Finalmente chegámos à primeira escola de Zootopia que decidimos visitar para começar a investigação. A viagem de carro durou apenas quinze minutos, mas admito que foram os quinze minutos mais longos da minha vida. Apesar de Nick tentar fazer algumas piadas eu estava completamente focada no caso. Não podia deixar aquelas crianças à espera mais tempo, elas dependiam de nós.

— Podias ao menos fingir que as piadas eram engraçadas cenourinha. – disse Nick enquanto ambos saíamos do carro. Suspirei ao ouvi-lo, indo ter com ele depois ao outro lado do veículo.

— Desculpa, estou apenas muito nervosa. Tenho medo do que possam fazer aos miúdos. -murmurei olhando-o e ele simplesmente me abraçou. Fiquei surpresa com o gesto dele, normalmente ele não deixa que haja muito contacto físico entre nós, mas isto soube bem, estranhamente bem.

— Vamos, temos de começar os interrogatórios. – os seus braços largaram o meu corpo. Ainda estava meio chocada, nem parecia ele. Talvez também se tenha deixado afetar devido à delicadeza do caso, mas isso não seguiria de modo algum o seu lema: "Nunca os deixes perceber que te afetam"

Abanei a minha cabeça para um lado e para o outro, entrando depois com ele pelo portão da escola. Mostrámos logo os nossos distintivos para provar que éramos agentes da polícia. Neste momento já eram cerca de 8:15, ou seja, as crianças tinham acabado de começar as suas aulas e o pátio estava praticamente deserto. Olhei em volta vendo uma funcionária a limpar algumas folhas caídas no chão. Era uma chita já um pouco velhinha, a cor do seu pelo estava até um pouco desgastada. 

— Bom dia. -disse num tom calmo e simpático, para que ela pudesse dar-me a sua atenção. Ela parou imediatamente o que estava a fazer e olhou para nós os dois.

— Bom dia senhores agentes, em que posso ajudar? – ela perguntou com uma voz meio rouca devido à idade- Oh, devem estar aqui por causa das crianças… -ela disse soltando um pequeno suspiro. Sorri levemente e assenti com a cabeça confirmando a sua hipótese. - São tão bons meninos, tão alegres. Não acredito que uma coisa destas foi acontecer...

— Nós queríamos falar com a diretora da escola, se fosse possível. - desta vez foi Nick quem se pronunciou. Ela esboçou logo um sorriso simpático e assentiu com a cabeça.

— Eu levo-vos ao gabinete dela, tenho a certeza que terá todo o gosto em receber-vos. – ela disse começando a andar para dentro de um dos pavilhões que constituíam esta escola.

— Muito obrigada! – agradeci enquanto seguia aquela chita juntamente com Nick. Após chegarmos ao gabinete, a senhora bateu à porta e assim que teve permissão para a abrir entrámos com ela.

— Bom dia senhora diretora, pedimos desculpa por a estarmos a incomodar mas precisamos de lhe fazer umas perguntas. – disse com as mãos atrás das costas, numa posição respeitadora.

— Claro que sim, Margaret, por favor retire-se. – a égua disse para a velha chita que nos ajudou num tom autoritário. – Sentem-se por favor, calculo que estejam cá pelos alunos desapareceram. -assenti com a cabeça ouvindo-a.

— Agente Wilde, Hopps. -Nick começou por nos apresentar antes de nos sentarmos nas duas cadeiras disponíveis em frente da secretária.- Sim, nesta escola desapareceram três das sete crias desaparecias. – disse ele enquanto punha as fichas das crianças que pertenciam a esta escola em cima da secretária.- Como é que uma coisa destas pode acontecer? Estas crianças são da sua responsabilidade enquanto estão aqui dentro. – pus a pata em cima do braço de Nick devido à forma como abordou a diretora, acho que devia ser eu a fazer os interrogatórios...

— O que ele está a tentar dizer é que estamos a tentar descobrir onde estas crianças estão e para isso precisamos de todas as informações possíveis.- disse num tom muito mais calmo, deixando a égua um pouco mais tranquila e confortável para falar.

— Entendo perfeitamente agente Hopps. – ela disse olhando agora Nick. – Agente Wilde, também entendo o que quer dizer, mas, ao contrário do que possa imaginar, é bastante complicado estar atenta a cerca de 500 crias por dia, ainda para mais quando tenho bastante trabalho para fazer aqui dentro.

— Bom vamos começar com as perguntas. – disse antes que Nick pudesse dizer mais alguma coisa de forma menos apropriada. – Senhora diretora, costuma ter funcionários ao portão da escola para verificar que as crias vão embora com os pais, ou mais algum familiar, em segurança?

— Sim, normalmente estão sempre dois funcionários no portão e só deixam as crianças sair quando virem que está lá realmente alguém para as vir buscar. – tomei notas no meu bloco enquanto a égua respondia.

— Os funcionários costumam reconhecer quem as vai buscar? – desta vez Nick fez a pergunta num tom bastante mais calmo do que da última vez que falou.

— Normalmente sim, como vêm buscar as crianças todos os dias acabam por reconhecer os rostos dos progenitores. – assenti com a cabeça continuando a apontar o que a diretora dizia no bloco de notas.

— E costumam mostrar alguma identificação para provar que são realmente a pessoa que deve levar aquela criança? – perguntei e desta vez a diretora pareceu ficar sem resposta.

— Ahm...bem, nós costumávamos pedir a identificação das que pessoas que vêm buscar as crianças, mas como eram sempre as mesmas e demorava algum tempo, atrasando a saída, deixámos de o fazer. Mas em cinco anos de ensino nunca aconteceu algo assim! Ninguém pensou que isto fosse acontecer… - ela disse agora meio aflita.

— Então foi isso que falhou senhora diretora. É tudo por hoje, obrigado pela sua atenção. – Nick disse de uma forma rígida enquanto se levantava da cadeira e eu fiz o mesmo.

— Obrigada, com licença. – disse educadamente saindo do gabinete juntamente com Nick.

As informações até agora não eram nada de extraordinário, mas pelo menos sabemos o que falhou no sistema desta escola, é uma questão de emendar o erro. Mas agora a prioridade é encontrar as crias. Quando saímos para o exterior do pavilhão vimos um monde de crianças a correr, a saltar…enfim, a ser crianças, a brincar. Reparei que uma pequena zebra parou de correr assim que nos viu. Olhei para ela e sorri, ela provavelmente reconheceu-nos. Andou até nós e baixei um pouco o meu corpo de modo a poder ficar da altura dela.

— Vão encontrar a minha amiga? – foi a primeira coisa que ela perguntou quando chegou perto de nós. Olhei para Nick e ele baixou-se tal como eu, mostrando-lhe as fichas das três crias desta escola.

— Claro que vamos, podes dizer-nos qual é? – Nick falou num tom muito mais simpático. Completamente diferente da forma como falou para a diretora. A pequena zebra apontou para uma das fichas, a pequena leoa.

— Savana. – ela disse o nome da pequena cria e depois olhou para nós. – É minha amiga, tenho saudades dela. – murmurou num tom triste, deu-me tanta pena que até as minhas orelhas caíram…

— Nós vamos encontrá-la querida, prometemos! – assim que terminei de falar ela abraçou-me. Fui mais uma vez apanhada de surpresa por um abraço. Sorri levemente pondo os meus braços à volta do seu pequeno corpo, ficando ali durante alguns segundos. – Agora temos de ir. – larguei-a e levantei-me. Ela esboçou o seu sorriso mais doce e inocente enquanto nos acenava com a mão no momento em que saíamos da escola.

Voltámos para o carro e, antes de o ligar, simplesmente me encostei ao meu assento a pensar no que tinha acontecido. Ainda nos faltava ir a uma escola, mas decidimos ir à tarde visto que estava quase na hora de almoço. O tempo passa rápido quando fazemos estas coisas, estamos mesmo a correr contra o tempo.

— Estão a contar connosco… - Nick disse olhando para mim e pôs a sua pata por cima da minha.- Nós vamos conseguir, vais ver. – ele disse sorrindo levemente.

Segundo contacto físico hoje.