Impulsos escrita por Grazi


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiie! Tudo bem com vocês? Eu fiquei bem feliz com o resultado do primeiro capítulo. é muito bom ver pessoas que gostam do que você escreve, é bem gratificante. Então como eu fiquei bem feliz eu, como já tinha um rascunho desse capítulo, decidi que iria termina-lo e posta-lo mais cedo. Na realidade eu só iria postar esse capítulo na segunda feira, mas como eu tô bem felizinha, aqui estamos nós! Espero que gostem!



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Seis meses depois...

 Já fazia alguns meses eu tinha ido morar com Abe e eu decidi que iria voltar à ativa. Na verdade eu estava entediada. Eu não fazia nada em casa, a não ser comer. Abe contratou uma cozinheira pessoal para mim e eu desfrutava desse presente constantemente. Além de que, Abe não deixava que eu participasse dos “negócios da família”, ou seja, ele não deixava que eu participasse das coisas ilegais dele. Então só me restou voltar a ser guardiã.

Como eu treinava todos os dias para não perder a boa forma, seria bem fácil continuar meu ótimo trabalho como guardiã de alguém. Mas pensando de outra forma, eu não queria me prender a alguém. Não queria voltar a proteger uma só pessoa.

Fiz isso a minha vida toda e olha o que me aconteceu.

Eu não tinha a mínima ideia do que fazer, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa.

Quando eu acordei de manhã eu estava disposta a fazer qualquer coisa que me pudesse fazer voltar à ativa. Mas Abe me dissera que não era tão simples assim. Não havia muitos Morois por aqui e os que tinham ele não os queria como protegidos de sua filha.

Uma coisa que eu havia aprendido sobre Abe é que além dele ter se mostrado bem carinhoso como um pai, ele também se mostrou muito protetor. E quando eu digo protetor é bem protetor mesmo.

Tinha ocasiões em que eu achava bem fofo a proteção de pai que ele me dava, afinal eu nunca tinha tido um pai que pudesse me proteger quando eu necessitava de proteção. Mas em outras ocasiões Abe passava dos limites. Como por exemplo, na noite em que eu inutilmente saí pra beber para afogar todas as minhas emoções guardadas.

Quando eu anunciei que iria sair pra espairecer meus pensamentos, ele prontamente mandou dois de seus capachos me seguirem. Mas isso não foi tudo. Abe mandou – ou intimou, pense o que quiser - o cara do bar para que me vigiasse de perto e não me dar nada mais forte que cerveja.

É. Quem é que fica bêbada com cerveja? Eu não. Voltei para casa frustrada por não ter ficado bêbada e com raiva de Abe por sua superproteção. Raiva que se dissipou na manhã seguinte assim que eu olhei o carro que ele me deu.

Viver com Abe estava me proporcionando uma imensa lista de mimos – o que minha mãe não gostava. Dizia que ele estaria me estragando, mas em contrapartida Abe dizia que estava me mimando por uma vida em que se manteve longe. – e o recomeço que eu estava tanto querendo.

Depois que eu fui morar com Abe eu não quis nem saber notícias de Lissa ou de Dimitri. Nas poucas vezes em que a minha mãe tocava no assunto eu logo mudava de assunto e perguntava qualquer coisa sobre como estava o tempo ou qualquer outra coisa que a fizesse perceber que eu não queria falar sobre aquilo.

Já na mesa me esperando para tomar café-da-manhã, estava Abe e Pavel, o seu principal guardião com quem ele tinha uma grande amizade.

— Vai sair hoje kiz? – Abe me perguntou colocando geleia na sua torrada.

— Vou. Vou tentar arranjar alguma coisa para fazer. Se eu ficar mais um minuto sem fazer nada dentro dessa casa eu vou me suicidar. – Abe riu e voltou a comer.

Eu peguei algumas torradas e enchi o meu copo de suco de laranja. Engoli tudo mais rápido que pude e saí de casa correndo antes que Abe mandasse seus capachos atrás de mim.

O caminho para a cidade era bem tranquilo e lindo. Abe morava em uma pequena província perto de uma grande cidade, então era bem legal andar de carro por aí até a cidade. Eu não sabia bem o que eu faria na cidade, não sabia onde encontrar Morois e muito menos Dhampirs. Mas sei lá, nem que eu arranjasse algum emprego humano, mas eu não aguentava mais ficar em casa o dia todo.

Eu parei o carro em frente ao um pequeno bar e respirei fundo. Sai do carro, o tranquei e comecei a andar pelas ruas. Eu via os humanos fazendo coisas suas coisas. Via mães passeando com seus bebês, via bêbados tentando andar, via pessoas da minha idade andando com seus amigos e se divertindo.

Às vezes eu desejo ser humana. Não estar envolvida com vampiros do bem, vampiros do mal e protegendo uma pessoa com a minha vida deveria ser legal e tranquilo. Não estar á um passo da morte todos os dias. Às vezes eu só queria ser normal. Poderia estar começando uma faculdade ou então viajando pelo mundo. Um dia eu estaria me casando e quem sabe tendo filhos.

Mas eu não sou normal. Eu sou uma Dhampir. Filha de um Moroi e uma Dhampir. Eu nasci para proteger um Moroi. Nasci para dar a minha vida para proteger a vida de outra pessoa.

Eu continuei andando até sentir que estava na hora da Hathaway aqui encher a barriga mais uma vez e não fazia nem duas horas que eu havia saído de casa. Eu avistei uma lanchonete um pouco mais a frente e logo me alegrei. No caminho da lanchonete eu passei por um beco e escutei um gemido, que parecia ser de dor.

Meu lado normal e inteligente me dizia para seguir em frente e chegar até a lanchonete e comer até dizer chega, mas o meu lado Dhampir e burro – ou altruísta - me falava que era melhor ver o que era aquilo.

E qual lado a Rose aqui seguiu? O burro é claro.

Adentrei mais no beco e o que eu vi não era o que eu esperava. Não era mesmo.

Sentada no chão estava uma mulher que não parecia ter mais de trinta anos. Seus cabelos loiros grudavam na testa por causa do suor e ela abraçava a barriga como se quisesse proteger alguma coisa.

Eu me aproximei devagar, mas ainda sim fiz um pequeno ruído que a fez olhar para mim e arregalar os olhos assustada. Levantei as mãos me sinal de que não iria fazer mal a ela, mas ela ainda estava assustada.

— Calma. Eu não vou te fazer nada. Se você deixar eu vou te ajudar. – Me aproximei ainda mais, mas ela se encolhia cada vez que eu dava um passo em sua direção.

Quando cheguei perto o suficiente para toca-la eu vi que ela começou a chorar.

— Ei, eu já disse que não vou te machucar.  – A moça começou a se tremer e eu tive medo que ela estivesse tendo uma compulsão. Mas ela levantou o rosto e eu vi que ela estava machucada. Seu lábio superior estava cortando e o sangue ainda estava fresco. Em sua bochecha esquerda tinha um corte que era meio profundo e que jorrava muito sangue, manchando todo o seu pescoço. – Qual o seu nome?

Ela demorou certo tempo para me responder porque olhava para os meus olhos tentando achar alguma coisa em meu olhar.

— Ju-Juliet – A loira me respondeu com dificuldade. Quase que não consegui ouvir sua voz de tão baixa que era. Ela gemeu mais uma vez e eu percorri todo o seu corpo tentando achar um ferimento mais grave. Mas quando parei meu olhar na barriga dela eu vi que estava grande e redonda. Ela estava grávida.

Eu olhei alarmada para ela, que ainda me olhava meio assustada e olhei para o inicio do beco tentando ver se alguém passava ali. Mas ninguém passava.

— V-você é u-uma D-dham-p-pir. – A moça guaguejou e eu olhei para ela. Ela deveria ter visto minhas marcas quando eu me virei para a entrada do beco já que me cabelo estava preso. Ela era uma Moroi ou uma Dhampir.

Voltei meu corpo para ela e tentei achar uma solução para aquilo.

— O que você é? – A loira deu um sorriso fraco mostrando suas presas. Moroi. Mas onde será que está o guardião dela? – O que aconteceu?

Eu pressionei um pouco sua bochecha pra tentar estancar o sangramento quando ela começou a falar.

— Eu e m-meu guardião estávamos de férias por aqui antes do bebê nascer quando fomos atacados por dois Strigois. Jason me mandou correr e eu corri. – Ela tossiu um pouco. – Mas um dos Strigois conseguiu me alcançar, quando ele viu a m-minha barriga ele disse que não ia me matar ali. Depois eu só lembro de acordar em um galpão e eles me fizeram ver eles matarem o Jason.

Juliet tossiu mais e gemeu de dor ainda com os dois braços envoltos da barriga.

— Eu não sei quanto tempo eu passei dentro daquele galpão. Mas acho que faz mais de meses. Quando fomos atacados eu estava de seis meses e agora minha barriga está enorme. Eu dormia o dia todo, eles não me alimentavam direito e eu estava muito fraca pra ficar acordada. – Ela retirou os braços da frente da barriga pra que eu pudesse ver melhor e realmente a barriga dela estava enorme. Eu nunca vi muitas grávidas, mas aquela barriga não tinha menos de oito meses.

— Como você conseguiu fugir? – Aquela moça estava grávida e machucada e eu não tinha a mínima ideia do que fazer. Eu não conseguiria tirar essa mulher daqui sem ajuda.

— Q-quando vieram me trazer uma bolsa de sangue eu usei todas as minhas forças e conjurei fogo e queimei o desgraçado e corri o mais rápido que eu pude. Quando eu saí daquele m-maldito galpão eu estava em uma floresta e eu corria sem parar, trombei em muitos arbustos e me cortei toda.

Juliet falava com muita dificuldade. Eu tinha que leva-la a um hospital, ela estava fraca e debilitada. Poderia fazer mal ao bebê.

Peguei meu celular e liguei para Abe. Assim que ele atendeu eu desliguei. Ele sabia o que significava. Daqui a alguns instantes esse beco estaria cheio de lacaios dele a minha procura.

— Olha Juliet eu preciso que você me ajude a te levantar. Vamos tirar você daqui. – Eu falei calmamente, tentando manter a calma em mim mesma. – Eu vou te levar a um hospital.

Com muita dificuldade eu consegui levantar Juliet do chão. E então a parte mais difícil começou. O corpo da loira estava mais fraco que eu imaginei. Quando começamos a tentar andar até o começo do beco, Juliet estancou no chão. Eu senti meus pés molharem e olhei para a loira.

— Minha bolsa estourou. – Ela disse e eu me desesperei. A bolsa dela estourou! Eu não sei o que fazer. Ela vai ter o bebê! Eu não posso deixar que esse bebê nasça em um beco.

Eu vi quando os lacaios do meu pai chegaram. Eles vinheram correndo e quando me viram com uma desconhecida logo pegaram as estacas pensando se tratar de Strigoi. Será que eles eram cegos ou o quê? Eles não viram a enorme barriga da mulher não?

Quando eu levantei a mão eles perceberam que não era um Strigoi e abaixaram as estacas.

— Vocês vão ficar aí olhando ou vão me ajudar a levar ela até o carro? – Os paspalhos a pegaram pelo braço e pelas pernas e me seguiram até o carro.

A colocaram no banco traseiro e eu sentei junto dela. Coloquei sua cabeça no meu colo e mandei dirigirem até o hospital mais próximo.

— E-eu não s-sei s-seu nome. – Ela disse depois que eu gritei alguma coisa com um dos lacaios do meu pai.

— Rose Hathaway. – Respondi tirando o cabelo de seu rosto e vendo que o corte de sua bochecha ainda sangrava.

— V-você é a Hathaway? – Eu assenti e vi ela sorrindo. – Jason me contou o que você fez. Ser acusada de matar a Rainha não é uma coisa que acontece todo dia.

— Seu guardião me conhecia? – Por que esses idiotas não chegam logo no hospital? Juliet se contorcia.

— Eu e ele somos da Corte. Eu trabalhava como secretária para Tatiana.  - Ela gemeu de dor. Ow. O mundo é mesmo bem pequeno. Quem diria que eu estaria salvando a ex-secretária de Tatiana hein. A loira soltou um gritinho de dor contido.

— Dói muito? – Que pergunta Rosemarie. Ela está parindo um filho! É claro que dói!

— Vai doer mais ainda quando as contrações vierem. – Ela gemeu mais uma vez e o lacaio que estava sentado no banco do motorista avisou que meu pai já estava a caminho. Que ótimo. Sintam bem a ironia da frase. – É do Jason.

— O que?

— O bebê. É do Jason. – Wow. Essa foi surpresa.  – Eu engravidei depois de uma noitada regada a bebida com ele.

Eu fiquei surpresa. De verdade. Não todo dia que a gente vê uma Moroi grávida de um Dhampir. É mais fácil ver o contrário.

— É um menino?

— Não sei. A gente não quis saber o sexo... – E então ela gritou. Ela estava suando e gritando. Acho que era uma contração. O lacaio motorista avisou que tínhamos chegado ao hospital.

O lacaio que estava no banco do passageiro gritou alguma coisa em turco e logo um enfermeiro veio com uma cadeira de rodas.

Antes que a levassem, eu tinha que saber de algumas coisas.

— Juliet? – A loira olhou para mim com uma expressão de dor. – Preciso do seu sobrenome e a sua idade, vão perguntar isso na recepção.

— B-baros. Juliet Baros. 28 anos.

— Você tem alguma família que queira avisar?

— N-não. Sou só eu.

E a levaram. Eu a vi sendo levada por aquele enfermeiro com a mão na barriga e pedi a Deus que desse tudo certo.

Ora, eu posso nem conhecer aquela garota, mas ela estava grávida, esperando um filho de alguém que amava (provavelmente). Uma coisa que eu nunca poderia ter. Não com a pessoa que eu amava.

O tal Jason estava morto, mas ela ainda podia viver pra criar aquela criança, e eu sabia que pelo jeito que ela protegia a barriga, que já ela amava aquele bebê.

Uma moça ruiva veio até mim e perguntou alguma coisa me turco, mas eu não entendi nada. Olhei para o lacaio motorista esperando ele traduzir para mim. Fazia seis meses que eu estava morando com Abe, mas eu só sabia poucas palavras em turco.

— Ela perguntou o que a senhorita é da moça.

O que eu deveria falar? Se eu falasse que a encontrei em um beco toda machucada logo chamariam a polícia e seria bem difícil explicar aos policiais que Juliet tinha sido atacada e mantida refém por raça antiga de vampiros do mau.

— Diga que somos irmãs. – O lacaio motorista me olhou estranho, mas mesmo assim disse o que eu mandei.

A ruiva disse mais alguma coisa e eu esperava que o lacaio motorista me traduzisse.

— Agora ela perguntou qual o nome e idade da moça senhorita Mazur. – Ele ainda me olhava como se eu fosse louca por ter o mandado ter dito aquilo.

— Juliet Mazur. 28 anos. – O lacaio repetiu as palavras em turco e a ruiva disse alguma coisa e foi embora.

— Ela disse que o médico deve vir avisar quando o parto terminar. – Suspirei e passei as mãos no cabelo nervosa com a situação. Quando será que eu vou aprender a escutar meu lado racional ein? – Senhorita Mazur se me permite dizer, por que ajudou essa moça?

— Não sei. – Respirei fundo tentando achar o real motivo de eu ter ajudado aquela moça.  – Pode ser aquela coisa que sempre dizem eu tenho. Altruísmo. – Sentei em uma das cadeiras da sala de espera e cruzei os braços.

A hora ia se arrastando lentamente e quando dei por mim já fazia uma hora que eu estava sentada esperando alguma notícia de Juliet e nada.

Abe chegou uma hora e meia depois que eu cheguei no hospital. As roupas exóticas dele sempre o acompanhavam e eu achei legal o contraste que ele fez com as cores sem vida do hospital.

— Soube que eu tenho uma nova filha. E que ela estava tendo um bebê nesse exato momento. – Abe disse sarcástico quando me viu. Pavel o acompanhava como sempre. – Será que ela colocará o nome da criança em minha homenagem? Seria fofo.

— Não podia dizer que a encontrei em um beco Abe. Chamariam a polícia. – O velho se sentou do meu lado e me entregou um copo de café. – Obrigada.

— Ah Rose, já te contaram que você é muito impulsiva? – Tive que rir. Abe não estava bravo. Ele nunca ficaria bravo comigo por uma coisa dessas.

— Escutei isso a minha vida toda velhote. – Ri e tomei um longo gole de café.

Passamos um longo tempo em silêncio, eu saboreando meu café e Abe olhando para o nada.

— O que vai fazer com a moça quando ela sair daqui?

Ok. Essa eu também não sabia. Consequências de uma atitude impulsiva.

— Sei lá.

— Você é muito impulsiva Rose. – Ele riu acariciando meu cabelo e eu não pude deixar de sorrir.

Depois daquilo ficamos mais uma vez em silêncio. Abe saiu alguns instantes com Pavel em seu encalço e logo voltou dizendo que minha mãe tinha ligado. Falei que mais tarde ligaria de volta e voltamos ao silêncio.

Mais uma hora se passou e nada. Quando eu estava prestes a pedir mais um café a um dos lacaios do meu pai, um médico veio em minha direção. Abe se aproximou de mim já sabendo que cada palavra que aquele médico dissesse eu não entenderia nenhuma.

O homem de jaleco branco começou a dizer palavras em turco que só me faziam ficar tonta de tanto tentar entender a língua natural de meu pai.

Quando o médico terminou de falar ele deu um suspirou e saiu cabisbaixo. E naquele momento eu soube que alguma coisa tinha dado de errado.

— O que ele disse Abe? - Perguntei aflita já pensando que alguma coisa tinha acontecido com o bebê. Abe não respondeu e eu me irritei. – Fala logo!

— Ele... ele disse que a garota não tinha passagem para o bebê passar e tiveram que fazer uma cesária de emergência mas a garota não aguentou e morreu. Eles conseguiram salvar a criança.

A minha cabeça girou. Juliet tinha morrido? Não, não podia ser. Ela não podia morrer. Ela tinha que criar aquela criança, ama-la, e no futuro dizer o quanto o pai dela tinha sido corajoso ao os proteger.

— O que será feito da criança? – Eu hesitei por um instante.

— Como ela é uma dhampir deverá ser levada para um orfanato perto e depois, se tiver sorte entrar em alguma Academia e se formar.

Suspirei outra vez. Meu Deus o que seria daquela criança?

Eu pedi para vê-la e quando cheguei ao berçário me surpreendi por ser uma menina. Os ralos cabelos que tinha na cabeça eram castanhos claros e quando ela abriu os olhos eu vi um tom de castanho que eu só havia visto uma vez. Em Dimitri.

Era obvio que ela tinha puxado ao pai. Juliet era loira e tinha olhos azuis. Bem típico de Morois.

A menininha era linda. E seria mais bonita ainda quando crescesse. Se tivesse sorte entraria para alguma Academia e se formaria como Abe disse. Mas e se ela não tivesse essa sorte? E se ela se tornasse uma prostituta de sangue? A vida não era fácil para mulheres assim.

Quando olhei novamente para a menina me lembrei da minha infância. A ausência da minha mãe e do meu pai. Tendo que ser criada pelo pessoal da Academia, das vezes que eu me sentia terrivelmente sozinha e esquecida do mundo. Ou das vezes em que eu via todos os meus colegas de classe saindo de férias enquanto eu ficava na Academia e esperava o ano letivo recomeçar. Mas aí Lissa entrou na minha vida.

A família dela me acolhera tão bem e eu finalmente me senti amada. Mas o que seria da minha vida se eu não tivesse conhecido Lissa? Eu provavelmente seria a pessoal mais depressiva do mundo.

Mais uma vez olhei para a garota do outro lado do vidro e tomei outra decisão impulsiva.

Eu ficaria com ela. A criaria como minha filha. A amaria como se tivesse saído do meu ventre. Daria todo o amor que eu não recebi da minha mãe a ela. Ela seria minha.

Quando eu saí de casa hoje de manhã eu esperava terminar meu dia com um emprego e com um enorme prato de panquecas na minha barriga. Mas no fim eu terminei o dia com um bebê e com a minha barriga roncando de fome.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Muito fraco? Sem sal? Me falem a opinião de vocês! Espero vocês no próximo capítulo! Beijos!