Mais um novo dia, espero que hoje seja melhor e que haja pistas que nos possam ajudar a identificar o paradeiro das pobres crianças desaparecidas. Elas não podem esperar mais, isso é impensável! Nem quero imaginar o que aqueles tão frágeis seres possam estar a sentir neste momento. O seu medo, o terror…

Vesti o meu uniforme e fui para o DPZ. Quando cheguei, surpreendentemente, Nick já lá estava. Olhei o relógio de parede do departamento para confirmar se os meus pensamentos estariam corretos. Parece que alguém finalmente ganhou juízo e chegou a horas ao trabalho. Estou realmente impressionada.

— Olhem só quem chegou antes da hora… - disse fazendo Nick revirar os seus grandes olhos olhos verdes e Clawhauser deu simplesmente uma inocente gargalhada. – Então, Ben, que tens para nós hoje? – perguntei com um sorriso simpático no meu rosto.

— Já viram o novo vídeo da Gazelle?! – ele disse retirando rapidamente o seu telemóvel do bolso e virando o ecrã do pequeno dispositivo para mim. Ele tem um conceito de “novidade” bastante diferente do nosso.

— Só fala disto desde que cheguei…acabei de me lembrar do porquê de não chegar a horas. – Nick murmurou para que apenas eu ouvisse esta frase. Ri baixo e vi o vídeo. Pobre Ben.

— Muito giro, mas estava a falar sobre o caso Clawhauser. – disse àquela chita adorável, que rapidamente guardou o seu telemóvel, meio envergonhado com a sua atitude.

— Os agentes que fizeram o turno da madrugada encontraram algo perto do Distrito da Floresta Tropical… - os meus olhos arregalaram-se. Já sentia a adrenalina percorrer o meu corpo. Finalmente uma pista! Estamos a caminho. – Mas não sei o que é, o chefe Bogo só chegou à bocado e não me disse uma palavra para além do que sei agora.

— Vamos Nick, temos de saber o que encontraram, agora! – ele assentiu com a cabeça e fomos até ao gabinete do chefe, simplesmente entrando sem permissão. Estava ansiosa demais para esperar mais aqueles segundos insignificantes de batermos à porta.

— Hopps, Wilde. Já não se bate à porta? – perguntou o chefe cruzando os seus braços e encostando-se à sua cadeira, no seu tom grave e rude de sempre.

— Desculpe, mas o Ben disse que tinham encontrado algo esta noite…queríamos saber o que era para começar a investigar. – Nick assentiu com a cabeça à medida que eu falava, parece que nem lhe dava tempo para que ele pudesse falar também. O chefe esboçou um pequeno sorriso de canto e ajeitou-se na sua grande cadeira, desencostando-se da mesma. Ele já nos conhecia, não íamos deixar passar isto em branco e, eventualmente, iríamos insistir até que eles nos dissesse de que tipo de pista se tratava.

— Parece que foi encontrada lã de ovelha no distrito florestal, algo que certamente não é muito comum… - arregalei os meus olhos ao ouvi-lo. Como? Lã de ovelha? Só podia ser…

— Bellwether…  - O pensamento alto de Nick complementou os meus silenciosos e interrompeu o que o chefe Bogo estava a dizer. – Mas ela está presa.

— Pode estar presa, mas tenho a certeza que ainda tem aliados cá fora. – o chefe explicou. Suspirei levemente e olhei para o Nick.

— Sim eu sei, temos de ir investigar. – a raposa disse como se lesse os meus pensamentos e sorri levemente. O chefe Bogo soltou um pequeno riso antes de sairmos do gabinete, ele sabia que não íamos descansar até tudo isto estar resolvido. Esperamos ser um motivo de orgulho para este departamento.

— Estamos de saída Ben! – disse enquanto corria com Nick para fora do DPZ e entrámos no nosso carro da polícia. – Prometo não me distrair desta vez. – disse isto para o lugar do condutor e após nos os dois termos os cintos comecei a guiar em direção ao Distrito da Floresta Tropical. Liguei as sirenes do carro para que os outros veículos se desviassem e pudéssemos chegar ao nosso destino mais rapidamente.

— Isto muda mesmo as coisas. Não te preocupes, cenourinha, vamos encontrá-los. Estamos muito perto disso. – Nick disse enquanto pousava a sua pata no meu ombro. Desviei o meu olhar por uma fração de segundo oferecendo-lhe um pequeno sorriso. Depois pus de imediato os meus olhos na estrada novamente.

(…)

Entretanto chegámos e andávamos às voltas naquela floresta bastante rica em vegetação. Era muito fácil perdermo-nos aqui por isso tínhamos de estar muito atentos no caminho que estávamos a percorrer para que depois conseguíssemos voltar para trás em segurança. Para além disse tínhamos de reparar muito bem onde púnhamos os pés. Se é aqui que estão os autores dos crimes então de certeza que tinham posto alguma armadilha por aqui.

— Cuidado Nick.. – murmurei olhando para ele, que estava atrás de mim. Ele soltou um pequeno riso e eu revirei os meus olhos.

— Preocupada é? Devias saber que as raposas conseguem ser muito discretas… - ele sussurrou com a sua boca próxima da minha orelha. Engoli em seco sentindo o meu rosto ficar um pouco mais quente. Odiava quando ele fazia estas coisas.

— C-Concentra-te! – disse gaguejando um pouco, mantendo o meu tom baixo. Não podia correr o risco de alguém nos ouvir. Virei-me para a frente novamente e, de repente, ouvi Nick gritar. Virei-me para trás mais uma vez vendo um buraco no chão. Devia estar coberto por folhas. Se não fosse a desconcentração daquela raposa não tínhamos descoberto isto. Saltei também para aquele buraco, encontrando Nick no fundo do mesmo. – Discretas hun? – olhei para ele enquanto sacudia o meu uniforme e ele fazia o mesmo.

Olhámos em volta vendo que lugar seria aquele pelo menos estava vazio, para nossa sorte. Será que era aqui que as crianças estavam? Debaixo da terra este tempo todo? Para a sua localização até que era um sítio bastante moderno, até tinha eletricidade e o seu equipamento tecnológico avançado. Isto tem ar de estar aqui à algum tempo para ter as coisas que tem, como é que isto nos escapou? Ouvi um barulho e a minha orelha moveu-se na direção do som. Eu e Nick escondemo-nos rapidamente debaixo de uma mesa que, para sorte nossa, estava coberta por uma toalha não longa que chegava ao chão. Ouvimos passos de cascos. Desviei a toalha para cima uns milímetros e a minha hipótese estava certa. Era uma ovelha, claro… A Bellwether não podia deixar o seu plano a meio.

— Pode ser que assim aquelas pestes se calem. Só uma injeçãosinha e pronto… - ao ouvir o que aquela personagem desconhecia dizia engoli em seco. Olhei para Nick e ele estava tão surpreendido e enojado quanto eu. Como é que eles conseguiam fazer isto a crianças inofensivas? Cerrei os meus punhos e Nick pôs a sua pata em cima para mim para que me acalmasse, não podia agir precipitadamente. Isto poderia pôr em causa a vida das crias.

Estamos a caminho…falta pouco. Vai correr tudo bem.