Caça e o Caçador escrita por zatch


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Depois de zil anos eu estou de volta com um novo capítulo. Talvez vocês notem alguma mudança no estilo da escrita, porque os capítulos anteriores eram de um estilo experimental, mas esse capítulo está mais "meu" tipo de escrita. Ou talvez não notem nada e eu vou ficar bem feliz com isso hahaha Boa leitura! GOSTARAM DA NOVA CAPA? EU QUE FIZ!



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Hinata não se surpreendeu ao acordar em um quarto estranho. Ele tinha vagas lembranças de desmaiar na praça da vila vizinha, só para logo acordar com a voz de Yachi que o transmitiu tranquilidade suficiente para fazê-lo dormir novamente, mesmo que não conseguisse, no momento, atribuir sentido as palavras que ouvia. Se ele estava agora deitado em uma cama, em um quarto estranho, sem fome e se sentindo revigorado, era porque Yachi o tinha ajudado. Nada difícil de assimilar.

Uma vontade urgente de urinar fez com que ele se visse em pé andando pelos corredores da estranha casa e testando mover o ombro ferido, agora exageradamente imobilizado com diversos panos rasgados, que se enrolavam por toda extensão de seu tronco, prendendo junto dele o seu braço, de forma desconfortavelmente apertada.

Só quando identificou um cômodo como sendo uma cozinha, Hinata finalmente atentou-se que não possuía idéia de onde poderia se aliviar. Antes que pudesse reorganizar seus pensamentos, uma porta a sua esquerda se abriu e por sorte não urinou nas próprias roupas com o susto que levou.

O rapaz que adentrou a cozinha parecia tão surpreso quanto Hinata, mas, diferente do ruivo, ele se recuperou mais rápido, enfiando a cabeça pela porta de onde veio e chamando em bom som por alguém que Hinata bem conhecia, chamou Yachi. Dando um rápido aceno com a cabeça para Hinata, o rapaz saiu pela mesma porta que antes entrou.

— Hinata! – Exclamou Yachi correndo em direção ao amigo pensando em abraçá-lo, mas desistindo no último momento quando se lembrou do ombro machucado que ela mesma tinha desesperadamente tentado imobilizar, mas infelizmente, com o que ela tinha em mãos, não obtera muito sucesso.

— Yachi, eu meio que sabia que você estava bem, mas te ver agora e conversar com você me deixa completamente aliviado! – declarou Hinata sorrindo. – Na verdade não tão aliviado quanto eu gostaria porque eu preciso muito mijar.

E com aquela confissão, Yachi o guiou para outro cômodo, e depois que Shouyou finalmente terminou o que o tinha impulsionado a levantar da cama mais cedo, os dois se debruçaram sobre a janela da cozinha e começaram a conversar.

Aparentemente, quando Yachi chegou, a vila estava deserta. Todas as casas foram abandonadas, e os moradores haviam deixado para trás apenas o que não tinha valor. Era uma vila extremamente pequena e com a vinda da inquisição, todos os habitantes se dispersaram.

— Se os moradores foram embora, por que não passaram por nossa vila? Nós provavelmente ficaríamos sabendo, não? – Perguntou Hinata interrompendo a narrativa de Yachi sobre a chegada dela.

— Vocês não ficaram sabendo porque os moradores não seguiram a inquisição. – Respondeu uma voz ao lado de Hinata. O garoto nem ao menos havia percebido a chegada de dois rapazes na cozinha de tão atento ao relato de Yachi. Um deles era o rapaz de mais cedo que quase o fez urinar nas próprias calças, mas o outro que estava ao lado dele, e que respondeu a pergunta de Hinata, era desconhecido. A chegada dos dois fez Shouyou se levantar rápido da cadeira surpreso e um pouco defensivo, afinal, eles ainda eram estranhos.

— Antes que você pergunte quem somos com essa expressão de assustado e de quem precisa questionar nossas identidades com tom acusativo, como uma forma de autoafirmação heróica defensiva – Começou o desconhecido, que Hinata imediatamente julgou intimidador. – Eu já lhe digo: nome é Tsukishima Kei e eu ajudei a te carregar da praça até essa casa. Nada muito animador... É uma distância consideravelmente longa para carregar um ser humano, e você estava coberto de vômito.

— Obrigado. Sou Hinata Shouyou. – Disse Hinata após alguns bons segundos gastados alterando seu humor de raiva, para indignação, depois ofensa, vergonha e por fim agradecimento.

— Meu nome é Yamaguchi Tadashi. Você tem muita sorte de Yachi ter cuidado tão bem de você. Seu estado era deplorável! – Se manifestou o outro rapaz, definitivamente mais simpático que o amigo, e provavelmente sem a menor idéia de que mais cedo quase fizera o ruivo se mijar de susto.

— Quando eu cheguei à vila eles já estavam aqui, e me ajudaram muito se oferecendo para aguardar comigo pela sua chegada – Explicou Yachi tentando criar um ambiente amistoso entre os novos conhecidos. Hinata apenas acenou em entendimento. Ele se sentia envergonhado por não ter tido forças para se dispor a apoiar Yachi no que ela precisasse depois de todo o ocorrido, já que claramente foi ele o que acabou necessitando de mais amparo.

— Agora que seu amigo acordou e parece bem, eu gostaria muito de discutir aquele assunto que havíamos comentado anteriormente – Tsukishima se endereçou a Yachi, que acenou repetidas vezes com a cabeça concordando.

— Hinata, eles tem uma proposta para nós. Vamos nos sentar, que eles vão explicar tudo. – Yachi anunciou.

Todos haviam se sentado em volta de uma pequena mesa e Hinata balançava as penas de forma ansiosa, pois não se continha de curiosidade a respeito de tal proposta, que batalhava por atenção em sua mente junto com a curiosidade de outras coisas, principalmente a respeito desta vila e o porquê dos moradores dela não terem passado por Altansar. Em um suspiro profundo, Tsukishima se acomodou ainda mais na cadeira e começou sua narrativa se endereçando a Hinata:

— Creio que a inquisição não é um assunto que você desconhece, principalmente depois do que ocorreu com vocês, portanto vou ser bem breve com minha explicação... Eu e Yamaguchi somos membros de uma guilda que combate a caça as bruxas. Nós falamos que combatemos, mas a maioria dos nossos serviços consiste em refugiar as vitimas e auxiliar em fugas com o mínimo de conflito direto possível com os soldados e caçadores. Basicamente minha proposta é levar Yachi conosco para nossa base. Ela poderia ser útil com o conhecimento sobre curas e também nos planos de fuga, pois acredito que ela possua potencial tanto na hora de idealizá-los quanto na hora de exercê-los. Por fim, a pedido dela eu estendo minha proposta para você também.

A cabeça de Hinata girava. Eram tantas perguntas que se formavam, tanto a ser considerado que ele nem ao menos conseguia delinear um ponto de partida para começar a ponderar sobre a proposta. Tudo que ele conseguia fazer era olhar de Yachi para Tsukishima, de Tsukishima para Yamaguchi, e de volta para Yachi formando um ciclo que parecia infinito.

— Não precisamos de suas respostas agora. Vocês estão convidados para ficarem na nossa base até tomarem uma decisão. Afinal de contas o objetivo de nossa guilda é, principalmente, fornecer um lar, nem que temporário, pra quem sofreu com esse... Terror. – Explicou Yamaguchi.

— Hinata, eu não estou pedindo pela sua decisão nesse exato momento, mas eu quero ir até a base. – Confessou Yachi. – Eu quero pelo menos agradecer, não só Tsukishima e Yamaguchi, mas também àqueles que estão por trás de toda essa organizou que nos ajudou. O que acha?

— Nós teríamos um lugar pra ficar e poderíamos ajudar em algo simples pra conseguir comida e pelo menos ter um local seguro para dormir e considerar o que faremos – Continuou Yachi: – Sua mãe e irmã não devem ter nem ao menos conhecimento do que aconteceu. Minha mãe foi à França sem previsão de volta e Tsukishima e Yamaguchi foram até Altansar e disseram que ela está deserta. Não podemos somente nós dois ficar por lá.

Com essa última informação, os olhos de Hinata começaram a se encher de lágrimas e sua garganta se fechou dolorosamente em um soluço que foi rapidamente engolido. Ele mantinha as mãos presas em punhos se agarrando ao tecido de suas calças e piscava os olhos rapidamente para tentar se livrar das lágrimas que ameaçavam cair toda vez que pensava na vila deserta e em todas as mulheres que...

— Hinata, nós não temos pra onde ir! – Exclamou Yachi e com essa última declaração, caiu em prantos, impedindo imediatamente que Hinata pensasse em qualquer outra coisa que não fosse consolar a amiga.

— Nós vamos, Yachi! Eu vou com você, nós vamos juntos! Vamos ficar juntos e tudo vai ficar bem! – Hinata acalmava a amiga suavemente em sussurros com as palavras que ela queria ouvir, com as palavras que ele queria dizer. Ela estava certa ao afirmar que eles estavam sem rumo, e mesmo se não estivessem Hinata a seguiria de qualquer forma. Yachi era para ele parte de sua família, uma irmã, e ele não iria abandoná-la, ou deixar que ela partisse para qualquer lugar que fosse sem ele ao seu lado, não até que ela dispensasse a presença dele, ou encontrasse um lugar mais seguro do que como estavam um junto do outro.

— Se pelo menos a decisão de vir conosco até a base estiver feita, então aviso que partimos amanhã cedo, e aconselho que vocês durmam e descansem bem, pois nós vamos andando. – Avisou Tsukishima, e com algumas simples informações sobre a viagem que fariam e nada mais, ele e Yamaguchi insistiram que fossemos dormir sem mais delongas, e sem responder nenhuma outra pergunta de Shouyou.

Naquela noite, Hinata pensou que iria passar toda acordado, refletindo sobre tudo que aconteceu, tudo que ouviu, tudo que viu, tudo que sentiu, tudo e mais um pouco, porém, alguns minutos após se deitar seus olhos já pesavam, e ele enfim adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro, eu revisei uma vez, mas não sei se foi suficiente. Eu já escrevi uns dois capítulos a mais, então vou postar mais rápido os próximos, só preciso encontrar tempo pra revisar e mudar algumas coisinhas! Obrigada por lerem! GOSTARAM DA NOVA CAPA? EU QUE FIZ (deu um trabalhão, então espero que vocês pensem "poxa, ficou show de bola!")



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