Respiração escrita por lagrimas estelares


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Para um dos meus shipps favoritos, Neil e Todd, que pertencem ao filme mais poeticamente verdadeiro sobre o que a vida é.

Boa leitura.



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Havia medo em cada canto escuro daquele quarto, havia apreensão em cada piscar de olhos onde a escuridão o afogava, e não havia ar...

Todd virou o corpo e os pés se descobriram, então a sensação de desespero voltou. Ele queria se livrar da coberta que o sufocava, das paredes que o sufocavam, dos deveres dos trabalhos das ideias de ser o que não era que o sufocavam.

Ele abriu os olhos outra vez, e a parede do seu quarto era bizonhamente alimentada por sombras de galhos do lado de fora. Talvez fosse a importância que a Sociedade exercia em seu cotidiano, mas a penumbra formada aparentava ser uma caverna. Por meio de um esboço, um sorriso se formou no seu rosto, mas tão logo desmanchou-se.

Sua cabeça latejou e o estômago doeu com a ideia de seu pai pegá-lo no flagra, fumando alguns cigarros e sorrindo doce para Neil, talvez timidamente enroscando os dedos nos do moreno. Todd então contorceu-se em uma posição fetal e balançou o corpo na esperança de dormir com os soluços de seu choro.

Assim como as diagonais escuras do quarto, cada canto escuro da sua alma doía. Cada imagem em sua cabeça destruía inúmeras células em seu corpo; ele tornava-se um doente das circunstâncias.

Subitamente um lado de seu colchão afundou, e seu corpo trêmulo foi envolto de braços quentes. Era outono, então fazia frio. O cheiro de Neil era de sabonete e roupas limpas, mas Todd não se atreveu a virar; ele não queria que fosse apenas um sonho.

Oh, na respiração. Era na respiração de Neil onde ele queria morar. Sentir-se protegido, envolto da poesia de seus pulmões e ser aquilo que entrava e saía com delicadeza deles.

- Neil?

- Todd - sussurrou puxando os braços de Todd e que envolviam o próprio corpo - Deixe-me ver seu rosto.

E Todd mostrou, pois sabia que Neil não o feriria com os olhos ou com palavras ou com sorrisos escárnios com os lábios. Neil era como uma queda alta, onde quem ousasse derramar-se no infinito de coisas que era sua alma, veria a personificação de liberdade.

Liberdade.

- Eu sinto tanto medo dos pés descobertos - "Fecho meus olhos. Uma imagem flutua ao meu lado. Um louco dentuço suado com um olhar que golpeia meu cérebro. As mãos dele me estrangulam. E ele está balbuciando algo. Balbuciando 'a verdade'. A verdade que é como um cobertor que sempre deixa seus pés com frio. Você empurra, estica, nunca é suficiente. Você chuta, bate, nunca nos cobrirá. Desde que chegamos chorando até partirmos mortos. Só cobrirá seu rosto, enquanto você berra, chora e grita."

Verdade.

- Eu também sinto, mas eu sei que dentro desse quarto existe outra que eu aprecio sem pudor.

Todd entreabriu os olhos, as gotas gordas escorrendo por cima do nariz e caindo nos cílios, atingindo o travesseiro. Os olhos de Neil eram como as folhas que vestiam a caverna da Sociedade, mas ao invés de secos tinham brilho que reluzia liberdade

Liberdade.

- Neil, quando foi que você já tinha nos deixado? - a boca seca e vermelha de choro, a alma ferida e vazando vida, os cabelos loiros atrapalhando a visão.

- Quandi fui à floresta porque queria viver de verdade. Eu queria viver profundamente e sugar a essência da vida. Eliminar tudo o que não era vida. E não, ao morrer, descobri que não vivi.

Todd fechou os olhos. Alimento de vermes, carpe diem, tornem suas vidas extraordinárias. Tudo aquilo girava em sua cabeça, assim como a coroa de galhos, a neve que simbolizava o corpo frio de Neil tão logo, saber que não era o suficiente.

Então a angústia voltava, a coberta da verdade, a liberdade que a morte de Neil representava. Pelo menos ele havia feito algo.

Nenhuma citação de Shakespeare, Walt Whitman ou qualquer outra pessoa descreveria o que sentia. Todd o amava, e era isso. "Ele nunca faria isso!", querendo dizer "Ele me deixou aqui. Agora estou sozinho outra vez".

O loiro respirou fundo, mas não queria se esquecer do cheiro de Neil. Tentou, então, tocar seu rosto.

Mas quando Todd abriu os olhos de vez, sentiu ânsia de vômito. Antes de qualquer movimento que pudesse fazer, Knox apareceu na sua frente e o abraçou.

- Ele era pássaro e se tornou mais que um sinônimo de liberdade: ele era a verdade, Todd. Ele era o cobertor. Você não precisa mais sentir frio nos pés ao dormir, ele não te sufocaria.

Era inverno, não outono. Era nessa época em que Neil dormia profundamente, e Todd simplesmente adorava a sua respiração.

Se ele pudesse voltar no tempo, pediria permissão para morar ali.


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