Aokigahara escrita por Yennefer de V


Capítulo 1
Expedição Sinistro


Notas iniciais do capítulo

HEYYYY. Temos Molly/Lorcan aqui. Rosa e Escórpio que eu AMEI escrever. E um pouco mais de visibilidade pro Ted e pra Vic.
Essa fanfic tá um pouco mais tenebrosa e adulta!

BORA LÁ ;D



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Japão, ilha de Honshu (floresta Aokigahara)

 

Clifton

Estava tão frio. Era verdade que tinha caído pouca neve exatamente como as previsões que Escórpio consultou. Mesmo assim, a junção dos topos das arvores, tão coladas umas às outras que pareciam conectadas, impediram o chão de terra de ser coberto pelo manto branco dos flocos. Clifton conseguia ouvir o silencio. Era uma sensação de torpor arrepiante. Ele estava sentado contra um tronco particularmente grande, ouvindo seu coração tamborilar, sua respiração arfante e o silencio.  

Ao seu redor havia troncos mais finos de arvores que cresciam tão alto que pareciam querer alcançar o céu. Havia arbustos e mata verde por todos os lados. Não havia sinal de flores. À sua frente estava uma clareira aberta naturalmente, com vestígios do acampamento com os colegas Inomináveis.

Todos mortos. Oliver simplesmente parou de respirar. Acharam o corpo no dia seguinte. Foi como se tivesse recebido uma Maldição da Morte. Jack foi arrastado para dentro da floresta por mãos invisíveis. Zac desapareceu na primeira noite enquanto todos dormiam. Escórpio e Clifton tentaram encontrar o caminho de volta para fora de Aokigahara em vão. Clifton perdeu o amigo durante a noite. Perdeu a varinha também. Fez o caminho de volta ao acampamento.

Estava tão frio.

Ele viu os resquícios da fogueira que eles fizeram. Um amontoado de pedras juntas com galhos dentro na clareira, um espaço aberto, com duas barracas armadas. Uma delas estava rasgada, partida ao meio e pisada.

Clifton observou entre as arvores. A única iluminação eram as luzes vermelhas que ficavam se movendo, seguradas por aquelas formas nebulosas que pareciam criaturinhas feitas de vento. Elas andavam devagar. Eram tantas...

E os fantasmas. Os fantasmas passavam por ele sem percebê-lo. Clifton perguntou-se se algum deles era Oliver, Jack, Zac ou Escórpio.

Estava tão frio. Ele estava tremendo. Não sentia mais o corpo.

Lembrou da filha Grace. Ela ia para Hogwarts em setembro. Clifton se lembrou de pensar que ficaria desapontado se ela não fosse para Corvinal, era tão inteligente... Agora Grace ficaria sem seu orgulho ou sua decepção.

Oliver, Jack, Zac e Escórpio teriam tido medo da Morte? Eles, os Inomináveis do Departamento de Mistérios, que pesquisavam a Morte... Eles teriam prosseguido?

Ou estavam atrás do Véu agora?

Clifton percebeu que no fim não fazia diferença tudo que ele sabia sobre a Morte. Ela iria levá-lo de qualquer jeito... E era definitiva. Ia arrancar a existência dele da vida de Grace, da vida da esposa, do emprego do Ministério, do tempo histórico no mundo, do convívio dos conhecidos de forma abrupta.  

Ele seria apagado...

A única coisa que Clifton não sabia sobre a Morte e soube só no final foi o medo que ela trazia quando estava próxima.

A Morte apavorava.

O manto negro deslizou até ele no chão, com uma espessura fina e pegajosa, iluminado por aquelas luzes vermelhas e começou a cobrir seu corpo. Primeiro suas pernas, depois sua barriga, seu peito, seus braços e sua boca. Clifton estava paralisado de medo. Seus olhos estavam arregalados em terror.

O manto cobriu seus olhos e ele não viu nem sentiu mais nada além de medo.

 [...]

Inglaterra, Londres

 

Rosa

Rosa Weasley sentiu um estranhamento em sua manhã. Ela trancou a porta do apartamento para o qual se mudara recentemente. O apartamento era de frente para o da prima Roxanne, do marido dela Henry, de Molly e do seu namorado Lorcan, além da filha de um ano dos dois, Pandora.

Ao contrário do apartamento deles o de Rosa era tão pequeno que nem possuía uma sala com lareira. Por isso, ela mantinha uma chave extra só para usar a lareira das primas.

Porém, antes de ir para o Ministério da Magia, Rosa gostava de andar um quarteirão até a cafeteria trouxa Starbucks e pegar a fila imensa pelo seu capuccino quente. Ela estranhou a ausência do namorado Escórpio a esperando na portaria. Escórpio havia viajado a trabalho, isso não era nada incomum. Só que fazia uma semana e ele não mandou nenhuma coruja. Além disso, Rosa sabia que ele já teria voltado depois de uma semana.

Sentindo um mau pressentimento, pegou a fila da Starbucks e aproveitou para tirar O Profeta Diário da bolsa. Passou os olhos pelas manchetes. Novamente uma notícia estranha. Mais um prisioneiro fugitivo de Azkaban. O segundo em menos de seis meses. O jornal culpava a nomeação do Ministro da Magia interino Cole Coward e sua incapacidade de ser firme. Coward estava no poder desde que Quim Shacklebolt, quase atingindo seus setenta anos, foi “convidado a se aposentar”.

A primeira medida de Coward ao assumir o Ministério foi fazer uma mudança de guardas em Azkaban e na prisão de Nurmengard também. Isso causou um atrito muito grande entre o Chefe dos Aurores Harry Potter e Cole Coward. Ted Lupin ficou ao lado do padrinho, além da maioria dos aurores. Azkaban não utilizava dementadores há muito tempo. Eram feitiços de proteção e aurores, como em Nurmengard. Coward fez questão de mudar toda a segurança e colocar desconhecidos estrangeiros para vigiar os prisioneiros. 

Rosa franziu os olhos, tentando ler a letras miúdas daquela matéria, quando um trouxa reclamou pela demora dela fazer o pedido.

— Estou atrasado. – resmungou o trouxa engravatado.

Rosa pediu desculpas e solicitou seu capuccino. Com o copo fumegando na mão, enfiou o jornal de qualquer jeito na bolsa e voltou ao apartamento. Em vez de entrar no seu àquela vez, enfiou a chave extra no apartamento de Molly e Roxanne.

Estava vazio.

Não estranhou a ausência de Molly, Roxanne e Pandora. As suas primas eram medibruxas e saiam cedo, levando Pandora com elas para ficar na creche do St. Mungus. Henry era personal trainer e também saia cedo, fosse para atender alguma cliente rica ou para treinar sozinho. Só Lorcan que às vezes esperava Rosa para irem ao Ministério juntos. Eles tinham o mesmo cargo (de guardiões na Cúpula dos Guardiões), apenas tarefas diferentes.

A Cúpula dos Guardiões era uma tentativa do governo britânico bruxo debater as questões políticas não apenas entre os bruxos, como se fossem superiores. A premissa era uma melhor coexistência entre os seres mágicos racionais. Rosa era a guardiã bruxa da Cúpula enquanto Lorcan era o guardião lobisomen. Também havia uma sereiana, um duende, um centauro e uma veela.

Rosa andou pelo apartamento vazio, pisando em alguns brinquedos jogados no chão, quando chegou à sala. Pegou um pouco de pó de flu estocado ao lado da lareira e sumiu pelas chamas verdes.

[...]

Rosa foi arrastada pela multidão de funcionários do Ministério da Magia do saguão das lareiras até as portas dos elevadores, passando pela enorme fonte. Ela verificou o horário em seu relógio de pulso e amassou levemente o copo descartável de café já vazio na mão. Por ser fevereiro estava frio. Rosa estava toda agasalhada.

Um dos elevadores abriu a porta, mas Rosa percebeu que não ia conseguir entrar. Havia muita gente na sua frente. Ela deu alguns passos educados para o lado, não se inquietando com a pressa dos colegas. Foi quando percebeu a careca de Lorcan vindo na contramão, saindo do elevador, recebendo muitos resmungos e olhares feios por empurrar os funcionários que entravam.

Lorcan era uma figura forte, de cabelos raspados, que insistia em se vestir informalmente (estava com uma jaqueta de couro e calça jeans, mas com uma cacharrel por baixo). Seus braços eram cobertos por cicatrizes fundas e tinha os olhos castanhos. Ele empurrou sem educação a multidão que tentava entrar no elevador.

— Rosa! – chamou apressado. – Rosa!

Rosa, que já estava observando o caos provocado por ele, prestou atenção ao seu olhar. Ele parecia tenso.

Finalmente conseguiu chegar ao lado dela dando algumas tragadas de ar.

— Lobisomem selvagem. – resmungou um funcionário ao lado deles depois de observar Lorcan sair do elevador daquele jeito.

Lorcan o ignorou, mas deu um olhar tão frio ao homem que ele se encolheu e saiu de perto, segurando a maleta surrada próxima ao peito.

— O que aconteceu? – perguntou Rosa sem rodeios.

— Malfoy. – respondeu Lorcan. – Ted Lupin convocou uma reunião de emergência conosco.

Rosa sentiu seu corpo fraquejar.

[...]

 

Ted

Ted Lupin esperava inquietamente a chegada de Lorcan com Rosa. Ele estava no nível um do Ministério da Magia, numa sala com uma grande mesa circular e várias cadeiras em torno dela claramente dispostas para uma reunião. Em cima da mesa havia um projetor e um telão ao lado da porta.

Ted estava de pé na frente do telão, olhando para Molly Weasley, que deitou os braços na mesa e tirou um cochilo, já que não obteve informações prévias do que se tratava aquele chamado do Ministério.

Rosa entrou pela porta com Lorcan em seus calcanhares. O olhar dela era de pavor.

— O que aconteceu?

Lorcan foi se sentar ao lado de Molly, acordando-a com leves toques.

— Por favor sente. – pediu Ted. – Vou explicar tudo.

Rosa olhou para Molly e ficou confusa com a presença dela no Ministério. Molly era medibruxa. Era atendente em Danos Causados por Feitiços no St. Mungus. Não fazia sentido.

Lorcan puxou uma cadeira para Rosa sentar-se ao outro lado dele. Rosa não conseguiu encontrar seus bons modos para desejar bom dia à prima. Estava nervosa e confusa.

— Ted. Me diz o que aconteceu com o Escórpio. – pediu Rosa já sentada. Ela pousou o copo de plástico na grande mesa circular.

Molly parecia desperta.

— Escórpio? O que isso tem a ver com o Escórpio? – perguntou Molly, balançando o copo de Rosa, verificando se ainda tinha café lá. Largou-o de lado, decepcionada.

Escórpio tinha sido interno de Molly por uns seis meses no St. Mungus depois da morte de sua mãe. Os dois ganharam a simpatia um do outro no período, apesar de Molly ser uma chefe exigente.

Ted tinha um rosto apreensivo tentando aparentar calma.

— Ele desapareceu. – Ted decidiu pela resposta mais direta. Não tinham tempo para enrolação.

Lorcan aparentemente já sabia. Sua expressão não se alterou. Ele pegou a mão de Rosa, que se sentiu fraca, para dar apoio a ela. Molly, no entanto, inquiriu Ted com o olhar, como se aquelas palavras não fossem o suficiente.

— Conte-nos tudo, Ted.

Ted balançou a cabeça, concordando. Com um aceno de varinha diminuiu a luz na sala. Ele foi até a outra ponta da mesa e ligou o projetor. No telão apareceu a imagem de uma floresta. O chão era tomado por terra marrom, vegetação e raízes de arvores. Era tudo muito verde e amarronzado. Parecia ser manhã ou tarde pela iluminação. A foto não se mexia.

— Esta é a floresta de Aokigahara, também conhecida como Mar de Árvores, no Japão. Vocês devem ter conhecimento que Escórpio Malfoy é um Inominável. O fenômeno que ele estuda na Sala de Mistérios é a Morte.

Rosa já sabia. Lorcan também. Molly não, mas não desgrudou os olhos de Ted.

— Malfoy foi para Aokigahara com uma equipe de Inomináveis porque o numero de suicídios trouxas é enorme por lá.

Molly abriu a boca para argumentar algo, mas Ted a interrompeu.

— Nos últimos meses bruxos e abortos têm morrido lá também. Não apenas por meio do suicídio. Os trouxas se matam pelos motivos deles... Principalmente os japoneses. A maior incidência é pela falta de lucro em suas empresas. Mas esse não é o ponto.

Ted fez um movimento suave com a varinha e a foto mudou. Agora era noite na floresta e havia pelo menos cinco figuras peroladas, claramente flutuando do solo e incontestavelmente de aspecto humano. Elas pareciam voar sem rumo, fazendo movimentos leves no ar, enquanto as arvores atrás ficavam paradas. Os fantasmas pareciam desorientados pela movimentação na foto.

— Fantasmas. – sussurrou Rosa.

— A expedição de Malfoy nos enviou esse material. Aokigahara virou palco da morte de bruxos e abortos.

Molly cruzou os braços no peito. Rosa apertou a mão do amigo Lorcan, de modo a não começar a chorar.

— O que está causando isso? – perguntou Molly.

— Não sabemos. Perdemos contato com Malfoy há dois dias. Mandamos corujas, patronos e tentamos até um espelho de dois sentidos que ele levou. Não houve resposta.

Singelas lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Rosa na penumbra da sala.

Molly continuou impassível.

— E o que você precisa de nós?

Ted sentou-se na mesa, o corpo virado para os três, enquanto o projetor iluminava-o com a cena dos fantasmas flutuando no ar, projetando a imagem nele.

— Quero formar uma equipe de busca. E de reconhecimento.

[...]

Molly

Molly achou que a vida tinha virado ao contrário. Estava acostumada a curar e salvar pessoas dentro de um prédio que conhecia de cor. Estava acostumava a voltar para uma cama e para os braços de Lorcan que tanto amava. Estava acostumada ao cheiro de talco da filha, às suas mordidas maldosas, aos pedidos de Roxanne para que ela deixasse o apartamento limpo, às conversas incompreensíveis de Henry sobre o mundo trouxa e às histórias mundo afora sobre o emprego de Lorcan.

Ela não era o tipo aventureira como Lorcan ou Rosa, que viajavam pelo mundo em seus empregos resolvendo conflitos entre seres mágicos. Não era como Lorcan que tinha sido um caçador de recompensas (abatendo ou matando animais mágicos) antes de ter Pandora com ela, quase morrendo mais de uma vez e virado lobisomem por isso.

Ficou encarando os fantasmas perolados passarem por Ted, iluminado-o de forma sinistra.

— Por que nós? – foi o que conseguiu perguntar. – Por que o governo japonês não pode dar um jeito nisso?

Ted se levantou de novo, aparentando inquietação por ficar parado.

— Você é a melhor medibruxa do St. Mungus. – respondeu Ted. – Malfoy é um dos nossos. Temos a obrigação de tentar.

— Por que precisaríamos de uma medibruxa? – perguntou Rosa, que já tinha parado de chorar, mas ainda apertava a mão de Lorcan. Ele fazia careta pela força, mas não reclamava.

— É impossível aparatar ou desaparatar em Aokigahara. – respondeu Lorcan e as duas olharam para ele, surpresas. – Fizeram isso para afastar os bruxos deprimidos e curiosos de lá.

Ted concordou com a cabeça.

— Malfoy conseguiu uma permissão especial para estudar o fenômeno.

— Essa é a droga de uma péssima ideia. – continuou Lorcan. – Aokigahara já era considerada assombrada quando só os trouxas decidiam perder a vida lá. Quando os trouxas consideram um lugar assombrado geralmente significa que tem magia envolvida. Criaturas das trevas. Magia das trevas. É de onde eles tiram sua mitologia. Agora a floresta está devorando bruxos também? E você quer que a gente aceite ir até lá?

Rosa apertou a mão de Lorcan com tanta força que ele foi obrigado a puxá-la, olhando feio para ela. Molly percebeu vagamente o movimento.

— Como você sabe tanto sobre a floresta? – perguntou Rosa, mostrando irritação.

— Trabalhei aos arredores. Vocês esquecem que eu tive uma vida antes do Ministério. – respondeu Lorcan rispidamente.

Ted se interpôs entre os dois.

— Vamos acalmar os nervos. É exatamente por isso que preciso de você conosco. Sua experiência. De Molly, o conhecimento em medibruxaria. E da Rosa, a astúcia.

— Conte o que você contou pra mim mais cedo. – pediu Lorcan com deboche na voz.

Ted virou a cabeça um pouco para a janela.

— Não teremos ajuda. Só teremos o que levarmos. Estaremos por conta própria. O Primeiro Ministro Japonês e o imperador deixaram isso muito claro depois do desastre da Expedição Sinistro.

— Eu vou. – respondeu Rosa de imediato. – Não posso deixá-lo lá. Não posso deixar os inmágicos tirando suas próprias vidas sem explicação também.

Rosa chamava os abortos de "inmágicos" porque o termo "aborto" era pejorativo. 

Lorcan balançou a cabeça.

— Vocês estão vendo essa foto? São bruxos. Que provavelmente sabem alguns feitiços. Estão mortos. Cinco Inomináveis foram para lá e não voltaram. Eles são bruxos experientes.

— Nós temos que decidir logo. – Ted apressou. – Não temos apoio suficiente para formar essa equipe. – ele apontou o chão, o andar de baixo, deixando claro que o próprio Ministro da Magia interino não aprovou aquela expedição de busca e reconhecimento.

Lorcan olhou para Molly firmemente.

— Molly...

Molly não se deixou intimidar pelo olhar dele.

— E se fosse você? Eu não sempre o ajudei? Escórpio é meu amigo. Eu vou. Se você quiser pode ficar.

— Nós temos uma filha pequena. – Lorcan argumentou.

— E ela ficará com Roxanne e Henry. Ou com Lysander e Dominique. Eu vou.

Lorcan deu um soco no copo de plástico, jogando-o ao chão.

— Maldição!

Rosa agradeceu silenciosamente à Molly.

[...]

Ted

Ted estava em seu cubículo no Quartel-General dos Aurores procurando qualquer coisa útil para levar. Ele era extremamente desorganizado como sempre reclamou sua esposa Victorie. Os cubículos eram divididos por divisórias, não dando muita privacidade aos funcionários. Havia espaço para uma escrivaninha, a cadeira e um armário de arquivos cinza com algumas gavetas.

Ted havia pendurado em cima de muitas outras fotografias de antigas missões o mapa de Aokigahara em uma divisória. Com tachinhas coloridas ele marcou o caminho que a Expedição Sinistro traçou até perderem contato. Ele amarrou uma fita vermelha ligando as tachinhas. Também colou as fotos mais relevantes recebidas: a dos fantasmas que ele mostrou na apresentação, outra com vários pontos de neblinas em torno das arvores, que se movimentavam como se estivessem vivas e portavam pequenos pontos de luz parecidos com labaredas. Havia uma com um dos membros da expedição sendo arrastado por alguma força invisível para fora da barraca, sumindo floresta afora, enquanto os seus colegas lançavam feitiços contra a força invisível sem sucesso. Por fim, uma de Escórpio se remexendo em seu sono, inquieto, suando frio, gritando, com o rosto tão contorcido de dor que era como assistir a um pesadelo.

Ted passou a mão em um Bisbilhoscópio de ouro muito eficaz, não de péssima qualidade como os que os alunos de Hogwarts costumavam ter. Aquele era um que ele pagou muito caro e guardou no trabalho para impedir que Victorie jogasse em um depósito que ela fez com todas as quinquilharias dele contra as artes das trevas (Ted se considerava um colecionador).

Ted levou o Bisbilhoscópio a uma sacola de pano, puxando as fotos da divisória para guardar também. Olhou para uma foto dele e de Victorie em Hogwarts, quando ele estava no sétimo ano e ela no quinto. Permitiu-se um sorriso quando ouviu passos pesados atrás dele, parando em seu cubículo.

— LUPIN. – bradou Coward, o Ministro da Magia interino em pessoa.

Era um homem gordo, quase sem pescoço, calvo, de um bigode ralo, braços curtos e óculos finos enfiados no rosto irritado. Ele tinha falhado nos exames para se tornar auror. Posteriormente foi trabalhar no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, na Divisão de Feras.

— Ministro. – Ted não parou de recolher suas coisas.

— Eu o proibi pessoalmente de organizar esta ... esta ... missão ... patrulha ... Não importa o nome que você deu.

— Expedição, senhor. – respondeu Ted calmamente.

O rosto de Coward ficou vermelho de raiva.

— Vocês não vão sair daqui.

— Vamos sim senhor. Eu respondo ao meu superior direto, o Chefe dos Aurores. Ele me deu permissão. Estamos lidando com provável artes das trevas afinal. - Ted respondeu, o que era uma mentira deslavada. Ele pretendia sair com os colegas antes do padrinho (e Chefe dos Aurores) perceber seu movimento. 

Cole Coward olhou para a porta fechada que era a sala do Chefe dos Aurores, Harry Potter, como se ele fosse aparecer mais uma vez para discutir suas decisões. Odiava aquele tal Harry Potter e toda sua gloria que o seguia como sombra. Não escondia que queria se livrar dele com rapidez. Olhou com descaso para Ted, que também odiava por passar por cima de suas decisões. 

Está fora da sua jurisdição. – esganiçou Coward.

— Nós temos permissão exatamente como a Equipe Sinistro teve. O imperador e o Primeiro Ministro japonês também estão assustados com os acontecimentos em Aokigahara. Ficaram gratos com nossa ajuda, ainda mais com membros experientes da Cúpula dos Guardiões, departamento que eles não têm.

Coward enfiou um dedo na cara de Ted, que deu alguns passos para trás, enojado.

— Vocês não vão voltar. Nenhum de vocês. Nem os malditos Inomináveis. Vocês não sabem o que estão fazendo.

Ted arqueou a sobrancelha. Seu Bisbilhoscópio começou a acender e girar dentro da sacola de pano.

— O que você está dizendo?

Coward olhou para a sacola, irritado, enquanto o barulho do objeto e a discussão entre os dois chamavam a atenção dos demais funcionários.

Vários aurores e funcionários da Seção de Controle do Uso Indevido da Magia e Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas se levantavam de suas mesas para espiar a movimentação.

Coward não gostou da atenção.

— Faça o que tem que fazer Lupin. Foi um aviso de amigo.

Ted ficou observando o Ministro se afastar, o Bisbilhoscópio parando de piscar e berrar à medida que ele sumia corredor afora.


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Notas finais do capítulo

PLEASEEEE digam o que acharam?

Não sei se o plot vale a pena, mas até a capa me deu horrores!