Já era quinta feira, amanhã eu iria para o encontro de animes na casa da amiga de Papryus e Sans. Por que eu estava nervosa? O dia seguinte nem sequer havia chegado, ainda estava longe. Respirei fundo e sai do banho. Vesti o meu tão amado blusão e dessa vez, uma calça comprida e um tênis. Penteei meu cabelo, pois estava um pouco bagunçado demais e sai do meu quarto. Comi o café da manhã e depois fui com Toriel para a escola.

Me despedi da minha mãe e corri para a sala, assim que entrei, só o Blook havia chegado. Sentei na sua frente e me virei pra trás para conversar com ele. E tentava descobrir um pouco mais sobre seu primo, mas ele realmente não queria falar, então parei de perguntar sobre o ser misterioso. Perguntei sobre suas músicas. Esse assunto parecia deixá-lo feliz. Fiquei dando umas ideias e então, vimos o Monster Kid sentar na cadeira ao lado de Napstablook. De novo. Agora, ficamos dando várias ideias para novas músicas para ele, até surgir uma dúvida na minha cabeça:

— Blook, você sabe cantar?

— Q-quê? E-eu... B-bem... S-sim...

— Uê, cara, e por que você não faz nenhuma música cantando? - Monster perguntou.

— Por que... E-eu não gosto muito da minha voz. E-eu prefiro escrever letras de músicas e o-outras pessoas cantarem, s-só saber que elas estão cantando trabalhos feitos por mim, m-me deixa feliz - E conseguimos ver mais uma vez o sorriso sincero do Blook. Geumy chegou logo em seguida e se sentou ao meu lado.

— Sobre o que estavam conversando, pessoal?

— Sobre como o Blook canta bem! - Monster falou e deixou mais uma vez o garoto DJ envergonhado.

— Na verdade, nunca ouvimos ele cantar, mas acho que deve ser bom - Falei, para acalmá-lo um pouco.

— Aí, o primo do Blook canta muito bem!

Agora ficamos discutindo sobre quem cantava melhor e pior, eu e Geumy acabamos entrando no meio disso. Monster dizia que eu cantava melhor, mas ele diz isso porque nunca viu a garota com cabelos negros cantar. Pronto, depois disso, o tema da conversa foi para os cantores favoritos. Depois foi para os melhores atores da TV. E depois nossa atenção se virou para o quadro, pois o sinal tocou e o professor já estava na porta.

Todas as outras aulas, foram normais. No recreio, Blook mostrou outra de suas músicas, essa se chamava 'Death By Glamour'. A primeira a escutar foi eu. Aquela música dava vontade de dançar, mas vamos combinar que todas as músicas que eu escuto eu sinto vontade de dançar! Depois foi a vez de Geumy escutar. Depois deixamos o fone de ouvido com o Monster e subimos para o quarto andar. Estava se tornando um hábito agora.

Geumy foi para a sala do terceiro ano e eu fui logo para a do segundo. Acenei para o garoto que eu queria conversar e ele se aproximou de mim:

— Olá de novo, o que está fazendo na porta da minha sala dessa vez?

— E-eu, bom, queria conversar com você - Fui direta, mas vou concordar que eu tinha esquecido completamente o que eu iria perguntar, então resolvi falar qualquer outra coisa - Ainda está combinado para amanhã?

— Sim. Por que? Está nervosa? - Perguntou e depois colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha, o que me deixou levemente corada - Não precisa, você vai gostar deles. Alphys pode parecer meio tímida no começo, mas quando você faz amizade com ela, você descobre que ela é bem legal. E a Undyne é meio durona, mas você consegue ser amiga dela fácil também. E o primo da Alphys, bom, acho que ele adora conhecer pessoas novas. E é bem extrovertido. Vai ser divertido, pirralha!

— Tá bom, vou confiar em você.

— Uê, você já não confiava? - Deu um sorriso de lado e agora eu não sabia o que responder. Eu posso conhecer Sans a pouco tempo, quero dizer, a três dias, mas ele parece  uma pessoa que eu realmente posso confiar. Mas as vezes é tão misterioso, é como se quanto mais você conhecesse ele, mas você percebe que não conhece nada dele!

— Eu não sei - Foi tudo que eu consegui responder. Ele continuou com seu sorriso no rosto, mas eu fiquei séria. Me despedi dele e depois ia voltando para a minha sala, se eu não tivesse sido puxada novamente por um braço. Quando ele me virou duma vez, nós estávamos um pouco próximos.

Um pouco próximos demais.

Me afastei e fiquei corada na hora. Ele colocou seu capuz e depois de algum tempo calados, o sinal tocou e eu saí correndo para a minha sala. Consegui chegar antes do professor e no intervalo entre uma aula e outra, meus amigos me encheram de perguntas, mas a principal era "Onde você estava?". Não sei se eu podia responder a verdade ou simplesmente dar de ombros e dizer que estava no banheiro. Resolvi dizer a segunda opção. Quando a aula terminou, peguei minhas coisas e fui logo para o portão. Me despedi da Geumy, que novamente foi embora com sua irmã no carro de um homem ruivo, ainda não sei quem é ele. E de novo, Monster e Blook foram juntos. Minha mãe apareceu mais rápido que dos outros dias e logo fomos embora. Quando olhei para trás, pude ver Sans me olhando atentamente e Papyrus ao seu lado, conversando com alguém no celular.

Chegamos em casa e deixei minha mochila no meu quarto, hoje era quinta, e toda terça e quinta tenho aula de balé, o que me deixa feliz. Separei logo minha roupa e fui almoçar. Peguei as tarefas e comecei a fazer, e por algum milagre, eram pequenas. E eram apenas duas. Consegui terminar em menos de uma hora, demorou um pouco mais por causa do tamanho das resposta que eu colocava.

Como ainda não estava perto do horário que eu ia para o balé, resolvi continuar lendo o meu livro. Deu tempo de ler dois capítulos até eu perceber que eu ia chegar atrasada se não me arrumasse logo. Toriel me levou para a academia de dança e corri para a minha sala. Por sorte, não cheguei atrasada.

Nessa aula, a professora continuou mostrando novos passos e eu captava todos rápido. Algumas demoravam um poucos mais, mas no final, todo mundo conseguia, o problema era fazer tudo ao mesmo tempo. Por sorte, ainda tínhamos meses para ensaiar. Jasmine tinha passos mais complicados que ela fazia parecer a coisa mais fácil do mundo, realmente, a alma dela nasceu para o balé. Antes da aula terminar, a professora pediu para todas nós prestarmos atenção para o que ela iria dizer:

— Bom, como vocês ouviram na aula anterior, cada uma de vocês irá ficar com alguém de outras salas para fazer uma dança em dupla. Pois queremos que cada um nessa academia tenha uma experiência com estilos de danças diferentes. Eu já decidi com qual cada uma irá ficar, então, eu vou dar um papel para cada uma com o nome de seu parceiro, se  a maioria não concordar, nós jogamos em uma sacola e fazemos sorteio, entenderam?

— Sim. - Respondemos todas juntas.

A professora então, foi chamando uma por uma até todas nós termos um papel em nossas mãos. Algumas abriam rapidamente para matar duma vez a curiosidade, outras abriam lentamente para causar um leve suspense, e eu sou uma delas. Abri cuidadosamente até abrir por completo e conseguir ler o que estava escrito:

— Patrick... Aquele que se acha o tal porque é um dos melhores da sala de Hip Hop? - Perguntei a mim mesma e fiquei com uma certa decepção no rosto, a professora percebeu que não era só no meu, a decepção estava no rosto da maioria das garotas daquela sala.

Colocamos os papéis na sacola e a professora começou a sacudir até estar tudo bem misturado. Novamente, uma por uma, foram pegando os papéis, peguei o meu e voltei para o meu lugar. Abri lentamente de novo, e se eu tivesse pegado o Patrick de novo? Mas quando eu abri não foi ele nem ninguém que eu já ouvi falar que estava naquela academia:

— Então agora é definitivo, ele faz mesmo parte dessa academia - Falei para mim mesma para conseguir acreditar no nome que estava escrito no papel.

Sans

Dissemos para a professora quem nós pegamos, em seguida guardei meu papel e fui me trocar. Coloquei meu short e soltei meu cabelo. Fui de encontro com minha mãe, mas na calçada, ela se encontrou com um amigo, e começaram a conversar. Eu não me importei muito com isso e fiquei vendo o movimento da rua. Tomei um leve susto quando o garoto de cabelos brancos apareceu por trás de mim:

— Opa, olha só quem mais gosta de dançar - Ele falou me observando de cima a baixo - Deixe-me adivinhar... Balé?

— S-sim - Então eu observei ele, que estava com uma calça preta, casaco azul e um tênis - E você? Faz alguma coisa nessa academia? - Perguntei de besta mesma, ele estava na calçada da academia, cansado e eu peguei seu nome como par na dança.

Eu peguei seu nome como par na dança.

— Bom, desde ano passado eu faço hip hop. Papyrus também participava daqui - Ele disse eu fiquei com uma cara de surpresa, e ao mesmo tempo de dúvida, será que seu irmão fazia a mesma coisa que ele ou tinham gostos diferentes para danças? - Ele fazia tango.

— Uou, sério? Bom, seria bem legal ver o Papyrus dançando tango! - Eu ri imaginando a cena, mas como o Sans me explicou depois, o seu irmão fez tango durante dois anos, então ele deve ser bom. Eu queria saber se alguém mais que eu conhecia fazia essa academia.

— Eu soube que o Mettaton já participou dessa academia, é verdade? - Perguntei.

— Sim. Mettaton fez hip hop e jazz. Por isso ele é bom nas danças, e é por isso também que essa academia é tão conhecida - Sans respondeu, nos viramos e encaramos o nome da academia.

DanceTale

— É um bom nome. Me pergunto onde eles tiveram ideia pra ele...

— Pirralha, algumas coisas vem do nada. Então, quando uma ideia vir, é melhor não desperdiçar. Talvez ela sirva para algum dia.

— Hm... Sans - Chamei sua atenção - Lhe disseram quem você pegou pra ser o par na apresentação?

— Não. Nós saberemos terça que vem quem pegou a gente. Eu espero que seja uma boa professora, porque balé não é pra mim - Ele disse, então guardei o papel no meu bolso e sorri pra mim mesma.

— Então, Sans, o que acha da gente pedir para cada um amanhã dançar um pouco na casa da Alphys? - Perguntei.

— Olha só, acho que vai ser divertido! Ouvi dizer que a Undyne fazia capoeira, e que a Alphys já tentou uma vez fazer Hip Hop. Bom, o que importa é que vai ser bem legal. Vamos aguardar você ir, viu, pirralha?

— É obvio que eu vou, guardem o meu lugar! - Eu falei e logo dei uma piscadinha. Conversamos mais um tempinho até eu ouvir minha mãe me chamando. Me despedi do Sans e segui ela.

Cheguei em casa e logo me joguei na cama, eu não queria esperar até amanhã, eu estava muito feliz porque pela primeira vez eu ia sair de casa para outra casa. Mas eu só vou dormir lá, não tem problema nenhum... Ou tem? E se quando eu chegar em casa, Asgore vai ficar com raiva por eu não ter ficado esperando? Acho que ele não é assim, ele é o papai fofucho e legal, acho que ele também deixaria eu ir. Resolvi tomar banho. Escolhi qualquer roupa do meu guarda roupa e joguei na cama. Entrei no banheiro e me joguei debaixo da água, que  estava gelada. A música do lago dos cisnes estava na minha cabeça naquele momento, eu fazia alguns passos de dança enquanto estava ali, no banho, eu quase caio, mas consegui me segurar na parede. Peguei a toalha e me enxuguei, em seguida, me vesti.

Agora, percebi a roupa que eu havia pegado. Uma blusa amassada e um short largo. Okay, eu ia dormir depois, então não era muito importante a roupa naquele momento. Fui para a sala e Toriel já estava ligando a televisão. Hora do MTT News. As notícias foram meio estranhas, como sempre. No final, a estrela da cidade havia se fantasiado de mulher e entrado de penetra em uma festa de aniversário do seu fã, que quando percebeu que era o próprio Mettaton, chorou.

O Mettaton é muito fofo. Qualquer pessoa que o veja de primeira vez vai achar que ele é muito egocêntrico. Mas quando percebe mais a pessoa que ele é, vê que ele é muito mais do que simplesmente um rosto bonito. Terminou com a estrela fazendo uma pose dramática, eu e minha mãe rimos, depois fomos jantar. Com as barrigas cheias, cada uma foi dormir. Me joguei na cama de qualquer jeito e logo adormeci.

—x-x-

Eu estava já na minha casa, havia acabado de chegar da escola. Hoje é sexta. Eu estava muito ansiosa e com um frio imenso na barriga, na verdade, acho que nem o bairro Snowdin chega perto. O que tem o bairro Snowdin? Por algum motivo estranho, ele neva o ano inteiro. Eu descobri hoje que Alphys mora no bairro Hotland, que por algum outro motivo, é quente o ano inteiro.

Quase me engasguei com meu almoço. Toriel pediu pra eu comer com calma, mas então contei que eu estava quase morrendo de ansiedade para o que iria acontecer a noite:

— Mãe! E se eles não gostarem de mim? E o pior... Se eles gostarem?

— Filha! Primeiro, é obvio que eles vão gostar de você! E segundo, o que vai ter de ruim se eles gostarem?

— Mãe! Se eles gostarem de mim, vou ter medo que eles achem que eu sou boa demais. Eu não sou boa demais, eu sou apenas uma pessoa normal, eu não quero que esperem muito de mim. - Eu falei e depois olhei para o prato de comida na minha frente. Ainda tinha comida, eu não havia engolido tudo goela abaixo. Resolvi pegar o copo de suco e dar um gole.

— Filha, é obvio que isso não vai acontecer. E é exatamente por isso, você é boa demais! Todo mundo ama você, e você é sempre boa com todo mundo. Sempre tenta passar pelas coisas do jeito mais carinhoso - Eu ia chorar, eu estava praticamente prestes a chorar, mas resolvi segurar as lágrimas e continuar escutando - E você ainda é determinada. Mesmo que tudo esteja ruim, você continua acreditando no que você quer, e isso querida, é importante - Ela se levantou um pouco da sua cadeira e me deu um beijo na testa, voltando a se sentar em seguida. Eu sorri e terminei de comer calmamente.

Levei meu prato para a pia e depois fui para o meu quarto. Peguei uma bolsa, do tamanho duma mochila, e joguei na minha cama. Eu pensei no que eu poderia levar. Seria basicamente uma festa do pijama, então foi a primeira coisa que eu peguei. Depois eu lembrei que eu iria tomar banho, então peguei uma toalha e uma roupa para trocar. Eu resolvi levar mais alguma coisa, só roupa era meio estranho, ou não. Nunca sai pra casa de outra pessoa para saber o que tem que levar ou não. Peguei meu diário e joguei dentro da minha bolsa, junto com meu estojo. Fiquei olhando para o meu quarto vendo se eu tinha esquecido de alguma coisa. Então lembrei. Eu não tinha colocado calcinha, nem sutiã. Peguei o primeiro que eu vi e guardei junto com tudo naquela bolsa. Resolvi testar o peso e pelo menos, estava leve. Não sei o que você entende por 'leve', mas para mim, é quando eu ainda consigo levantar sem quebrar as costas ou meu braço sair para fora do meu corpo.

Foi até rápido como eu arrumei as coisas. Sentei na cama e fiquei uns cinco minutos ali. Levantei apressadamente e peguei meu caderno, lembrei que dois professores haviam mandado pesquisas no caderno. Comecei umas 14h, terminei umas 15h30. Eu gostava de lanchar apenas 16h, então fui ler o resto do meu livro. Leio dois capítulos por dia. Com o livro em minhas mãos, lembrei, posso leva-lo  para a casa da Alphys! Guardei ele junto com o resto das coisas na bolsa e fui lanchar. Um sanduíche misto com suco de goiaba.

Terminei de comer e voltei para o meu quarto. Peguei meu celular para ver se alguém me mandou alguma mensagem. Tinha uma do Papyrus e outra do Asriel. Resolvi ler primeiro a do meu irmão:

ASRIEL, 15h23min: Howdy, Frisk, tudo bom? Aqui é o seu irmãozinho e melhor amigo. Eu só mandei a mensagem para perguntar se está tudo certo para amanhã! Eu e o papai estamos muito animados, e a Chara está meio que... Não se importando muito. Mas eu sei que no fundo ela está doida para ver a Toriel e você! Eu estou com muitas saudades do sabor da torta de caramelo com canela! A mamãe vai fazer? Por favor, diga que sim ♥

FRISK, 16h37min: Oi Asriel! Eu vou bem, e você? Sim, está tudo certo para amanhã, vai ser bem divertido, faz tempo que não fazemos uma noite de irmãos, não é? E a mamãe prometeu que vai fazer sim uma deliciosa torta de caramelo com canela! Estaremos aguardando vocês ♥

Apertei o enter e depois fui ler a mensagem de Papyrus.

PAPYRUS, 16h03min: OLÁ HUMANA! AQUI QUEM FALA É O GRANDE PAPYRUS! EU ESTOU ENVIANDO ESSA DIGNÍSSIMA MENSAGEM PARA PERGUNTAR SE VOCÊ VAI MESMO HOJE A NOITE!

P.S.: QUERO MUITO QUE VOCÊ VÁ! NYEH!

FRISK, 16h39min: Papyrus, não precisa se preocupar, eu já estou pronta para ir! Minha mãe vai me deixar 19h na casa da Alphys e vai me buscar 9h amanhã, pois meus irmãos vem nos visitar. Só fico preocupada se Alphys e os outros irão gostar de mim...

Eu fiquei deitada na minha cama olhando para o teto. Eu realmente me preocupo com o que os outros pensam de mim, não sei de onde eu tirei isso, mas eu tenho e eu devo dizer que é praticamente uma prisão. Eu demoro para escolher uma roupa porque tenho medo se outras pessoas não irão gostar e vão ficar falando mal pelas costas. Eu não passo maquiagem ou passo porque não sei o que  as pessoas irão falar. Eu cortei meu cabelo, mas depois pensei em usar peruca com medo do que as pessoas irão achar de uma garota com um cabelo tão curto. Como eu disse, é uma prisão, é sufocante. Eu acho que deve ser uma sensação muito boa poder viver sem se importar com a opinião dos outros. Espero que algum dia eu consiga isso.

Meu celular vibrou assim que me despertei dos pensamentos. Olhei para a tela e era uma mensagem de Papyrus. Sorri e logo fui ler:

PAPYRUS, 16h45min: HUMANA, NÃO PRECISA SE PREOCUPAR. EU TENHO CERTEZA QUE TODOS VÃO ADORAR VOCÊ! NYEH!

Era apenas isso que todos me falavam, era somente isso que eu ouvia: "Eles vão adorar você!". Eu só espero que isso seja verdade. Fiquei mais um tempo jogada na cama, já eram cinco e meia e o frio na barriga só aumentava. Resolvi sair do meu quarto e fui para a sala de estar, que era onde minha mãe estava.

Podemos morar numa cidade moderna, mas mesmo assim nossa casa tem uma lareira e o piso é de madeira, eu gosto dela, ela é confortável e exala um ar de conforto e amor. Minha mãe estava sentada em sua poltrona de leitura com um livro de receitas em sua mão. Me aproximei e me sentei perto de suas pernas. Ela levou um leve susto quando sentiu algo nelas, mas assim que viu que era eu, sorriu e começou a fazer carinho na minha cabeça. Não falamos nada, ela continuou a ler e eu continuei a aproveitar aquela sensação de proteção. No fim eu acabei dormindo ali mesmo.

Senti algo mexer de leve o meu ombro. Toriel estava pedindo para eu acordar. Bocejei e me espreguicei, eu havia dormido por quanto tempo? Olhei para o relógio e percebi que já era sete e pouco. Me preocupei, eu não gostava de chegar atrasada, mas lembro que Sans me disse que festa de animes e pijama não tinha hora para chegar. Corri para o meu quarto e peguei a mochila e meu celular. Eu e minha mãe fomos para o carro, pois o bairro Hotland era longe do nosso, morávamos no bairro Ruins. Perto do nosso bairro só Snowdin. E depois vem o bairro Waterfall, e depois, vem o bairro Hotland e depois vem o bairro Núcleo. Sim, o nome do bairro é Núcleo, ele fica no meio da cidade, e é onde meu pai e meus irmãos moram.

Fiquei observando as casas passando. Já estávamos no bairro Snowdin, percebi porque era o único bairro que nevava, então, todas as casas tinham um aspecto meio natalino. Vários quintais com pinheiros enfeitados. Eu lembro dessa lenda. Parece que tem uma floresta perto de Snwodin, ali vive uma criatura parecida com uma rena, só que em seus chifres crescem pinheiros pequenos, e sempre enfeitam seus chifres. Desde então ficou comum enfeitar os pinheiros e deixar presentes embaixo dele. Eu sempre quis ver como é essa rena.

Já tínhamos entrado no bairro Waterfall. Dessa vez, eu prestei bastante atenção nele, era tão lindo. Havia perto dali uma floresta, só que de flores, flores grandes e azuis. Era outra coisa que eu também sonhava em ver. Depois entramos no bairro Hotland. É bem fácil de saber quando você entra nele, pois tem uma placa grande escrita 'Bem Vindo a Hotland'. Ficamos procurando uma casa branca, número 915. Achamos. Me despedi da minha mãe, com um abraço apertado, antes de abrir a porta, pensei se aquilo era realmente certo, eu nunca dormi fora de casa ontem. Respirei fundo e fui em direção a porta.

Aquela casa é realmente grande, vendo só por fora, praticamente uma mansão. Toquei a campainha. Pude ouvir alguns gritos, a voz era de Papyrus. Ouvi outros gritos, pedindo para calar a boca, a voz era feminina, eu não sabia quem era. A porta foi aberta por uma mulher com a pele mais puxada para o amarelo, com cabelos curtos e loiros. Ela estava usando um short e uma blusa branca:

— O-olá, v-você deve ser F-Frisk, certo? - Perguntou, com o rosto totalmente corado.

— Sim! E você deve ser Alphys, certo? - Perguntei, lembrando que Papyrus me disse que ela era loira, então arrisquei o palpite.

— P-por favor, e-entre! - Ela deu espaço e pude ver dentro da casa. Não é só por fora, dentro também é enorme. Vi Papyrus e uma mulher ruiva no meio da sala discutindo pelo controle da televisão.

— HUMANA! FINALMENTE, EU ESTAVA PREOCUPADO - O albino jogou o controle para a ruiva e veio correndo me abraçar - DA PRÓXIMA VEZ, EU, O GRANDE PAPYRUS IREI TE BUSCAR. VENHA AQUI - Ele pegou minha mão e me aproximou do sofá - ESSA AQUI, É A UNDYNE!

— E aí, punk!? - Oh meu Deus, eu não sabia como agir. Ela era Undyne? A própria Undyne? A melhor policial da cidade?

— Oi - Foi a única coisa que eu pude falar.

— Hey, não precisa ficar assim, eu não vou morder seu pé a noite - Ela disse e eu soltei uma risadinha, e concordei com a cabeça.

— Espero que não. - Eu disse e ela riu - Papyrus, cadê o Sans? - Perguntei quando percebi que não o vi ali ainda.

— AH, O SANS DISSE QUE TINHA QUE RESOLVER UNS NEGÓCIOS DE ACORDO COM ELE. QUANDO EU SAÍ, ELE AINDA ESTAVA EM SNOWDIN. MAS NÃO SE PREOCUPE, DE ACORDO COM MEU IRMÃO, ELE CONHECE UNS "ATALHOS"! - Foi apenas ele dizer isso que a campainha tocou, quando Alphys abriu, o próprio Sans apareceu.

— Opa, já começaram a festa sem mim? - Perguntou e eu sorri. Ele se juntou a nós na sala e começamos a conversar sobre qualquer coisa. Alguns faziam perguntas um pros outros, mas a maioria vinha pra mim, já que a nova ali era eu. Mas felizmente, eram perguntas simples.

— Hey - Sans perguntou assim que todos ainda estavam pensando em fazer mais perguntas sobre mim - Eu sei que está faltando alguém. Onde está seu primo, Alphys?

— B-bom, e-ele já devia ter c-chegado - Disse, e pegou seu celular para ver alguma mensagem - D-deu um p-problema no e-estúdio. E-ele já está c-chegando.

Eu fiquei feliz internamente, eu finalmente vou descobrir quem é o primo da Alphys. Agora só falta saber quem é o primo do Napstablook. Eu fiquei pensando em várias opções possíveis, até que eu percebi o que Alpys havia dito "Deu um problema no estúdio". Ele trabalha em um estúdio? Provavelmente.

Bom, como eu disse, eu havia pensado em todas opções possíveis, menos uma. O primo de Alphys não tocou a campainha, ele simplesmente abriu. Parece que moram juntos. Eu pude ver ele e eu fiquei de boca aberta. Pele pálida, cabelo preto liso e brilhante. Estava usando uma calça jeans e uma blusa preta e... Usava salto alto? Estava com um óculos escuros e um chapéu. Assim que tirou esses dois adereços, eu simplesmente faltei deixar os olhos pularem da órbita e só saiu uma palavra da minha boca:

— Mettaton?!