—Quanto tempo mais, Damon? -Jerax, Aquário e mais dois oficiais encapuzados eram os únicos naquele navio que ia rumo ao Reino de Âmbar. Com o controle das marés feito pelo membro do Zodíaco, a velocidade na qual viajavam eram incrivelmente rápida.

 –Umas duas horas, pare de me apressar. -Respondeu. Ele estava sentado, de braços cruzados e olhos fechados, concentrado no que estava fazendo.

 –Estou com um pressentimento. -Jerax sorria, com um semblante insano, sedento por algo. -Creio que teremos uma luta incrível lá.

 Eles já haviam partido do Reino Elíseo há um tempo, Damon avisou a telepata do Zodíaco apenas depois que saiu. Era de seu feitio. Fazer primeiro e avisar depois.

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     Na sala de reunião estavam Mithra, Yara, Tatsuo, Mardak e Lamus, conversando sobre seu oponente e como iriam reagir. É muito mais fácil atacar do que defender, não tinha como saber como Jerax iria atacar, aquele insano é imprevisível. A rainha precisava garantir a segurança de todos os civis no Reino, a batalha não poderia avançar muito para dentro da cidade, além do porto, precisariam terminar aquilo rápido e sem perdas.

    Decidiram que Mardak e Lamus iriam comandar os soldados dos respectivos Reinos, mas não muitos de Âmbar, outros precisariam estar preparados para conter o avanço de Jerax se a luta passasse da linha limite.

     –Eu quero enfrentar aquele cara! -Tatsuo estava nervoso, não queriam deixar ele lutar contra o necromante por achar que ele não seria páreo para seu oponente. -Se eu não enfrentá-lo, vou fazer o que?

     –Não sabemos o que irá acontecer, ele pode não vir sozinho. -Disse Yara.

     –Não vamos arriscar perder uma vida, você é inexperiente, não sabe controlar seus poderes, não sabe como lutar, não ainda. Jerax é muito forte, eu vou enfrentá-lo. -A rainha sentiu algo estranho, como se algo perigoso, intenso, estivesse se aproximando rapidamente. -Preparem-se, ele está chegando.

     –Eu vou lá! -Tatsuo correu para o porto, numa velocidade maior que os outros.

     –Merda! -Yara ficou nervosa. -Esse cara.... Quando eu pegá-lo vou arrancar os dedos dele um por um! -A garota saiu correndo também, tentando alcançar seu parceiro. A rainha se aproximou de Mardak e Lamus.

     –Estão prontos?

    –Consertei o que pude na minha armadura, meu machado está impecável e eu sinto que posso aniquilar um exército. -Mardak sorriu.

     –Quero ver como meu parceiro luta. Vamos! -Lamus sorriu e correu com Mardak.

     Mithra precisou de um tempo para se recompor.

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     O navio se aproximava cada vez mais, e o sangue de Jerax corria mais rápido.

     –Vai ser intenso, Damon, prepare-se! -Ele sorria sem parar. - Gwan-Di, Kro-Ley, preparem-se! -Os dois homens tiraram os capuzes. Gwan era um homem extremamente forte com mais de dois metros de altura, todo branco com pinturas roxas no corpo, usava luvas diferentes. Kro era baixo, magro, oposto de seu parceiro, possuía cabelo, diferente de Gwan, espetado. Também era branco e possuía as mesmas pinturas. Certamente não agiam por consciência própria.

     A calma de Damon parecia fazer parte dele, dificilmente ele perdia isso, sempre foi um homem frio e calculista. Ele se levantou e foi até a ponta dianteira do navio, avistando alguns, provavelmente guerreiros, no porto. E cada vez chegando mais deles.

     –Jerax, você vai direto matar a rainha, eu vou cuidar do resto. -O Aquário ergueu suas duas mãos, e o mar formou uma parte de uma cobra gigante, toda feita de água devido ao poder do manipulador.

     Essa cobra atacou o porto, destruindo os cais de madeira e matando alguns soldados. Eles não tinham nem como reagir, pois seu agressor estava há uma distância muito grande. Os arqueiros pegaram suas flechas e atiraram contra Damon. A maioria errou o tiro, pois acabou acertando na serpente, mas uma passou… A flecha foi para o alto até atingir sua altura máxima e estava caindo em direção ao Zodíaco, quando ela se aproximou, ele apenas moveu a cabeça para o lado alguns centímetros, se esquivando.

    A cobra invadiu a cidade, rachando o chão de concreto e rastejando até o centro, Tatsuo estava chegando lá pois corria com velocidade alta e deu de cara com a cobra.

     –Mas que merda é essa?! -Ele parou e começou a suar frio. Aquele monstro de água, gigante, ia em sua direção rapidamente. -Overload! —Ele concentrou uma quantidade alta de eletricidade em suas mãos formando uma bolha, quando a serpente chegou perto dele, o garoto apenas encostou a bolha de energia nela, causando a explosão do monstro. Aquilo surpreendeu Damon. O barco chegou na ilha.

     –Jerax, não perca tempo com esse moleque. -Recomendou o Aquário. -Deixe Gwan-Di cuidar dele. -Soldados chegaram.

     –Surjam, meus guerreiros! -Vários portais verde-escuro e negros surgiram do chão e em volta do necromante, deles saíram soldados zumbis e esqueletos para lutar contra os guerreiros de Pilastra e Âmbar. -Ataquem esses idiotas! -Os zumbis e esqueletos, embora lentos, eram extremamente mais resistentes que os humanos, incluindo sua força. -Gwan-Di, quero que mate aquele garoto, não temos o que perder com ele.

     –Não! -Alguns dos mortos vivos foram atacar Tatsuo que com um golpe eliminava um deles, sem esforço. -Eu lutarei com você, Jerax!

     –Não seja tolo, nem sei quem você é, tenho problemas maiores para me preocupar. -O necromante estava sério. Ele, Damon e Kro-Ley foram andando em direção ao centro da cidade enquanto aquela batalha entre zumbis e humanos acontecia.

     –Não vou deixá-lo passar! -Tatsuo foi tentar lutar contra Jerax, mas Gwan-Di era rápido o suficiente para prever seus movimentos, entrando na frente do rapaz. -Qu… -Antes que pudesse reagir, a mão direita do oficial do necromante adquiriu uma coloração violeta e acertou Tatsuo no rosto, lançando-o para longe, fazendo-o colidir com construções quebrando até mesmo as paredes. -Esse cara é forte, não parecia… -Ele se levanta, com machucados no rosto e costas, quando percebeu, seu oponente já estava na sua frente.

     Tatsuo não ia ter uma luta fácil.

     O sangue nas ruas já era demais. Um número grande de soldados lutavam próximo ao destruído porto, mais mortos vivos foram trazidos por Jerax depois que ele se afastou, sendo assim esses guerreiros zumbis adentravam cada vez mais na cidade, então essa guerra sangrenta ficava pior a cada segundo. Aquele homem estava na ilha há nem 10 minutos e já estava causando um caos tremendo. Destruição, mortes, tudo isso ocorria em massa em muito pouco tempo.

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     Jerax, Kro e Damon se aproximavam cada vez mais da  mansão de Mithra, conforme andaram, foram por um caminho mais vazio, onde não encontravam muitos guerreiros, e os que encontravam, eram mortos.

    Um centésimo de segundo foi o suficiente para Damon perceber uma presença diferente ali perto, nesse exato instante, uma fumaça densa e espessa surgiu, nenhum dos três enxergava nada. Aquário fechou seus olhos e conseguia sentir a presença desse alguém, quando percebeu que essa pessoa estava chegando por trás para atacar o necromante, ele se moveu e segurou o braço dela. Quando a fumaça baixou, ele viu que Jerax também havia notado e já estava apontando sua adaga para quem ia tentar atacá-lo. A pessoa se soltou.

     –Quem é você? -Perguntou Damon.

     –Não lhe interessa. -Disse Yara.

     –Você tinha razão, Jerax, isso vai ser interessante… Essa garota, aquele rapaz lá trás, eles tem algo de diferente dos outros.

     –Meus instintos nunca me decepcionam. -Ele riu. Lamus e Mardak apareceram sorrateiramente e foram tentar atacar o necromante, mas ele nem precisou se mover, Kro entrou na frente e com uma corrente conjurada, defendeu seu mestre. -Muito bom.

     –Jerax, vou ver o que essa mulher sabe fazer, deixe seu oficial com esses dois… A rainha é sua. -Damon conjurou uma espada feita de água na sua mão.

     –Não, nós protegeremos a rainha! -Damon abriu sua mão e direcionou sua palma para Yara, após alguns segundos seu braço se esticou, com água ocupando o espaço maior gerado em seu membro, até pegar Yara pelo rosto e então voltando ao seu tamanho original, quando a garota chegou perto, ele a soltou e a golpeou com um soco na barriga e em seguida tentou perfurar seu rosto com a espada, mas ela conseguiu se desviar e ele perfurou sua clavícula no lugar.

     –Droga! -Ela recuou e levou a mão a nuca. -Quem é esse cara? Não creio que possa ser tão forte. -Quando ela olhou nos olhos de seu oponente, sentiu uma tontura e uma dor de cabeça que nunca havia sentido, não fazia ideia do que estava enfrentando, e algo nela dizia que seria melhor continuar sem saber.

     Mardak usava seu Executor e Lamus a sua lança para enfrentar o outro oficial do necromante, mas a velocidade de Kro superava a de seus dois oponentes. A cada golpe do poderoso machado do comandante das tropas de Pilastra, a corrente permanecia intacta, nenhum arranhão era gerado, a aura violeta que circundava a corrente protegia a mesma de todo impacto.

     –Mardak, avance! -Lamus apontou sua lança para seu inimigo, a ponta dela foi projetada para frente, deixando um rastro vermelho por onde viajava. Quando a ponta de aproximou de Kro, ele se abaixou, desviando do projétil, mas a ponta deu meia volta e continuou seguindo-o. -Enquanto eu estiver apontando minha lança para ele, ela o seguirá, aproveite para atacar!

     –Certo! -Mardak avançou e girou seu machado para golpear o pequeno lutador, ele deu um recuo e girou sua corrente para trás, se protegendo da ponta da arma de Lamus, mas a força com que aquilo pressionava a corrente, estava difícil para Kro segurar, ele foi obrigado a dar um pulo para trás, para a ponta passar. Ele notou quando desviou da mesma que ela leva um tempo para retornar ao seu caminho inicial, então, quando ele se esquivou pela segunda vez a mesma coisa aconteceu, ela viajou reto mais um pouco até retornar, mas dessa vez ela atingiu Mardak em cheio no lado direito do seu tórax.

     –Não! Mardak! -Lamus abaixou sua arma e foi ajudar seu parceiro. -Você está bem? -A ponta voltou para o cabo da lança.

     –Isso dói demais. -Ele tentou se levantar, com dificuldades. Antes que pudesse fazê-lo, um golpe da corrente do seu inimigo acertou seu estômago, a força era tamanha que perfurou sua armadura, assim como a lança de Lamus havia feito. Mardak foi jogado para longe.

     –Dois inúteis, se acham que vão conseguir me derrotar… Sinto muito. -Aquele rapaz não demonstrava emoção nenhuma.

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     E lá estavam novamente. Mithra e Jerax, um de frente para o outro.

    Tudo já estava um caos, era muito difícil para os soldados segurarem o avanço dos zumbis. A única solução era vencer Jerax.

     –Qual seu verdadeiro objetivo? -Perguntou a rainha.

     –Dominação. -Respondeu. Calmo, sério. -Tudo será meu, rainha.

     –Você não deixará esse Reino mais, necromante, ou morrerá aqui, ou viverá preso aqui até que morra. -A rainha entrou em posição para lutar, sob seus pés cresceu uma pedra gigante de âmbar, que a deixou numa altitude bem maior.

     –Seus poderes sempre me deixam desnorteado, são incríveis… Serão muito úteis! -Jerax pulou, avançando para cima, para golpear Mithra. Ele parou um instante e abriu sua boca, nela foi gerado uma pequena esfera de energia verde escura e negra, essa esfera foi lançada para a rainha, que gerou um escudo gigantesco de âmbar, e quando entraram em contato, uma explosão enorme aconteceu, sendo audível e tendo sua fumaça vista de todo o Reino. -Sua defesa é realmente impressionante.

     –Han? -O necromante se aproveitou da explosão para chegar perto da rainha. No braço dela foi gerado uma proteção de âmbar, com uma coloração ocre, e ela girou para acertá-lo, e o fez, mas era apenas uma miragem, onde estaria o real? -Você sabe que o Zodíaco está te manipulando, não sabe?

     –Não me importo com isso. -Ele apareceu novamente em suas costas, a pegou pela roupa e a jogou de cima da gigante pedra que ela havia conjurado. Ele pulou logo em seguida, fechou seu punho e nele apareceu um círculo de magia. -Tenho meu trato com eles! Pulso da Morte! -Ele aproximou seu punho da rainha e um grande impacto foi direcionado nela, a empurrando muito mais rápido para o chão, fazendo-a colidir com muito mais intensidade. -Você morre hoje, rainha Mithra, e seu reino será meu, todas as suas riquezas!

     A rainha não tinha forças para continuar lutando. Havia perdido para o mesmo inimigo duas vezes em um intervalo muito pequeno, nem seu psicológico tinha energias para continuar. Parte dela preferiu se entregar e aceitar seu destino.

     Ela ouviu um barulho e resolveu abrir os olhos. O que ela viu a surpreendeu mais que qualquer coisa.

     –Eu disse que eu ia ser seu oponente!

     Era Tatsuo, acertando um soco no rosto de Jerax e o mandando para longe.