Thunder Chronicles escrita por Kerzus2000


Capítulo 6
Morte na Família




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Mais de 20 anos atrás…

 

—Que fraca! -Todos riam daquela mulher. Sonhava em entrar no exército mas sempre foi a mais fraca, frágil, entre todos os grupos que ela andava junto, ninguém acreditava que ela conseguiria realizar seu sonho, talvez nem ela mesma. -Em época de iminência de guerra você acha que vai conseguir, Dina? Pense melhor.

 

Ela chorava enquanto as pessoas à sua volta riam dela, eles viam ali uma pessoa sem futuro, sem nenhuma possibilidade de sucesso.

 

 

→ →

 

Ele entrou na casa de Dina.

 

—Bom, minha amiga, chegou sua hora. -Ganya estava sério, não demonstrava emoções, não gostava mas não desprezava o que fazia. Dina estava presa com correntes, toda machucada, suja, já estava lá há um tempo. -Você vai morrer, todos vão achar que você foi assassinada por alguém que não sou eu e saberão que tem um intruso no Reino… Só não saberão quem.

 

—Yama… Yamamoto vai descobrir. -Sua garganta estava seca, doía e dificultava sua fala.

 

—Não quero que morra presa, não merece tanto… -Ele soltou as correntes e ela caiu ajoelhada no chão. Ela se levantou. -Desculpe por isso. -Ele andou, colocou as duas mãos em seu rosto…

 

Com o que sobrava de suas forças, ela afastou as mãos de Ganya para a direita e deslizou para a esquerda. Em cima da mesa estava a arma que ela usava, uma grande shuriken compacta, que tinha uma argola por onde ela segurava com um pequeno e grosso cabo, e uma grande lâmina, com uma cor de ouro fosco. Ela estava cansada, acabada, não tinha forças nem pra se aguentar em pé direito, sua visão já estava embaçada.

 

—Dina… Não resista, pelo seu bem, morra sem sentir essa dor que eu posso lhe causar. -Ele continuava calmo.

 

—Cala a… Boca! -Ela foi tentar golpeá-lo, ele deu um passo para sua direita e acertou o ombro dela com o antebraço esquerdo, fazendo sua arma cair. -Merda… -Ela levou a outra mão ao ombro machucado. -Yamamoto… Desculpe-me… Não consegui cumprir minha promessa. -Seu semblante passou a ficar mais tranquilo, como se estivesse aceitando aquilo.

 

—Adeus. -Ela caiu de joelhos. Ganya levou sua mão perto dela, quando, em um segundo, ela pegou algo do cabo de sua arma e arranhou a mão dele com aquilo. -Que merda é essa? Ele não demonstrava ter sentido dor. -Você é muito irritante. -Dessa vez ele foi mais rápido. -Eliminação de consciência. —Com essa habilidade, todas as memórias, todas as habilidades motoras, seus pensamentos, emoções, tudo, deixou o cérebro de Dina, fazendo ela cair no chão de vez… Morta. -Mais uma consciência para me alimentar. -Dizia Ganya, esboçando um sorriso.

 

→ →

 

Aquela garota chamou a atenção de Haelius. O exame de admissão no exército estava bem produtivo nesse ano, mas algo nela fazia o líder militar do Reino de Pilastra se sentir ameaçado, com medo de ter que enfrentá-la alguma vez, essa sensação fez ele agir de modo diferente quando foi a vez dela provar o porque veio.

 

—Zulk. -Haelius se dirigia ao prodígio do Reino, o rapaz mais forte. -Deixe-me avaliá-la.

 

O rapaz saiu da frente, quando seu chefe andou em direção ao campo onde ocorriam os exames. A garota parou na frente de Haelius e sorriu.

 

—Boa tarde, Capitão Haelius, meu nome é Dina, eu sou seu mais novo soldado. -Aquilo deixou o capitão um pouco surpreso. Ele era um homem musculoso, loiro de cabelo curto e com pelo menos dois metros de altura. -Governante Yamamoto! -O chefe do Reino assistia tudo dali de perto, praticamente ao lado de Zulk. -Será uma honra defender meu Reino sob seu comando, eu prometo que não morrerei até que a paz total seja alcançada!

 

A atitude da garota deixou todos com uma sensação estranha, seria ali o lugar dela mesmo? Após ela dizer isso, Yamamoto tinha certeza de que a resposta para essa pergunta seria “sim”.

 

→ →

 

O atraso de Dina e agora a demora de Ganya deixavam aqueles que os esperavam, preocupados. Um dos homens sugeriu uma ida até onde Dina ficava para ver o que havia acontecido. Yamamoto assentiu.

 

Yamamoto, Zulk e mais três homens foram, esses últimos eram soldados que escoltavam os dois. Quanto mais andavam, mais uma sensação de revirar o estômago adentrava no governante, ele nunca sentira algo assim, até começou a suar frio.

 

—Está bem, governante? -Perguntou Zulk.

 

—Não… Algo está errado, muito errado.

 

Ao avistar a casa dela, arregalaram os olhos, tudo estava destruído, parede quebrada, telhado quebrado com pedaços no chão, porta caída… Yamamoto foi o primeiro a correr para o lugar, os outros o seguiram. Zulk engoliu em seco, aquilo realmente não era boa coisa e… Não podia imaginar como seu governante ia ficar se Dina estivesse…

 

—Não… -Quando ele entrou viu o corpo de Dina, completamente ferido, caído no chão, ele rapidamente foi de encontro a ele, chacoalhando o corpo, sentindo batimentos. -Dina, você não pode… Não pode estar morta! -Sua expressão era a de um homem frágil, ninguém poderia adivinhar que ele ficaria assim em qualquer situação.

 

Zulk viu Ganya também, sentado, encostado na parede, também ferido, sangrando, estava inconsciente mas havia batimentos.

 

—Governante, Ganya está vivo, precisamos de cuidados imediatos! -Os outros três homens pegaram o corpo do membro de um dos membros mais influentes da política em Pilastra e o levaram para fora, apoiaram-no em um pedaço do chão que era de madeira, um dos guardas foi chamar reforço médico, para analisar a situação e levarem-no para um hospital para cuidados urgentes. -Ganya e Dina… Derrotados… Que porra aconteceu aqui? -Zulk perguntava a si mesmo, esperando que Yamamoto respondesse, mas ele não largava o corpo de Dina. -Amigo, ele agachou e colocou uma mão no ombro de seu líder. -Deixe eles levarem o corpo… Os médicos já estão chegando… Sei o que ela significava para você, mas precisamos descobrir o que aconteceu aqui para vingá-la.

 

—É… Está certo.

 

Os médicos chegaram, os corpos foram levados para o hospital, ambos para análise, mas apenas Ganya para cuidados.

 

→ →

 

Dina segurava uma arma grande e pesada quando Yamamoto entrou na sala. O quartel da Força Tática era enorme, maior que o do exército pois o Salão de Decisões é localizado lá, assim como outros estabelecimentos que focam a estratégia de guerra e até mesmo bibliotecas.

 

—O que achou da minha arma, mestre? -Era parecida com uma shuriken, compacta, pois era uma única lâmina dividida em quatro partes longitudinais, uma argola por onde ela segurava e um pequeno.

 

—Criativa, devo dizer, não sei o quão viável ela é. -O sorriso no rosto de Yamamoto deixaria qualquer um surpreso.

 

—Tenho um amigo, o melhor ferreiro dos Reinos, ele fez essa arma com bronze, ela é extremamente pesada, mas eu gosto disso, quanto mais eu usar ela, melhor vou brandir uma espada depois!

 

—Isso definitivamente é verdade… Apenas tenho uma pergunta, pra que serve esse cabo se você não usa ele nem para segurar?

 

—Dentro dele.. -Ela apertou a ponta do cabo e saiu uma pequena adaga, de uns 7 centímetros. -Guardo essa adaga, ela tem um corte especial. -Dina mostrou como era a lâmina de sua adaga, ao longo dela existiam pontas extremamente pequenas, de meio milímetro. -É um último recurso, ninguém nunca vai saber da existência dessa adaga aqui, apenas o senhor, nem mesmo o ferreiro soube, ele fez toda minha arma, mas eu que fiz esse compartimento para minha adaga.

 

→ →

 

Muitas horas se passaram. Yamamoto e Zulk não saíram do centro médico até Ganya acordar. E ele acordou. Os dois foram fazer perguntas sobre o que havia acontecido.

 

—Ganya, está bem? -Pergunta Yamamoto, que estava sentado numa cadeira ao lado da cama onde Ganya descansava. Ele se levantou e levou a mão ao rosto de seu amigo. Zulk também se levantou, ficou apenas observando tudo, queria deixar Yamamoto fazer as perguntas.

 

—Estou… Melhor. -Ao tentar falar, sua voz saiu baixa no início, sentia ainda também a dor de algumas feridas mais profundas. -Chefe, o homem que nos atacou, era incrivelmente forte, Dina mal conseguiu tocá-lo. -Ele levou a mão a cabeça, coçando o couro cabeludo.

 

—Tem alguma ideia de quem pode ter sido? -Yamamoto apertou o lençol que cobria Ganya, nos seus olhos era possível ver o desejo de vingança. -Vou encontrá-lo e resolver isso eu mesmo… Ele matou Dina, machucou meu amigo, ele não sairá impune. -O governante não aguentava a carga emocional. -Mas que porra! -De seu grito só era perceptível agonia, tristeza, raiva.

 

—Não… Ele usava máscara, mas eu posso afirmar quase que com certeza que era um membro do Zodíaco… Ele era muito forte, governante, não gostaria também que o enfrentasse… Talvez ele vá até você, se isso acontecer, não o aconselho a lutar.

 

Eram as piores palavras que Ganya poderia ter dito. Yamamoto o olhou, decepcionado com aquilo, então virou as costas e saiu da sala. Zulk estranhou e foi atrás.

 

As coisas não poderiam ficar piores, pois a chuva começou a cair.

 

Já era noite. Naquele gramado, sem árvores, a lua iluminava todas as poucas pessoas que ali estavam, de luto pela morte de Dina. Seu enterro era simples como os enterros de todos em Pilastra, seu corpo era envolto por uma camada de um papel que não se deteriora e é então enterrado, com uma cruz no local e um objeto especial para a pessoa colocado ao lado. A cruz foi colocada e Yamamoto deu alguns passos até ela, ninguém podia ver as lágrimas que escorriam no rosto do governante de Pilastra porque a chuva impedia. Era sua sorte. Na cruz, ele pendurou um colar com pedaços de rubi pendurados.

 

—Descanse em paz…

 

→ →

 

—A reunião acaba aqui. -Todos os oficiais saíram da sala, mas Haelius não poderia deixar de tirar sarro, como sempre.

 

—Por quê só Dina fica na sala? Vocês estão tendo um caso? -Disse o chefe do exército ao governante.

 

—Ela fica porque eu quero, acho que isso é motivo suficiente. -Disse, se levantando para ficar na frente de sua mesa. Os três sorriam. Haelius deixou a sala. -O que queria?

 

—Tenho um presente para você. -Ela tirou de seu agasalho um colar com pedras de rubi nele.

 

—Como é? -Ele pegou. -Posso saber o motivo de me dar isso? Não sei se posso aceitar.

 

—Desde que entrei pro exército, sei que mantinha um olho em mim, que acreditava no meu potencial, se eu sou quem eu sou, devo isso a você, sempre cuidou de mim, sempre me deu incentivo, nunca paro de treinar e apenas fico mais forte para mostrar que tudo isso que fez e faz por mim não é em vão. -Yamamoto não sabia o que dizer.

 

—Dina, essas palavras significam muito para mim… Mas não posso aceitar.

 

—Sabia que diria isso… Então façamos o seguinte, estou te emprestando, devolva-me quando eu for embora do Reino.

 

—Você vai embora do Reino? -Ele sorriu. Ela também.

 

—Claro que não.

 

→ →

 

O dia amanheceu, mas Yamamoto já estava acordado antes mesmo disso acontecer. Ele não conseguiu dormir, passou a noite inteira na sua casa, isolada da cidade, sozinho, não queria saber de nada e de ninguém. Mas alguém bate a sua porta.

 

—Bom dia, governante.

 

—É muito cedo, Zulk, o que faz aqui? -Era claro o mal humor do líder do Reino.

 

—Trago notícias do hospital, parece que todas as feridas em Ganya e Dina foram causadas pelo mesmo objeto, uma espada, não sabem ainda o tipo específico.

 

—Grande notícia, hein? Já temos informações suficientes agora. -Debochou.

 

—Não é por isso que vim… Parece que na mão de Ganya, tem um corte diferente, como se uma faca ou algo menor tivesse o ferido… Tem irregularidades no corte, diferenças milimétricas…

 

Yamamoto estava de costas para Zulk, mas seu oficial notou o quão tenso seu líder ficou.

 

—Yamamoto, está tudo certo?

 

—Zulk… Você e Samuel, evacuem o Reino inteiro, levem todos para a ilha mais próxima. -Zulk não entendeu se aquilo era sério ou não.

 

—Desculpe, isso é sério? Por quê isso?

 

—Todos, Zulk, menos Ganya, deixe-o onde está. -A aura do governante de Pilastra estava ficando vermelha e intensa. Poucas pessoas conseguiam emanar aura, somente os guerreiros mais fortes do mundo já conseguiram isso alguma vez, isso é possível quando as pessoas com essa habilidade sentem uma emoção extremamente forte e incontrolável.

 

—Yamamoto, o que está acontecendo? Você está liberando sua aura… Por quê tanto poder? -Zulk ficou assustado.

 

—Ganya matou Dina… Ganya matou ela, Zulk… -Sua voz ainda estava tranquila.

 

—Do que está falando? Como sabe disso?

 

—Apenas tire todos daqui, eu vou matar aquele filho da puta… Não sei quanto poder vou liberar, o quanto vou me controlar e se vou conseguir me controlar de alguma forma… Não sei mais qual a força que ele possui, não sei o que ele esconde, só sei que eu vou matá-lo e não quero levar ninguém junto com ele, nenhum inocente… Zulk, você e Samuel têm meia hora, tirem todos e saiam junto… Acredite, vocês saberão quando vão poder voltar…

 

—Sim… Governante. -Zulk correu. Correu como nunca correra antes. Se seu líder estava falando sério, ele precisava salvar todos os civis.


—GANYA!!


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