Floresta Negra escrita por Luh Costa


Capítulo 4
4. Emilly - Cachoeira




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É, esse sim foi um dia de surpresas. Nem diria que aconteceu se eu não estivesse lá, vivendo tudo. Principalmente as brigas da Luma com a Emanuelye.

Depois que ela disse aquilo sobre mexer com ela ou com os amigos ela simplesmente saiu da sala andando tranquilamente enquanto que a Emanuelye estava possessa tentando se livrar do Woozi, do Wonwoo e de um garoto que se não me engano se chama Jun. Eu fui embora também logo depois com medo de que ela resolvesse partir pra cima de mim no lugar da Luma e com a barriga dolorida porque eu ri e muito quando ela começou a "falar bem" da Emanuelye. 

O dia foi tão cheio pra nós duas que depois do jantar nós burlamos a regra de ir pra biblioteca e fomos dormir de uma vez. - Você tem que ficar na biblioteca por pelo menos 20 minutos todos os dias, tirando sábado e domingo. Se não for vai perde pontos no ano inteiro, e são pontos a ponto de reprovar. Parece louco, mas até que pode ser válida essa ideia, sem nada pra fazer a gente acaba pegando um livro nem que seja pra passar as folhas e quem sabe não acaba lendo uma coisa ou outra. Pode ser depois do almoço ou do jantar, mas nós nem sequer saímos do quarto hoje no intervalo, e não adianta passar 1 hora lá dentro porque ela não cobre os outros dias.

Quando abri os olhos ainda meio grogue pela manhã, levei um baita susto. Tinha alguma coisa pequena e peluda sobre o peito da Luma enquanto ela dormia. Mas não notei isso com calma. Assim que vi, pulei da cama e gritei. De alguma forma Luma acordou e ergueu o bicho no ar pela barriga de costas arqueadas e todo arisco antes que ele cravasse as unhas em seu peito com o susto.

— Puta que me pariu, Emilly! Ficou maluca?! - Ela logo se sentou e pôs o bichinho no colo, só então vi que era um gato ainda filhote. - Shh... Já passou. - Ela passou mão cuidadosamente nas costas do gatinho repetidas vezes. - Poxa, Emilly! Olha como você o bichinho. ...Shh... Caramba, e que susto você me deu! -Ela falava comigo e com o gato ao mesmo tempo.

— Desculpe! É que eu não vi direito. Quando olhei só vi uma bola de pelo no seu peito. Não vi que era um gato.

— Gata. - Olhei-a confusa. - Essa é a Candy. 

— Candy?

— É. Ano passado a mãe dela fez a mesma coisa comigo, acredita? Acordei com ela em cima do meu peito, só não gritei porque estava sem ar pra isso, a mãe dela era muito pesada, puta merda! Ela ficou aparecendo aqui depois daquele dia até que com certa frequência. - Ela sorriu, agora a gata estava mais calma e ronronava. - Era até meio estranho mas ela sempre estava aqui quando eu precisava dela, mas... - O sorriso dela morreu aos poucos me deixando confusa. - Ontem à noite eu acordei de madrugada e resolvi caminhar pela escola - não me pergunte porquê também não sei -, e enquanto eu caminhava eu... eu achei a mãe de Candy ela... eu até tinha notado que ela andava mais gordinha que o normal então a ideia dela ter filhotes não era tão maluca assim, mas quando eu a encontrei ela estava em trabalho de parto e estava miando muito alto de dor. Eu até tentei ajudar mas não sei porque ela estava com muita dificuldades de ter eles. - Só de olhar pra ela a ideia do que aconteceu passou pela minha cabeça. - A única coisa que eu consegui fazer foi salvar a Candy e mais um gatinho antes dela morrer.

— Ah...

— Mas ele também morreu pouco depois.

— Poxa, Luh... - Eu não sabia nem o que dizer direito.

— Eu sei... Pelo menos a Candy sobreviveu. E eu enterrei a Prestígio na Floresta não muito longe da portaria. Vou te falar, me deu uns arrepios de vez em quando... Eu fiquei ouvindo barulhos do meio da floresta mas consegui terminar de enterrar ela antes que a minha coragem fosse pro espaço.

— Que bom.

— Vem cá. - Me chamou segundos depois já sorrindo como se nem tivéssemos falado da morte da gata dela há pouco. - Mas vem com calma, ela gosta de morder. É leve, mas continua sendo uma mordida. - Candy miou no colo dela em resposta, o que nos fez rir porque eu juro que parecia que ela estava respondendo ao que a Luma disse e não acho que ela estava irritada com o comentário.

— Pode ter gato nessa escola? - Ela deu de ombros.

— Sei lá, mas não quero me desfazer dela. Ainda mais depois da Prestígio ter morrido.

— Ah... Espera! Prestígio?

— Yep!

— Você deu nome de bombom pra gata?!

— Dei. - Ela respondeu rindo. 

— Que mania é essa de dar nome de comida pros gatos?

— Primeiro que não é mania, segundo que não é só pra gatos e terceiro, para a sua informação, a Prestígio era marrom bem da cor de chocolate e a barriga dela era branquinha. O que de cara me lembrou um prestígio, só que aberto. - Essa menina é magrela de ruindade porque, pelo amor de Deus, ela só pensa em comida! - E a Candy é Candy porque ela é sucessora da Prestígio. A pesar de não parecer em nada com ela... - Nisso era. A Candy é rajada acinzentada, nada a ver.

— Tá, tipo... uma homenagem. - Concluí pra ela.

— Exatamente! Olha... até que você não é tão burra como eu pensei... Ei! - Bati com força no ombro dela. - Isso foi um elogio!

— Muito mal feito!

— Sorry! - Ela riu.

Ficamos conversando por mais alguns minutos - me surpreendi quando ela surgiu com uma caixinha de leite do nada! Ela de alguma forma conseguiu roubar do refeitório no meio da madrugada. Essa garota é ninja - e depois de arrumarmos o quarto pra Candy fomos tomar café pra aguentarmos as primeiras aulas.

O dia por inteiro hoje foi muito estranho. Toda vez que o Woozi parava na frente dela, mesmo sem querer, ela olhava pra outro lugar ou olhava como se estivesse vendo através dele. Quase fiquei com pena dele, porque ele me parecia realmente triste com o que estava acontecendo.

 

Mais de uma semana se passou. Emanuelye não ousou cruzar o nosso caminho, apenas nos olhava com ódio aparente, claramente dava pra ver as milhares de formas que ela imaginava que podíamos morrer acidentalmente ou pra valer mesmo. A nossa relação com a sala também estava péssima por causa deles, se bem que com a escola inteira, mas a Letícia veio conversar mais vezes com a gente. 

Luma e eu estávamos realmente sozinhas, só tínhamos uma a outra pra praticamente tudo, o que era extremamente isolador e tedioso. Eu não tinha nem muitas coisas diferentes pra pensar que não envolvessem a Luma. E, não me leve à mal, eu estava com saudades da minha amiga e tal, mas não precisava me prender tanto assim só com ela, sabe Vida?

O que mais me pegou também foi que coisas muito estranhas aconteciam quando simplesmente estávamos perto deles. Bem, pelo menos eu imaginava que a Luma sentisse também.

Um dia nós estávamos voltando do refeitório pro nosso quarto correndo e rindo como loucas porque vimos um gatinho filhote exatamente igual à Candy do lado de fora pela janela e ele miava pra gente. Então, pra confirmar, decidimos ir pro nosso quarto e saímos em disparada corredores afora.

Durante a corrida nós vimos o grupo dos meninos na nossa frente. Ia dar pra parar numa boa sem esbarrar em ninguém. Mas nãããããoooo... O Woozi e o Jeonghan tinham que parar bem na nossa frente e nos agarrar pelos braços.

— Opa! - Luma me puxou dali sem sequer olhar pra eles direito e a vi revirar os olhos em resposta ao Jeonghan antes de voltar a sair correndo e eu ir atrás dela, mas uma coisa eu senti. Uma sensação muito boa me invadiu e pareceu certo eu estar nos braços do Jeonghan, eu me senti revigorada e mais feliz e também vi que o sorriso que a Luma deu no quarto quando vimos que a Candy estava no mesmo lugar - até dormindo - foi o mais verdadeiro que ela deu desde aquele dia.

Ela não tentava disfarçar mentindo quando eu perguntava se ela estava triste e era óbvio que sentia falta do Woozi além da marcação. Ela continuava a minha amiga alegre e zoeira mas eu via aquele traço de tristeza que ela carregava. E às vezes eu mesma me via assim por causa do Jeonghan. Porém, as coisas estavam realmente sérias com ela. A ligação dela com o Woozi pode não ser forte, mas é longa e nesses últimos dias eu ando ficando muito preocupada. Ontem mesmo aconteceu uma coisa bem bizarra:

Nós estávamos na sala e eu estava olhando pra ela naquela hora, não sei por qual razão. Então eu só vi uma gota de sangue cair do nariz dela no caderno.

— Droga! - Praguejou baixinho. 

Nisso o Woozi surgiu do lado dela todo preocupado. Ela jogou a cabeça pra trás e pôs as costas da mão na frente e eu juro que eu vi que assim que o Woozi tocou nela, uma segunda gota que ia escapulir retrocedeu e não deixou nem marca de ter estado ali. Então como se ela soubesse que era seguro ela simplesmente desinclinou o rosto e destampou o rosto. Na mão dela não havia nem sinal de sangue, a única prova era a gota no caderno.

— Eu tô bem. - Eles trocaram um olhar rápido e então ele se foi.

...

— Tranca a porta do quarto! - Luma gritou pra mim já debaixo das cobertas, eu podia apostar que ela estava com a Candy do lado do rosto dela quase já dormindo. Era a coisa mais fofa as duas pela manhã, já tirei várias fotos das duas juntas.

— Tá! - Pus a escova na boca e escovei, depois disso eu voltei pro quarto e me distraí tanto com a visão da Luma com a Candy que nem sequer passou pela minha cabeça que existia uma porta no nosso quarto.

 

O que você faria se acordasse no meio da noite e visse dois vampiros no seu quarto? Bom, se tiver uma boa resposta me fala porque eu estou precisando dessa resposta, tipo, agora!

Mal abri os olhos me deparei com o Jeonghan inclinado sobre mim me beijando.

Eu tomei e susto e tentei afastar ele o mais rápido possível, mas ele era mais forte do que eu e tampou a minha boca, me impedindo de gritar.

— Shh!!! - Chiou colocando o dedo em frente aos lábios. Agora entendi porque ela sempre trancava a porta do quarto. Que burra que eu fui. Afinal, foi assim que ela acabou sendo Marcada pelo Woozi.

Acho que o pior disso era que a Luma tinha o sono pesado, barulhos ao redor dela que não tinham a ver com ela não a acordavam com facilidade e dependendo da pressão do toque ela nem sentiria.

— Vem comigo.

— Sa...! - Tentei gritar quando ele destampou a minha boca, mas ele a cobriu imediatamente.

— Shh!!! Cala a boca e vem. - Não sei porque o obedeci, pra falar a verdade aquele parte minha que tinha sido Marcada queria estar com ele.

— O que você quer? - Questionei-o do lado de fora cruzando os braços enquanto escorava na parede.

— Ajudar vocês.

Nos ajudar?! - Abri a boca incrédula. - A única coisa que você e o Woozi fizeram foram forçar a gente a virar seu banco de sangue.

— Você não é meu banco de sangue. - Ele disse calmamente, repetindo a expressão que eu ouvi da própria Luma em uma vez que estávamos desabafando sobre essa situação ridícula.

— Ah, não? Então porque me mordeu? - Ele deu de ombros antes de me responder.

— Porque ei gostei de você. 

— Gostar. - Ri sarcasticamente. - Você e o Woozi não sabem o que é gostar. - Disse amargamente e tentei voltar pro quarto pra expulsar o Woozi do nosso quarto e tirá-lo de cima dela, mas Jeonghan me pegou pelo pulso antes disso.

— Olha aqui garota, só viemos ajudar. - Disse rispidamente com o rosto bem perto do meu.

— Há! Ajudar como? Desde quando invadir nosso quarto de madrugada ajuda alguma coisa?

— Por acaso não percebeu o estado da sua amiga? Luma está fraca, e fica pior a cada dia por ficar longe do Woozi. Convença-a a voltar com Woozi antes que ela morra. - Dito isso ele me puxou pra junto de si a começou a beijar a minha nuca não me deixando concentrar de forma alguma.

— Não vou fazer isso de jeito nenhum! - Me afastei dele como pude. - E pare de me beijar. Acha que não sei que você está tentando fortalecer sua conexão comigo? Luma está assim porque eles estão a um longo tempo ligados e por isso ela está sofrendo, eu estou quase sem sentir nada porque quase não ficamos juntos. Ela me contou como funciona, Jeonghan. Nessa, eu não caio.

— Você está querendo morrer?

— Está me ameaçando? - Questionei arqueando as sobrancelhas.

— Não. Apenas avisando. Continue assim, longe de mim, e veja o que acontece.

— Ok. - Dei de ombros. - Vou pagar pra ver quem está certo. - Luma me contou que tinha grandes esperanças de que eu me livraria da conexão se ficasse longe dele. Já sobre ela...

— Pelo menos deixe o Woozi cuidar dela um pouco. Ela está muito mal.

— Desde quando se preocupa com ela? - Questionei e vi-o revirar os olhos.

— Só estou dizendo.

— Está bem. - Olhei pra dentro do quarto. - Por ela. 

— Isso fica só entre a gente se quiser. - Assenti. Não saberia nem imaginar o que ela faria comigo se soubesse, mas era um risco que eu correria se a minha amiga ficasse melhor. Antes mesmo que eu me virasse novamente na direção do quarto vi Woozi ir para o lado de Jeonghan.

— Obrigado. - Em vez de responder ao Woozi de qualquer forma, eu entrei, peguei a chave e tranquei a porta, mas fiquei nela em vez de ir direto pra cama, o que me fez ouvir sem querer o que o Woozi e o Jeonghan conversavam enquanto iam.

— Você a mordeu? - Jeonghan perguntou a ele.

— Não.

— Por que não? - Sua voz demonstrava uma grande surpresa. Ouvi um suspiro.

— Já fiz mal demais a ela.

Jeonghan respondeu a ele mas eles já estavam longe demais pra eu conseguir entender e senti uma coisa peluda passar nos meus calcanhares. Quase que pisoteei a coitada da Candy.

— Miiiiaaaa... - Ela fez pra mim inclinando a cabeça pro lado.

— Desculpe, Candy. Mas também, parece que você só quer me assustar!

— Miiaaaw...? - Ergui ela do chão e fui pra minha cama. Olhei pra Luma dormindo profundamente enquanto acariciava a Candy. Agora ela estava em outra posição, virada de frente pra mim com as mãos sobre o travesseiro. Acho que assim como o Jeonghan, Woozi só a beijou. Qualquer contato melhorava e muito pra ela.

Fiquei mais alguns minutos ali olhando-a até que senti o sono me pegando aos pouquinhos. Apaguei a luz e coloquei a Candy em cima de seu travesseiro entra suas mãos. Candy deu um grande bocejo e quando se aninhou se encolhendo todinha pra cochilar com a cabecinha sobre as mãos dela, o rabinho dela bateu no nariz da Luma, ela reagiu no mesmo momento franzindo o nariz e trouxe Candy pra mais perto.

Ri bem baixinho e me acomodei na minha própria cama. Era até irônico ela sentir a Candy, mas não sentir que alguém a beijava e tocava como o Woozi fez.

 

Logo pela manhã Luma estava animada e em pleno café da manhã minha mãe surgiu no refeitório.

— Atenção!... - Todos calaram a boca no mesmo instante. Eu ainda tinha que descobrir o que ela fez pra colocar tanto terror nessa escola. - Só quero avisar que hoje após o almoço haverá uma pequena mudança. Não haverá aula. - Ouvi sons de espanto vindo de todo mundo, inclusive de mim. - Em vez disso nós iremos à cachoeira! - O refeitório inteiro aplaudiu, gritou ou assobiou. - Quero ver todo mundo lá, prontos já ao meio dia e meia. Não quero atrasos, hein! Por enquanto é só. - E foi embora.

— Nossa, mal posso esperar! - Letícia estava tão empolgada quanto Luma ao meu lado.

— Eu também. Ainda mais num dia tão quente como este. Eu até me lembro de onde fica a trilha pela floresta que leva até ela.

No primeiro momento eu estava feliz, bem empolgada como as meninas até, mas então lembrei da marca no meu pulso. Os da Luma realmente poderiam se passar por uma picadinha de algum animal porque tinha se cicatrizado bastante, mas a minha, seria muito aparente. Principalmente aos olhos da minha mãe.

— Como assim? Ela fica na escola, é?

— Fica. Dá pra acreditar? Uma cachoeira na escola! - Letícia foi quem me respondeu porque a Luma ficou olhando pra mim de cenho franzido.

— Ei, Milles, o que foi? Não está animada?

— Estou. E só que... e a minha marca? - Vi o sorriso dela morrer pouco a pouco...

...

— Tira essa blusa de frio, menina!

— Não, mãe!!! Eu tô sentindo frio!

— Que mané frio que nada! Você tá até suando! Você tá é com vergonha, não é?

— Não!... Er... Talvez.

— Deixa disso, menina! Anda, tira logo isso antes que eu ponha fogo nela com você dentro. - Nessa me espantei. Não porque ela ameaçou botar fogo em mim, mas na blusa. Aquela era a minha blusa preferida. Foi ela mesma que me deu essa blusa escrita "YO" depois de uns meses como presente de aniversário super atrasado.

— Não! Tá doida?! - Ela me agarrou enquanto eu recuei vendo que ela estava avançando na minha direção disfarçadamente.

— Ah... Mas eu vou fazer você sair de debaixo dessa blusa! - Ela partiu pra cima de mim, eu tentei sair correndo mas ela me pegou antes que eu conseguisse reagir e já foi tirando a minha blusa pouco ligando pro pessoal da escola estar olhando pra gente.

Quando vi ela já erguia a blusa no ar com uma mão, vitoriosa, mas segurava o meu pulso com a outra, e era justamente o pulso que Jeonghan tinha mordido. Ela ainda sorria quando se virou pra mim e viu meu pulso. Foi a segunda vez que eu vi um sorriso morrer no dia.

— Você, e o Jeonghan. Na minha sala. Já! - Ela disse séria me fazendo engolir em seco. Como ela sabia que tinha sido ele?

Ela pegou a bolsa dela do chão e foi andando. Jeonghan surgiu ao meu lado e parecia meio preocupado, olhei pra Luma ao meu lado e ela me dispensou dizendo que cuidaria de tudo.

Já na sala da minha mãe nós dois estávamos mais tensos do que nunca.

— Muito bem... Faz muito tempo que isso aconteceu? - Assenti. - Quando foi isso?

— Na primeira semana. - Sussurrei.

— Quando exatamente? - Ela encarava Jeonghan e não parecia nada feliz.

— No quinto dia em que eu estava na escola. - Respondi já que ele parecia só uma massa de carne vazia ao meu lado. Será possível que até mesmo eles tenham medo dela?

— Hum... - Vi-a tirar as sandálias. - E quando exatamente vocês pretendiam me contar? - Ahm... Que tal, nunca? Mas é claro que eu não disse isso. Olhei pra ele na esperança dele falar alguma coisa, mas ele continuava a mesma massa de carne sem vida. - E então? - Continuei no meu silêncio e ele também, minha mãe contornou a mesa e ficou na frente dele. Então ela fez uma coisa que me chocou e me fez rir, e muito. - Hein? - Ela deu uma sandalhada nele. Uma não, várias. - Tá rindo por quê? - Ela parou de bater nele que estava todo encolhido olhando pra ela como se ela fosse perigosa e se virou pra mim com o chinelo na mão como se fosse uma arma e o aproximou do meu rosto.

— Nada! - Ergui as mãos em tom de rendição parando de rir na hora.

— Bom mesmo. E você...! Quantas vezes eu falei pra vocês se comportarem? Ahn?

— Tem mais uma coisa. - Resolvi contar de uma vez.

— O quê?

— A Luh também foi mordida.

—  A Lum... Por quem??? - Perguntou espantada. Woozi surgiu na sala com as mãos nas costas e sorriu de lado timidamente. - Woozi?!

— Oi. - Ela pareceu mais incrédula pelo o que aconteceu com a Luma do que comigo.

— Chame ela. - Ela pediu depois de alguns segundos. Parecia mesmo que ela estava processando o ocorrido. Eu esperei ele ir, mas ele nem se moveu. Minutos depois ela surgiu na porta.

— O que foi? - Ela olhava pra gente perdida.

— Luma, por que não me contou?

— Ah... isso...

— Ela não sabia. - Woozi falou. Ele pode ser o mais baixinho do grupo, mas super ganhou meu respeito por ter falado, coisa que o Jeonghan não ousou fazer.

— Luma, isso é verdade? - Ela assentiu com as bochechas rosadinhas. Ela não bateu no Woozi, mas parecia desapontada. - Bem... Acho que não terei escolha além de mandar vocês junto com eles.

— Espera, pra onde? - Fiquei completamente perdida.

— Vamos nos reunir hoje. Chegou a hora dos meninos irem pra escola deles.

— Escolas deles? - Dessa vez foi Luma quem perguntou.

— Sim, e vocês terão que ir também logo depois da reunião. - Ela suspirou.

— Não podemos! - Luma de repente estava exaltada.

— Luh, não é aconselhável que vocês se separem.

— Você não está entendendo! Não sobreviveremos se formos apenas Marcadas. A Floresta é muito perigosa!

— Luma... - Minha mãe mudou a expressão para brincalhona. - Você deve é estar delirando com aquelas histórias...

— Então como é que podem eles serem vampiros? - Rebateu firme e minha mãe pigarreou.  

— A... É... - Gaguejou.

— E... eu e a Emilly fomos Marcadas na lua cheia. - Minha mãe franziu o cenho.

— O que sabe sobre isso, Luma? - O tom de voz da minha voz mudou completamente.  

— O bastante pra não vagar pela floresta em lua nova.   

— Hoje é... Ah... Sim. Entendo.

— Do que vocês estão falando? - Questionei completamente perdida, os meninos olhavam pra elas da mesma maneira que eu.

  - Certo... Você sabe. - Ela deu finalmente o braço a torcer.

— Sei. - Assentiu parecendo um pouco aliviada.

— Então vou mudar a reunião.

— Por favor! Pra amanhã.

— Sim, é melhor.

— Será que dá pra alguém me explicar o que caralhos está acontecendo? - Gritei farta de todo aquele papinho.

— Nós vamos na Floresta no meio da noite. - Luma respondeu por fim olhando fixamente pra minha mãe. Elas trocaram um longo olhar cheio de segredos. - Hoje.

 


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