Orgulho e Preconceito - A Continuação escrita por Clarinesinha


Capítulo 22
21 - Dando a Notícia




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Em Pemberley aguardava-se a chegada de Mrs. Gardinner a qualquer momento. Georgiana tentava não se mostrar ansiosa, contudo, não conseguia deixar de pensar em Mark. Desde o baile em Netherfield que nunca mais o vira, mas a sua imagem nunca mais saiu da sua mente, e do seu coração. De forma a se acalmar e tentar não dar nas vistas foi ter com Lizzy, que ainda se mantinha no quarto.

Alice e Fitzwilliam, aproveitavam o facto de estarem mais sozinhos e passeavam os dois no jardim. Claro que o clima estava demasiado pesado para muito romantismo, e Alice ainda estava em choque com a morte da prima. Porém ter o seu amor ali ao lado, confortando-a.

— Ainda não consigo acreditar...parece um pesadelo. Lydia, morta...

— Vai ser duro para todos em Longbourn. Os filhos não deviam ir antes dos pais...pelo menos sempre foi isso que eu ouvi a minha mãe dizer.

— A tua mãe!? Ela perde...tu perdeste um irmão também?

— Sim, mas eu ainda nem tinha nascido, Justin. Era o mais velho de quatro, infelizmente uma doença o levou ainda novo, ele tinha uns 12 anos penso eu. A minha mãe sempre me falou dele, ela ficava feliz por falar em Justin. Já o meu pai proibia que alguém pronunciasse o seu nome, acho que para não sofrer.

— Como é que ele era? O teu irmão?

— A minha mãe dizia que ele sempre foi um bebe bem fraquinho, adoecia com qualquer mudança de temperatura. Quando Kevin nasceu, o meu pai ficou radiante, ele era um bebé bem mais forte, e cruel. Fazia de tudo para colocar Justin em maus lençóis com o meu pai. Porém, Justin nunca acusava o Kevin e sempre levava as reprimendas sem uma lágrima derramada.

— Georgiana contou-me que a tua tia quer casá-la com ele, ela está aterrorizada.

— Nem eu nem Darcy o vamos permitir...Kevin pode ter feito da minha vida um terror, mas ele nunca irá enfrentar Darcy.

— Disseste que eram quatro no total, como se chama o teu outro irmão?

— Irmã. Lisa, ela preferiu seguir a vida religiosa. Depois dos três "noivos" que o meu pai lhe arranjou, ela simplesmente preferiu entregar-se a Deus. Eras muito chegada à tua prima?

— Na verdade não, somos quase da mesma idade, mas Lydia sempre foi muito mimada pela minha tia. Para além de ela sempre se achar melhor que nós. Mas apesar de tudo, sinto muito por ela...

— Percebo-te...família é família, seja ela como for...- de repente ouvem o barulho de carruagens...- deve ser a tua mãe...vamos?

— Vamos, estou a precisar do seu abraço, do seu abrigo...

— Então e eu? Não sirvo para te dar esse abraço, para ser esse abrigo, o teu porto de abrigo?

— Fitz, eu amo-te, mas neste momento preciso da minha mãe...- diz Alice dando-lhe um carinho na face...

— Eu sei só estava a tentar fazer-te sorrir um pouco...- Alice dá um sorriso...- e acho que consegui. Vamos...

E assim foram de encontro do local onde a carruagem, que traria Mrs. Gardinner, Mr. Mark Philips, e os pequenos Gardinner iria parar. A primeira a sair com a ajuda de Fitz foi Mrs. Gardinner.

— Alice, como estás?- abraça a sua menina...- Coronel. E Lizzy onde está?

— Lizzy mantém-se no quarto, mamã. Não conseguimos que ela saia e apenas Mrs. Reynolds com algum esforço consegue que ela coma algo.

— Se não se importa Coronel, vou imediatamente ver a minha sobrinha. Onde já se viu naquele estado e sem comer.

— Vou contigo mamã...- diz Alice.

— Alice, porque não ficas com os teus irmãos? Eu gostava de ver a Lizzybee. Se me der autorização Coronel, gostaria de acompanhar minha Tia?

— Claro. Eu acompanha-vos até ao quarto de Mrs. Darcy.

E assim enquanto Alice fica a tratar dos irmãos, mostrando-lhes o quarto onde eles ficaram e brincando um pouco com os mesmos. Fitzwilliam acompanha a tia e o primo de Lizzy até ao seu quarto.

— Mrs. Darcy, tem visitas...- diz Fitz assim que abre a porta...

— Shiiiuuu...- Georgiana vira-se para a porta e fica por segundos sem conseguir dizer nada ao ver Mark...- Ela...ela adormeceu agora mesmo...

— Mas ela não tem descansado?- pergunta Mark preocupado.

— Quase nada. Tem chorado...dorme durante alguns minutos para logo acordar a soluçar. Para além das indisposições matinais.

— E já chamaram o médico?- quis saber Mrs. Gardinner.

— Sim, ele tem vindo cá dia sim dia não. Acho que mais por indicação do meu primo, tenho a certeza. Mas sempre diz o mesmo, ela deve manter-se calma, comer e descansar. O que neste momento é difícil...

— Se não se importam eu ficarei aqui até ela acordar. Ach que vou ter que puxar umas orelhas...Mark, vê por favor o que os teus primos andam a aprontar.

— Claro Tia. Assim que ela acordar chame-me por favor quero abraçar essa cabeça dura...e não seja muito dura com ela...

— Sabes bem que quando é Elizabeth nunca consegui exceder-me...bastava a tua tia...bom vai lá ver dos teus primos.

Mrs. Gardinner, sentou-se então na cadeira onde antes estava e Georgiana, enquanto os três saiam de encontro com Alice que estava com os irmãos. Logo Fitz sugeriu um passeio pelos jardins, dessa forma talvez as crianças se cansassem e não dessem tanto trabalho mais tarde. Decidiram ir até à casa onde Alice e Fitz viveriam, para além de Mr. e Mrs.. Darcy ninguém ainda a tinha visto.

Enquanto isso Lizzy acordava, gritando por Lydia. Cada vez que ela adormecia, sonhava com a irmã. E toda vez, ela tentava salva-la. Contudo, nunca conseguia. Mrs. Gardinner, assim que a vê agitada aproxima-se da sobrinha de forma a acalmar a mesma.

— Lizzy, Lizzy...Calma, já passou, foi apenas um pesadelo...

— Tia...eu...não consegui salva a Lydia. Eu nunca consigo...se eu tivesse sido mais rígida, se eu tivesse falado com o pai antes, se soubéssemos que ele era...

— Elizabeth, ninguém poderia prever este fim. Lydia sempre teve na tua mãe a perfeita aliada para desafiar o teu pai e mesmo por vezes o teu Tio Gardinner.

— Eu não consigo acreditar que nunca mais a vou ver...eu...

— Lizzy, temos que ser fortes neste momento. E tu, tens que pensar nesse bebé que está aqui a crescer...- Mrs. Gardinner toca a campainha e logo quase de seguida surge uma criada...- Por favor peça na cozinha algo para Mrs. Darcy comer, algo leve, uma sopa por exemplo...

— Tia, eu não quero, eu não tenho fome...eu...

— Tu vais comer e não quero discussão...- nisto entra no quarto Mrs. Reynolds com um tabuleiro...

— Estava na cozinha quando ouvi a campainha e pedi para preparar um caldo, é algo leve, tenho a certeza que vai gostar Mrs. Darcy.

— Eu não consigo comer nada...não passa nada.

— Elizabeth Marie Bennet Darcy. Vai sentares-te nessa cama e comeres este caldo sem discussões.- Mrs. Gardinner olha para Lizzy como se esta fosse uma menina pequena...- Tens um filho aqui...- diz colocando uma mão no ventres desta...- pensa nele por favor...

— Tudo bem, vou tentar. Tiveram novidades de Loungbourn?

— Não. Tenho a certeza que assim que puderem darão notícias.

Enquanto Lizzy comia o caldo, Mrs. Gardinner e Mrs Reynolds falavam no que poderia acontecer com Julia. Lizzy conhecia o suficiente da mãe para saber que ela quereria cuidar da neta, mas conhecia melhor ainda o pai e sabia que ele não aceitaria se houvesse uma outra solução. Não porque não amasse a neta, mas porque sabia que Mrs. Bennett a transformaria numa nova Lydia, e isso ele não iria permitir.

Por outro lado, quem mais poderia ficar com a pequena Julia. Jane e Mr. Bingley? Ela e Darcy? Não nunca iria exigir isso de Darcy, ficar com a filha do seu "rival". Apesar de ser sua sobrinha, e não ter culpa de ter tido os pais que teve, nunca poderia pedir isso ao esposo.

Com quem ficaria Júlia? Era a pergunta que Lizzy naquele momento mais queria ter resposta.

No dia seguinte em Loungbourn, ninguém esperava a visita de Mr. e Mrs. Bingley. Principalmente porque vinham acompanhados por mais duas visitas ainda menos aguardadas: Mr. Darcy e Mr. Gardinner.

Para Mrs. Bennett, nunca eram de mais as visitas, embora a de Mr. Darcy fosse um pouco incomoda e desnecessária para a senhora. Nunca gostara dos seus modos altivos, não fosse os seus 10 mil por mês e por estar casado com uma das suas filhas.

Mr. Bennett ficou algo surpreendido, e assustado com esta visita. Contudo nada disse, cumprimentou-os  sem questionar, mas curioso pelo teor da visita. Não era normal ter Mr. Gardinner e Mr. Darcy sem as esposas em Longbourn. Algo tinha acontecido.

— Jane, Mr. Bingley. Como está a minha neta?

— Charlotte está óptima pai. Mamã como tem passado?

— Mais ou menos Jane, os meus nervos, sabes como é. E a tua irmã Lydia que sabe como fico não me dá notícias. Ela prometeu-me escrever todos as semanas, e desde o Natal que não sei nada dela e Julia.

Jane olhou para tio e para Mr. Darcy, sem saber o que responder. Ficaram durante alguns segundo tudo num silêncio meio que estranho, que logo foi quebrado por Mr. Gardinner.

— Tenho a certeza Fanny qu não o fará por mal. Tomar conta de uma criança não é fácil, e se Julia sair a Lydia, com certeza ela tem algum trabalho.

— Sim, és capaz de ter razão meu irmã. Mas vamos, entremos. Vou pedir a Hill que traga um chá.

— Sim vamos...- diz Mr. Bennet, olhando para Jane com um olhar de quem diz "eu sei que estão a esconder alguma coisa"...- Aceita um Xerez, ou...

— Um Xerez estará óptimo. Será que poderemos tomá-lo no escritório. Deixemos as mulheres falar e tomar o seu chá.

Mr. Bennet concorda e segue para o seu escritório acompanhado por Mr. Gardinner, Mr. Darcy e Mr. Bingley. Assim que serve o último cálice, vira-se para os três homens, senta-se no seu cadeirão...

— Muito bem. Fanny pode achar a vossa visita normal, mas eu não. Então quem vai ser o primeiro a contar-me o que se passa.- olha para os três que continuam silenciosos...- Bom vamos ver se consigo adivinhar: Jane está na sala ao lado, está triste, mas se houvesse alguma coisa de errada com Charlotte tenho a certeza que não estaria assim tão calma. Assim vou retirar da equação Netherfield e seus habitantes. Tu caro cunhado, se houvesse algo de errado em Londres, estarias lá a resolver e não terias vindo até aqui. Por isso...Lizzy...aconteceu alguma coisa à minha Lizzy?

— Não. Mr. Bennett. Mrs. Darcy está bem assim como o bebé. Bom, tirando os enjoos matinais... ela está bem.

— Então...qual o motivo de estarem em Longbourn. Porque eu sei que escondem algo...

— John.- começou Mr. Gardinner...- nós viemos porque precisamos de te contar algo...bem não é fácil de falar sobre isto...

— Mr. Bennett, nós viemos falar consigo sobre Lydia e de...do marido...- interrompeu Mr. Darcy.

— De Lydia! Foi Wickham? Ele fez mais dividas? Quanto é que lhe devo desta vez? E nem pense em me dizer que...

— Não John, desta vez não tem nada a ver com dívidas.- diz Mr. Gardinner.

— Então, é Julia? Ela está doente? Lydia precisa de ajuda? É isso?

— John. Lydia...ela...- Mr. Gardinner não conseguia dizer, como dizer a um pai que ele perder um filho?

— Mr. Bennett, infelizmente parece que houve um...acidente...- tentou Mr. Bingley começar, mas também ele ficou sem palavras.

— Um acidente?! Lydia ela...Não! Não pode ser, digam-me que não...- virando-se para o cunhado...- Diz-me que é mentira, que não me vens dizer que...que...

— Lamento John. Lydia, ela morreu. Nas mãos de...

— Não. Não me vais dizer que ele...que aquele...ele pode até ser ladrão, vigarista, mas ele não iria...não...

— John. Sinto muito, mas a verdade é esta. Eu sinto muito, não sei nem o que te dizer...mas temos que contar à Fanny.

Mr. Bennett, chora. Sim ele é homem, e depois. Como não chorar perante a morte de um filho. Não era suposto. Os pais morrem antes dos filhos, é esse o curso normal da vida. Lydia podia ter sido uma menina dificil de domar, rebelde até, birrenta. Mas, a verdade é que a culpa tinha sido dele. No fim de 4 filhas, ao ver a ultima hipotese de ter um rapaz para assegurar a herança das irmãs, veio mais uma menina. John amou Lydia como todas as outras filhas, mas deixou a sua educação para a esposa que mimou a menina como nunca o fez às outras.

Vendo bem, talvez a morte de Lydia fosse culpa sua. Sim, com certeza. Lizzy, a sua Lizzy alertou-a tantas vezes para a conduta da irmã. No entanto, ele nunca lhe fez caso. Sempre pensou que com o tempo Lydia aprendesse que não poderia viver a vida sendo a menina mimada que sempre fora.

Sim ELE fora o culpado da morte da filha...e agora...só lhe restava viver com a culpa.



 


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