Roger estava sentado no fundo da sala. Era novato naquela escola e por ver que já tinha vários grupinhos formados, preferiu se sentar isolado, para primeiramente observar os colegas, vendo se enquadrava-se com algum deles.

Viu que o professor de química, que se apresentou como Carlos, chamou a atenção de alguém e ordenou que se sentasse na primeira carteira. Pelo visto ele era professor daquela turma no ano anterior e já conhecia muito bem as figuras que eram seus alunos.

A pessoa foi com leveza até o lugar indicado com uma grande cabeleira castanha e lisa, balançando-a, de modo a exigir o cabelo bem cuidado. Usava o uniforme  largo, não deixando ver suas curvas. Portava belos olhos de um preto profundo, com o rosto delineado.

O novato, dono de pele alva, de cabelos e olhos negros, com o corpo levemente definido por gostar de nadar, ficou encantado com o ser, que julgou ser menina, pelo tamanho e pela delicadeza do rosto.

Três dias se passaram entre aulas chatas e tardes quentes de verão e o aluno novo sempre tentava se manter o mais discreto possível para não ser percebido. No dia anterior tinha feito um amigo, Bernardo, moço de cabelos castanhos e olhos da mesma cor, que apreciava a discrição, como si .

Os olhos morenos se arregalaram e a boca abriu levemente, por causa da visão que teve.

Os longos cabelos castanhos que tanto admirava secretamente durante todas as aulas naqueles poucos dias, que tirava sua atenção de qualquer matéria, não existiam mais; os fios estavam agora no inicio do ombro.

— Matheus, seu filho da puta! - Gabriela, uma menina de curtos cabelos tingidos de rosa e olhos verdes, gritou - o que você fez com seus cabelos, moleque?

— Garoto? - Roger falou mais alto do que esperava, de modo espantado.

Matheus olhou em direção ao novato, com um sorriso divertido. Um encarava ao outro intensamente. O castanhado caminhava em direção ai moreno.

O portador da pele mais morena, parou em frente a carteira do garoto de traços que tinham um “que” de oriental, olhando para a boca fina e levemente rosada, a lambendo e mordendo o lábio inferior.

—Acho que a menina da nossa relação seria você, bastardo. - sussurrou perto do ouvido do outro causando-lhe um arrepio.

—Ou não... Irritante. - falou com um sorriso cínico e olhar brilhante.

A turma inteira observou a cena atônita, com algumas garotas suspirando e outras surtando. Provavelmente aquele seria o assunto do semestre!