O noivado da princesa Anna foi recebido da melhor forma possível pelo povo de Arendelle. Ela e a irmã reuniram todos no castelo para dar a grande notícia e os cidadãos, de tão alegres, improvisaram uma festa para comemorar. Jack ajudou a carregar barris de vinho e montar as decorações como um louco, tinha vontade de gargalhar com o quanto achava graça da situação. No final de todas as rápidas preparações, a imensa praça do reino estava linda. Os músicos começaram a tocar e o povo a dançar, realmente, essa gente sabe como fazer uma festa. No centro, estavam a princesa de Arendelle e o noivo participando daquela roda de dança.

O ex guardião estava sentado num dos bancos espalhado pelo lugar, dançar não fazia seu estilo. Todos os olhares estavam voltados ao casal principal, Jack estava pensando no quanto Kristoff devia estar envergonhado. Também percebeu Kai e Gerda dançando não tão distantes dos noivos, porém, já não via mais a rainha Elsa. Ela estava presente no anúncio, o ex guardião acreditava que ela havia ficado só um pouco para, depois, voltar ao castelo.

“Jackson, não? Poderia fazer-lhe companhia, meu rapaz?” Foi pego de surpresa por uma voz rouca que já tinha ouvido antes, Ministro Olin. Não pôde evitar a surpresa na voz.

“Claro, senhor”

O homem sentou-se ao lado de Jack, tinha uma expressão calma e serena , porém, o ex guardião notou os olhos semicerrados dele em sua direção ao se sentar. “Gostaria de um cachimbo?” Ofereceu o ministro, o outro só negou com a cabeça. O homem pegou um do bolso para, em seguida, colocar na boca e acendê-lo.

Jack não sabia o que dizer, ou até se devia atrever falar algo.

“Vicent lhe mandou uma carta, já pedi para alguém deixar no porão” Disse o ministro.

“Obrigado!” Falou o ex guardião de imediato. “Digo, estava esperando por notícias dele. Estou agradecido, ministro Olin” Concluiu sincero, o outro afirmou com a cabeça serenamente.

Sua expressão mudou completamente, retirou o cachimbo da boca e se virou para Jack, de novo, seu olhos estavam semicerrados.

“Sabe, Jackson... Vou ser direto! Está vendo aquela garota ali?” Disse o homem para o ex guardião, com o olhar voltado para os noivos, mais precisamente, à princesa de Arendelle.  “Anna e Elsa são como filhas para mim, é meu dever protegê-las” Sua voz soava firme. “Sei o que deve estar pensando, Elsa é muito poderosa, pode se cuidar sozinha... Bem, pra mim, não importa. Tudo que for uma ameaça para as minhas meninas deve ser retirado...” Agora, exibia novamente uma expressão calma, que conseguia ser mais ameaçadora do que a anterior. “Então lhe pergunto, Jackson, que esta tão próximo da família real... O que exatamente veio fazer aqui?”

Não devia estar surpreso, havia errado muito. Mas também, como poderia se aproximar da rainha sem levantar suspeitas? Bem, por agora, o que ele devia fazer é o que sempre faz: mentir.

“Senhor, Vicent e eu estávamos passando por uma situação difícil na nossa cidade. Viemos para Arendelle para ver se alguém se interessava pelas invenções e assim, chegamos na família real. Fim da história”

O assunto não era mentir, e sim omitir. O que, pra muitos, chagava a ser a mesma coisa.

Falou rápido e confiante, como quem não tem nada a esconder. Fruto de anos de prática. O ministro encarou Jack por mais algum tempo até se pronunciar.

“Tudo bem, garoto. Mas não fique surpreso se eu ficar na sua cola... É o meu dever” Concluiu ele. O ex guardião acenou com a cabeça, já não podia fazer muita coisa.

“Jack! Gerard! Por que não estão dançando?!” A atenção dos dois foi voltada à governanta que havia acabado de chegar, acompanhada do conselheiro Kai.

“Sabe que não é uma das minhas diversas virtudes, Gerda” Disse o ministro com um sorriso de canto.

“Sabe sim, todo nós sabemos” Disse Kai com humor. “Mas quem sou eu para falar de dança afinal, não é?” Completou com uma breve risada.

“É verdade, meu caro amigo. Creio que consegue ser um dançarino pior do que eu”

“Já não concordo”

“Quer saber!” Exclamou Gerda de repente, atraindo todas as atenções para si. “Por que vocês, cavalheiros, não decidem isso na próxima roda de dança?” Disse a governanta, tirando largos sorrisos de Olin e Kai.

Ao soar da próxima música, os dois partiram para o centro da praça. Jack ficou com a companhia de Gerda e os dois não paravam de rir do ministro e do conselheiro, o ex guardião percebeu que não mentiram ao quanto seus talentos na dança.

“Hahaha! Gerda! Você é incrível, sabia?!” Disse Jack enquanto gargalhava alto.

“Sim! Eu sei, meu filho!”

Após alguns minutos, durante aquela mesma roda de dança, a governanta chamou a atenção do ex guardião.

“Jack! Querido, não vai cortar essa barba não?” Questionou ela.

A pergunta o pegou de surpresa. Mas sim, ele desejava tirar. Não gostava do significado que ela trazia.

“Pretendo sim, mas há algum problema?” Quis saber.

“Mas é claro! Imagina se encontra a Anna ou a Elsa com essa barba enorme na cara! Deve estar apresentado como um lindo cavalheiro!” O ex guardião riu da forma como ela falou.

“Pode deixar! Farei assim que puder” O que era quase uma mentira, pois mal sabia como. Quem tinha a feito até aquele momento foi Vicent.

“Olha sua cara te dedurando! Venha comigo! Vamos dar um jeito nisso agora!” Disse Gerda agarrando a mão de Jack e arrastando-o para o castelo.

Ele até reclamava da sensação em determinados momentos, mas não deixava de prestar atenção e rir de tudo o que a governanta falava durante todo aquele tempo. Entendia o porquê da rainha e da princesa gostarem tanto dela.

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“Ué! Mas aonde eles foram?” Questionou Gerard Olin, ao fim daquela dança.

“Não sei! E agora? Como saberemos quem é o melhor?” Kai perguntou.

“Ah! Tanto faz! Vamos decidir isso de outra maneira!” Disse o ministro.

“Então vamos pegar as espadas?”

“Vamos!”

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A rainha escrevia uma carta. Odiava ter que deixar a festa antes de acabar, mas já tinha muitos assuntos para resolver só naquela tarde. Aquele não era o mais importante, mas resolveu fazê-lo logo.

As vezes espiava pela janela, era muito bom ver Anna tão radiante. O casamento ainda nem tinha data, mas os noivos estavam empolgados como se fosse no dia seguinte. Enquanto sua irmã e o povo de arendelle estiverem tão felizes, Elsa estará em paz. Mas, por enquanto, ainda tinha aqueles acordos para resolver.

Não demorou para terminar aquela carta, a deixou junto com alguns papéis de comércio exterior para não esquecer de mandarem enviar.

Seu sentido era bem simples, a coroação do novo governante de um reino aliado. Seu destino? Nem tanto: Narvik. No extremo norte. Viajem longa e complicada para ficar poucos dias, já tinha acertado sua partida com os ministros de Arendelle, era preciso deixar seu reino, é exigido de uma rainha que demonstre todo o respeito a um novo rei aliado. Apesar de tudo, não parecia haver muitas confusões em sua longa partida, que seria daqui a dois meses.

Continuou mergulhada em meio aquela papelada por muito tempo.

Pelo menos, até o anoitecer de outra noite... Talvez incomum?