Moscou era uma cidade bela. Kitty Pryde fora deixada nas proximidades da famosa Catedral de São Basílio, um dos pontos turísticos mais simbólicos da capital russa e do país como um todo. Deveria se encontrar com Illyana e Piotr Rasputin, dois mutantes que Xavier detectara por lá.

Segundo Xavier, os dois irmãos haviam abandonado a casa dos pais e agora moravam em um apartamento minúsculo do governo. O motivo aparente para sair de casa fora a aparência de Piotr, rejeitada pelos pais e familiares, e aceita apenas por Illyana, a irmã sociopata de Piotr que não vivia com a família desde os seis anos de idade, quando fora supostamente confiscada por um serviço de proteção do governo.

Piotr estava sozinho no apartamento naquele momento, pois Illyana saíra para comprar comida. Por mais que preferisse falar com os dois ao mesmo tempo, Kitty iria abordar Piotr antes.

Illyana Rasputin estava a caminho de um mercado nas proximidades do apartamento para comprar comida. Antes de sair, verificara se teria dinheiro o suficiente, e a resposta fora negativa. Mais uma vez teria que comprar menos do que o necessário.

Quando chegou ao mercado, o lugar estava quase vazio. As poucas pessoas por perto pareciam não querer ficar no mesmo corredor que Illyana. Ela estava parcialmente acostumada com isso, mas ainda se incomodava algumas vezes. Illyana temia que aquela fosse uma dessas vezes.

Esse fora o motivo para que o governo russo tirasse-a da tutela de seus pais biológicos e a levasse para observação aos seis anos de idade: uma crise psicológica, onde ela matara duas pessoas e nocauteara cinco através de rajadas estranhas de matéria.

Nem mesmo Piotr sabia, mas ela não crescera confinada em uma base da FSB como todos acreditavam, e sim em uma outra dimensão: o Limbo, graças a um demônio chamado Belasco que a tirara da posse do governo russo e a criara em sua dimensão.

Depois de pegar tudo que precisava, Illyana chegou ao caixa. O balconista a olhava com medo, e parecia apressado demais em atende-la. Quando tudo estava pago, Illyana deixou o mercado com um sabor desgostoso na boca. Então, foi parada por uma pessoa na saída. Era uma mulher loira e magra, usando um vestido azul e um xale da mesma cor nos ombros.

— Illyana Rasputin? Me chamo Raven. Pode falar comigo alguns minutos? Acredito que tenho uma proposta interessante para você e seu irmão — disse a mulher, em inglês.

Kitty Pryde bateu à porta do apartamento dos Rasputin. Sabia que poderia simplesmente atravessar a parede, contudo preferia não causar tanta estranheza.

— Кто там? [Quem está aí?] — perguntou uma voz grossa, obviamente de Piotr, em russo.

— Piotr Rasputin? Meu nome é Kitty Pryde. Vim para falar com você — ela disse, em inglês.

— Eu não querer conversar. Vá embora. — O inglês dele era bom, apesar do sotaque.

Ela respirou fundo.

— Olhe para mim — ela pediu.

Piotr se aproximou do olho mágico e observou Kitty.

— Não sou do governo. Sou dos...

— X-Men — ele completou. — Minha irmã me falar sobre vocês. Nós planejar um dia fugir para seu país e pedir asilo para vocês.

Kitty sorriu quando Piotr abriu a porta.

— Quero recruta-los para os X-Men. Onde está sua irmã?

— Ela ir comprar comida. Em breve voltar. Entre e espere.

Sem graça, Piotr gesticulou para que ela entrasse. Kitty o analisou sutilmente ao entrar: ele era grande e forte, e sua pele era feita de metal. A figura colossal de Piotr destoava com a delicada Kitty Pryde.

Alguns minutos depois, a porta se abriu. Illyana Rasputin entrou acompanhada de uma mulher de vestido e xale azuis (roupas inapropriadas para a temperatura da cidade). Quando Kitty e essa mulher se olharam, a visitante tirou uma arma das costas, e Lince Negra foi rápida em atravessar a bancada que separava a sala da “cozinha”.

— Mística — disse Kitty, nervosa.

Illyana soltou um grito, assustada com a arma. Piotr entrou entre a irmã e Mística, tentando protegê-la.

— Quem ser essa? — perguntou Piotr.

— Sou Raven — disse ela.

Então, a mulher loira se transformou na Mística, com sua roupa branca, sua pele azul e seu cabelo vermelho.

— Illyana, os X-Men são inimigos. Eles querem que os mutantes se curvem diante dos humanos. Nós somos superiores, merecemos respeito.

Piotr olhou nos olhos da irmã.

— Floquinho de Neve, você estar com ela?

Lentamente, ela assentiu.

— Por quê?

— Irmão, os humanos só nos fizeram mal. Merecemos respeito.

Kitty Pryde se levantou atrás da bancada.

— Somos todos iguais, Illyana. Não dê ouvidos à Mística.

Nervosa, a russa cerrou os punhos. Então, uma lâmina azul-claro brilhante surgiu em sua mão, e uma aura brilhante revestiu seu corpo.

— Piotr, venha conosco. Os humanos precisar saber que não vamos tolerar desrespeito.

— Não posso, Illyana. Eu não querer fazer o mal. Nosso plano sempre ser nos juntar aos X-Men.

— Planos mudar.

Ele balançou a cabeça negativamente. Com peso na voz, Illyana tomou uma decisão.

— Piotr, eu lamentar. Mas não posso continuar ao seu lado. Não diante de sua submissão perante tiranos.

Mística sorriu.

— Ele é todo seu, Pryde.

As duas deixaram o apartamento. Piotr ficou de joelhos, soltando gemidos de choro sem efetivamente lacrimejar.

— Vamos, Piotr. Venha comigo. Juntos mostraremos para Illyana que ela está do lado errado.  — disse Kitty, repousando sua mão no ombro do russo.

— Illyana... ela ser minha única família de verdade.

— Os X-Men serão sua família.

Piotr levantou-se e a abraçou com delicadeza.

— Obrigado. Eu ir com você.

BÔNUS

Quartermain entrou no corredor do cadáver com cautela. Com a arma em mãos, olhou em volta. Os prisioneiros estavam todos em suas selas, olhando o cadáver com sorrisos nos rostos. Todos, exceto uma prisioneira em particular.

— Fuga no corredor 45B. Sela 615. Favor verificar o nome do prisioneiro.

— Positivo.

Então, mãos delicadas o seguraram por trás. Quando olhou, uma donzela estava parada ali.

— Olá. Sou Lorelei. Você é meu servo agora.

O agente concordou, sem resistir. Havia um encanto sobre ele.

— Prisioneira verificada, câmbio. Lorelei.

Ele encarou Lorelei olho no olho, submisso perante ela e sua beleza grandiosa.

— Positivo.