Too Close escrita por ladywriterx


Capítulo 8
Fofocas


Notas iniciais do capítulo

Hey
Tem alguém ai?

Sorry galera. Esse semestre foi o pior semestre da minha vida e passei minhas férias inteiras dormindo e meio que "esqueci" da fanfic. Sem contar que estou num bloqueio que tava me incomodando. O bloqueio não acabou, mas quem sabe publicando agora não me venha um lampejo de luz, não é mesmo?



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Loki não tinha dormido por mais uma noite. Mesmo quando não era a sua obrigação ficar vigiando o centro, ele não conseguia deitar e dormir. De algumas vezes, Helena acordava, encontrava-o sentado na beirada na cama, encarando o nada, e o obrigava a deitar com ela e tentar dormir. Conseguia, de algumas vezes, só quando ela abraçava sua cintura, colocava a cabeça no seu peito e suspirava como sempre fazia quando se aconchegava.

Estar sob ameaça de Thanos o trazia más lembranças. Estar rodeado dos Vingadores o trazia más lembranças.

Tinham conversado sobre aquilo algumas vezes, principalmente quando estavam sentado em frentes às câmeras de vigilância, sozinhos, o que deixava os sentidos de Loki cada vez mais aguçados, como se a qualquer momento Thanos pudesse chegar, capturá-lo e ele, então, teria que reviver aquele ano de tortura. Sem contar que sentia que estavam direcionando esforços em manter uma rotina de vigilância que seria completamente sem sentido. Conhecia Thanos e conhecia Amora. Eles chegariam com um exército, e aquilo faria muito mais barulho do que uma simples invasão ao quarto de Visão.

—Tudo bem? — Loki virou-se para encontrar Helena já sentada na cama, esfregando os olhos e soltando um bocejo preguiçoso. Ela engatinhou até se aproximar mais, e deitou em suas costas. Não pode impedir um sorriso que apareceu em seu rosto.

—O de sempre. — Ela suspirou. De algumas vezes, queria poder entrar na cabeça de Loki e entender tudo o que passava. 

—Precisamos trabalhar nisso. Você quer voltar para Vanaheim?

—Não. Só precisamos pegar Amora, e então estamos livres. - Ela bocejou de novo. Nunca contaria para Loki que havia acordado de um pesadelo. Era o choro ensurdecedor de uma criança. Ele se repetia quase todas as noites.

—Que horas são? — Loki olhou o relógio ao lado cama.

—Quatro e meia.

—Ah não, vou voltar a dormir. — Resmungou. Pelo menos tinha a esperança que conseguisse voltar a fechar os olhos. Queria dormir mais aquelas horas sem precisar sentir todo a culpa que carregava dentro de si até mesmo em seus sonhos. — E você vem junto.

—Não estou com sono, Sigyn. — Virou-se para ela a primeira vez e a viu negar com a cabeça, enquanto voltava a deitar na cama.

—Bem, quem perde é você. — Voltou a se arrumar na cama, afundando no travesseiro e fechando os olhos. Podia dormir mais algumas horas e era isso que pretendia fazer. Chegou mais perto do travesseiro de Loki, querendo que pelo menos o cheiro familiar a confortasse, já que seu marido continuava a encará-la na ponta da cama sem saber o que fazer. Ele sentia seu corpo cansado, sentia sua mente querer desligar. Respirou fundo antes de ceder e deitar-se ao lado dela.

—Você sabia. — Ela riu, enquanto se arrumava para encaixar-se no abraço de Loki.

—É claro.

Quatro horas depois, descansado e renovado mesmo com as poucas horas de sono, estava em uma das salas de treinamento com Helena. Natasha, Sam, Eliza e Steve davam voltas ao redor do círculo do centro, uma chuva torrencial caindo do lado de fora indicando que as temperaturas estavam abaixando com a chegada do outono.

—Não pegue leve. — Ela levantou as sobrancelhas. Loki tinha a mania de se segurar contra Helena. — É sério.

E, antes que a primeira magia de Loki a atingisse, juntou as mãos e as separou rapidamente, conjurando um escudo. A magia bateu e foi absorvida pela barreira de energia. Eliza foi a primeira a parar no meio de uma volta para observar quando Loki se multiplicou em diversas imagens e Helena rodava em seu próprio eixo tentando achar o verdadeiro. Sam parou logo atrás quando ela conjurou mais um escudo impedindo uma adaga de atingi-la no ombro.

—Queria ter magia. — Wilson sussurrou, agora com as duas mãos na cintura. Eliza apenas acenou com a cabeça, surpresa. Era o primeiro dia que via os dois treinando juntos, já que normalmente ela não estava ali, e era realmente surpreendente. Podia sentir até que o ar ficara diferente quando começaram.

Quem mais atacava era Loki, com suas magias, aparecia ao lado dela, e depois do outro lado da sala, desaparecia por alguns instantes e, quando chegava mais perto dos espectadores, Eliza tinha certeza que pode sentir uma energia estática arrepiando todos os seus cabelos. Helena ficava quase imóvel no centro, com estralar de dedos e movimentos da mão, fazia aparecer barreiras de energia que tremulavam e sumiam em um piscar de olhos. Ela parecia ficar mais ofegante a cada segundo que passava. Natasha também tinha parado e agora estava ao lado dos dois outros, uma expressão levemente impressionada pelo que acontecia ali no meio.

—Eles são tão bons. — Eliza deixou transparecer na voz toda a admiração pela cena. Com aquele semblante, tinha certeza que Helena era a deusa mais poderosa que existia. Ela desviou por milésimos de segundo de uma magia, que passou raspando nas pontas do cabelo. Tinha certeza que ela podia dominar qualquer mundo que quisesse. 

—Realmente. — Natasha sibilou. Era estranho. Loki era bom há alguns anos em Nova York, mas não tão bom assim como aparentava.

Quando Thor e Steve tiveram a ideia de trazê-lo para base, tinha odiado a ideia – e ainda não tinha mudado de opinião completamente. Não se sentia confortável ao lado da maior ameaça que o mundo já tinha visto. Não gostava de lembrar de Nova York, Clint tinha sido um mero boneco na mão de Loki por alguns dias, guardava rancor daquele cara, com certeza. Tentou engolir a história que, na verdade, tinha sido Thanos que elaborara todo o plano para a invasão, que Thanos tinha-o torturado, tentou acreditar nos dois, mas, segundo a mitologia, Loki era o deus das mentiras.

Porém, parada ali ao lado de Eliza e Sam, os dois igualmente impressionados, teve um vislumbre do poder de Loki que não tinha visto em Nova York. Não tinha sentido os cabelos arrepiarem quando ele passou por ela, ele não tinha lutado, quase, não tinha resistido. Odiava admitir, mas estivera errada sobre o deus das mentiras por todo aquele tempo. Bufou e voltou a correr, querendo se distrair de todos aqueles pensamentos e dos dois deuses.

Steve analisava apenas de canto de olho. Ao contrário dos outros, não era a primeira vez que tinha visto o treinamento do casal. No segundo dia ali na base, Helena tinha perguntado se podiam usar alguma sala para aquilo.

—Exercício matinal. — Ela sorriu, enquanto esperava pela autorização. Ele também estava indo para um treino e não viu problema em dividir a sala com os dois. Tinha ficado tão impressionado quanto Eliza e Sam, que ainda não tinham saído do transe.

Loki tinha percebido os dois pararem, e agora analisava o melhor jeito de fazê-los saírem dali. Sorriu para Helena, quando teve uma ideia. A loira estreitou os olhos e foi a vez dela de arremessar a adaga que estava em seus pés na direção de Loki. Ele desviou e a fez parar no meio do ar e, com um movimento rápido das mãos, a adaga voava em velocidade alta demais, e não era em direção a Helena. Ela apenas respirou fundo e conjurou um escudo que envolveu Eliza e Sam, que pularam de susto ao ver a adaga bater na energia e cair no chão, inerte.

—Loki. — O sorriso sapeca no rosto dele denunciava todas as suas intenções.

—Escorregou. — Helena saiu da posição que estava para ficar ereta e colocar as mãos na cintura. - Sinal que você está com reflexos muito bons.

—Você está louco? — Eliza gritou, depois de ter saído do transe. O escudo de energia ainda tremulava levemente em frente dela. Sam soltou um quase grito quando percebeu o que tinha acontecido. Steve e Natasha pararam a corrida para ver o que acontecia. Helena só respirou fundo, sabendo que aquilo traria uma dor de cabeça desnecessária. Lidar com Loki devia ser um trabalho que ela fosse paga para fazer isso.

—Você é tão infantil. — Disse baixo o suficiente só para os dois ouvirem.

—Foi uma brincadeira.

—E se eu não tivesse percebido a tempo?

—Eu sabia que você ia. — Apesar da discussão, aquela atitude teve o resultado esperado. Irritados e um pouco assustados, Sam e Eliza voltaram ao exercício que faziam, conversando entre si. Sigyn respirou fundo mais uma vez, negou com a cabeça e deixou um riso escapar. Loki. Tinha casado com uma criança de cinco anos de idade. — Quer continuar?

—Não. Vamos sair daqui antes de Steve venha te bater. — Enquanto saíam, Helena virou-se para encarar a sala de novo. — Vocês estão bem?

—Eu vou matar Loki quando eu tiver a chance. — Respondeu Eliza. Estavam bem. — Durma de olho aberto! — Gritou, enquanto os deuses saiam da sala.

—Isso não vai ser problema. Eu nem durmo. — Helena o encarou de canto de olho. Tinha dito aquela frase quase num sussurro.

Ela sabia que toda aquela aura do centro não estava fazendo bem para ele. Podia vê-lo se distanciar dia após dia, e a única vez que ele tinha feito aquilo com ela tinha sido durante os últimos dias em Asgard. Quando teve certeza que ninguém podia ouvir, estendeu o braço, impedindo-o de continuar caminho. Loki franziu o cenho e virou-se para encontrá-la com os olhos  castanhos preocupados o encarando com as sobrancelhas erguidas.

—Não faça isso de novo.

—O que? Jogar a faca neles? Eu sabia que você ia perceber, Helena. — Ela negou com a cabeça.

—Não me afaste do que você está sentindo. Ok? — Loki sabia muito bem do que ela estava falando.— Mas também tente não jogar coisas afiadas nos outros. Isso é rude.

—Tudo bem. — Reclamou antes de sorrir e voltar a andar, Helena ao seu lado relaxando e rindo da infantilidade do cara com quem tinha se casado.

—Deuses, Loki, um dia você vai matar nós dois.

—Não vou não. — Ela o encarou de canto de olho, em dúvida. - Você sempre vai estar lá pra impedir isso. — E piscou um olho. Não podia nem reclamar, porque sabia que era verdade.

—Quais são as magias dela? — Loki levantou os olhos do livro que lia para encontrar Feiticeira Escarlate parada em sua frente. Sigyn também levantou os olhos. Eliza e Sam ainda ignoravam os dois deuses, fugindo de todos os ambientes que eles podiam estar. A sala de convivência estava quase vazia por esse motivo, silenciosa.

—Desculpa? — A voz dele era quase irônica.

—Amora. — Sigyn passou a encarar Loki também. Nunca tinha se perguntado aquilo, e agora estava interessada na resposta. Fechou a revista que lia. Tinha muitas edições da The New England Journal of Medicine para ler e recuperar os anos perdidos na sua área. Naquele momento, lia um artigo muito interessante sobre novos métodos de tratamentos nas UTIs.

—Ela tem os poderes que todos avançados na magia em Asgard tem: deslocamento, um pouco de invisibilidade, conjuração.— Então, ficou mais sombrio, quase como se não gostasse das palavras que sairiam a seguir. - Ela consegue mexer com a mente, ilusões.

—Você faz isso também. — Apontou Helena, agora realmente interessada onde isso ia dar.

—Não. Eu consigo criar imagens. As pessoas veem o que eu quero, mas não consigo mexer com a realidade, é mais como o seu poder. — Apontou para Wanda. Ela e Visão eram os únicos que não participam dos treinamentos pesados de todos os dias depois do exercício matinal quase em conjunto. — Ela não precisa da gema da mente para entrar em sua cabeça e distorcer toda a sua realidade.

E Loki sabia muito bem dos poderes da gema. Podia senti-lo pulsando a cada vez que Feiticeira Escarlate fazia a sua magia e quando Visão chegava perto. Evitava-os o máximo que podia, odiava os arrepios que aquela energia o dava.

—E o seu, Sigyn? — Não esperava a pergunta dirigida a ela, nunca tinha parado para pensar muito em seus poderes. Pareciam pequenos e insignificantes perto dos de Loki e, agora, Amora. Sentiu-se mal por alguns segundos antes de dar de ombros e responder.

—Hm… Magias de defesas, algumas curativas e consigo falar com mortos. — Wanda se assustou. — Quer dizer… É complicado. Eu ainda não sei se preciso ter uma ligação com a pessoa, se nossas magias precisam ser parecidas, não sei.

—Você nunca…? — Só pelo tom de voz, sabia o que Loki queria perguntar. “Você nunca falou com Odin, certo?”. Se limitou a fazer uma careta de nojo. Ainda bem que ele nunca tinha tentado se comunicar com ela. Teria chutado o traseiro gordo dele para Hel em poucos minutos.

—Por enquanto, só falo com Frigga mesmo. — Pode perceber que o olhar dela se apagou. Tinha percebido uma fagulha acessa desde que tinha dito que conseguia falar com mortos na moça a sua frente. Estreitou os olhos. Talvez ela tinha perdido alguém.

Fazia algum tempo que nada acontecia. A paz que reinava no centro dos Vingadores era algo que ninguém estava acostumado. Eliza terminava seus exercícios matinais na pista externa para evitar Steve que treinava na sala interna no segundo andar. Evitava-o do jeito que podia, quando dava não descia para jantar, almoçava quieta. Estava se odiando pelo que sentia. Saudades, tristeza, remorso. Orgulhava-se tanto que nunca sentira nada, e agora estava mal por um cara que ela achou que seria só algo casual. Alguém que ela tinha que conviver todos os dias e dormia no quarto na frente do dela. Maravilhoso.

O dia estava nublado, e uma leve garoa caía. Seu cabelo já grudava no seu pescoço, mesmo preso num rabo de cavalo e, assim que terminou sua última volta, cansada e ofegante, jogou-se na grama molhada deitada. Fechou os olhos e ficou ali, respirando fundo, sentindo o ar voltar a entrar em seus pulmões sem desespero. Paz.

Sentia falta de Lola. Sentia falta de seu apartamento, seu quarto, até de sua rotina no escritório da CIA – e odiava trabalho burocrático.

—Hey, Eliza. — Gemeu ao ouvir seu nome.

—Chora, Sam. — Levantou-se, colocando-se sentada.

—Tudo certo?

—Sim. — Respirou fundo. Sam vinha a seu encontro e também se sentou, ao seu lado. A chuva tinha diminuído e agora não passava de uma bruma.

—Então, eu e Tony estávamos conversando e decidimos que essa base está muito parada.

—Vocês chegaram a essa brilhante conclusão juntos? Uau.

—Pensamos em dar uma pequena festa essa noite. Tony já foi para Nova York comprar… Algumas coisas. — Álcool. Talvez fosse isso que precisava para esquecer completamente o que se passava dentro dela. Lembrava-se vagamente de quando levou seu primeiro pé na bunda, numa festa na casa do jogador de futebol mais popular de seu colégio. Acordou no outro dia na cama de alguém que não sabia quem era e completamente recuperada das dores emocionais. — Você está bem?

Eliza não sabia o que responder. Não, não estava. Sentia-se prisioneira daquele lugar e não podia fazer nada para escapar.

—Sim. — Respondeu, seca.

—Você e Cap? — Seu olhar foi a única resposta que mandou para Sam. Território proibido, não deveria perguntar sobre aquilo. — É só que vocês dois estão permanentemente com essa cara de bunda e se evitando mutuamente que logicamente toda a base já deduziu que vocês dois brigaram. E as fofocas correm, Lewis.

—Eu vivo de fofocas, Sam. Eu sei que elas se espalham rapidamente. O truque é fingir que não é com você. — Colocou-se de pé, tirando as gramas que ficaram presas em sua calça preta, que agora estava encharcada com a água da chuva que tomara. — Devia fazer o mesmo. A gente se vê hoje a noite.

Entrou na base, deixando um rastro de água por onde passava. Precisava tomar um banho, colocar uma roupa mais quente e aproveitaria que agora Steve não ficava mais no seu pé para apenas… Dormir. Estava cansada. Subia as escadas vagarosamente e parou no meio do caminho ao ouvir alguém a chamando. De novo. Suspirou.

—Desculpa incomodar, Lewis. — Era Sigyn. 

—Diga.

—Meus pais moram na Islândia. Eu não vejo eles faz alguns anos. Será que…?

—Você quer sair da base?— Sentia seu corpo tremer de frio. — Podemos conversar sobre isso no meu quarto? — Voltaram a andar e agora Sigyn a seguia lado a lado. — Loki vai? - Ouviu uma risada que a moça ao seu lado não conseguiu segurar.

—Não. Não queremos uma catástrofe acontecendo. Minha mãe daria um jeito que matar Loki nos mais diversos modos possíveis. Loki fica.

—Então não vejo problema. Demora para voltar?

—Não. Algumas horas. — Pararam na frente da porta de Eliza.

—Vou precisar colocar isso no meu relatório do mesmo jeito.

—Imaginei. Obrigada. - Sigyn ainda demorou para sair, encarou a agente por alguns segundos e suspirou. Fazia algum tempo que tentava tomar coragem para falar com Eliza sobre o que tinha percebido entre e Steve. Negou com a cabeça, não era seu dever se envolver naquilo. — Tire essa roupa molhada. Não queremos ninguém doente.

A loira virou as costas e deu meia volta, deixou Eliza sozinha no corredor. A agente respirou fundo, queria conseguir perguntar tudo o que estava na sua mente para a deusa, mas toda vez que a via, travava. Não sabia se era medo, se era vergonha. Deixou-a ir, descendo as escadas pulando os degraus. Antes que pudesse virar para entrar em seu quarto, uma outra silhueta apareceu no fim do corredor. E conhecia muito bem. Os dois travaram. Não ficavam juntos e sozinhos em um corredor desde a última briga. Sentia a tensão se acumular e precisou respirar fundo para não se precipitar. Não sabia o que acontecia, mas toda vez que ele saia de seus treinos parecia ficar ainda mais bonito. Talvez fosse o cabelo loiro que agora caia em seus olhos, o leve suor que escorria por seus braços, sua testa e a respiração ofegante.

Ele parecia tomar coragem para falar alguma coisa, mas Eliza apenas se virou, alcançou a maçaneta da porta de seu quarto e a abriu, dando as costas para Steve, não querendo lidar com todos aqueles pensamentos que passaram em sua cabeça. E precisava de um banho quente.

—Não destrua a base. Promete?

—Helena, por favor…

—Eu volto em algumas horas, vou só ouvir meus pais gritarem comigo, e eu volto.

—Helena. Vai ficar tudo bem, sério. Vou ficar no quarto, sem fazer barulho nenhum, fingindo que não existo.

—Ótimo, faça isso! — Terminou de prender o cabelo num rabo de cavalo firme. Estava comprido demais e já começava a se irritar. Depositou um selinho rápido nos lábios de Loki. Era a primeira vez em alguns anos que se separariam mais do que alguns segundos. Arrumou a camiseta amassada dele no peito, querendo prolongar aquele momento. Ele a segurava pela cintura e parecia pensar a mesma coisa, já que se inclinou para beijar o topo de sua cabeça. — Se eu não voltar em umas três horas, vá me procurar, porque acho que meus pais me mataram. — O deus riu. — Se comporte! — Encararam-se por alguns segundos.

—Vá, Sigyn. Não é como se fôssemos ficar cinco anos separados. 

—Certo. — Pigarreou. Loki a soltou com um sorriso. Mordeu o lábio inferior e sussurrou uma despedida baixinho.

Desapareceu, focalizando o prédio dos seus pais e a porta do apartamento deles. Eles deviam ter acabado de chegar do trabalho deles pelo horário – e pelo barulho que ouvia de dentro do apartamento. Eram os passos pesados de seu pai, andando de um lado para o outro. Fazia isso depois de chegar e tomar um banho. Começava a organizar as coisas jogadas, começava a preparar o jantar enquanto era a vez de sua mãe no banheiro. Respirou fundo antes de bater na porta, três vezes.

—Indo! — Seu coração disparou ao ouvir a voz de seu pai depois de tanto tempo. Ouviu o barulho das chaves rodando e depois a porta abriu num movimento só.

—Hey! — Iwal demorou alguns segundos para entender quem estava parada do lado de fora da porta. Sua filha, igual da última vez que tinham se visto pessoalmente, e isso fazia mais de três anos. Tinha perdido a noção de quantas vezes tinha aberto aquela porta esperando que ela aparecesse daquele jeito, e nunca a encontrara. Naquela hora, parecia uma miragem.

—Sigyn! — Ele a puxou para um abraço apertado. — Achamos que você estava morta. — Ele sussurrou as últimas palavras. Ela apenas o abraçou de volta, olhos fechados e impedindo de chorar.

—É, desculpa por isso. — Resmungou depois de se soltarem. — Vou explicar tudo. Mãe está? — Olhou por cima dos ombros dele para encontrar o apartamento exatamente do mesmo jeito que se lembrava.

—Tomando banho. Vem, entra, vou preparar um chá enquanto esperamos. Vai ficar pra jantar?

—Não posso.

A primeira vez que sua mãe a viu, ouviu alguns gritos de como ela tinha sido irresponsável, de como tinha quase feito que eles morressem do coração com tanta preocupação. Thor não tinha voltado para dar notícias como ele tinha prometido da última vez que se viram, e tinha deduzido o pior. Depois do sermão, abraçou a filha com força, fazendo-a prometer que nunca mais faria aquilo. Sigyn prometeu, mesmo sabendo que, agora casada com Loki, nada na sua vida era muito certo.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que continuem comigo mesmo depois desses mais de 2 meses sem atualização ): Sorry.



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