Floresta Negra escrita por Luh Costa


Capítulo 5
5. Luma - Lua Nova




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Quando Woozi me convocou eu pensei seriamente em não ir, mas por fim acabei indo meio emburrada mesmo e me surpreendi quando segui nosso laço e fui parar na sala da mãe da Emilly.

Durante nossa conversa acabei sendo pega por um medo terrível e a consciência de algo que eu nunca soube antes.

Quando eu disse à Emilly que não ia à Floresta por não ter nada pra fazer lá era verdade, mas eu tinha um instinto muito grande de que não deveria me aventurar por lá à noite. Já tive vários sonhos em que eu estava na escola e então seguia pra lá. Atravessava o portão, dava alguns passos e então olhava pro céu.

Era normal. Havia muitas estrelas no céu e nenhuma lua, mas o céu estava sempre limpo, o que mostrava que estava sempre em noite de lua nova. Porém, depois de olhar pra cima e ver - ou melhor - não ver a lua, eu ouvia uma voz sussurrar no meu ouvido: "Sai daqui... Volte... Não entre... É perigoso...". Isso quando eu não estava realmente lá. Já acordei, em frente à Floresta algumas vezes há uns meses atrás, nessas vezes a voz sussurrava: "Vá embora... Não é seguro ainda... Vá! Acorde!" e então eu abria os olhos e às vezes via Prestígio miando e se se esfregando mas minhas pernas pedindo carinho.

Enquanto eu afirmava as coisas pra mãe da Emilly parecia que eu realmente sabia o que eu estava dizendo, mas a verdade é que eu não sabia nada. Era tudo uma surpresa pra mim, mas não deixei transparecer, nem deu tempo. Só havia certezas, que eu desconhecia.

— Pra que vamos lá, afinal? - Emilly estava completamente sem paciência por não saber o que estava acontecendo. Eu também não sabia, mas deixei aquele lado meu que sabia de tudo explicar - pra nós duas.

— Tenho que saber quem são todas as pessoas que estão Marcadas e torcer pra que todas elas tenham sido Marcadas na lua cheia.

— Por quê? - Ela me questionou.

— Pra chance delas de se transformarem e não morrerem no processo ser maior. - Digo séria.

— Você quer dizer que...

— Sim. Hoje, nós nos tornaremos vampiras. Ou pelo menos Transformadas. - Ela me olhava como se esperasse que eu risse e dissesse que estava apenas brincando. Há! Quem me dera.

— Vou falar com o pessoal. - A mãe da Emilly disse repentinamente. - Woozi, aproveite e já chame o resto de sua turma. - Ele assentiu pra ela, esperei que saísse da sala, mas ele nem ao menos se moveu e segundos depois todos os meninos que sempre andavam com ele, o Wonwoo e o Jeonghan, apareceram. Foi como aconteceu comigo, imagino, será que eles também foram convocados? Será que eles também tem ligação entre si?

E assim começaram os preparativos.

Acabou que demos sorte e apenas duas garotas não tinham sido Marcadas em época de lua cheia. O que ao mesmo tempo não era bom, o correto deveria ser ninguém. Fiquei muito preocupada com isso, mas tentei ao máximo pensar positivo, ainda mais porque Letícia era uma delas. Maldito Hoshi! Nem pra marcar alguém na época certa ele presta!

À noite eu estava nervosa, tipo, muito nervosa. Eu não sabia o que ia acontecer dali pra frente. Se eu poderia voltar pra casa algum dia, como seriam os meus desejos, se Transformados tem o mesmo desejo por sangue que vampiros, se eu por acaso iria acabar consumando a minha união com o Woozi e acabaria ficando com ele apesar da minha mágoa... Isso se eu sobrevivesse, mas eu não poderia me dar ao luxo de não ir só pra continuar com as minhas certezas humanas.   

Ai, ai... Acho que até mesmo a Emilly percebeu que eu estou morrendo.

Emilly... Falando nela ela deve estar sofrendo, e muito. E eu aqui, pensando em mim. Tenho sido muito egoísta nos últimos dias, uma péssima amiga com certeza, mas o que posso fazer? Eu a pergunto como ela anda, o que está acontecendo com ela, ela logo me dá uma resposta - algumas bem vagas até - mas eu, em vez de insistir e deixar que ela se apoie em mim também, estou massacrando-a e por mais que eu peça desculpas isso não vai mudar o que estou fazendo. O que fiz

Eu prometi a mim mesma que vou dar um jeito de fazer com que ela se acalme e volte a se preocupar só com ela. Está mais que na hora dela ser egoísta. Vejo estampado na testa dela o quanto ela é infeliz por ter sido Marcada pelo Jeonghan, queria sinceramente poder mudar o que aconteceu, mas infelizmente não tenho tal poder. Só torço pra que um dia a vida a compense por tudo o que está vivendo e um dia consiga ser feliz. Ela merece.

...

Chegou o momento.

Nós éramos 9 garotas ao todo. Havia apenas 3 que não eram da sala, mas que eu já havia visto ou cumprimentado quando ainda estava de bem com o Woozi. Duas delas eram só do Vernon, aquele safado. Uma era a Jéssica e a outra era a Bruna, Jéssica é da minha sala, eu particularmente gosto mais da Bruna pelo o pouco que conheço delas. Jéssica é mais metidinha, mas o mais estranho era que as duas se tratavam como amigas perto dele. Compartilhavam como se estivesse tudo bem. Agora, longe dele... Vai saber, né?

Quando senti que era o momento eu respirei fundo e fui em direção à dentro da Floresta. As meninas me seguiram e eu soube que eu é quem liderava elas, odiei isso. Os meninos tentaram vir atrás da gente, mas eu os parei antes de terminarem o primeiro passo. Aquilo era algo que teríamos que fazer sozinhas.

Já no meio da Floresta Negra eu parei. Tínhamos seguido uma trilha púrpura que apenas eu conseguia enxergar, mas quando eu olhava pra trás não via nada. Seria um problema voltar. Eu sabia onde estávamos, mas não tinha a mínima ideia de como voltaríamos.

De repente a luz da lua nos atingiu, o que - se você parar pra pensar - é impossível!

Todas nós olhamos pra cima, a luz ia aumentando a intensidade mais e mais a cada minuto, fazendo com que colocássemos a mão na frente do rosto na tentativa de diminuir a dor que a luz causava. E então... Eu acordei.

 

Olhei pela janela e estava escuro. Teria sido tudo um sonho então?

Eu não me lembrava de ter juntado a minha cama com a da Emilly, Candy estava dormindo entre nós duas. 

Ainda meio atordoada resolvi ir ao banheiro, antes de chegar lá peguei meu celular e olhei as horas esperando ser de madrugada, mas passava apenas das oito e meia, hora do jantar. Eu não me sentia com fome, o que era bem estranho.

Acendi a luz do banheiro e me olhei no espelho. Eu estava perfeitamente normal. Só parecia... melhor. Assim como na manhã em que fomos à cachoeira, só que ainda melhor. Espera! Fomos mesmo à cachoeira?

Franzi o cenho e molhei o rosto tentando lembrar das coisas, mas não conseguia me lembrar de ter combinado de tirar um cochilo com a Emilly após as aulas ou sequer de juntar nossas camas como às vezes gostamos de fazer e acabarmos acordando esparramadas uma em cima da outra. Só consegui lembrar do sonho... Resolvi olhar a data e levei um susto, já era o dia seguinte ao dia que "fomos" à cachoeira.

Fui pro quarto e sacudi a Emilly até ela acordar, ela resmungou e me xingou bastante porque assim como eu, ela odeia quando é acordada por qualquer coisa.

— Que foi, praga? - Ela perguntou sonolenta.

— Emilly, o que estamos fazendo aqui?

— Você eu não sei, mas eu estava dormindo.

— Eu também estava dormindo.

— E por que me acordou então?

— Emilly, você não está entendendo! O que estamos fazendo aqui.

— O que quer... - Foi então que vi ela me entender. Ela saltou da cama e abriu a porta, olhou pelo corredor, vi por cima do ombro dela que o corredor era igual ao que era antes. Na verdade não sei o que estou dizendo. Não sei se estou na mesma escola ou se já estamos na nossa nova escola e aqui as paredes são exatamente iguais.

— Vamos... Vamos nos vestir e conferir as coisas por aí. - Sugeri, ela fechou a porta, olhou pra mim e assentiu pra logo em seguida pôr o uniforme, assim como eu estava fazendo.

No refeitório nós olhamos ao redor e vimos exatamente o de sempre, as mesmas pessoas, as mesmas paredes, os mesmo corredores. Tudo era igual.

De repente levamos o maior susto.

— Buh!

— Ai! - Eu e a Emilly nos viramos na direção da mãe dela que sorria pra gente, mas seu sorriso não parecia tão verdadeiro assim.

— Que susto, mãe!

— Shh!!! Já falei pra não me chamar assim!

— Então não me assusta, caramba!

— Ei. - Chamei sua atenção. - O que aconteceu? Porque acordamos nos nossos quartos?

— Vocês estavam demorando, ficaram lá por mais de 4 horas, então os meninos foram atrás de vocês e as levaram pros quartos. Quando chegamos lá todas estavam desacordadas.

— Quem trocou a gente?! - Emilly lembrou, alerta.

— Relaxem, fui eu mesma. Eu troquei vocês oito. Aliás, vocês foram as últimas a acordarem.

— Ah...  - Murmurei. - Espera! Oito?

— Sim.

— Nós éramos nove. - Disso eu me lembrava perfeitamente. A mãe dela suspirou e olhou pra parede atrás de nós, como se não quisesse nos encarar, ou não tivesse coragem.

— Infelizmente, uma de vocês não sobreviveu.

— Quem? - Nós duas perguntamos em uníssono.

— A...

— Não me diga que foi uma das que não foram Marcadas na lua cheia porque...

— Não! Não, não. Por incrível que pareça foi uma Marcada na cheia. - Franzi o cenho sem saber o que dizer.

— Quem foi? Fala! Pelo amor de Deus! - Emilly estava inquieta como nunca.

— Foi... a Bruna. - Levei a mão à boca de tão surpresa.

— Como... - Engoli em seco. - Como o Vernon está?

— Bem... Na medida do possível.

— Por que não estaria? Ele ainda tem a Jéssica. - Emilly lembrou, inocente.

— É que é muito ruim perder o laço assim, Emilly. Ela morreu, mas ele sente como se ele tivesse morrido também, não é? - A mãe dela assentiu.

— Sim. É bem doloroso. Uma das piores maneiras de se perder uma conexão.

— Ah... - A voz da Emilly vacilou por um momento.

— E como está a Jéssica? Sei que apesar do Vernon ter um laço com a Bruna isso não faz com que ela  tenha também, mas, como ela está?

— Bem. Melhor impossível. - Ela fez uma careta de desagrado.

— Por que essa cara, mã... diretora? - Ela fez sinal para que nos aproximássemos

— Não digam nada a ninguém, mas acho que ela ficou feliz pelo o que aconteceu.

— Que horror! - Emilly estava escandalizada por um segundo.

— Pois, é. E sabe a Carol?

— Carol, companheira do S. Coups? - Questionou Emilly.

— S. quem? - A mãe dela ficou perdida.

— O Seungcheol. - Esclareci.

— Atá... Sim.

— O que tem ela? - Ela nos encarou e ficou séria novamente.

— Quando encontramos vocês ela era única ainda transformação. Ela estava quase morrendo também, mas no fim ela sobreviveu. Foi realmente por muito pouco.

— Nossa. Iam ser duas mortes então. - Emilly comentou vagamente.

— Sim.

— E a reunião? - Lembrei de repente.

— Será mais tarde, às 11 da noite. Às 10 vocês vão jantar. Ah! Quero todo mundo já pronto e com as malas quando forem me encontrar na frente da minha sala. Depois que eu explicar tudo vocês vão direto pra nova escola de vocês.

— Ok, mas onde ela fica? A gente vai pegar um ônibus ou coisa do tipo? - Emilly fez exatamente a a pergunta que estava me rondando. Em vez de nos responder, a mãe dela apenas riu e negou não para nós, mas para a ideia.

— Vocês vão saber de tudo na reunião. Agora, vão se arrumar!

Nós fomos. Pouco antes de chegarmos ao nosso quarto acabamos vendo o Vernon no corredor, ele parecia realmente péssimo. Eu até pensei em ir lá pra talvez consolá-lo de verdade, coisa que eu duvidava que a Jéssica estava fazendo ao lado dele naquele momento, mas algo na minha cabeça disse: "Não. Ele precisa ficar sozinho. Ela será o bastante." Então eu obedeci. Dei o mesmo toque à Emilly que estava pensando em fazer o mesmo que eu e nós entramos no quarto.

Era estranho ter que partir tão de repente. Eu já tinha me apegado e a ideia de ter que partir só dali a um, no máximo dois se eu não tomasse alguma bomba, ainda estava fixa na minha mente. Começamos a arrumar nossas coisas, caladas, até que a Emilly resolveu quebrar o gelo.

— Então...

— Hum? Disse alguma coisa?

— Não. Eu ia

— Então fala!

— É bobo mas... Sente alguma coisa diferente? - Ah... Isso.  Eu também estava pensando nessas coisas.

— Sinceramente? A única diferença é que estou me sentindo melhor e... consigo meio que ouvir o sangue das pessoas circulando. Não sei ainda. Só tivemos contanto mesmo foi com a sua mãe.

— Sim, comigo é o mesmo. - Ela suspirou. - Acho que eu esperava algo... diferente.

— Sei. - Sorri pra ela sabendo perfeitamente o que era. - Uma sede do capeta por sangue, super poderes, talvez explodir no sol...

— Não!... Er... Mais ou menos.  - Admitiu por fim. - Menos o sol! Os meninos andam de tarde livremente e não ficam nem vermelhos direito.

— Isso é. Mas sabe... Não é ridículo imaginar isso. Talvez algo realmente mude. Só temos... minutos, horas, sei lá, da nossa "vida vampira". Talvez as coisas aconteçam com o tempo.

— E isso é bom?

— Não tenho a mínima ideia. - Digo sincera. - Mas espero conseguir ficar perto de humanos sem querer matá-los no segundo seguinte.

— Eu também. - Ela suspirou. - Por fora sempre me pareceu foda.

— Pra mim também. - Sorri. - Acho que parece pra maioria. Afinal, é como ter superpoderes mesmo. Se bem que não sabemos o que é verdade e o que é lenda... As pessoas desmentem um mito pra criar outro no lugar às vezes muito pior que a mentira anterior.

— Outra verdade.

— Miawnn...! - Candy surgiu em cima da minha mala ainda aberta.

— Claro que vou te levar, sua chata! Agora sai de cima das minhas roupas. - Pus ela em cima do meu travesseiro.

— Doida. Falando com ela como se pudesse entender. - Ela fez que não. -  Ficando lé-lé da cuca...

— Olha aqui! - Taquei um dos meus pares de tênis nela, infelizmente ela conseguiu desviar com muita facilidade e agilidade. Só não soube se era por ela, ou por causa da transformação. - Não me venha com essa não, tá! Acha que eu não te peguei milhares de vezes falando com ela?

— Ahn... - Ela olhou pra parede e em seguida apontou pra mesma. - Bonita, né? Ela sempre esteve ali? - Revirei os olhos mas nenhuma de nós duas conseguiu segurar o sorriso.

— Pra disfarçar você é uma ótima bailarina.

— Obrigada. - Fez mesura. - Mas você não me viu dançando de verdade ainda, querida. - Piscou pra mim.

— Aff!... Não sei como ainda te aguento. - Resmunguei.

— Você me ama!

— Mawu...? 

— Ih, caramba! Estamos mesmo começando a ficar atrasadas! - Emilly em vez de voltar a arrumar sua mala, parou e olhou pra mim fixamente. - Que foi?

— Luma. Você consegue entender realmente o que ela "fala" ou está só brincando? - Abri a boca pra responder, mas a fechei logo em seguida. Eu não tinha a resposta pra aquilo.

 

Jantamos normalmente, apesar deu não estar com fome ainda, me forcei a comer e até que estava bom. Vi a mesma falta de apetite na Emilly e no resto do pessoal, mas ninguém comentou nada. Dessa vez deixei que Woozi se sentasse ao meu lado pra ver se aquela minha teoria de me sentir mais unida a ele realmente aconteceria, mas nada aconteceu, felizmente. 

Se não fosse por algumas poucas mudanças, mesmo as mais sutis, eu nem diria que algo realmente aconteceu.

Já de malas prontas todos estávamos na porta da sala dela - até porque dentro não cabíamos. Alguns minutos depois ela nos levou até o portão e começou a falar.

— Aposto que vocês devem estar bem... ansiosos pra descobrir sobre a nova escola de vocês. - Pra falar a verdade eu não sei se ansiosa é a palavra certa, na verdade não sei de nada. Agradeceria se meus pensamentos me deixassem em paz um minuto pra eu entender pelo menos o que eu estou sentindo. Ao meu lado Emilly parecia sentir o mesmo que eu, ela transbordava tensão. Os meninos estavam numa boa, ou pelo menos demonstravam estar, apenas nós estávamos agitadas. - Devo dizer que isso acontece praticamente todos os anos e garanto à vocês que estarão seguras lá, até mais do que aqui. Lá vocês aprenderão a lidar consigo mesmos e terão todo o ensino médio normal.

— Onde fica esta escola afinal? - Jéssica perguntou o que todas nós queríamos saber.

— Bem aí. - Respondeu simplesmente.

— Aí aonde? - Foi então que ela apontou na direção da Floresta.

— Tem uma escola aí dentro? - Eu perguntei surpresa, ela apenas assentiu pra mim.

— Está me dizendo que vou ter que entrar no meio dessa Floresta nojenta de novo?

— Se quiser continuar viva ao lado do seu companheiro, sim. - Ela bufou e eu desejei mais do que nunca que Bruna não tivesse morrido, mas sim outra pessoa muito mais merecedora em seu lugar, mas depois me dei conta de que era um pensamento estúpido. Quem sou eu pra dizer quem deve ou não morrer?

— O que vai acontecer se alguém vir falar com a gente? Tipo, alguém da nossa família ou algo assim? - Letícia perguntou nervosa.

— Vocês não são prisioneiras. - Ela sorriu quase docemente pra nós, nem parecia que os meninos estavam ali. 

— Então podemos... sair? - Larissa, a companheira de Mingyu, perguntou.

— Claro.

— Sozinhas? - Sondou.

— ...Não recomendo. - Ela soltou a respiração, me pareceu levemente desanimada com isso. Por um momento a mãe da Emilly frangiu o cenho e fitou os garotos. - Quero... Meninas. Levantem a mão quem foi mordida e de alguma forma sabia e acabou deixando por livre e espontânea vontade ser Marcada ou que pelo menos agora está... feliz com isso. Sejam sinceras.

A pergunta pegou todos de surpresa, até aos meninos.

No começo apenas Letícia erguer a mão, depois foi seguida pela Larissa, Carol e Eduarda, a companheira do Seungkwan. Jéssica também ergueu a mão soltando um grande: "Fazer o que, né?" em meio a um suspiro forçado só pra chamar atenção e que me encheu de raiva de tanto que eu não gosto dessa garota. Tenho um hater tão grande por ela que, se ela respirar, já fico P da vida. Mas nem chega aos pés do que sinto com Emanuelye...

— Bem... Não posso dizer que isso é boa coisa pra vocês garotos. - Ela suspirou. - Andrea. - Ela chamou. - Sei qual é o motivo da Luma não estar feliz com isso, desconfio o da Emilly, mas e você? Por que não gosta de ser companheira do DK?

— É que... Bem eu... - Andrea olhou pro lado, na direção de DK e parecia receosa.

— Vamos. Pode dizer. DK não vai fazer nada com você, não é, DK?

— Sim.

— O motivo é que... Bem. Eu tenho... tinha um namorado. - Sussurrou encarando o chão.

— Como é? - DK olhava pra ela espantado.

— Eu...

— DR!!! - Jéssica gritou contidamente e praticamente deu pulinhos, ninguém deu atenção à ela.

— Por que não me contou? - Ele a questionou, parecia realmente surpreso pela revelação.

— Ah... É que você não me deixou dizer nada e-

— "E" nada! É logico que eu deixei! - Ele explodiu avançando na direção dela e ela deu um passo vacilante pra trás. - Garota, você tem noção do que fez? - Ele continuava avançando, e ela recuando. - Você... você... Argh!

— Calma, DK...! - A mãe da Emilly alertou e os garotos foram pro redor dele.

— Sua mentirosa! Todo esse tempo você estava fingindo que era feliz comigo, ou o quê?

— D, não é isso...

— É o que então? - Gritou, dessa vez sem avançar. Ela fitou novamente o chão e ficou em silêncio. Ele fez que não repetidas vezes com a cabeça, descrente. - Você não presta! - Dito isso ele saiu em direção à portaria, empurrou o portão como se não fosse nada - tanto que ele bateu fortemente na parede e grudou lá, quase caiu - e foi andando em direção à floresta.

— D, espera! - Ela demorou segundos pra perceber o que estava acontecendo e sair do choque antes de começar a ir atrás dele. - Eu posso explicar! - Os dois sumiram floresta adentro antes que pudéssemos notar.

— Wow... - Ouvi Wonwoo soltar baixinho. - Não seria melhor a gente ir atrás deles? Só pra garantir, sabe?

— Sim, vão. Todos vocês. - Os meninos que não tinham parceira alguma foram na frente enquanto que nós ficamos pra trás. Senti um arrepio de repente percorrer a minha perna e quando olhei pra baixo vi que era apenas a Candy.

— Oi pra você também. - Murmurei e a pus sobre os ombros.

— Miau.

— Um ga...? - A mãe dela começou a dizer. - Ah... - Por fim assentiu. Eu apenas dei de ombros.

— Essa é a Candy.

— Então aí está você, sua ladrazinha de biscoito...!

— Mwaw...?

— Candy! - A repreendi.

— Que foi? - Emilly pegunta pedida.

— Ela roubou uma caixa de biscoitos da sua mãe!

— Quê?! - Emilly começou a rir.

— Bem que eu tinha achado estranho achar aquela caixa embaixo da minha cama agora a pouco...

— Para de rir! Os biscoitos não eram seus! - Senti que a mãe dela ficou meio indignada.

— E você acha que ela já não roubou comida da gente? - Ela disse enquanto ria. Ela apenas revirou os olhos e balançou a cabeça pra nós.

— Andem, vão logo!

— Tchau. - Emilly disse sem sequer dar um abraço na própria mãe, nem nada. Apenas pegou sua bolsa e foi.

— Desnaturada! - Eu e a mãe dela dissemos ao mesmo tempo. Caímos na risada e demos até um High Five, o que foi estranho, mas a mãe dela era doida e eu gostava muito dela pra achar tão estranho assim. 

Os meninos e as meninas já estavam na nossa frente, apenas Woozi nos esperava na porta da floresta. Peguei a minha bolsa com as minhas coisas  e fui atrás da Emilly que estava quase chegando no Woozi. Quando a alcancei ouvimos a mãe dela gritar: "Se cuidem!"

— Da última vez que disse algo parecido me tornei uma vampira! - Emilly gritou de volta e parou.

— Relaxem. Dessa vez não tem nada demais! 

— Ah... - Dissemos e voltamos a andar, mas poucos passos depois eu juro que ouvi e me pareceu que a Emilly também um baixo: "Espero".

 

Nós andamos por não sei quanto tempo. A Floresta é realmente bem grande. Woozi tentou andar ao meu lado no começo mas o dispensei, acho que ele pensou que eu estava finalmente dando abertura a ele depois do que aconteceu no refeitório, estava totalmente enganado. Não sei de onde tirei claridade, mas estava até claro de certa forma. Candy ficou empoleirada no meu ombro metade do caminho e depois resolveu migrar pro ombro da Emilly.

Repentinamente ela começou a miar e miar, até que Emilly entendi que ela queria descer. Levou ela pros meus braços e deles mesmo ela pulou pro chão sem que ela precisasse parar e se abaixar, depois disso ela saiu saltitando floresta adentro em linha reta, como se soubesse exatamente para onde estava indo. Bem, eu esperava que sim.

Poucos minutos depois eu e a Emilly paramos, nos entreolhamos, e olhamos pra frente novamente. Automaticamente nos aproximamos uma da outra e demos os braços pra em seguida prosseguirmos pra escola à nossa frente que era praticamente a cópia da nossa antiga. Pelo menos a portaria.

Não tínhamos ideia do que encontraríamos, de como seria, ou o que nos esperava, mas uma coisa muito boa se acendeu dentro de mim e um sentimento muito bom me invadiu. 

O sentimento de finalmente estar em casa.


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