Genma colocou os pés em Konoha sem saber direito o que esperar. Era manhã e poucas pessoas começavam a passear pela vila. Depois de três anos longe, ele imaginou que as coisas teriam mudado bastante, mas tudo parecia igual. Exatamente a mesma Konoha que ele havia deixado para trás: sem Hayate e com uma genin, em especial, muito brava com ele.

— Genma?

O jounin ouviu uma voz feminina chama-lo e virou-se. Uma, provavelmente, chunin da Vila da Folha guardava a porta, sozinha. Genma havia passado por ela sem notar sua presença, mas ela parecia estar o observando há tempos. A menina, ou melhor, a mulher tinha o comprido cabelo vermelho como fogo. Se seus olhos fossem de qualquer outra cor, ele imaginou, não seria possível enxerga-los, mas estes eram de um azul safira e brilhavam por trás das mechas vermelhas de sua franja. O jounin estava chocado demais para falar e, embora ela também parecesse bem surpresa, foi quem continuou:

— Sensei? – Sayuri perguntou mais uma vez, mas sem esperar uma resposta correu em direção ao jounin e o envolveu em um abraço tão forte que Genma podia ouvir os batimentos cardíacos dela. — Você voltou!

Ele sorriu. Como era bom vê-la sorrindo e saber que ele era a razão disso. Fazia tanto tempo que não via sua antiga subordinada assim...

— Sayuri. – o jounin falou, enfim, e a abraçou. — O que está fazendo aqui sozinha? – ele quis saber, um pouco preocupado.

Sayuri riu e se afastou apenas o suficiente para olhar nos olhos de Genma antes de responder:

— Genma-sensei, eu não sou mais uma criança. Sou uma chunin de Konoha, agora. – ela disse, orgulhosa. — Já posso liderar uma missão e até guardar o portão da vila sozinha.

— Uau. – ele disse, simplesmente, e então os dois se afastaram mais.

De fato, ela havia crescido. Sayuri agora tinha quase a mesma altura que o jounin, batendo em seu queixo. Seu cabelo estava maior e, de certa forma, ainda mais charmoso. Seus olhos continuavam misteriosos, como sempre, e ele não esperava nada de diferente nessa parte, mas tinham algo mais. Se não a conhecesse, teria até um pouco de medo. A inocência que antes existia em seus olhos agora parecia ter sido substituída por uma certa... Malícia. Genma correu os olhos pelo restante de seu corpo e sentiu seu coração acelerar brutalmente. As roupas de Sayuri também haviam mudado. A chunin usava um kimono preto na altura dos joelhos que deixava os seus ombros à mostra, mas cobria seus dois braços inteiros e até parte de suas mãos. Uma corda azul amarrada na cintura de Sayuri marcava o seu corpo e uma abertura mais abaixo mostrava suas pernas cobertas por uma bota alta que vinha até as coxas.

Genma teve que se controlar para não abrir a boca, mas depois quase riu de sua idiotice. Sayuri era uma chunin sensitiva. Ela poderia ler a reação do jounin com muito menos do que isso. Ele pigarreou e voltou seu olhar para o rosto da menina, sem muita coragem, e quase esqueceu de respirar ao ver que ela sorria torto, sugestiva.

— Sensei, com essa frequência cardíaca eu diria que você está prestes a ter um ataque ou se apaixonando por mim. – ela riu. — Devo te levar ao hospital? – perguntou, mas não parecia esperar uma resposta. Pelo contrário, ela sabia exatamente qual das opções era real.

Pela primeira vez na vida, Genma sentiu suas bochechas queimarem enquanto estava completamente sem reação. O que estava acontecendo? Como ele podia se permitir desejar sua própria subordinada? Ele pegou Sayuri no colo quando a menina era bebê. Aquilo era um absurdo.

O jounin deu as costas à ela, na intenção de sair logo daquele lugar, antes que acabasse piorando a situação, mas Sayuri o segurou por uma de suas mãos. Ele sentiu ela se aproximar de suas costas e, mais uma vez, seu coração acelerou. Sayuri estava tão próxima que Genma podia sentir a respiração da chunin em seu pescoço. Naquele momento, ele soube: seria para sempre dela.