Where is my Mind? escrita por Rock and Perfect


Capítulo 4
The Land on the Water


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco. Pouco? Okay, muito. Porém, estou aqui! Quero agradecer as leitoras que apareceram nesse meio tempo, vocês são o motivo que eu voltei! Espero que gostem do capitulo!



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Strand abre a porta do quarto em qual ficaria, era no andar inferior ao lado da garagem. Todas as paredes eram de madeira e com uma iluminação laranja, uma cama de casal e um pequeno banheiro ao lado.

― Meus amigos ganham coisas, Lyanna. ― Ele fala antes de fechar a porta do quarto a deixando sozinha.

Havia uma grande janela na lateral do quarto, onde por ela só era possível ver a escuridão. Impossível de separar a agua negra do céu estralo. Quanto mais para direita, mas o céu ficava laranja graças ao bombardeio.

Tudo que Lynn desejava era que alguma bomba atingisse sua casa, destruísse tudo lá. Seu quarto, suas fotos. Tudo que dissesse que já esteve lá. Apagar seu passado e finalmente dessa paz a sua mãe.

Ela joga sua mochila no armário e deita na cama. Fazia tanto tempo que não dormia numa cama tão fofa, passou dias deitada no chão da prisão que aquilo parecia o céu. Num momento Lynn jazia encarando o teto, finalmente com sua mente vazia e no outro estava dormindo.

Lynn estava no barco, tão escuro e vazio como jamais esteve. Ao respirar fumaça de sua boca, seu corpo tremia de frio. Nenhuma luz acendia, apenas um clarão que via da agua. Não havia nenhum som sem ser sua respiração.

Cada passo a luz piscava, um clarão azul no meio de todo preto. Sua mão não tinha cor, nenhum objeto, nada.

― Você vai matar todos, Lyanna ― Uma voz ecoava pelo iate. ― Você sempre destrói tudo, Lyanna ― E continuava, como se estivesse em todos os lugares. Lyanna cruzava a sala indo para o pátio, indo em direção da luz que a chamava― Você vai morrer sozinha, e sabe o porquê? Porque vai acabar matando todos eles.

Desce as escadas, indo para o pátio inferior. Parecia ter holofotes azuis dentro da agua, Lynn não conseguia se controlar. Ela senta ao pé da agua e finalmente consegue ver donde vinha.

Nick. Nick estava no fundo da agua, flutuando entre a claridade. Sem pensar, Lynn apenas mergulha em sua direção. Seus olhos estavam fechados e parecia estar dormindo dentro d’agua com uma aparência pacifica.

Sua mão estava quase o tocando, quase o puxando para a superfície. E ele abre os olhos.

― Melhor matá-la antes que nos destrua.

Lynn acorda com gritos vindo de fora do iate e de sua cabeça. Distinguir o que era sonho e realidade sempre custou muito. Então, respirava fundo e parava de pensar. Seu coração acalmava, sua respiração voltava ao normal. Finalmente podia abrir seus olhos.

Porém, os gritos continuavam.

Lyanna sai do seu quarto e sobe as escadas que dava para a sala. Ophelia jazia deitada no sofá, sem se preocupar com os gritos que vinham. Ela corre até a janela, um barco inflável jazia um pouco longe deles, lotado de pessoas gritando por ajuda.

Strand nunca os deixaria entrar, sabia disso.

Ophelia continuava sentada, a observando. Lynn precisava se apresentar, ser sociável e não uma pessoa estranha com quem eles dividiam o espaço.

― Lynn ― Ela diz subitamente se virando para a Ophelia a assustando ― Diminutivo para Lyanna.

― Ophelia. ― Sua resposta com um sorriso para a maior tentativa de socialização com estranhos que já tinha feito.

Sem saber o que fazer, Lynn apenas desce para o pátio inferior, onde o pai de Ophelia e Nick observavam o barco inflável. Ela tenta fazer a mesma coisa com o pai da moça, recebe a mesma resposta, mas dessa vez sem sorriso e partindo logo depois.

Nick estava sentado com seus pés na agua sem camisa, com qual cobria sua cabeça. Ela senta ao seu lado e suspira.

― Eles acabaram de perder alguém, Lynn ― Ele responde quando ouve o suspiro ― Vai demorar para serem legais. E Daniel não costuma confiar em desconhecidos tão facilmente.

― Tudo bem, posso conviver com isso ― O sol vinha com tudo em seus olhos, borrando um pouco sua visão. ― O que faz com sua barriga nua e sua cabeça coberta?

― Apenas vivendo a vida loucamente. ― Seu rosto continuava a encarar as bolhas brancas que formavam com o barco em movimento.

― Então colocar sua blusa na cabeça faz você ser um rebelde? Bom saber...

― Ainda mais se for uma mulher. ― Sua cabeça se levanta em direção dos sobreviventes, não paravam nenhum segundo de pedir ajuda.

― Strand não vai ajuda-los.

― Como sabe disso?

― Ele já tem mais do que precisa. Se eles tivessem alguma utilidade tenho certeza que pararia o iate, mas não tem. ― Lynn molhava sua mão nas bolhas, uma agua morna graças ao sol.

― Isso é doentio.

― Isso vai salvar nossas vidas. ―Lynn retira seus pés da agua e senta com suas pernas cruzadas, sem se importar se estaria ou não molhando sua calça jeans.

― Você concorda com ele? ― Nick não parecia entender, estava indignado.

― Não sabemos se eles estão infectados. E são muitos, não teríamos suprimentos suficientes. Um pouco, pode ser, mas todos? ― Ele não estava olhando para Lynn e isso a irritava ― Oque, Nick?

― Eles precisam de ajuda, Lynn.

― Ajuda que não podemos dar.

Lynn estava sentada, ou deitada, no sofá lendo um livro que havia achado na gaveta de sua cama quando Alicia senta ao seu lado. Sabia que tinha que falar algo, conhece-la, ia passar um bom tempo presa no barco com essas pessoas.

― Lyanna ― Ela diz se levantando e jogando o livro para baixo do sofá para estender sua mão.

― Alicia ― A garota com cabelo castanho claro comprido responde a cumprimentando. ― Lendo oque?

― Senhor das moscas. ― Lynn fala pegando-o novamente para ler o título.

― Ah, tive que ler esse para a escola. ― Alicia o pega da mão dela e o folheia sem muito interesse ― É legal, te deixa bem intrigada.

― Apenas quero algo que me ajude a passar o tempo, vamos ficar aqui por um bom tempo ― Lynn se senta cruzando as pernas, o vento entrava pela janela que dava para o vasto oceano.

― Melhor de onde estávamos ― Alicia suspira e se levanta caminhando para fora da sala ― Preciso fazer algo que Travis pediu, até mais tarde.

E assim ela se vai e Lynn fica sozinha na sala.

Todos se reúnem para o enterro da moça, mãe de Chris e ex-esposa da Travis, namorado de Maddison, mãe de Nick e Alicia. Sim, estava aprendendo tudo dessa complicada família. Não tão complicada quanto a sua, ou igualmente complicada.

Lyanna estava no topo da escada, não se sentia próxima o suficiente para estar ao lado deles, mas também não queria agir como Strand que nem sequer estava lá.

Travis começa a dizer algumas palavras, todos se emocionam com seu discurso, ele não chega a chorar, porém dava para sentir o quanto estava abalado. Entretanto, quando Chris chega para o que se esperava ser sua despedida, ele apenas joga o corpo de sua mãe para o fundo do oceano e sai do local num piscar de olhos sendo seguido pelo seu pai.

Todos com o tempo também saem do local e Nick sobe as escadas até ela, que já estava sentada no topo da mesma observando o oceano.

― Pensando sobre o motivo da vida e seus mistérios? ― Nick pergunta ao se sentar no degrau abaixo do céu.

― Pensando sobre merda nenhuma e tudo ao mesmo tempo ― Ela responde ainda encarando o oceano ― Seria isso possível?

― Bom, os mortos estão andando novamente. Acho que agora tudo é possível.

― Então podemos quebrar o ciclo ― Lynn suspira agora encostando sua cabeça no corrimão.

― Qual ciclo?

― Na minha teoria seriamos os primeiros a morrer, os tolos que não sabiam o que tinha acontecido e morre do pior jeito possível. ― Ele se encosta no corrimão, podendo ver a feição de Lynn ― Não quero ser a primeira morrer. Quero ver tudo, do começo ao fim e poder mudar.

― Fazemos nossa própria história, Lynn. Isso não é apenas um filme de terror. Isso é real, é a nossa vida e está acabando a cada minuto.

Lynn estava na sala novamente lendo seu livro quando Alicia entra dizendo para Travis sobre uma família que precisava de ajuda. Ela guarda seu livro bem a tempo de quando Strand entra. Não ia dar certo, Strand não mostrava compaixão com os outros que não tinha função para ele.

―Isto não é um jogo! ― Ele começa a gritar assim que ouve que Alicia estava conversando pelo rádio ― São regras da máfia na terra. Acha que é melhor aqui?

― Calma ― Travis tenta dizer, mas Strand já estava fora de controle.

― Oque você vai fazer, Travis? Sente-se forte? ― Travis se levanta, mas ele não se intimida ― Por favor...deixe-me explicar a regra deste barco. A primeira regra é este é o meu barco. A segunda regra é que este barco é meu. E se não fui claro o bastante ainda temos a terceira regra para ajudar, este barco é MEU! Se não fosse por mim, todos vocês estariam queimando na praia. De nada.

Lynn sobe as escadas que dá acesso a cabine do piloto, onde Strand jazia observando o oceano bem à frente do volante. Ela senta no sofá e apenas fica quieta lá por um tempo o observando.  

― Tenho uma missão para você hoje, Lyanna ― Strand diz se voltando para ela, ficando contra a grande janela.

― E qual seria essa missão, Victor? ― Lynn se ajeita na cadeira cruzando suas pernas.

― Vou parar o barco perto da costa, você irá nadar até lá e pegar o pacote que combinamos ― Ele se aproxima com um mapa, nele tinha uma marca onde teria que ir ― Não é tão longe da praia e nem tão perto do centro, deve estar livre das coisas.

― Preciso de algo para me defender até lá, Strand ― Lynn fala percebendo que não seria tão fácil.

― Pegamos alguma faca na cozinha, na cidade você pode passar nessa loja. ― Ele aponta para uma rua ao lado de onde deveria ir ― O dono sempre mantia uma espingarda debaixo do balcão.

Passos, alguém estava subindo as escadas. Lynn faz um sinal e Strand volta a se apoiar no volante. O cabelo castanho de Nick surge na escada e ele se apoia no fim dela, permanecendo lá.

― Alicia só estava querendo ajudar ― Ele diz observando Strand que estava de costas para os dois.

― Estava querendo ajudar quem não nos importa. ― As palavras saiam da boca de Strand como se ele nem pensasse nelas ― Cometeu um erro irreparável. Todos aqui precisam ajudar, ou, pelo menos, não comprometer.

― Então, como eu ajudo? O que estou fazendo aqui? ― Nick então sobe o resto das escadas e Strand acelera o barco.

― Você quer dizer nesse barco ou existencialmente?

― Os dois ― Ele responde sentando ao lado de Lynn que apenas observava a conversa dos dois.

― Quantas vezes você deveria ter morrido? ― Strand fala sentado do outro lado do sofá, deixando-a no meio dos dois.

― Eu não sei, todas as vezes que eu usei?

― Teve medo? ― Nick não soube responder ― Isso é coragem. Isso é foco.

― Isso é só ser um viciado. Não é algo que se coloca no currículo.

― Mas com que a coragem se parece nesse mundo? Isso é valor, Nicholas--

― Não me chame assim ― Nick o interrompe.

― Seu pai te deu esse nome.

― Sim, ele me chamava assim.

Strand ri e se levanta, indo para o volante. Lynn estava encolhida no canto, observando o oceano novamente, com sua cabeça em outro local. Nick estava aqui porque tinha a coragem, Lynn estava aqui porque é forte. Ambos estavam no barco apenas para serem usados por Strand.

Entretanto, ela não se importava. Sempre fora usada na sua vida, mas dessa vez ganharia algo bom de volta.

Sua vida.

A noite chega e com ela Strand surge na porta de seu quarto depois de duas horas após todos terem ido dormir. Ele trazia uma bolsa de plástico com uma faca de açougueiro e um mapa. Ele fecha a porta e entrega a mochila.

― Coloque sua roupa aqui dentro ― Strand diz sem ela entender nada ― Ira nua até a praia se não quiser morrer de hipotermia.

Ela bufa e começa a tirar seu casaco, porém logo para.

― Se importa?

― Querida, podemos dizer que não é meu gosto.

Lyanna então retira todas suas roupas e a coloca na bolsa de plástico enquanto Strand abria a janela de seu quarto. Era possível ver o contorno da costa através da neblina que a cobria. Lynn senta numa espécie de parapeito e espera as ordens de Victor.

― Irei esperar por você até o amanhecer, depois disso a considerarei morta ― Strand avisa entregando a mochila.

― Bom saber... ― Lynn comenta descendo delicadamente do barco e atingindo a agua morna.

Ela observa Strand saindo da janela e começa a nadar em direção da costa.

Seria uma longa noite.


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