Saímos do Salão Principal antes do pessoal da Durmstrang e fomos para a carruagem. Fui para meu quarto, escovei os dentes, coloquei o pijama da Beauxbatons e fui dormir. Não sei porque, mas lembrei da minha conversa com a aquele garoto loiro. Ele chamou minha atenção, diferente dos outros garotos ele não ficou babando por mim, o que é estranho, mas muito bom.

Charlotte POV

Acordei com Madame Maxime berrando no começo do corredor

— ACORDEM! ACORDEM TODOS! É HORA DE COLOCAR OS NOMES NO CÁLICE!

Levantei e fui pro banheiro, escovei os dentes e fui até o armário. Peguei o uniforme e me vesti. Saí do quarto e quase todos estavam prontos.  Fizemos uma fila e descemos da carruagem. Entramos no castelo e fomos em direção ao Salão Principal. O pessoal aglomerado à volta do cálice se afastou para nos deixar passar, nos observando ansiosos. Fiquei ao lado da Madame Maxime enquanto ela colocava os alunos mais velhos em fila. Um a um eles atravessaram a linha etária e depositaram seus pedaços de pergaminho nas chamas branco-azuladas. A cada nome inscrito, o fogo se avermelhava e faiscava por um breve instante. É muito bonito de se ver. Quando todos colocaram, Madame Maxime nos levou de volta a carruagem. Fui em direção ao meu quarto, mas mudei de ideia, me lembrando de algo. Dei meia volta e fui falar com Madame Maxime.

— Srta. Charlotte! Precisa de algo?

— Na verdade, eu vim perguntar se posso usar roupas normais ao invés do uniforme de Beauxbatons?

— Oh, pode sim! Mas use, de preferência, roupas com a cor da escola.

— Sim, senhora. - Falei virando pra voltar, pro meu quarto. Mas parei e olhei para Madame Maxime de novo - Madame Maxime? Posso voltar para o castelo? Estava pensando em usar o dia de hoje para inventar algumas coreografias...

— Claro que pode, Srta! E quando voltar, passarei a lista dos dias que terá show, entrevista e premiações!

— Sim, senhora! - Falei voltando para meu quarto.

Troquei o uniforme, por uma roupa de ensaio, tomei cuidado para escolher peças com a cor da escola. Atravessei o corredor e sai da carruagem. Andei em direção ao Castelo de Hogwarts, mas antes de pensar em achar uma sala, eu estava rodeada de milhares de garotas pedindo autógrafos. Peguei a pena de uma delas é dei autógrafo para todas elas. Quando todas elas saíram chorando segurando seus autógrafos, vi um menino muito pequenininho segurando uma câmera. Ela olhava pra mim meio nervoso e eu sorri para ele, o que deu coragem para ele vir falar comigo.

— O-Oi Srta Charlotte!

— Oi, me chame de Lottie! - Falei sorrindo - Qual é o seu nome?

— Colin, Colin Creevey! Srta Char.... Quer dizer, Lottie, posso tirar uma foto sua?

— Claro que pode, Colin!

Ele preparou a câmera, fiz uma pose e ele bateu.

— Ficou boa? - Ele assentiu

— Quando eu revelar a foto você assina para mim?

— Claro que sim, Colin! - Eu falei e ele sorriu animado e se virou para ir embora - Hey, Colin?

— Sim?

— Você sabe onde eu posso achar uma sala para ensaiar?

Ele ficou pensando por um tempo e sorriu

— Vem comigo! - Ele segurou minha mão e começou a correr, dei risada e corri também

Subimos uns sete andares e Colin parou diante de uma tapeçaria de trasgos dançando ballet e virou apontando para a parede.

— Ali fica a Sala Precisa. Você passa andando três vezes pensando no que você precisa e ela aparece para você!

Andei por ali três vezes pensado " Preciso de uma sala para ensaiar " e uma porta começou a se materializar. Abri a porta e dei de cara com uma sala de ensaio com espelhos na parede.

— Obrigada, Colin! Me avise quando revelar a foto, sim?

Ele assentiu e saiu correndo. Dei risada e entrei na Sala Precisa. Olhei para uns dos cantos e vi uma caixa de som. Liguei e uma das minhas músicas começou a tocar. Ela já tinha coreografia, então comecei a fazer a coreografia dela só para me aquecer. Fui dançando minhas músicas uma por uma e chegou nas novas que não tem coreografia pronta. Fiquei olhando para o espelho e comecei a dançar o que viesse na minha cabeça. Gostei de como ficou, e fiquei desejando um caderno para anotar os passos. Do nada, um caderno e uma caneta apareceram em cima da caixa de som. Peguei e comecei a escrever a coreografia. Quando ficou pronta desliguei a música e desejei um microfone. Ele apareceu e eu comecei a cantar a música é fazer a coreografia ao mesmo tempo. Assim que eu terminei ouvi palmas, me virei.

— Aí que susto! O que faz aqui?

Draco Malfoy POV

Estava passando pelo corredor só sétimo andar sozinho, já os idiotas do Crabbe e do Goyle devem estar se empanturrando em algum lugar. Passei em frente a tapeçaria de trasgos dançando ballet e do nada uma porta se materializou. Cheguei perto e abri, dando de cara com a super star, Charlotte Beaumont cantando e dançando uma música dela em uma sala de dança. Assim que ela terminou eu aplaudi. Ela se virou assustada.

— Aí que susto! O que faz aqui?

— Não sei, eu estava passando e essa porta se materializou do nada. Eu decidi entrar

— Hm. Bom, eu estava ensaiando, nem vi você chegar.

— Percebi - Falei rindo - Sua cara de susto foi a melhor!

— Ah, cala a boca... - Ela parou de repente, ia falar meu nome, mas percebeu que não sabe

— Malfoy. Draco Malfoy.

— Eu nunca sei o que responder nessas horas, já que todos sabem meu nome... - Ela falou e eu ri

— Finja que eu não te conheço... Você é uma pessoa normal que eu acabei de conhecer...

— Nesse caso... Prazer, Charlotte Beaumont! - Ela falou se aproximando e estendendo a mão e eu apertei

— Prazer te conhecer, Charlotte - Falei e ela riu - O que foi?

— Isso é tão bom, sabe? Ser tratada normalmente... Antes de chegar aqui nessa sala, eu dei vários autógrafos para umas meninas desesperadas... Nem minha própria diretora me trata normalmente...

Fiquei a encarando. Eu gostei dela, não pelo fato de famosa, ou ser linda. Eu só... Gostei dela.

— Bom, então você achou uma pessoa que vai te tratar normalmente!

— Obrigado, Draco.

— Disponha... - Falei saindo da Sala

Charlotte POV

— Disponha... - Ele falou e saiu

Sorri. Acho que fiz um amigo. Só acho estranho porque ele é um Sonserino. Andei pesquisando sobre Hogwarts e descobri o nome de todas as casas, e suas características. E digamos que a Sonserina não seja um exemplo de bondade. Sacudi a cabeça, como se ajudasse a me livrar desses pensamentos. Eu preciso focar nas músicas, os shows estão chegando e eu não tenho todas as coreografias prontas. Fiquei criando coreografias por algumas horas e desejei uma janela, para ver se eu precisava voltar ou poderia ficar ali mais um pouco. A janela apareceu e eu a abri. Estava chuviscando um pouco, mais ainda estava claro. Voltei a ensaiar por um tempo e quando começou a dar sinais de que iria escurecer, eu decidi voltar para a carruagem. Chegando lá fui direto para meu quarto. Vi que Madame Maxime deixou a lista de datas em cima da cama, mas eu nem olhei. Fui direito ao armário e peguei o uniforme, já que hoje irão ser selecionados os candidatos, acho melhor me vestir igual a todos. Tinha acabado de colocar o chapéu quando Madame Maxime gritou.

— VAMOS TODOS. ESTÁ NA HORA!

Sai do quarto e fui para a fila. Assim que descemos, Hagrid, o guarda caça de Hogwarts, e a única pessoa tão grande quanto Madame Maxime se aproximou. Eles conversaram um pouco, mas eu nem prestei atenção. Só quando eles começaram a andar, nós fomos atrás, quase correndo para alcançar o passo enorme dos dois. Quando nós entramos, o salão iluminado por velas estava quase cheio. O Cálice de Fogo fora mudado de lugar, agora ele estava diante da cadeira vazia de Dumbledore, na mesa dos professores. Começamos a comer, mas eu estava mais interessada no Cálice de Fogo, do que na comida. E não era a única, a julgar pelas constantes espichadas de pescoços, as expressões impacientes nos rostos, o desassossego de todos que se levantavam para ver se Dumbledore já acabara de comer, todos nós simplesmente queríamos que os pratos fossem retirados e os nomes dos campeões, anunciados. Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado de limpeza inicial, houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, o Professor Karkaroff e Madame Máxime pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais.
Ludo Bagman sorria e piscava para vários alunos. O Sr. Crouch, porém, parecia bastante desinteressado, quase entediado.

— Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir — Dumbledore falou — Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado — ele indicou a porta atrás da mesa — onde receberão as primeiras instruções.

Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo, na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra. O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à espera... Alguns consultavam os relógios a todo momento...

— A qualquer segundo agora - Sussurrou algum aluno da Corvinal, a alguns lugares de distância

As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar. Começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado – o salão inteiro prendeu a respiração. Dumbledore apanhou o pergaminho e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar branco-azuladas.

— O campeão de Durmstrang — leu ele em alto e bom som — será Vítor Krum.

Uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão. Vi Vítor Krum se levantar da mesa da Sonserina e se encaminhar com as costas curvas para Dumbledore, ele virou à direita, passou diante da mesa dos professores e desapareceu pela porta que levava à câmara vizinha.

— Bravo, Vítor! — disse Karkaroff com a voz tão retumbante que todos puderam ouvi-lo apesar dos aplausos. — Eu sabia que você era capaz!

Os aplausos e comentários morreram. Agora todas as atenções tornaram a se concentrar no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se avermelhar. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas.

— O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!

Olhei para o lado, onde Fleur estava sentada e sorri

— Parabéns Fleur! - Eu falei e ela sorriu para mim se levantando

Enquanto ela andava por entre as mesas da Corvinal e Lufa-Lufa, olhei para o resto dos alunos de Beauxbatons. Eles estavam desapontados, na verdade, desapontados é pouco. Duas garotas que eu não conheço, debulhavam-se em lágrimas e soluçavam, com as cabeças deitadas nos braços. Quando Fleur também desapareceu na câmara vizinha, todos tornaram a fazer silêncio, o campeão de Hogwarts é o próximo. E o Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho, jorraram faíscas dele, a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho.

— O campeão de Hogwarts — anunciou ele — é Cedrico Diggory!

Assim que Dumbledore pronunciou o nome, a zoeira começou. Cada um dos alunos da Lufa-Lufa ficou de pé, gritando e sapateando, quando o tal de Cedrico passou por eles, com um enorme sorriso no rosto, e se encaminhou para a câmara atrás da mesa dos professores. Na verdade, não sei por que mas, os aplausos para Cedrico foram tão longos que passou algum tempo até que Dumbledore pudesse se fazer ouvir novamente.

— Excelente! — exclamou Dumbledore feliz, quando finalmente o tumulto parou — Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem, torcendo pelo seus campeões, vocês contribuirão de maneira muito real...

Mas Dumbledore parou inesperadamente de falar, e tornou-se óbvio para todos o que o distraíra. O fogo no Cálice acabara de se avermelhar outra vez. Expeliu faíscas. Uma longa chama elevou-se subitamente no ar e ergueu mais um pedaço de pergaminho. Com um gesto aparentemente automático, Dumbledore estendeu a mão e apanhou o pergaminho. Ergueu-o e seus olhos se arregalaram para o nome que viu escrito. Houve uma longa pausa, durante a qual o bruxo mirou o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram o olhar em Dumbledore. Ele pigarreou e leu...

— Harry Potter!

Todo as cabeças naquele salão se viraram para aquele menino. Eu o conhecia, é claro. Quem não o conhece? Um zunido, como o de abelhas enraivecidas, começou a encher o salão, alguns estudantes ficaram em pé para ter uma visão melhor de Harry Potter, sentado ali, imóvel, em sua cadeira. Na mesa principal, uma professora se levantara e passara por Ludo Bagman e pelo Professor Karkaroff para cochichar urgentemente com o Professor Dumbledore, que inclinara a cabeça para ela, franzindo ligeiramente a testa. Vi Harry Potter se virando e falando alguma coisa para dois aluno sentados ao seu lado. Na mesa principal, o Professor Dumbledore se aprumou, acenando a cabeça afirmativamente para a professora que conversa com ele.

— Harry Potter! — tornou ele a chamar. — Harry! Aqui, se me faz o favor!

Uma garota lado dele murmurou alguma coisa e lhe deu um leve empurrão. O garoto ficou de pé, pisou na barra das vestes e tropeçou brevemente. Saiu pelo espaço entre as mesas da Grifinória e da Lufa-Lufa. Enquanto ele andava até a Mesa Principal, todos os olhares estavam fixos neles, e o zunzum não parava de crescer.

— Bom... Pela porta — disse Dumbledore.

O diretor não sorria. Potter passou pela mesa dos professores e entrou na câmara. Todos começaram a falar mais alto e ao mesmo tempo. Ludo Bagman saiu da mesa em direção a câmara, enquanto todos os outros na Mesa Principal ainda conversavam. Dumbledore, Prof. Karkaroff, Madame Maxime e outros dois professores de Hogwarts se levantaram e foram para a câmara. Madame Maxime parecia bem brava. Assim que eles passaram pela porta a falação começou, todos falavam em alto e bom som e ao mesmo tempo. Ficaram falando por um tempo até que um professor bem assustador se levantou.

— SILÊNCIO! - Mandou, entrando na câmara.

Olhei para a mesa da Sonserina e vi Draco olhando para o nada, parecendo bem irritado, assim que seu olhar cruzou o meu perguntei " Você está bem? " só mexendo a boca. Ele respondeu do mesmo jeito " não muito ", e desviou o olhar. Desviei também, olhando para Gabrielle ao meu lado, ela estava pálida e olhando para baixo. Toquei no ombro dela a fazendo me olhar.

— Hey! Vai ficar tudo bem, sua irmã é muito inteligente, ela vai ficar bem! - Falei, os olhos dela encheram de lágrimas e ela me abraçou

Retribui o abraço e acariciei os longos cabelos loiros dela. Nos separamos e ela estava chorando.

— Olha, se sua irmã estiver ocupada com qualquer coisa do Torneio, venha falar comigo okay? Eu cuidarei de você!

De repente Madame Maxime e Fleur saíram da câmara conversando muito depressa em francês.

— Cela ne veut pas juste! (Isso não é justo) - Fleur falou

— Je sais , principalement parce que cette école aura un plus champion! (Eu sei, principalmente porque essa escola terá um campeão a mais!) - Madame Maxime respondeu

— Et ce garçon est trop jeune pour concurrencer (E aquele garoto é muito novo para competir) - Continuou Fleur

— Oui , il est , je ne sais pas pourquoi ils l'ont laissé rejoindre ! (Sim, ele é, não sei porque o deixaram participar!) - Respondeu Madame Maxime

Madame Maxime virou para nós é fez sinal para segui-la. Fomos em direção a carruagem e subimos.

— Bom, vamos ignorar o que aconteceu e celebrar a campeã de Beauxbatons! - Madame Maxime falou e com um aceno de varinha, comidas e bebidas apareceram em uma mesa

Todos começaram a bater palmas para Fleur. Fui até ela.

— Estou muito cansada, não vou ficar para a comemoração, mas parabéns! - Falei e a abracei - Ah, fale com Gabrielle, ela ficou muito preocupada com você

— Falarei - Ela falou e nos separamos - Obrigada por avisar

Balancei a cabeça e sorri. Atravessei o corredor até o meu quarto, entrei, tomei um banho, coloquei o pijama e me joguei na cama, morta de sono.