Plane Crash escrita por VitóriaWolf, SparrowJackson


Capítulo 12
O passar do tempo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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As pessoas dizem que sonhamos todos os dias, mas que na hora em que acordamos, nós simplesmente esquecemos tudo o que aconteceu durante a noite em nossa cabeça. Alguns falam sobre as imagens que passam em nossas cabeças como um mero acontecimento natural do ser humano, outros dizem que o sonho não passa dos seus desejos mais profundos. Eu sonhei com Alex. Eu estava com minha filha no colo, ela é tão pequena que praticamente nem aparece no meios dos cobertores. Alex está do meu lado, com o braço em minha cintura e ele olha profundamente para a pequena garotinha. Está nevando e imagino que a gente esteja na Rússia. Há um castelo atrás de nós, mas por um motivo qualquer eu não consigo ver os detalhes. Parece ter uma nuvem o encobrindo. Então eu ouço um choro, olho para baixo para minha filha, mas ela dorme tranquilamente. Estranho. O choro volta novamente e eu acordo. Abro os olhos lentamente e o som enche meus ouvidos.

Em questões de segundos, o borrão se transforma em uma imagem nítida. Alex anda de um lado para o outro da caverna com um embrulho na mão. E eu espero realmente que essa seja minha filha. Ele possui um sorriso maravilhado no rosto e diz alguma coisa para o bebê que eu não consigo identificar. Sorrio com a cena. Sei que para ele tudo foi muito difícil, sei que não sou a pessoa mais fácil para se conviver, principalmente estando grávida, mas Alex não reclamou de nada em hora nenhuma. Fico feliz em saber que ele não está bravo comigo. Permaneço um tempo os admirando, até que sou notada.

—Bom dia dorminhoca.- Alex me saúda e vem em minha direção. Olho para ele e depois para minha filha, seguidas vezes. _Claro que você pode segura-la. É sua filha, não minha.- ele diz e tenha quase certeza que noto um tom diferente em sua voz. Ele começa a me passar a criança quando ouço seus berros novamente.

—Acho que ela está com fome.- ele diz.

 _Ela não é a única. Estou faminta. Ele me entrega minha filha e deixo que ela mame. Alex pega uma de nossos bancos de tocos de árvore improvisados e se senta do nosso lado. Ele simplesmente fica nos encarando e rindo da cena.

 _Cuidado para não babar.- eu aconselho e ele fica vermelho de timidez.

 _Me desculpa ... é só... eu não queria...- ele tenta se explicar mas eu o interrompo com minha risada.

—Não precisa se desculpar. Depois de um minuto de silêncio ele se pronuncia.

—Vou pegar algo pra você comer.- diz e me dá um beijo na testa para em seguida sair correndo para fora da caverna.

Então começo a reparar em como minha filha é linda. Os poucos fios de cabelos em sua cabeça ainda praticamente careca, são ruivos. Sua pele é branca e pálida e seus olhos são maravilhosos. Azul como o céu da manhã , assim como o meu. E vendo sua semelhança comigo eu não posso deixar de agradecer por ela não se parecer comigo. Desse jeito, as possibilidades de Maxon descobrir a verdade um dia, são mais difíceis do que se ela fosse loira ou algo do tipo. Me pergunto como Maxon ficaria ao saber disso, o que ele faria. A esperança de que ele algum dia volte para mim, ainda está aqui, praticamente esgotada, mas permanece. Tento pensar no melhor, mas a ideia de que Maxon me deixe sozinha para criar nossa filha, me amedronta mais do que poderia afirmar. Não consigo nem pensar em Clarkson nesse momento, mas ter a certeza de Amberly me ajudaria em qualquer ocasião me alivia. Independente do que acontecer, sei que ela estará ao meu lado e fará o máximo que puder para que a neta tenha a melhor infância. Acho que ela seria a mais feliz com a notícia.

Imagino minha família com o novo membro. Ela teria um amiga para crescer junto, Astra, assim ela não ficaria sozinha. Sei que a primeira coisa que minha mãe falaria pra mim, antes mesmo de dizer “Você está viva!”, vai ser uma bronca por ter ficado grávida e a criança não ter um pai. Meu pai me chamaria de gatinha as coisas vão parecer melhorar por um tempo. May vai gritar igual uma louca e Gerard não vai entender muita coisa do que está acontecendo. Eu sinto tanta saudades deles, mas existe essa vozinha dentro de mim que me diz que voltar para Illéa não é a melhor opção.

 Sou interrompida de meu planos por um Alex desajeitado que entra na caverna segundando um trambolho. Não consigo distinguir o que ele está trazendo, mas parece importante para ele andar com isso pela floresta inteira. Enquanto chega mais perto, vou percebendo que são várias coisas amontadas. Achei que ele fosse trazer comida.

 _O que é tudo isso?- Eu pergunto assutada e ele deixa as coisas caírem no chão, claramente aliviado do peso.

—Isso estava pesado.- ele reclama para si mesmo e eu continuo o encarando, esperando pela resposta. - É o berço da Anastacia, ela não pode ficar no chão. Nastia ainda é muito pequena. -ele responde como se fosse óbvio.

—Nastia?- pergunto sem a certeza de que ouvi direito.

—Eu posso ter dado um nome para ela. Eu não devia ter dado um nome para ela- ele diz envergonhado.

—Anastacia Singer. -sussurro para mim mesma. -Eu gosto do nome. -digo com um sorriso ele se assusta por não ter brigado com ele. Me viro para minha filha que continua de olhos abertos. -Oi Nastia, aqui é a mamãe.

Enquanto converso com Nastia, Alex se senta no chão e quebra a cabeça tentando fazer o berço. Não demorou muito para que ele ficasse pronto e para que pudéssemos coloca-la ali dentro. Perco a noção do tempo enquanto admiro minha filha.

 _Ela é linda- Alex quebra nosso silêncio. -Assim como a mãe.- ele diz e eu o encaro. Seu olhar é intenso e eu coro imediatamente. Eu achei que pudesse aguentar o dia inteiro, que toda a fadiga do dia anterior não me impediria, mas eu estava errada. Assim que me deitei para observar Nastia, percebi o quão cansada eu estava. Praticamente não conseguia me levantar.

 _Você devia tomar um banho antes de dormir. -Alex me incomoda. Eu resmungo e me levanto. Pego minhas coisas e começo a cambalear para fora da caverna.

—Onde você vai Alex? -pergunto assim que percebo que ele me segue. -Onde vai com a minha filha?

 _Tomar banho ué. -ele responde com graça. Assim que percebe que eu não rio também, ele ri mais. -Eu não vou tomar banho com você. -ele me assegura. -Só vou te levar lá. Cuidado extra nunca é demais.

A caminhada continuou em silêncio, tirando pelos sons que Anastacia fazia sempre que Alex a olhava. Eles se dão tão bem que é impressionante. Não deixo de sentir um pouco de ciúmes, afinal a filha é minha, mas sei que ele não faz isso por mal. 

—Assim que terminar me grita e eu venho te buscar. Ok? -ele me pergunta eu assinto com a cabeça. Eu não vou gritar por ele. E eu não gritei. Assim que terminei de me arrumar, entrei na floresta tentando me lembrar do caminho de volta. Mesmo depois de 8 meses fazendo esse caminho praticamente todos os dias, eu ainda não sei muito como voltar para a caverna. Não que eu vá falar isso pra Alex, porque ele com certeza não me deixaria sozinha nunca mais. Alex está sentado no chão com Nastia e assim que vê me andando pela praia, me lança um olhar bravo.

—Você devia ter me chamado! Você tem que descansar Ames, não se esforçar mais ainda! -ele reclama comigo e eu finjo que não escutei. Pego Nastia e me deito.

 _Vou fazer outra cama- ele diz. 

—Dorme logo Alex. Você também está cansado. -não sei se ele me ouviu, mas acredito que sim, já que em poucos segundos ele estava deitado ao meu lado.

A ilha se tornou outra mais rapidamente do que eu esperava. Com Nastia aqui, o lugar ficou mais divertido e alegre, como se ela tivesse nos dado o pingo de esperança que nos faltava.. Ela é nossa distração, o que nos faz esquecer os grandes problemas, faz o nosso tempo passar mais rápido. Quando percebi, um ano já tinha se passado.


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Notas finais do capítulo

Até a proxima



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