gritou:

—Agora!! Mate-a!!

Eu perdi um segundo precioso sem saber o que fazer. E nesse segundo precioso em que o menino estava próximo demais da dracaena, ela arranhou-o no peito e aquelas terríveis garras afiadas rasgando a carne. Vi-o caindo no chão urrando de dor, as raízes afrouxando da cauda da dracaena, o que significava que logo ela poderia se mover.

Não sei muito bem o que aconteceu depois, mas eu fiquei com raiva por não saber quem eram aquelas pessoas, fiquei com raiva por estar morrendo nas garras de uma criatura que nem existe, fiquei com raiva pelo demônio ter ferido aquele que estava me protegendo, mesmo sem conhece-lo. E tive um acesso de fúria incontrolado. Não pensei no que estava fazendo, apenas agi.

Corri em direção a dracaena, que já estava preparada para me receber, com as suas garras cortantes. Quando estava bem próxima para que ela desse o bote, me esquivei e consegui desviar dela. A lança em minha mão parecia mais leve do que antes e decidi atacar, mas não foi exatamente o que aconteceu.

A dracaena era melhor do que eu imaginava naquilo, ela me fez cair em uma de suas caldas de cobra. Estava com a cara no chão e a lança caiu muito longe do meu corpo. Me virei rapidamente para não ser apunhalada pelas costas. Vi a minha vida passar diante dos meus olhos quando a dracaena estava sobre mim com aquela boca horrorosa próxima ao meu rosto. No momento que senti as garras enfiando em meu pescoço, usei meus pés para chutá-la para longe numa ultima tentativa de sobreviver.

Ela caiu a 5 metros de distancia, mas eu sabia que ela logo voltaria. Senti meu pescoço latejar, mas não podia perder nem um segundo. Corri até a lança e peguei-a. Eu não tinha nenhuma chance de matar a dracaena. Arrastei o louro até o cavalo e montei, com o pescoço em chamas por dentro. No momento em que levantamos voo atirei a lança, que atingiu a barriga do bicho. O que se seguiu foi um cheiro horrível do sangue dela escorrendo

Eu pensei alto:

—Que inferno foi isso?

Um monstro, tolinha

Olhei assustada para os lados, mas não vi ninguém alem do menino-bode atirado no chão e do cavalo alado.

—Quem está aí? – gritei

Quem? Onde?

—Quem falou isso?

Ai meu Poseidon!! A garota tonta me entende!!

Olhei para o cavalo, mas isso pareceu impossível! Perguntei:

—Você pode falar?

Posso, garota tonta!!

—Não me chame de garota tonta, cavalinho!!

Meu nome é Larry e eu não sou um cavalo, sou um Pégasus, disse ele relinchando.

—Ta... Nada estranho

E o seu?

—Por que você quer saber?

Ele apenas relinchou

—Tudo bem Larry. Meu nome é Giovanna... Giovanna Halles.- Olhei para o louro. -  Ele está bem ?

Não, você está com uma infecção feia no pescoço e Carlos quase morrendo.

Nem quis olhar para o meu pescoço, muito menos colocar a mão ali. Eu sentia aquilo latejar e estava muito quente, se eu olhasse através do Iphone certamente iria desmaiar.

Estávamos quase nas nuvens e eu não fazia ideia do meu destino.


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