Only Yours Is My Love escrita por LivOliveira


Capítulo 23
O Garoto E Seus Problemas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora e espero que gostem deste capítulo.
Boa leitura!



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Ficar de fora de tudo é tedioso. Até porque foi EU quem elaborou o plano estratégico. E simplesmente não me dão os créditos me deixando de fora. E não só à mim, mas também para Henry. Tudo bem, eu até entendo. Henry é um garoto muito querido e está no auge da juventude e em busca de aventuras, o que é um problema nesse momento.

E ele está agora, andando de um lado para o outro, roendo as unhas e reclamando sobre estar de fora também. Ele chamou Violet (ela teve de mentir para o pai) e a garota está tentando acalma-lo enquanto supervisiono Kyle e Emilie comendo sozinhos.

— Se não fosse por nós, Violet, nem saberiam onde Neal estava! — reclama.

— Olha, Henry, eu entendo eles. Você não pode ajudar. O que você faria? — Violet pergunta.

— Eu tentaria falar com ele. — responde.

— Já tentamos isso, parceiro. — digo.

— Em momento algum deu errado, Jones. É isso que quero dizer. — ele para e olha para mim.

— Henry por que não subimos e... Lemos algumas de suas revistinhas de super-heróis? Talvez possamos... Jogar Xbox? Por que simplesmente não relaxa? Esqueça isso! — Violet pede.

— Eu quero me tornar um herói, Violet. Estive tempo demais lendo sobre eles que chegou a hora de me tornar um. — ele responde.

— Você pode ser um herói comigo. — ela segura a mão dele.

Observo os dois e ao mesmo tempo empurro um brócolis para Kyle comer. Ele o joga no prato de Emilie, que simplesmente cruza os braços e faz cara feia. Kyle ri dela e olha para mim, na esperança que eu ria junto, mas se depara com uma expressão nada agradável minha.

— Eu quero ser o herói da cidade, não seu. — Henry diz.

Não, não, não. Essa foi mal. Essa foi muito mal. Ele falou merda, e merda será a consequência.

— Kyle, você vai pegar aquilo — aponto para o prato de Emilie — e vai colocar em seu prato, vai comer, e quando terminar vai sorrir e dizer que gostou.

— Mas e se eu não gostar de...

— Então seja o herói sozinho. — a voz de Violet interrompe qualquer ação que estávamos fazendo. — Por que não tenta fazer desse jeito?

Ela pega a mochila, o casaco e sai batendo a porta. Observo essa seqüência em silêncio. Quando ela sai, Henry fica imobilizado olhando para a porta.

— O que está fazendo? — pergunto.

— Ela... Ela foi embora? — ele não desvia o olhar.

— O que você esperava? Que ela sentasse e simplesmente concordasse com seus absurdos? Já estava irritante para ela. — respondo. — Você acabou de dizer que ela não tem importância nenhuma para você! Por acaso andou mexendo nas minhas bebidas, garoto?!

Acabo de perceber que fui rude, o que não era minha intenção. Henry olha para mim, querendo entender o motivo de eu ter dito aquilo. Então eu apenas continuo:

— Então você vai mexer suas pernas agora e ir atrás dela, dizer que ser o herói da cidade é uma besteira e que o que quer realmente é ser o herói dela. Vai logo, garoto!

— Eu não vou mentir para Violet. E se ela fosse uma boa namorada, ela teria me entendido. — ele diz antes de começar a subir as escadas.

— Por isso mesmo: ela não é sua namorada. — respondo.

Henry fica em silêncio e ouço a porta do seu quarto fechar. Suspiro e olho para Kyle. Ele está sorrindo para mim com os dentes de brócolis.

— Bom garoto. — digo antes de beijá-lo na testa e bagunçar seu cabelo.

***

Já são 20:57 da noite e ninguém me trouxe notícias. Mandei trinta e duas mensagens para Emma e ela não me respondeu. Sem contar nas ligações em vão. Henry até agora não saiu do quarto e passei a tarde inteira assistindo filmes de animação com Kyle e Emilie.

Estou me roendo de ansiedade. Eu quero saber se algo deu certo ou não. E também, eu não posso sair porque tenho que cuidar de Kyle e Emilie. Henry está aqui mas eu não sei se seu humor está adequado para tal. Kyle e Emilie dormem no sofá, com suas cabecinhas em meu colo e respirações lentas. Cansaram de esperar a mãe, e pelo visto, eu também.

Me levanto com o máximo cuidado para não acordá-los e subo as escadas. Vou implorar para Henry cuidar deles por mim. Subo as escadas em silêncio e giro a maçaneta do quarto dele. Nada. Ele trancou.

— Henry! — o chamo batendo na porta.

Demoro tempo demais fazendo isso, o que me deixa preocupado porque Henry sempre abre a porta quando bato. Deduzo que talvez ele não esteja no quarto, talvez fugiu.

Entro em pânico. Desço as escadas e saio de casa. Caminho pelo jardim até parar na direção da janela de Henry, olhando para o alto.

— Puta merda... — resmungo para mim mesmo ao ver a janela aberta e a escada em pé, apoiada na janela.

Ele fugiu.

Minha primeira vontade é de sair correndo atrás dele. Mas onde ele está? E Kyle e Emilie?

Ah, se eu não tivesse esquecido aquela droga de escada quando subi no quarto dele...

Muita coisa para assimilar... Muitos problemas para resolver... Eu realmente quero que tudo esteja como um ano atrás, quando Neal era apenas um nome esquecido em uma caixa velha no porão pouco freqüentado.

Pego meu celular e ligo para Ruby. Em poucos segundos ela atende.

— Killian... — diz.

— Ruby, eu te imploro, venha para a minha casa agora. Sem perguntas, apenas venha. E rápido. — desligo antes de Ruby responder. Entro em casa e me surpreendo ao ver os dois sentados, olhando para mim.

— Papai, o que houve? — Emilie me pergunta.

— Desculpa, minha flor, mas papai está ocupado agora. Volto num instante. — digo.

Saio outra vez e subo a escada. Entro no quarto de Henry e destranco a porta. Seu celular está em cima da cama, o que significa que não poderei rastreá-lo. Mas eu posso descobrir para onde foi. Ligo o seu computador e checo seus e-mails. Ele sempre foi um garoto esperto, por isso eu sempre ando com um dos pen drives mágicos de Emma. Ela me ensinou um pouco sobre isso, o que me ajuda muito. Alguns e-mails surgem e apenas um me chama a atenção. Um de Neal. Automaticamente, leio tudo.

Henry pediu a chave e o endereço do apartamento em Nova York de Neal, mandado por alguém de sua confiança. Disse que precisava de um tempo, e Neal concordou. Apenas isto. Ele não falou onde era. Mas talvez eu conheça alguém que saiba. Alguém que já se esbarrou demais com Neal em Nova York. Alguém como August.

Ligo para ele, que atende rapidamente.

— Sabe onde é o apartamento de Neal em Nova York? — a primeira coisa que pergunto.

— Wow, calma, sei sim. Fiz vários interrogatórios naquele espaço. — ele responde.

— Endereço.

— O quê?

— Ai, meu Deus, August! Me diga a droga do endereço!

— Ah, sim...

Ele me diz. Me explica como chegar lá e pergunta o porquê. Desligo sem responder e desço as escadas.

— Papai? O senhor não saiu? — Kyle pergunta.

— Claro que saí, Capitão. Eu apenas usei um dos meus truques para aparecer lá em cima. — respondo pegando minha jaqueta.

— Legal... — os dois dizem em uníssono.

— Espera, vai sair? — Emilie pergunta.

— Sim. — respondo antes da campainha tocar. Abro a porta e me deparo com uma Ruby preocupada.

Ela me abraça rapidamente e logo se afasta.

— Pode me dizer o que houve? — pergunta entrando e tirando o casaco e o cachecol.

— Ruby! — Kyle e Emilie correm para abraçá-la.

— Como estão, crianças? Estão comendo vegetais? — pergunta Ruby, abraçando-os.

— Kyle comeu brócolis. — nota Emilie.

— Parabéns, Capitão! — Ruby diz e faz um high tive com Kyle.

— Ruby, pode cuidar deles por mim? Tenho algo importante para fazer e não tenho hora para voltar. — peço pegando meu cachecol.

— Claro que sim. Posso fazer torta? Emilie adora torta. — ela responde e os olhos de Emilie brilham.

— Faça quantas tortas quiser. Só cuide deles, por favor. Tchau, crianças. — digo antes de sair pela porta.

Entro na garagem e saio com meu carro sem me importar com o limite de velocidade. Tenho uma viagem para fazer. Quando já estou perto do limite da cidade, uma viatura de polícia me segue e David fala no walkie-talkie que tenho no carro:

— Killian? Killian, é você quem está dirigindo?

Pego o aparelho e respondo:

— Não tenho tempo, David.

— Tempo? Como assim? O que aconteceu? — ele pergunta.

— Eu preciso dirigir, David. E na verdade, eu é quem pergunto isso. Mas eu espero que me diga depois.

— Killian, se for sair da cidade, deixe-me ir junto. — a voz de Emma surge.

Por um segundo, diminuo a velocidade. Mas eu lembro que Emma precisa estar em casa cuidando de nossos filhos. E além do mais, posso encontrar Henry sozinho. Estamos nos afastando aos poucos e eu preciso da confiança dele. Por isso, eu acelero mais ainda e ultrapasso o limite da cidade. Pelo retrovisor, vejo David desistir de me seguir. Um alívio.

***

Não me lembrava do quão Nova York é um caos. Eu não quero demorar muito para encontrar Henry porque estou começando a sentir mais frio do que posso suportar. Por isso faço de tudo para continuar na lei; não estou mais em Storybrooke.

Estaciono em um local qualquer perto de uma cafeteira. Já deve ser, talvez, duas da manhã, mas eu não ligo. Compro um café e volto para o carro. Volto a dirigir bebendo meu café e seguindo as instruções que August me dera.

Me vejo em frente a um prédio, em Manhattan, não muito alto, comparado com os outros milhões espalhados por Nova York. Subo pelas escadas laterais que dão para uma janela grande. August me explicou que eu teria de fazer isso, porque Henry não me deixaria entrar.

A janela estava fechada, mas não trancada. O que facilita as coisas para mim. Deslizo-a para cima e entro. Fecho-a em seguida por conta do frio. Caminho pelo apartamento até parar no quarto. Me deparo com ele deitado de bruços na cama, adormecido, como duas caixas de pizza ao seu lado e uma música tocando no rádio.

Desligo o rádio e recolho as pizzas. Jogo-as no lixo da cozinha e volto para o quarto. Cutuco Henry e o mesmo abre os olhos devagar.

— Killian? — pergunta com a voz rouca. — O que faz aqui?

— Vim te buscar. Vem, vamos para casa. — respondo fazendo um gesto para ele se levantar.

— Não, não vou. Acha que gastei dinheiro numa passagem em vão? — ele pergunta se sentando.

— Sim. É exatamente o que acho. E também acho que você deva voltar para casa. Emma e as crianças estão te esperando, sem contar seus avós e, acredito, Violet.

— Não, Killian, ninguém se importa. E ninguém sabe que estou aqui, ou você não teria vindo sozinho.

— Em uma parte, você tem razão. Mas na outra, não.

Henry se levanta e toca os pés nus no chão que, com certeza, está gelado. Ele vai até a cozinha e abre a geladeira. Ele pega um suco, o que deixa evidente que fez umas compras quando chegou.

— Você viu Violet. Ela nem sequer quer olhar para a minha cara. — diz, sentando-se no sofá. — Aposto que você nem se importa, veio por obrigação. — ele se levanta e leva o copo para a cozinha. Eu o sigo.

— Acha que vim por obrigação? Eu poderia estar agora na frente de uma lareira me esquentando, com Emma, Emilie e Kyle. Eu poderia ter ignorado aquela escada na sua janela e ter dito que você estava apenas dormindo. Eu poderia ter simplesmente dado de ombros e dito "tanto faz". Mas eu estou aqui, droga. A qualquer momento pode nevar e eu estou morrendo de frio aqui, sabia? Vim o mais rápido possível, sem contar na loucura que foi descobrir onde você estava. E eu estou congelando aqui! Eu poderia ter te ignorado por seis anos, Henry. Eu poderia não ter saído com você para viagens no meu navio, poderia não ter jogado videogames ou qualquer atividade que fizemos juntos. Eu poderia ter te odiado. Por qual motivo? Não sei, mas eu poderia ter te odiado. Mas eu estou aqui, Henry. Estou aqui por você. Então não me afasta porque isso acaba com o meu coração, Henry. — desabafo. — Eu estou aqui!

Eu queria falar isso há bom tempo. E essa foi a gota d'água. Eu não posso mais continuar assim com Henry. Eu realmente não posso. Eu sei que ele deve estar passando por complicações psicológicas, mas não significa que deve afastar as outras pessoas.

— Então não sente pena de mim? — ele pergunta — Por meu pai meio que ser...

— Quer que eu faça um outro discurso de "eu te amo"?

Henry sorri e me abraça forte. É como se fosse quando o conheci, naquela manhã em que Emma dormia profundamente por conta da viagem que fizemos quando voltamos de Nova York. Quando a Emma era a mulher mais difícil que já conheci (continua sendo). Me lembro daquele garoto de dez anos que acreditava nas sereias. Aquele garoto que era meu marujo principal nas nossas viagens em dupla.

— Eu queria que tudo fosse diferente, Killian. — ele diz ainda me abraçando.

— Eu também. E, Henry, você pode ser um herói apenas por ser você. Essa guerra não é a sua, garoto. Você ainda tem muito pelo o que viver.

Mesmo estando com o queixo no topo de sua cabeça, sei que Henry está sorrindo neste momento. Eu simplesmente sei.

***

— Essa cidade é realmente brilhante. — comenta Henry depois de tomar um gole do seu café. Ele está sentado na frente de uma das janelas do apartamento, olhando a visão da cidade.

— É, eu sei. — respondo me sentando ao seu lado com o meu café.

Ele fica alguns minutos em silêncio, apenas bebendo seu café, até que decide falar.

— O que você acha de Violet? De verdade. — é o que pergunta.

— Uma boa garota. — respondo.

Ele arqueia o cenho e me fita com atenção.

— Só isso?

— Talvez eu ache que ela gosta demais de você para ser machucada.

— Como assim?

Olho para ele.

— Você a machucou mais cedo. E muito.

Henry olha para baixo e depois ergue o olhar, como se estivesse arrependido ou algo do tipo.

— Não era minha intenção. — sai como um sussurro.

— Nunca é. — respondo.

Ele se vira para janela outra vez.

— Eu só queria...

— Eu sei, Henry. Mas foi ingrato com ela. Violet só queria ajudar...

Ele fica em silêncio olhando pela janela. Faço o mesmo, e depois de poucos minutos, olho para Henry outra vez e noto suas bochechas molhadas.

— Você vai ligar para ela. — digo tirando meu celular do bolso e ignorando as mensagens não lidas e chamadas perdidas.

Henry o pega e disca o número de Violet. Ele olha para mim antes de colocá-lo na orelha. Segundos depois, Violet diz:

— Killian, eu gosto muito de você e te admiro, mas eu não gostaria de falar sobre Henry agora. Se ele estiver arrependido ou não, não fará diferença. Ele só é mais um garoto no mundo.

Henry fica imóvel com o celular na orelha.

— Killian? Killian? — ela pergunta ao não receber uma resposta. — Você me escutou? Para mim já deu, entende?

Quando vou pegar o celular para falar com ela, Henry encerra a chamada e me entrega o aparelho.

— Você ouviu isso? — me pergunta o óbvio. — Sou apenas mais um garoto no mundo. Sabe o que isso significa? Que não sou especial.

— É claro que você é.

— Violet não pensa assim.

— Violet pensa o que pensa e fala o que quer falar. Você já não pensou que ela pode estar mentindo?

— Por que ela mentiria?

— Ah, Henry... Talvez um dia você entenda. — Me afasto dele e vou para o sofá, me deitando em seguida.

Pego o cobertor que eu havia separado e me cubro com o mesmo. Henry continua lá, e eu confio que, quando eu acordar, ele continuará aqui e não vai fugir. Então respiro fundo e caio no sono.

***

Henry fica em silêncio enquanto come sua torrada. Na verdade, ele esteve sem silêncio a manhã toda. Talvez esteja pensando.

Eu só estou o esperando para partirmos á Storybrooke. Por isso, me levanto e logo pego a minha jaqueta e cachecol. Sento-me no sofá e o observo.

Henry levanta o olhar, um pouco incomodado, e suspira.

— Sabe... Podemos ficar um pouco em Nova York? Tipo... Só eu e você. Alguns dias...— ele pede, meio atrapalhado com o próprio desejo.

— Henry... Eu acho que não podemos. Eu não contei a ninguém onde ia e sua mãe deve estar esperando. — respondo.

— A gente poderia comer pizza e conhecer a cidade. — ele diz, ignorando o que falei.

— Não tenho roupas. Você tem?

— Eu vim preparado. — ele dá de ombros. — Talvez eu possa te emprestar...

— Não dá em mim. Além do mais, eu iria ficar estranho em camisas xadrez e de Star Wars.

Henry ri e termina de comer sua torrada.

— Talvez tenha roupas de Neal aqui...

Sinto um calafrio percorrer o meu corpo. Usar roupas de Neal? Nem pensar. Em hipótese alguma!

— O que quero dizer, Henry, é que não podemos ficar aqui. — digo.

— Não vou insistir. — ele se levanta e vai para o quarto.

Pronto. Se a nossa relação tinha melhorado, ela acabou de piorar. Talvez o certo seja ficar com o garoto por um tempo. Só nós dois.

Me levanto e vou para o quarto onde ele está. O vejo fechando a mala.

— Não vai colocar um cachecol para conhecer a Estátua da Liberdade? — pergunto.

Henry sorri e logo depois me abraça.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido. Não demoro para postar o próximo (dessa vez é verdade). Bis no core ♥ ♥



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