Plane Crash escrita por VitóriaWolf, SparrowJackson


Capítulo 18
Rússia parte 1


Notas iniciais do capítulo

boa leitura



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Não tive nem tempo de ficar perdida quando Alex foi embora. Não me deram um tempo para descansar de um ano dormindo no ferro, ou para ao menos tomar um café da manhã reforçado.
 Achei que escapando de Illéa as coisas seriam mais fáceis, eu poderia viver finalmente sem ter que me preocupar com Clarkson e suas ameaças, seria feliz e despreocupada. Bom, descobri que o poder feminino de Celeste e Nicoletta são muito mais assustadores do que qualquer um que eu já tenha presenciado. Antes mesmo que o carro pudesse sumir de nossa vista, elas me arrastaram por corredores e portas desconhecidas, e mesmo que eu me esperneasse e implorasse por respostas, elas não me contavam o que estava acontecendo. 

—Celeste! Porque estamos passando pela cozinha? Para onde estamos indo?- tento me desvencilhar dos braços, mas elas são mais fortes do que eu imaginava. Minha tentativa causou o efeito necessário, e elas param. As duas se entreolham, trocam olhares sérios, olhares sérios de quem está tramando alguma coisa. Não sei de onde o lenço veio, se esteve com elas o tempo todo, ou se simplesmente arrancaram uma parte do vestido e tamparam meus olhos para que eu não veja o caminho, mas eu só conseguia pensar em uma palavra. Desnecessário. Eu acabei de sair do hospital, Alex acabou de ir embora e minha filha está com a babá em algum lugar da Itália, não é como se eu tivesse com cabeça para qualquer outra coisa nesse momento, mas mesmo insistindo, elas continuavam de boca calada. E isso me irrita profundamente.

—Já chegamos?- corto o silêncio. 

—Não.- ouço a resposta em unissono. Fecho a cara emburrada por dois segundos, então a abro novamente. 

—E agora? 

—Não America.- uma das duas diz. 

—Ainda não chegamos?- elas permanecem em silêncio.- Já chegamos?- mais silêncio. O objetivo é irritar. Ás vezes resolvem que tudo isso é um completo exagero e resolvem finalmente me contar o que está acontecendo- E agora? Chegamos? 

—Sim. Pode tirar a venda.- as duas me soltam e relaxo. Assim tão fácil? Retiro a gravata que cobria meus olhos e procuro pelas duas, que estão encostadas na porta atrás de mim. As olho em um sinal de interrogação, mas só recebo um sorriso.

—Nossa, uma porta. Muito obrigada meninas.- não deixo de usar o máximo de sarcasmo que consigo.

 _O presente não é a porta queridinha.- Celeste me abraça e me empurra até a parede, de frente para a maçaneta.

 _Eu sei que não é a por...- tento explicar, mas me interrompo. Nem vai adiantar dizer alguma coisa. - Porque estou aqui?

 _Não podemos dizer.- elas se entreolham e cruzam os braços, quase que em sincronia. 

—E o que tem ali dentro?-silêncio. -Eu pelo menos vou gostar?

 _Não posso dizer.- Nicoletta me manda uma piscadela. 

—Então me expliquem pelo menos porque toda essa gracinha para chegar até aqui?

—Isso nós podemos explicar!- Celeste bate palmas para si mesma- Não tem um porque. Só achamos que seria divertido. Viu como foi divertido!- reviro os olhos e dou de costas para as duas. Me viro para a porta entalhada de ouro e giro a maçaneta lentamente, em uma mistura de medo e curiosidade. Foi exatamente como naquelas cenas de filme, onde algo grande está para acontecer e todos os acontecimentos parecem ser em câmera lenta. A música de suspense e a cara de expectativa. Isso só não aconteceu por um mínimo detalhe que estragou tudo. Antes mesmo que eu pudesse girar a maçaneta a primeira vez, Celeste empurra a porta e passa na minha frente, deixando que a luz do quarto me envolva.

—Você está demorando demais.- é o que ela diz antes de me empurrar para dentro do cômodo. Não sei onde estou no palácio, ou se ainda estou nele. Mas pela decoração do lugar eu imagino ainda estar no castelo. Poderia ficar muito tempo prestando atenção em todas as pinturas nas paredes e nos adereços, mas uma voz que eu conheço bem, me chamam a atenção e sou desperta de meus pensamentos. 

—Ames!-  me viro para o lado, em um mistura de terror e susto. May! Tenho certeza de que ouvi May! Rodo o quarto, mas não sei de onde a voz veio, nem onde Celeste e Nicoletta foram parar.

 _May! May!- grito na esperança de que ela responda e me prove de que não estou louca. E assim faz.

 _Estou aqui Ames! Não exatamente aqui, mas estou aqui!- sigo em direção da voz, ou pelo menos de onde acho que ela está. Uma das outras duas portas do quarto está aberta, e é exatamente onde entro, para me dar de cara com a imagem de May, em tamanho real, na parede do escritório. Eu geralmente não admitiria isso, mas estava fora de mim nesse momento. Pode me chamar de idiota, eu provavelmente fui mesmo, e elas não me deixam esquecer disso. Assim que consegui raciocinar o fato de minha irmãzinha estar na Itália, eu obviamente corri para abraçá-la. Eu só não esperava encontrar a parede, em vez de ossos e carne. Doeu. É claro que doeu, mas estava mais interessada no porque minha irmã desapareceu do nada. Olho para trás, confusa, a tempo de ver Celeste, que fazia seu máximo para controlar o riso, saltar uma gargalhada. Fecho a cara e ando em sua direção, emburrada.

 _Relaxa estressadinha.- Nicoletta dá um passo para a frente e fica entre nós duas. Suas mãos repousam em meu ombro, em uma tentativa de me acalmar. Lentamente ela me vira para a parede novamente, onde a imagem de May, rindo descontroladamente, me vem. Abro menção de falar alguma coisa, mas ela me corta antes.- É uma chamada de vídeo. Ela não está realmente aqui, mas vocês duas podem conversar. -ouço atentamente enquanto ela me explica sobre a câmera e a imagem. Isso tudo parece mais um daqueles aparelhos dos 2 que eu nunca tentei entender. Nesse meio tempo o resto da família aparece e tenho certeza de que derramei lágrimas.

 _Filha, senti tantas saudades!- minha se pronuncia primeiramente. 

—Mãe!- não me lembro muito sobre o que conversamos, sei que eu só consegui chorar, me acalmar, olhar para a imagem de todos, e chorar novamente.

 _Você está viva! Minha irmã está viva!- Gerard começa a pular na frente da filmadora e solto uma risada. Meus parentes riem também e isso ajuda a contrariar um pouco o ambiente. Eu não sei o que dizer, e eles parecem não saber também. O que dizer depois que sua filha foi dada como morta um ano antes? 

—Sempre soube que voltaria! Minha filha nunca desistiria assim tão fácil. Os Singers são um família difícil de se acabar!- minha mãe diz orgulhosa e eu reviro os olhos.

—Tenho tantas coisas para contar para vocês! Tantas novidades!- minha mente se volta para minha filha. Como eu quero aqui agora, quero apresentá-la para os avós.

—Espera ai, America, voltou agora e já está com novidades? Primeiro nos explica o que aconteceu!- Kenna aparece na imagem pela primeira vez.

 _Acho que não há nada mais justo.- então explico sobre o acidente de avião, Alex e como sobrevivemos ao meses presos na ilha.- Me dêem licença só um minutinho?- interrompo a explicação ao meio e me viro para Nicoletta.- Onde está Nastia? 

—Ah claro! Já ia me esquecendo.- então ela abre a porta do escritório e grita: _Dulce!- imediatamente a terceira porta do quarto se abre, bem de frente a nossa, e dela uma idosa sai, segurando um embrulho nas mãos. Delicadamente ela me entrega minha criança, faz uma reverência e volta por onde chegou. Abro minha boca de surpresa e choque. O que? Como assim minha filha estava aqui do lado o tempo todo.

—Estávamos na ligação do meu quarto esse tempo todo?- altero o tom da minha voz, mas as duas não se incomodam, simplesmente sorriem e assentem.- Para que todo o showzinho lá fora então?

 _Achamos que pudesse ser divertido.- respondem depois de se entreolhares.

 _Vocês são insuportáveis.- dou de costas para as duas e me viro para a câmera.- Como eu eu ia dizendo, eu achava que fosse o peixe, mas nunca foi a comida.- Não vi o olhar da minha família e nem conseguiria olhar para Dona Magda nesse momento, mas consigo imaginar seus olhares de choque e susto. Não é sempre que sua filha morre e depois aparece com um filho. 

—Ahhhhhhhhh! Eu vou ser titia de novo!!- o grito de May estoura meu tímpano e eu sorrio de sua reação. Se tem uma pessoa que eu tinha certeza que adoraria a ideia, seria May.

 _É verdade filha? É seu filho?- o tom de mamãe parece preocupado, levemente decepcionado.

—Deixa disso mãe.- Kenna a corta.- Qual o nome?- Sorrio. Minha irmã é sempre tão doce e gentil. 

—Anastacia. Anastacia Singer.- olho para seu rostinho lindo sonolento.

—Ela é linda irmã. Mas só por curiosidade, quem é o pai?- desse jeito toda a sala parece entrar em um silêncio de enterro. Todos os olhos se viram em minha direção e tenho toda a vontade de responder gritando Maxon!! mas sei que não devo. Não depois de tudo o que aconteceu. 

—Alex.- tento parecer o mais confiante possível. Minha mãe solta um grito e May bate palmas, mas meu minha irmã simplesmente me olha, como se me estudasse. E não duvidaria se ele realmente estivesse fazendo isso. Então ele abre o mínimo dos sorrisos e intuitivamente, sei que ele sabe que minto. 

—Onde está meu genro, America? Quero falar com o pai dessa coisinha mais linda!- minha Mãe termina com suas comemorações e se vira para mim. 

—Para com isso mãe.- me envergonho e coro.- Ele teve que ir para a Rússia. Volta em poucos dias.

 _E quando poderemos te visitar? Quando voltará para casa? 

—Esse é o problema. Eu não vou voltar. 

—Como assim não vai voltar?

 _Vou para a Rússia. Preciso resolver uns assuntos. Esperava que fossem comigo. Realmente preciso da minha família nesse momento.- praticamente imploro para que eles aceitem ir para a Ásia comigo.

 _Claro que iremos filha! Como poderíamos deixa-la nesse momento? - Me viro para Nicoletta, esperando que ela tenha algum plano ou um avião particular. Qualquer coisa que faça minha família chegar ao outro continente.

 _Mandaremos um carro levá-los para o aeroporto. Haverá uma pessoa para os direcionar e dizer tudo o que devem fazer e onde ir.- ela começa a dar detalhes da viagem e em pouco tempo nos despedimos. Deito na cama, cansada e tento dormir, mas sem sucesso. Estou tão ansiosa que não consigo esconder minha animação. 

—Ligação do Senhor Romanov, Senhoria Singer. Gostaria de atender?- a governanta aparece na porta e me entrega o telefone. 

—Oi Alexander.- consigo ouvir seus xingamentos do outro lado da linha e sorrio. 

—Só liguei para dizer que estou bem e cheguei 

—Não deixou nenhum avião cair no caminho, não é?-pergunto de brincadeira e ele solta uma risada. 

—Não tenho muita certeza não. Mas estou vivo e isso que importa. 

—Com certeza é o que importa.

 _Como está Nastia? Ela comeu direitinho? Está dormindo bem? Ninguém a deixou cair no chão, não é?- seu tom preocupado só aumenta. 

—Ela está bem, Alex.- o asseguro e ele respira aliviado. 

—Vou mandar um avião te buscar amanhã, tudo bem? Não aguento ficar muito tempo longe de vocês.- assinto.

É normal se sentir aterrorizada não é? Estou prestes a conhecer os monarcas da Rússia, pior ainda, os pais de Alex. O que eles vão achar de mim? Provavelmente uma louca! E se eles não gostarem de mim e quiserem tomar Nastia? Sou interrompida de minhas inseguranças quando a porta da limusine se abre. Sabia que ia estar frio, estou preparada, mas não imaginei que estivesse nevando. O chão é branco, as árvores são brancas e o castelo é branco. Nunca achei que poderia achar o branco tão lindo. Não é a primeira vez que vejo neve, mas tenho certeza de que a paisagem não poderia ser mais bonita do que essa. 

No pé da escadaria, Alex está parado me esperando. Ele está tão diferente que quase não o reconheço. O cabelo está cortado, a barba aparada e ele já não parece morto de fome. Ele sempre foi bonito, mas agora é esplêndido. Ele sorri, tentando me fazer relaxar. Olho por cima de seus ombros e vejo seus pais e seu irmão portados firmes e sérios em frente a entrada. Como se pressentisse meu medo, Alex toma a minha mão a aperta.

—Não se preocupe. Eles já te amam.- ele sussurra em meu ouvido e subimos as escadas. Faço uma reverência e sua mãe me abraça quase que imediatamente. 

—Esta é minha neta?- ela me olha como se pedisse permissão para segura-la. Sorrio e ela a pega. 

—Majestade.- faço uma nova reverência e ele solta uma risada tão parecida com a do filho, que poderia jurar ser Alex. 

— Qualquer um que aguente meu filho, merece meus parabéns.- ele diz e beija minha mão. Alex bota a mão no cabelo, claramente envergonhado. Então reparo no pequeno garoto escondido atrás das pernas do pai, o pequeno irmão de Alex. _Não fique assim Alexander. Qualquer uma é melhor do que a garota Natasha.- é o que ele diz antes de nos convidar a entrar. Eu sabia quem era, Alex me contou sua história, mas mesmo assim me assustei coma menção do nome. Almoçamos, fizemos um tour pelo castelo, saímos pelos jardins mesmo com o frio e nos juntamos na fogueira do salão, mas nada me tirou aquele nome da cabeça. Natasha.


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Notas finais do capítulo

até a proxima



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