O Último Pôr do Sol escrita por Cloo Muller


Capítulo 2
Melancolia


Notas iniciais do capítulo

Oi meus Docinhos ♥
Sentiram minha falta?
"É mais provável que eles sintam falta da história"
Ok, ok. Que tal irmos logo para o capitulo? Esse esta bem curtinho.
Encontro vocês nas notas finais.



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Já estava ficando escuro e Jonas ainda não voltara. Havia se passado mais de três horas desde que Yohanna contara para ele de sua gravidez. Sentada encolhida em uma poltrona próximo a janela, a ruiva não pensava em nada, nem mesmo o medo perturbava a paz. Sua mente estava vazia. Acostumada com a falta de luz e com o silêncio, assustou-se quando o moreno entrou no quarto acendendo a luz sem nem mesmo ser cauteloso.

— Onde você estava? – Yohanna perguntou com uma voz suave, forçando os olhos para acostumarem com a claridade.

— Procurando isso. – Jonas disse jogando um pequeno pacote em cima da cama, mantendo a calma enquanto tirava a jaqueta.

A jovem saiu da poltrona, movida pela curiosidade que aquele embrulho branco e pequeno a forçava ter. Ao abri-lo, se deparou com um único comprimido de coloração escura, grande o suficiente para ter quinhentos miligramas.

—  O que é isso? – perguntou ainda observando aquela cápsula que o envolvia, mas ela já sabia a resposta.

— É um remédio que induz o aborto. – o rapaz disse aquilo na mesma forma que explicava para qualquer criança, para o que servia um xarope. A ruiva desviou o olhar para fitar o namorado que já se sentara ao lado dela na cama. – O que foi? Já desistiu? –  sua voz continha ironia e frieza.

— Desistiu? – Yohanna segurava as lagrimas de tristeza, pensando no que havia acontecido com seu antigo namorando, aquele com quem ela compartilhava os sonhos de um futuro casamento, filhos e uma casa cheia de amor e alegria. Jonas estava estranho, completamente diferente. – Você nem me deixou escolher. –  concluiu abaixando a cabeça, na tentativa de esconder as lagrimas.

— Pense bem meu anjo. – O moreno pediu enquanto erguia o rosto da jovem pelo queixo suavemente, assim como sua voz. – Não podemos ter um filho agora. Ainda estamos no colegial. Ano que vem vou para uma faculdade e você estará em seu último ano na escola. –  Deu uma pausa para dá-lhe um sorriso pacifico enquanto enxugava as lagrimas da ruiva, antes de continuar. – e você também é jovem.

— O que aconteceu com você? – Yohanna perguntou amargurada ao afastar a mão de Jonas. Levantou-se da cama e aproximou-se da janela ficando de costa para o namorado. – Se eu fizer isso... – Fitou-o novamente. – Se eu fizer isso, serei uma assassina. É uma criança, uma vida. Você não percebe isso? – apontando para a barriga, fazendo com que Jonas suspirasse enquanto pegava o remédio – Diga alguma coisa. – Ordenou melancolicamente, abraçando a si mesma.

— Se não fizer isso, eu terei de arrumar um trabalho, vou perder a melhor bolsa da faculdade que alguém poderia ter. – Yohanna fechou os olhos percebendo o egoísmo do namorado. – E você. Você terá de desistir da escola por sei lá quanto tempo. – levantou-se da cama para abraçar a jovem que retribuiu soluçando. – Eu te amo, por isso quero que de tudo certo para nós dois. Confie em mim, é a única coisa que te peço.

Como pedido por Jonas, Yohanna confiou. Tomou o “remédio”, deitando-se logo após. Demorou mais de meia hora ate conseguir pegar no sono. Segundo o moreno, ela não sentiria nada, nem mesmo veria quando o feto fosse expulso do corpo, e a única evidencia, seria um sangramento que poderia durar um dia, mas o remédio só fazia efeito depois de seis horas.

Na madrugada, a ruiva despertou-se, estava suando, acendeu o abajur do criado mudo e foi ao banheiro. Lavou o rosto e observou sua imagem refletida no espelho, um calor fora do comum pairava naquela atmosfera, jogou novamente água no rosto e voltou para o quarto, mas, ao parar em frente da cama, Jonas não estava mais lá. Porém, havia um manto enrolado no mesmo lugar onde ela estava deitada, engolindo em seco, abriu-o e nele estava um bebe aparentemente recém-nascido apodrecido. Com as mãos tapando a boca para conter o grito de desespero, afastou-se rapidamente e no mesmo instante, grande quantidade de sangue começaram a fluir do assoalho.

***

Com os braços cruzados, Sarah observava a chuva pela janela do pequeno quarto do hospital, na qual estava escorada. Tudo ali soava melancolia, as paredes bege quase branca, a pouca luz do pequeno abajur sobre o criado mudo, a noite e o leve som abafado das chuvas que escorriam nos vidros embaçados. Hora ou outra, ela desviava seu olhar em direção a ruiva deitada na cama. Com um longo suspiro, sentou-se em uma poltrona próxima ao leito, tirou as sapatilhas pretas e encolheu as pernas por debaixo do vestido azul marinho, abracando-as sem tirar os olhos de Yohanna, segurando com todas suas forças a vontade de chora.

Um relâmpago clareou o quarto mal iluminado, seguido de um troar assustador. Yohanna despertou-se do sono aos berros, tentando senta-se na cama. Sarah, correu imediatamente para socorrer a amiga.

— Calma! Calma! – Implorava a loira abraçando a ruiva, que chorava desesperadamente – Foi só um pesadelo, já passou. Estou aqui Hanna.

— Sangue... Tinha muito sangue... – Yohanna soluçava enquanto delirava. – Por favor, me perdoe. – Sem entender as palavras, Sarah abraçou ainda mais forte a ruiva  que continuava aos prantos.

— Hanna... – Sua voz falhou enquanto entregava-se ao desespero segurando a amiga pelos braços, a chacoalhou – Sou eu, Sarah.

— Sarah! – Yohanna tentou secar as lágrimas, mas elas insistiam em rolar, abraçou a loira pela cintura, pousando sua cabeça sobre o peito da mesma. – Foi horrível. – Sua voz era fraca e falha por causa do choro e dos soluços.

— Já passou minha princesa. – Sarah falava com a voz meiga. Lembrava-se de quando era pequena, uma época em que seus sonhos sempre terminavam em pesados,  e Yohanna era na maioria das vezes a única que corria socorrê-la, deitava de conchinha com ela e cantava uma música de ninar até que o sono voltasse, e ali ficava até o raiar do dia. Passava dias a fio dormindo no mesmo quarto que ela, até que a pequena parasse de ser perturbada por sonhos ruins. Naquele momento, Sarah só queria retribuir o afeto da melhor forma que fosse. – Estou aqui, nada de mal vai acontecer, não se preocupe. Quer me contar como foi? – A ruiva negou, não queria contar, ninguém da família Madison sabia daquele passado. Quando finalmente parou de chorar e os soluços cessaram, foi que soltou a loira. Olhando para suas próprias mãos, percebeu que estavam com pequenos ferimentos e uma delas enfaixada do pulso ao cotovelo. Seus olhos vermelhos pelo choro, clamavam por explicações. – Deita. – Sarah a ajudou cuidadosamente a ruiva, enquanto escolhia cautelosamente as palavras, algo que ela nunca conseguira fazer, sempre fora direta. – Bem, por onde eu começo?

— O que aconteceu depois que saí da festa com David? – Yohanna estava agoniada, não conseguia lembrar muita coisa, alguns flashes invadiam sua mente, mas todos desorganizados.

— Mais ou menos vinte minutos que vocês saíram... – Suspirou. – Um dos convidados me avisou que havia ocorrido um acidente há mais ou menos dois quilômetros dali e que os bombeiros já estavam a caminho. Tentei ligar para o David, mas o celular dele só dava fora de área, então... Pedi para alguém me levar até lá. – Sarah desviou seus olhos para a janela, seu coração palpitava mais forte agora. – Algo me dizia que poderia ser vocês. – Yohanna segurou a mão da amiga, implorando que ela continuasse. – Quando cheguei ao local, David já estava a caminho do hospital. O resgate estava se retirando, quando perguntei por você. – A ruiva serrou os olhos tentando entender. – Seu corpo foi arremessado do carro enquanto ele rodopiava, te encontraram há cinco metros dali, no meio de um gramado alto. Teus olhos estavam abertos, mas você estava em choque.

— Como está... – Yohanna foi interrompida quando uma enfermeira adentrou no quarto.

— Boa noite. – Cumprimentou a enfermeira sorridente carregando uma bandeja, ela era negra magra de olhos castanhos, aparentando ter quarenta anos – Vejo que finalmente acordou. – Disse ao colocar a bandeja sobre o criado mudo.

— Estou aqui há quanto tempo?

— Dois dias. – Respondeu Sarah.

— Tudo isso? – A ruiva surpreendeu-se.

— Vou injetar uma medicação. – Avisou a enfermeira enquanto acendia a luz do quarto. – Esta sentindo alguma dor? Essa medicação vai anestesiar qualquer uma que seja um incômodo.

— Só minha cabeça que esta um pouco dolorida e estou sentindo algumas fisgadas neste braço. – Ergueu o que estava enfaixado.

— Não é para menos, você recebeu uma pancada forte na cabeça. – A negra alisou uma pequena protuberância no lado esquerdo da cabeça da ruiva. Depois agitou a injeção e injetou-a no braço direito, o que não estava enfaixado. – Pronto. – Disse sorrindo enquanto colocava um pequeno curativo no local perfurado.

— Obrigada senhora...

— Nada de senhora, por favor. – A mulher sorriu antes de continuar. – Todos por aqui me chamam de Nan.

— Obrigada Nan. – Yohanna sorriu, enquanto lembra que sua mãe também nunca gostou de ser chamada assim.

— É bom te ver sorrindo. – Nan disse antes de fechar a porta atrás de si.

— Ela é simpática. – Sarah disse com um sorriso travesso enquanto olhava para a porta. – Gostei dela.

— Sarah... – A ruiva estava seria quando a jovem voltou seus olhos para ela. – Onde David está?

— Também esta aqui. – Seu semblante tornou-se melancólico. – Os médicos disseram que não sabem se ele vai acordar. Quando retiraram David do carro, disseram que ele estava com vários hematomas na cabeça. – A loira começou a chora e se jogou sobre a barriga de Yohanna, que acariciava suas madeixas.

— Calma, ele é forte. Vai acordar logo, logo. – A ruiva duvidava das próprias palavras, mas precisavam ser pronunciadas.

— Se David acordar, eu juro nunca mais ficar brava se ele me chamar de Sasha.

— Lembra quando você tinha oito anos? – Yohanna perguntou com um pequeno sorriso nos lábios, deixando Sarah perdida entre tantas lembranças. – Quando David disse que Sasha era diminutivo de um nome masculino russo, Alexander se não me engano. Você começou a chorar como um bebê, desde então você passou odiar o nome e ele a te perturbar sempre que possível.

— Não entendo. – Sarah estava confusa. – Por que lembrou disso.

— Não sei, talvez porque ele me disse que esse nome era lindo, ou porque era uma forma de te irritar facilmente. – Yohanna deu de ombro. – Sarah estou com sede. Pega água para mim?

— Claro! Tem um bebedouro aqui ao lado do quarto. – levantou enxugando as lagrimas enquanto saia do quarto. Yohanna fitou o teto enquanto aguardava, sentia uma estranha sensação de estar faltando algo, talvez fosse a roupa ou os acessórios que não estava mais vestido nem utilizando, talvez o roupão do hospital fosse muito leve. – Aqui. – Avisou Sarah ao entrar e fechar a porta novamente, deixou o copo sobre o criado mudo e ajudou a ruiva à sentar-se. Logo, Yohanna percebeu algo de errado e fechou o semblante. – Tudo bem Hanna? – A loira Indagou.

— Sarah! Por que não sinto minhas pernas?


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Quero saber de tudo.
Comentem, por favor, no capitulo anterior fiquei em um enorme vácuo rsrsrs
Criticas, elogios e recomendações são sempre bem-vindas.
Se chegou ate aqui, me deixe um comentário. ♥

beijinhos e até a próxima.



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