Try Again escrita por Deh


Capítulo 20
“which way I should go to find the answer”


Notas iniciais do capítulo

POV Gibbs

OBS: capítulo editado em 26/07/2020!



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“Standing at the crossroads, trying to read the signs

To tell me which way I should go to find the answer

And all the time I know

Plant your love and let it grow

“Standing at the crossroads, trying to read the signs

To tell me which way I should go to find the answer

And all the time I know

Plant your love and let it grow

Após resolver os assuntos pendentes de Jenny, vulgo dar um fim naquela maldita russa, e ainda após uma longa viagem ouvindo o amigo de Hetty conversar sozinho, eu finalmente havia chegado, novamente, em Los Angeles, agora já de madrugada e o que fazer em Los Angeles de madrugada? Eu realmente não sei, então fui para um bar.

Quase seis da manhã Callen apareceu, no entanto só notei a presença dele quando ele se sentou ao meu lado e disse:

—Interessante, há doze horas Vance quase ficou louco por termos perdido você.

Dei de ombros, porque sinceramente eu não me sentia culpa pelo que fiz e faria mais mil vezes se preciso.

—Precisava dar uma volta. –Foi minha resposta  seca.

—Percebo. –Ele diz olhando o meu copo.

—Seu celular só foi ligado há uma hora, estranho não? –Callen me perguntou.

—Devo ter esquecido de liga-lo mais cedo, coisa da idade. –Eu disse, afinal de contas não seria doido de ligar meu celular para me hackear, pois quando eu precisei ligar para Marvin, fiz uso do telefone do taxista que só deixou eu usar seu telefone após ver o meu distintivo.

—Sua casa pegou fogo. –Ele disse.

—Ainda bem que não tinha ninguém lá –Eu disse e então pensei, ao menos ninguém que merecia ser salvo.

—Encontraram um corpo, mas talvez você já soubesse que havia um. –Callen disse me analisando minunciosamente e eu sabia que ele sabia que eu havia sido responsável, mas se ele tivesse alguma esperança que eu fosse dizer a ele, G. Callen estava muito enganado.

Sendo assim terminei minha bebida em silêncio.

—Até mesmo você precisa dormir Gibbs. Venha, tenho um quarto de hospedes. –O agente que eu salvei a vida no passado me ofereceu.

—Não seria na casa de barcos seria? –Perguntei, pois por mais que eu gostasse de barcos, não havia a mínima possibilidade de eu estar voltando para aquele lugar. Entretanto, acho que quando Jenny melhorar, terei que pedir a ela uma “casa de interrogatórios” daquela.

—Oh não, hoje é seu dia de sorte você vai conhecer minha casa, nem mesmo minha equipe conhece. –Ele disse como se fosse grande coisa.

Peguei minha mochila e o segui, mas não pude deixar de perguntar curioso:

—Equipe?

—Bem agora eu tenho uma equipe. Sam é meu parceiro, Kensi e Deecks também estão no time. –Ele anunciou e eu era capaz de distinguir um tom orgulhoso em sua voz.

—A equipe problema da Hetty não seria vocês, seria? –Não pude evitar questionar, afinal de contas existia uma equipe rival a minha em causar dor de cabeça à diretora do NCIS.

—Eu não faço a mínima ideia do que esteja falando Gibbs. –Callen disse com um sorriso presunçoso no rosto.

E assim, após um trajeto silencioso chegamos a misteriosa casa de Callen. Não preciso dizer que depois que deitei na cama eu praticamente desmaiei.  

Depois de dormir um sono relaxante, acordei com o cheiro de ovos. Sendo assim, me troquei e fui ver Callen.

—Bom dia bela adormecida. –Ele disse assim que me viu.

Em resposta eu o encarei não muito feliz e murmurei:

—Bom dia.

Devo dizer que Callen sabe ser hospitaleiro, já que até acabei ganhando ovos mexidos com bacon. Dessa forma eu não pude evitar o comentário:

—_Você sabe ser um bom anfitrião Callen.

—Eu sou. –Ele disse satisfeito.

Após terminar de comer ele começou:

—Shepard está estável desde ontem, os médicos acham que ela vai acordar logo, o voo de Vance pousou há meia hora.

—Ele deve estar louco para interroga-la. –Eu não pude evitar de comentar.

Ele deu de ombros antes de prosseguir:

—Hetty deu conta de encobrir o que aconteceu aqui.

Eu assenti, afinal de contas isso não é surpresa, Henrietta Lange pode ser uma mulher bem assustadora as vezes, digo isso por experiência própria.

—E a propósito Gibbs, você tem uma bela família. –Callen acrescentou.

—Obrigado. –Respondi.

Ele então sendo o Callen que conheci há tantos anos completou sorrindo:

—Sorte das crianças que se parecem com a mãe.

Eu ri, em partes era verdade, mas eu não podia me deixar abalar:

—Então você não viu as fotos de Jasper direito, o menino é a minha cara Callen.

Ele riu e disse seriamente:

—Talvez há meio século você até poderia parecer um pouco com ele.

Dei de ombros, então percebi um olhar conspiratório em seu rosto, se ele ainda fosse o mesmo agente que conheci na Europa eu sabia muito bem o que viria a seguir.

—Quer dizer que você e a diretora...? –Ele insinuou.

—Nós não estamos mais juntos. –Eu disse apenas.

Ele me observou e então disse como se fosse óbvio:

—Depois do que você fez por ela? Logo vocês vão estar juntos novamente.

Olhei para ele cético antes de acrescentar:

—Você certamente não conhece Jenny Shepard.

—Se ela ainda for metade daquela mulher que livrou sua bunda da prisão na Europa, eu não estarei errado amigo. –Callen diz presunçosamente.

Em resposta eu apenas dirijo a ele um dos meus olhares patenteados.

As horas passam lentamente enquanto sou obrigado a ficar no apartamento de Callen, aguardando a liberação de Vance para falar com Jenny. Sinceramente me pergunto para que obedecer, afinal de contas não é como se algum dia eu tivesse obedecido um diretor, muito menos um diretor interino que me impede de ver Jenny.

Após o almoço, finalmente tenho o acesso liberado para poder finalmente ver Jenny e assim Callen me dá uma carona até o hospital.

Devo dizer que eu estava praticamente correndo pelos corredores até chegar no quarto de Jenny, mal notando os agentes que vigiavam a porta do quarto dela.

Adentrei o quarto em que ela se encontrava sem me dar ao trabalho de bater, afinal de contas não era como se eu tivesse o costume de anunciar minhas chegadas e não seria agora que eu iria começar.

Não percebi que eu segurava minha respiração até ela soltar um de seus típicos comentários, pois só assim conseguir respirar mais aliviado, constatando que de fato ela estava bem. Jenny Shepard, poderia estar enfaixada e mais pálida que o usual, mas seu temperamento estava intacto e eu estava grato por isso.

A agente que estava com ela se apressou em nos deixar a sós, sinceramente de tão focado que estava em Jenny, eu mal havia notado a presença da agente no local.

Conversamos brevemente, notei que ela estava bem no escuro quanto aos acontecimentos e assim a deixei a par de tudo, contei o que havia acontecido, ela brincou sobre o barco, ver ela sorrindo me fez perceber que ela vai ficar bem, já que o seu agradecimento era algo incomum e atestava que ela ainda não estava cem por cento, entretanto, ela estava segura agora e em breve estaria bem, e isso era uma das raras coisas que me fez ficar feliz.

Era hora de finalmente falar com as crianças, eu sabia que desde que contei a ela, ela ansiava pelo momento em que ouviria a voz dos filhos e eu não posso culpa-la, afinal de contas tanto quanto eu fiquei preocupado com ela, eu também fiquei demasiado preocupado com nossos filhos.

Sendo assim, peguei o meu celular e disquei o número da casa dela e entreguei para que ela pudesse falar com eles.

Ela pegou o celular, eu podia ver o quão ansiosa ela estava e assim surpreendentemente ela acabou por colocar no viva voz.

—Residência Shepard. –Ouvimos a voz de Jasper do outro lado da linha, assim como ela vinha ensinando eles a atenderem recentemente.

—Senhor Shepard?. –Ela desse séria, mas eu vi o sorriso estampado em sua face, aquele mesmo sorriso que ela reserva para as crianças e claro seus olhos brilharem como esmeraldas, Jenny Shepard estava feliz.

—Mamãe! –Meu filho disse em êxtase.

Ela riu antes de dizer:

—Olá honey, como vocês estão?

—Estamos bem, Jesse está no banho. Estava preocupado com você, ontem estava tão estranho. –Meu filho respondeu.

—Eu disse que ela estava bem, não disse Jasper? –Respondi, me vendo obrigado a intervir.

—Sim pai, eu só tinha um sentimento estranho. –Meu filho confessou e vi Jenny me dirigir um olhar sorrateiro, como se soubesse muito bem do que ele estava falando.

—Tudo bem marine. –Eu tranquilizei meu filho, afinal de contas não é como se seus instintos estivessem errados, mas eu não queria que meu filho se preocupasse.

—Quando vocês vão voltar? –Jasper perguntou, o que suspeito que ele queria perguntar desde que ouviu a voz de Jenny.

Eu e Jenny nos encaramos por alguns segundos, antes de ela enfim responder:

—Vai demorar alguns dias honey, mas senhora Martinez vai cuidar bem de vocês.

Afinal de contas Jenny ainda não possuía condições para viajar e eu duvido que ela queira que os filhos a vejam nessa situação.

—Ainda poderemos ir ao cinema com tia Charlie no sábado? –Ele perguntou preocupado e eu franzi o cenho para Jenny.

—Se ela estiver disposta a levar vocês dois sozinha então sim, mas não forcem viu? –Jenny disse, entretanto, vejo que esse pedido dela é desnecessário, será que ela não conhece os filhos dela quando querem algo?

—Viu... –Ele prometeu e então prosseguiu com um tom de voz mais entediado. –Jesse está aqui. Tchau mamãe, papai.

—Tchau. –Respondi monossilábico.

Já Jenny completou:

—Amo você.

—Também amo vocês. –Meu filho disse e eu sorri com sua resposta, afinal de contas não há frase que deixe um pai mais orgulhoso.

Antes que eu tivesse a chance de dizer qualquer coisa, ouvimos uma Jéssica desesperada perguntar:

—Mamãe? Papai? Vocês estão bem? JayJay estava preocupado, eu disse a ele que estava tudo bem, afinal papai tinha dito isso.

Inevitavelmente eu sorri com a justificativa de minha menina, enquanto Jenny respondia:

—Estamos bem sweet e vocês?

—Estamos todos bem mamãe. Hoje teremos espaguete no jantar, queria que você estivesse aqui. –Minha filha respondeu prontamente.

O desejo dela para que a mãe estivesse lá não passou despercebido por mim, mas eu entendo, afinal espaguete é a comida especial de Jen e eles, além de ter sido a primeira coisa decente que ela conseguiu cozinhar, mas isso é história para outro dia.

—Infelizmente eu ainda terei que estar fora por alguns dias, mas quando voltar eu prometo fazer o melhor espaguete de todos os tempos. –Jenny prometeu à nossa filha.

Jesse riu e logo acrescentou:

—Okay mamãe, mas não vou dizer isso a senhora Martinez, pois ela pode ficar magoado e nos achar mal-agradecidos.

Jenny e eu sorrimos com a declaração de nossa filha, Jesse realmente podia ser doce, me perguntou a quem ela puxou isso, certamente nem eu ou Jenny, embora seja Jenny que é boa em lidar com as pessoas.

—E você papai? Vem logo? –Minha filha perguntou, finalmente se lembrando do seu velho pai.

Inevitavelmente desviei o olhar do celular para Jenny, ela parecia ansiosa para saber minha resposta, sendo assim olhando Jenny fixamente nos olhos eu respondi a minha filha:

—Eu e mamãe vamos juntos.

—Okay. –Minha filhinha disse parecendo satisfeita.

—Hum, o jantar está pronto é melhor eu ir. Tchau, amo vocês. -Ela disse em seu tom de voz veloz usual.

—Tchau, amamos você também. -Dissemos ao mesmo tempo e Jesse encerrou a ligação.

—Sua filha é tão esfomeada como você Jen. –Eu disse casualmente, enquanto ela me entregava meu celular.

—Eu!? –Ela diz se fazendo de inocente.

—Sim você, quem te acha elegante é porque nunca viu você comendo. –Eu disse seriamente, me contendo para não rir de sua expressão ofendida.

Mal acabei de falar e ela me deu um tapa em meu braço, enquanto dizia em um tom repreendedor:

—Jethro.

Finalmente eu pude sorrir com a situação.

—Então você não me acha elegante? –Ela perguntou após alguns segundos me encarando.

E eu sabia que minha resposta poderia causar sérios danos, então fui cauteloso ao dizer:

—Eu não disse isso.

Ela me encarou com uma expressão levemente assassina e em resposta eu apenas pisquei para ela, fazendo com que um pequeno sorriso enfeitasse seu rosto. Deus como eu amo o sorriso dessa mulher.

Os dias foram passando e uma rotina foi se estabelecendo. Eu ficaria com ela da hora do almoço até o anoitecer. Depois iria para a casa de Callen, como estava entediado comecei a concertar o banheiro do quarto de hospedes. Ao longo de cinco dias, Jenny já estava pronta para ser liberada.

Claro que esses cinco dias foram difíceis para ela, ficar deitada sem fazer nada, embora ela passasse bastante tempo sentada olhando a paisagem da janela. Eu a distraia com conversas aleatórias, Kensi havia levado alguns livros para ela ler, mas a parte mais engraçada foi no terceiro dia quando sai do quarto e encontrei o surfista, que se chama Deeks, especulando sobre Jenny e eu, ele estava de costas para a porta, não viu eu abrindo, mas isso não significa que Kensi não viu. Realmente tive vontade de dar um peteleco na cabeça dele, mas imaginei que Callen não iria gostar que eu disciplinasse seus agentes, nunca pensei que diria isso, mas preciso ver o DiNozzo logo.

—Você estará fazendo repouso em casa diretora, pelo menos três semanas longe do escritório. A senhorita vai precisar de fisioterapia devido aos ferimentos no ombros. –O médico disse pela terceira vez, eu já estava começando a ficar entediado com tanta recomendação.

Mas Jenny, sendo a boa diplomata que ela é, apenas assentia com tudo o que o médico falava.

—Estarei encaminhando todo o seu histórico para Bethesda. –O médico disse por fim e eu finalmente percebi que ele havia terminado as recomendações e após terminar de assinar sua alta, saímos.

—Então como vamos embora? –Ela me perguntou quando já estávamos do lado de fora do hospital

—De avião? –Eu disse

Ela rolou os olhos e disse o óbvio:

— protocolo diz que eu preciso de dois agentes.

—Um agente estará com você, eu sou mais do que capaz de te proteger ou duvida de mim? –Eu disse fixando meus olhos nos dela.

—Claro que não Jethro, mas é só que venho quebrando muitos protocolos ultimamente. –Ela disse, agora se lembrando dos protocolos que vem quebrando ao longo dos meses, em virtude de seu estado de saúde me abstenho de fazer qualquer comentário.

—Tudo bem Jen, as coisas vão ficar melhores. –Eu tento reconforta-la apesar de não ser bom nisso.

Eu então a guio até o local em que Callen havia estacionado, afinal de contas eu havia pedido a ele uma carona para o aeroporto. Na verdade, era o mínimo que ele podia fazer depois que eu consertei seu banheiro e a dobradiças de suas portas.

—Diretora. –Ele disse formal, oferecendo a mão para um aperto.

—Agente Callen. –Ela disse a altura e em seguida prosseguiu em um tom mais espontâneo –Obrigada por garantir que Gibbs não entrasse em coma alcoólico.

Inevitavelmente eu dei a ela um dos meus olhares mortais, afinal de contas eu havia contado a ela onde Callen me achou, mas não precisava dela exagerar tanto.

Calen, no entanto, pareceu achar graça do comentário dela, já que sorriu, eu o fuzilei com o olhar, não estava gostando desse sorriso que ele estava lançando para ela. Então abri a porta de trás para que ela entrasse e logo Callen estava dirigindo.

Chegamos no aeroporto em vinte minutos, agradecemos Callen e fomos comprar nossas passagens. Meia hora depois já estávamos dentro do avião.

Após quarenta minutos de viagem ela deixou a revista que lia e me encarou antes de dizer:

—Sabe, você pode ficar no quarto de hospedes. É o mínimo já que você queimou sua casa por mim.

Ela disse essa última parte mais baixo, apenas para nós dois escutarmos.

Dei de ombros antes de comentar:

—Acho que aquele quarto está se acostumando comigo.

Após alguns minutos em silêncio senti o peso de sua cabeça em meu ombro, verifiquei ela e sorri levemente ao perceber que ela estava de fato dormindo.

Chegamos em Washington as duas, peguei a bagagem dela e minha mochila e a guiei para fora. Já havia comunicado a Marvin a hora que chegaríamos e perguntei se teria como ele nos buscar, ele se pos pronto imediatamente. Também havia comunicado a senhora Martinez que iria buscar as crianças hoje, portanto após ela terminar as tarefas da casa ela teria o dia livre, porque provavelmente ela deveria estar precisando.

Finalmente na casa dela, levo a bagagem para o quarto dela e pergunto:

—Quer ajuda para desfazer?

Ela sorri maliciosamente antes de dizer:

—Está querendo ver minhas calcinhas Jethro?

Dei de ombros e usando sua mão que não estava imobilizada, ela me deu um tapa de brincadeira no braço. Percebendo então que minha ajuda ali havia sido dispensada, tratei então de ir pegar as roupas em minha mochila para lavar, afinal eram as únicas roupas que eu tinha agora.

Após programar a máquina de lavar, sai a procura dela e a encontrei na cozinha tomando um copo de suco de laranja, olhei um pouco curioso e isso foi o suficiente para ela indagar:

—Que foi? Não posso ingerir álcool.

Dei de ombros e permaneci em silêncio, sendo assim ela disse:

—Sabe Jethro, você tem menos roupas que antes, precisa de roupas novas.

Eu a observei atentamente, torcendo para ela não dizer o que eu temia que ela dissesse.

—Pensei que poderíamos ir ao shopping para você adquirir novas roupas e na volta pegar as crianças na escola. –Ela sugeriu tentando não parecer muito empolgada com a possibilidade de ir ao shopping.

—Até que é um bom plano Shepard. –Eu me vejo dizendo, afinal de contas errada ela não está e em resposta eu a vejo sorrir.

Assim, ela termina seu suco e logo eu estou dirigindo em direção ao shopping.

—O que você disse para os seus agentes para justificar sua ausência? –Ela me perguntou do nada, enquanto eu ainda dirijo.

—Falei que iria sair por alguns dias. –Eu disse.

—Sem nenhum tipo de satisfação? –Ela perguntou em um misto de curiosidade e desaprovação.

—Não. –Respondi e então acrescentei –Você preferia que eu dissesse a eles que eu ficaria de babá da diretora?

—Também não é assim. –Ela disse em um tom ligeiramente ofendido.

—Eles sabem o que precisam saber Jen. –Eu justifico a ela.

Ela então desvia o olhar e comenta:

—Certamente DiNozzo deve ter feito uma aposta sobre o motivo da sua folga repentina.

—Meu fiel Saint Bernard não faria isso Jen. –Eu digo confiante e pelo canto do olho eu vejo ela dar um daqueles sorrisos de quem sabe algo, começo então a não gostar disso...

Logo chegamos ao shopping e eu entro na primeira loja que encontro, após longo quarenta minutos saio da loja carregando as sacolas com tudo o que eu preciso.

—Jethro você não gastou nem uma hora para comprar suas roupas. –Jen disse frustrada, enquanto me seguia.

—E você ainda foi em apenas uma loja. –Ela completou horrorizada.

—Isso é porque eu não sou mulher e não preciso de tantas coisas. –Justifico.

—Ou talvez a atendente tenha lhe atendido muito bem. –Ela sussurrou, mas eu fui muito bem capaz de ouvir cada palavra.

Era ciúmes que eu detectava na voz dela?

Sendo assim, eu não resisti em perguntar:

—Disse algo Jen?

Ela arregalou seus olhos esmeralda assim que me virei para encará-la e foi rápida em responder:

—Essa foi a viagem ao shopping mais chata de toda a minha vida.

Não tardou e logo ela desviou o olhar para o ambiente.

—Você está parecendo Jesse quando ela não ganha o que quer. –Eu digo não perdendo a chance de alfinetá-lal.

Ela volta a me encarar e com a voz levemente ameaçadora diz:

—Você está dizendo que eu pareço uma criança?

Por sorte não precisei responder, já que eu avistei um Starbucks e fui rápido em mudar de assunto:

—Café? Temos tempo até dar a hora de buscar Jesse.

Logicamente eu não dei tempo para que ela respondesse, pois em seguida caminhei em direção a cafeteria e ela não teve outra opção a não ser nos seguir.

Meu plano funcionou, ao menos até o momento em que tivemos que nos sentar para tomarmos nosso café.

Juro que pensei que ela havia se esquecido de sua pergunta quase que retórica, mas depois de tomar o primeiro gole de seu café, ela me olhou com aqueles seus olhos verdes desafiadores e falou:

—Você não respondeu minha pergunta Jethro.

Eu tomei um grande gole de café, enquanto ponderava as minhas opções.

Poderia me fazer de desentendido e certamente ela jogaria aquele copo de café em mim.

Poderia dizer que era uma brincadeira e receberia um olhar ameaçador.

Ou.... eu poderia tentar uma coisa diferente, sendo assim me arrisquei ao dizer:

—O que eu queria dizer Jen, é como naquele ditado tal mãe, tal filha.

Ela levou o copo de café a boca e me analisava minunciosamente enquanto tomava alguns bons goles de café. Acho que era um bom sinal, pelo menos ela não jogou o copo de café quente em mim.

—Jethro Gibbs você é um homem esperto. –Ela disse quando deixou seu copo em cima da mesa e me dirigiu um olhar misterioso.

Depois disso, terminamos nossos cafés e nos certificamos de já estar bem próxima da hora em que era autorizada a saída de Jéssica, finalmente fomos ao encontro de nossa garotinha.

Como nós dois estávamos com saudades dela, não precisou nem que falássemos nada um com o outro, pois assim que eu estacionei, Jenny desceu do carro e esperou que eu fizesse o mesmo.

Caminhamos juntos e adentramos a escolinha dela, não preciso dizer que havia um número considerável de funcionários nos encarando, acho que isso seja devido ao fato de Jenny e eu nunca termos ido busca-la juntos.

—Mamãe, papai! –O pequeno furacão ruivo disse, enquanto vinha correndo em nossa direção, não ligando para a professora chamando sua atenção.

E se ela não estava dando a mínima, não seria eu que iria me importar, sendo assim me abaixei para pega-la, afinal se abaixar estava sendo um pouco complicado para Jenny.

—Estava com saudades Jess. –Eu disse logo após dar um beijo em sua bochecha.

—Eu também papai. –Ela disse abraçando meu pescoço, entretanto, nosso abraço não demorou muito, já que logo ela voltou a sua atenção para Jenny.

—Mamãe! –Ela disse já estendendo os bracinhos para Jenny pegá-la.

Jenny se aproximou, mas não a pegou, tendo que se contentar com abraçar nossa filha ainda em meu colo.

—Cuidado com o ombro da sua mãe. –Eu a alertei, enquanto ela jogava seu peso em cima de Jenny.

 Foi só então que ela se afastou e se pôs a observar a mãe.

—Você se machucou mamãe? –Minha ruivinha perguntou preocupada.

—Sim sweet, mas não foi nada grave. –Jenny confirmou e ao mesmo tempo a tranquilizou.

Não foi nada grave... ela só quase sangrou até morrer, nada grave. Tive que respirar fundo para conter minha fúria, afinal só de lembrar o quão irresponsável ela havia sido eu já ficava demasiado irritado. Pois Jenny Shepard foi muito irresponsável e eu nunca dei autorização para ela que fosse.

Percebendo que começávamos a atrair ainda mais olhares curiosos, me vi obrigado a dizer:

—Vamos? Ainda temos que pegar o Jasper.

Ambas assentiram e Jenny se pôs a caminhar ao meu lado, conversando com nossa caçula que estava muito bem acomodada em meu colo.

Após chegarmos no carro e eu prender Jéssica na cadeirinha, comecei a dirigir em direção a escola do meu filho. Não demorou mais que dez minutos e logo nós três estávamos caminhando em direção a escola de Jasper, qu estava igualmente satisfeito em nos ver.

E adivinhem quem encontramos buscando Emily Fornell? Não, graças a Deus não era Diane, era Tobias. Ele segurava a mão da menina de cabelos loiros-morango quando nos esbaramos.

—Gibbs, você estava sumido. –Ele comentou, embora eu percebi o olhar que ele lançou para o braço de Jenny que estava na tipoia.

—Trabalho Fornell. –Eu disse apenas.

—Até breve então Gibbs, diretora. Crianças.

—Tchau. –Emily disse inocentemente e respondemos quase que em unissom, exceto por Jasper que disse:

—Tchau Emy.

Eu não pude deixar de olhar para o meu filho que acenava para a garota e quando ergui o olhar percebi que Jenny também fazia o mesmo.

Ela pegou meu olhar e rolando os olhos falou para ninguém em especial:

—Gibss...

O que ela havia percebido que eu não percebi?  

No dia seguinte, quando cheguei para trabalhar, percebi que algo estivesse diferente. Talvez fosse o clima, ou simplesmente o fato de três pessoas sentando nos lugares de meus agentes. Simplesmente fui direto para a sala do diretor.

—Onde está minha equipe Leon? –Perguntei assim que entrei sem bater, afinal de contas não é como se esse escritório fosse dele.

—Sua equipe está lá embaixo, mas se você estiver querendo saber de seus antigos agentes, eles foram realocados e eu dispensei os serviços de David. –Vance teve a audácia de me responder.

Eu estava irritado, mas como sempre não deixei minhas emoções transparecerem, ao menos não muito.

—Quero eles de volta. –Foi o que eu disse.

—Aqueles lá embaixo são sua nova equipe Gibbs e isso não está em discursão. –Ele disse me encarando seriamente e então acrescentou quase que provocativamente –E a propósito você deveria estar feliz depois do que aconteceu com a viagem de DiNozzo e David a Los Angeles.

Ele realmente estava culpando os dois pelo que aconteceu com Jenny? Nem eu os culpo. Afinal se tem uma coisa que eu aprendi com o tempo é que quando Jennifer Shepard vai fazer algo, nada a impede.

—Agora se é só isso, você pode ir. –Ele disse e voltou a encarar os papeis em sua mesa.

Eu ainda o encarei por longos segundos, para não dar a ele o prazer de me ver obedecendo tão facilmente, e finalmente marchei para longe dali.

—E Gibss? Não sei como era o seu relacionamento com Shepard no trabalho, mas quando você quiser entrar na minha sala, espero que você bata. –Ele disse e então me encarou.

Eu não disse nada, apenas sai dali e fiz questão de bater aquela maldita porta com bastante força.

—Quem ele pensa que é? –Eu resmunguei e então percebi captar a atenção de Cinthia.

Nos encaramos por alguns segundos em silêncio, entretanto eu não me dei ao trabalho de dizer nada e ela também não, afinal de contas eu sei muito bem que ela não gosta nenhum pouco de mim, mas algo em sua expressão me diz que ela gosta menos ainda de Leon.

Depois de deixar o quarto andar, acabei marchando de volta para minha mesa e claro nenhum pouco satisfeito.

Mais tarde, quando me cansei de olhar para aqueles três idiotas, resolvi descer ao laboratório de Abby para saber como ela está.

Abby não poupou meus ouvidos ao demonstrar todas as suas frustrações e também a curiosidade por eu ter ficado com Jenny em Los Angeles, ah se ela soubesse.

—Como você sabe que eu fiquei em Los Angeles Abbs? –Questionei ela.

Ela me dirigiu um de seus olhares culpados.

—Abss. –Eu disse em um tom levemente repreendedor.

—Eu estava com medo que você tivesse resolvido tirar férias em algum lugar preguiçoso. Então, eu rastreei o seu celular e fiquei muito mais aliviada ao descobrir que você estava em Los Angeles. –Ela disse em seu melhor tom inocente.

Eu a olhei com os olhos semicerrados.

—O que foi Gibbs? Não me culpe, nós quase perdemos a Jenny não poderíamos te perder também. –Ela tentou me convencer.

—Não estou indo a lugar nenhum Abbs. –Eu disse e então lhe dei um beijo paternal na bochecha.

—E você tem que trazer o resto do time de volta Gibbs. –Ela disse.

—Eu sei. –Disse quando já saia de seu laboratório.

Os dias se passam e sou obrigado a trabalhar com aquela equipe que não é minha. Opto por não contar a Jenny sobre isso, afinal ela não tem que se preocupar com isso, pelo menos não por enquanto. É melhor deixa-la descansar essas semanas, porque eu prevejo que ela terá que colocar o NCIS em ordem quando voltar e, portanto, ela precisará de toda a energia.

O progresso na reconstrução da minha casa era grande, em compensação a frustração de Jenny com sua fisioterapia também era. E se isso não fosse o suficiente o próprio SECNAC recomendou a ela seções de terapia uma vez por semana. Falar que Jennifer Shepard estava irritada era um eufemismo.

Em uma certa noite, eu estava em seu escritório enquanto ela colocava as crianças na cama, desde que chegamos eles estão mais grudados a ela, talvez eles sintam que algo esteve errado e sinceramente eu não os culpo por tentarem mantê-la o mais perto possível.

Observando o local, que com certeza ela praticamente não mudou nada desde a morte do pai, já que apesar de ser ocupado por uma mulher ele emana um ar autoritário, não que a própria Jenny não o seja. Deixo então meu olhar vagar pelo cômodo, até que ele recai no toca discos do pai dela, o mesmo em que Jasper desmontou e resultou em uma briga feia.

Estranhamente me vejo caminhando na direção do infeliz objeto e percebo que há um disco pronto para ser tocado e por que não?

De repente a voz de Eric Clapton cantando Let it grow, pode ser ouvida em todo o escritório. Após alguns segundos encarando o objeto e ouvindo a melodia, eu sinto que estou sendo observado. Sendo assim me viro e percebo que ela está me observando da porta.

—Meu pai era um fã dele. –Ela disse se aproximando.

—Ele tinha bom gosto. –Eu disse e um pequeno sorriso surgiu em seu rosto.

Sem pensar direito no que estava fazendo, quando ela chegou bem próximo a mim, peguei sua mão e começamos uma dança ali mesmo. Nunca fui bom dançarino, mas confesso que me viro.

—Até que você dança bem. –Ela diz tão baixo, que mais parece um sussurro.

—Tive uma boa professora. –Eu disse quase na mesma altura, afinal havia sido ela que me fez aprender alguns passos de danças para conseguimos entrar em um baile e ficarmos próximos o suficiente de nosso alvo.

A medida que a música foi se desenrolando, os passos ficaram mais lentos e fomos ficando cada vez mais próximos. Enquanto sentia o cheiro adocicado de seu shampoo, a letra da música me fazia refletir:

 

Let it grow, let it grow

Let it blossom, let it flow

In the sun, the rain, the snow

Love is lovely, let it grow”  

Let it grow - Eric Clapton


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Notas finais do capítulo

Para mim esse é o capítulo em que deixa bem evidente que Gibbs está de fato apaixonado por ela de nv. O q vcs acham?
Novos personagens irão aparecer em breve ;)



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