O sol estava alto no céu quando Amarilis pôs os pés na mansão de seu noivo. Atravessou o enorme salão, indo direto para o quarto. Sua surpresa não foi maior ao encontrar Adam sentado em sua cama. O olhar em seu rosto não era nada feliz. Ela tirou o capuz.

     —Imaginei que meu amor a mudaria, Amarilis. Como estava enganado!  

   —Posso explicar, Adam…  

   Então Adam tirou um revólver. Examinar a quantidade de balas, calmo. Amarilis não se moveu. Talvez por medo, talvez coragem, ela ergueu a cabeça e se manteve no lugar.

     —Aceito o destino que me impõe. Não me arrependo de nada.  

   —Mostra coragem, minha cara?      

—Não, não é coragem. Apenas falta de temor.  

   —Não pretende implorar por sua vida?    

Ela balançou a cabeça e engoliu em seco.

—Faria diferença?—Indagou.  

   Adam ficou de pé.    

—Talvez.—Disse.—Mas não quero fazê-la esperar. Há um lugar para você ir…    

  —Pois espero estar vestida de maneira adequada.    

  —Você sempre está adequada, querida.      

O tiro ecoou pela casa. Amarilis caiu, sua nudez agora manchada pelo sangue. Sua vida se esvaía e por algum motivo, ela sorriu. Quando seus olhos ficaram sem vida, ela ainda sorria.

 Alguns empregados correram na direção do som. De certa forma, sabiam o que era.

Adam depositou a arma na cama, em seguida, aproximou-se de Amarilis.      Ficou de pé e foi em direção à porta.

Nada lhe aconteceria, afinal, aquela era a maneira justa de se vingar de um amor traído. Ele parou, sem se atrever a olhar para ela.    

  —Cuidem de seu enterro. Não desejo ver ou ouvir seu nome outra vez.      

Então ele saiu. Os empregados começaram a fazer seu trabalho.                

*****      

No fim das contas, Cristhian estava certo. Ele jamais veria Amarilis outra vez.  

Agora, enquanto empacotava suas poucas coisas, sabia que jamais veria Praga novamente. Jamais voltaria aquela cidade.      

Seu novo destino? Ele pensava em Veneza. Mesmo com o coração partido, ele sorriu. Sempre se lembraria de Amarilis enquanto respirasse. E ele viveria para sempre. Ou seja, jamais a esqueceria.    

No entanto, se apenas sofresse, de que adiantaria a vida eterna, se ele nao vivesse? Cristhian ainda amava sua vida.