ReVenture escrita por Fore Veralone


Capítulo 5
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Nós terminamos de arrumar e encaixotar tudo. Ele não tinha muitas coisas ali, apenas as roupas e alguns objetos pessoais

— E quanto àquele arsenal no outro quarto?

— O inspetor Nick vai cuidar daquilo.

Depois de ter tantas perguntas ignoradas ou completamente sem respostas concretas, eu desisti de perguntar sobre qualquer coisas que ele fazia ali.

Quando o final da tarde chegou, nós já estávamos prontos para ir até o distrito comercial onde teria uma festa.

Como esperado, Lawrence usava roupas escuras como de costume, embora tenha deixado àquele casaco em casa.

— Você não se cansa de usar roupas escuras não? Eu sei que elas combinam bastante com sua aparência, mas tenho certeza de que você devia variar de estilo as vezes.

— Eu só deixarei de usar roupas escuras quando descobrirem uma cor mais escura que preto.

— Certo, certo...

Nós chegamos ao distrito comercial que ficava próximo a estação. Havia uma grande variedade de lojas por todos os lados, e por causa da festa eles fecharam as ruas e vias de acesso, então o trânsito de pessoas ali era pouco. Tenho certeza de que a maioria das pessoas que estavam andando por ali eram moradores daquele distrito.

No centro havia uma praça circular com uma fonte no meio, bancos de madeira estavam distribuídos de forma organizada pelo lugar, haviam quatro ao redor da fonte e um a cada 3 metros ao redor da praça, o chão era feito com pedras perfeitamente alinhadas e as arvores altas forneciam sombra ao lugar durante o dia.

Era uma visão de um outro mundo.

Eu me senti dentro dos filmes de fantasia.

— Parece que o prefeito impôs uma ordem de manter a praça como um patrimônio da cidade, já que a fonte no centro dela tem mais de um século.

— Sério?!

— Sério. Há um boato de que antigamente casais se declaravam aqui sob o luar da lua cheia e assim tinham uma vida amorosa próspera. Muito dos moradores daqui são casais que se declaram e criaram uma família aqui, é por isso que eles não desistiram desse lugar.

— Você parece saber muito sobre esse lugar pra quem só está há um mês na cidade.

— Eu conheci alguém daqui, e soube muitas coisas desse lugar através dessa pessoa... Hm? Que cheiro é esse? Parece...

Sua expressão preguiçosa se iluminou e seu olhar de peixe-morto pareceu ter ganhado vida.

— Carne! - ele correu seguindo o cheiro - Aha-ahahahahaha-hahaha! Não há dúvida, é carne!

Ele andava apressadamente enquanto seguia o cheiro de carne assada com baba em sua boca.

Você é um cachorro por acaso?!

Nós contornados a praça e chegamos a fonte do cheiro, havia uma churrascaria ali assando carne a céu aberto.

— Ah, se não é o Law?! Veio até aqui apenas pelo cheiro, é? Seu olfato parece apurado como sempre!

— Chefe!

Lawrence exclamou ao meu lado enquanto corria até o homem cuidando da carne na churrasqueira.

Ele era alto e bastante musculoso, sua expressão era animada e ele parecia sorrir o tempo todo.

Além do mais, Lawrence parecia se dar bem com ele já que os dois começaram a conversar e gargalhar.

— Ei, você aí.

Alguém me chamou.

— Eu nunca te vi por aqui antes.

Era uma garota, e bonita.

— Você é novo aqui, não é?

— Eu vi você vindo com o Law, vocês são amigos?

Mais garotas se reuniram a minha volta, e todas bonitas.

Passei a mão pelos cabelos, arrumei a gola da camisa e preparei meu melhor sorriso.

— Yo, moças, parece que vocês cuidaram bem do meu amigo Lawrence, eu estou realmente grato a vocês. Será que eu poderia retribuir de alguma forma?

— Kyaa!!!

Todas gritaram em coro avançando sobre mim.

— Por favor, saía comigo.

— Comigo também.

— Comigo também.

— E comigo.

— Haha-hahaha-haha - gargalhei - Calma, não precisam ter pressa, tem pra todas.

Quando me dei por conta já passava das 20h. Eu me diverti tanto que acabei esquecendo a hora, bem, valeu a pena.

Valeu muito a pena.

Quando voltei a praça central muitas pessoas vagavam por lá, estava bem mais movimentado do que mais cedo. Mas imagino que essas pessoas todas sejam moradores do distrito comercial.

Algumas lojas permaneciam abertas, as de comida e bebida eram as mais movimentadas.

Após procurar Lawrence por um tempo o encontrei conversando com um casal de adultos embaixo de uma das árvores. Eles pareciam bastante felizes e alegres, aparentavam ser mais jovens do que a idade.

Mas algo que me chamou bastante a atenção foi o fato de que eles pareciam muito próximos, como se Lawrence fosse parte da família.

Eles se despediram de Lawrence e desapareceram no meio da multidão.

— Yo, Lawrence! - o saudei ao me aproximar - Você  parece estar se divertindo.

— Eh... Você parece ter se divertido mais do que eu. - ele me olhou com certo desprezo. - Consigo sentir um leve perfume feminino vindo de você, sem falar nas marcas de batom e roupas amarrotadas.

— Quem eram aqueles?

— Pais de um amigo meu.

— Eh... Amigo, é?

— Você faz parecer que eu não tem nenhum.

— E você tem?

— É claro que eu tenho!

— Quantos?

— Err... - ele pareceu conferir mentalmente - Três!

Tenho certeza de que ele teria a simpatia de muitas pessoas assim. Não posso negar que sinto certa pena dele.

Eu sentei ao lado dele no banco de madeira.

— Você já falou com aquela garota.

— De onde veio isso repentinamente?

— Ela gosta de você.

— Eu sei.

— Sabe?!

— Qual a dessa reação?!

— Não, é que... Isso me pegou de surpresa.

— Ei, eu posso ser alguém pessimista e depressivo, mas não sou ignorante a ponto de não perceber quando uma garota está de olho em mim!

— Então naquela hora...

— Sim, eu já sabia.

— Então por que você tentou desviar e escapar do assunto?

— Porque eu sou apenas um forasteiro de passagem, eu não tenho o direito de receber aqueles sentimentos. Eu sou só um estranho que chegou a pouco tempo, não tenho o direito de ganhar os sentimentos de uma pessoa e roubar o lugar de alguém que se esforçou tanto pra conseguir algo assim.

— Você parece bastante moderado em relação a isso.

— Bem, considerando o que aconteceu no passado, eu aprendi bastante com meus erros para prevenir que aquilo não aconteça novamente.

—...

Fiquei completamente sem palavras.

Ele nunca havia tocado nesse assunto antes, nem mesmo naquela época. Isso era como um tabu. Se ele está começando a falar sobre esse assunto, talvez ele esteja superando, mesmo que lentamente, mas está superando.

— Oito e trinta, é? - ele cortou o silêncio - Acho que já está na hora.

Ele se levantou ao meu lado e ficou pensativo por alguns segundos. Talvez reavaliando alguma coisa ou pensando novamente a respeito de algo.

Ele parecia ter planejado algo para hoje.

"Sim, não vai ter erro."

Foi o que ele disse mais cedo.

— Dan - ele me jogou um molho de chaves - Preciso que você vá na frente e termine de arrumar as coisas, eu não irei demorar muito, por isso vamos partir hoje mesmo.

— Hã? O que você está dizendo?

— Só faça isso, eu vou ficar te devendo uma, por isso preciso que você se apresse também.

— Hein? Mas o que é que você vai aprontar?!

— Eu vou unir duas pessoas.


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