Orgulho e Preconceito - A Continuação escrita por Clarinesinha


Capítulo 21
20 - Lydia




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Darcy não demorou muito a chegar a casa dos Gardinner, assim que deu a carta a Sam, saiu rumo a Londres. Ninguém o esperava, por isso todos se assustaram com a sua visita, principalmente Mrs. Gardinner que logo pensou que tivesse acontecido algo a Lizzy ou a Alice.

— Mr. Darcy, não o esperávamos. Aconteceu alguma coisa...

— Foi Alice? Ou foi Lizzy? Aconteceu alguma coisa com...

— Mrs. Gardinner, não se alarme, está tudo bem com Miss Gardinner e com Lizzy.- e depois de acalmar um pouco a senhora, todos se sentam.- O que me traz por cá infelizmente não são boas notícias...

— Desculpem interromper, não sabia que tínhamos visitas...eu vou...

— Não, por favor Mr. Phillips fique. O assunto que me trouxe aqui também deve ser do seu conhecimento...- e sem esperar muito Darcy começou...- Recebi uma carta de Fitz, do Coronel, dando-me conta de uma inesperada visita a Pemberley...- todos o ouviam atentos esperando para saber o que se passava...- bem, parece que houve um "acidente" com Mrs. W...com Lydia.

— Lydia!? O que houve com a minha sobrinha? Se forem de novo as dívidas que aquele imprestável do marido continua a fazer, desta vez não o vou deixar...

— Mr. Gardinner, receio que desta vez ninguém possa fazer nada...- e sem prolongar muito o momento, que já por si era dificil e tenso...- não há uma forma fácil de se dizer isto, e peço desde já perdão se vou parecer frio, porém, infelizmente Lydia morreu.

— Como...Lydia morreu? Mr. Darcy, explique-me como pode a minha sobrinha ter morrido!?

— Não.- Mrs. Gardinner, solta e logo cai num choro baixo...- não pode ser, ela era...não posso crer...

— Tia...Mr. Darcy, desculpe mas têm a certeza? Quer dizer não se podem ter enganado?

— Infelizmente não há dúvidas...- e deu a carta que Fitzwilliam escreveu a Mr. Gardinner, este leu-a em silêncio e de seguida entregou-a a Mark.

— É monstruoso, é...estou sem saber o que falar ou dizer. Ainda não consigo acreditar que...

— Tio, alguém tem que ir a Longbourn. Alguém tem que contar ao Tio Bennett e à tia...

— Por isso vim directo para cá. Penso que Mrs. Bennet se sentirá mais apoiada consigo lá Mr. Gardinner.

— Fanny, ela tinha uma adoração por Lydia. Foi a sua ultima esperança para ter o tão desejado rapaz. E ao contrário do que esperávamos ela simplesmente se apaixonou por Lydia...temo o que lhe possa acontecer ao saber da morte da filha.

— Pensei que talvez fosse melhor ir a Netherfield, contar a Mrs Bingley. Mr. Bennet com toda a certeza irá precisar de apoio, e já que Lizzy não pode vir...

— Como está a Lizzybee? Ela sempre me disse que Kitty e Lydia um dia ainda nos dariam problemas, nunca pensei que...

— Lizzy está bem, dentro do possível. Está em choque...pensei que talvez Mrs. Gardinner pudesse ir a Pemberley, tenho a certeza que lhe faria bem...

— Sim, claro. Mas tenho que ver com quem deixar as crianças e ...

— Leve-as, Lizzy precisa de si, e as crianças poderão ficar com Alice e Georgiana. Tenho a certeza que nenhuma das duas se importará.- Mrs. Gardinner assente e logo vai para dentro para preparar tudo para a sua ida.

— Mr. Darcy, se não vir inconveniente gostaria de ir com a minha tia, claro se o mo permitir.

— Claro, sei que Lizzy irá gostar da sua companhia. Eu sigo com Mr. Gardinner para Netherfield e de lá vamos a Longbourn. Para além da notícia de Lydia, temos que ver como fica a situação da pequena filha, a Julia.

— Julia, nem me lembrei da pequena. Meu cunhado com certeza irá dizer o que fazer em relação à pequena, afinal é neta deles.

Assim ficou combinado, Mr. Gardinner e Darcy iriam para Netherfield, enquanto Mark, Mrs. Gardinner e os pequenos seguiriam para Pemberley. Darcy aproveitou o facto destes terem que tratar das malas e afins e escreveu um telegrama a Fitzwilliam, avisando-o das visitas.

Em Pemberley tudo estava na mesma, Lizzy mantinha-se no quarto. Alice e Georgiana tentavam anima-la, contudo nada resultava. O médico que agora era visita constante, apenas pedia que a mantivessem calma e alimentada. Quando Fitz recebeu o telegrama, Alice e Georgiana acabavam de entrar na sala vindas do quarto de Lizzy.

— Fitz!? Mais notícias? É sobre Lydia? ou...

— Não Alice, é de Darcy. Ele já esteve com os teus pais, decidiram ir falar com Mrs. Bingley primeiro depois iram a Longbourn falar com os teus tios.

— Jane. Sim ela poderá ajudar o meu tio...tenho a certeza que sim.

— Enquanto Darcy e o teu pai vão a Netherfield e a Loungbourn, a tua mãe e o teu primo Mr. Phillips ficaram connosco. Talvez Mrs. Darcy se anime um pouco com as visitas.

— A mamã e Mark?! Tenho a certeza que Lizzy ficará feliz...

Enquanto Alice fica a falar com Fitz sobre a vinda da mãe, do primo e dos irmãos, Georgiana retira-se e vai para o quarto. Será que ele sente o mesmo que ela? Será que ele pediu para vir para a poder ver de novo? Ou vem apenas por causa de Lizzy?

Eram tantas dúvidas, tantas incertezas que moravam no seu jovem coração. Nunca ela se sentira assim, era um sentimento novo...aliás um turbilhão de sentimentos que a sufocavam quase sem a deixar respirar.

Em Netherfield ninguém esperava visitas, excepto as de Longbourn que eram constantes ora de Mr. Bennet que adorava vir falar com o seu genro e caçar, ora de Kitty que melhorou muito a sua forma de estar depois de ser afastada de Lydia. Mary e Mrs Bennett iam com menos frequência, uma por não gostar de caminhadas preferindo o silêncio da casa, e a outra porque preferia ir até Meryton e saber das últimas notícias com Mrs. Phillips.

Assim quando ouviram a carruagem não estranharam de imediato, pois de quando em vez Jane sabia que o pai preferia vir de carruagem em vez de fazer milhas a pé. No entanto, não foi os moradores de Longbourn que estes viram entrar pela sala, mas sim Mr. Gardinner seguido de Mr. Darcy.

— Tio!? Mr. Darcy!? Aconteceu alguma coisa a Lizzy?- Jane logo se levanta caminhando para perto dos dois, pois se estavam os dois em Netherfield sem Lizzy...- Foi o bebé?

— Calma Jane, está tudo bem com Lizzy. Viemos para falar contigo de outro assunto...- Jane olha para Darcy...

— Lizzy está bem dentro das circunstancias, não se preocupe Mrs Bingley.

— Afinal o que aconteceu para virem até Netherfield? - pergunta Mr. Bingley.

— Nós viemos...Jane não...eu ainda nem consegui cair em mim com a noticia...não é facil...eu não sei como te dizer...

— Tio...está a assustar-me. O que aconteceu para o deixar nesse estado? Foi a mamã?

— Não Jane...eu vim...nós viemos falar-te...de Lydia...

— Não me diga que conseguiram fazer mais dívidas? Eu sabia por Jane que eles vivem um nível de vida bem acima do que podem pagar, mas...

— Não Bingley...-diz Darcy virando-se para o amigo...- Infelizmente não são dívidas...Mrs. Bingley há uns dois dias atrás Lizzy recebeu a visita de um oficial de justiça em Pemberley. Infelizmente eu não me encontrava e foi ela que o recebeu.

— Um oficial? Mas o que é que ele queria de si? E o que é que isso tem a ver com Lydia?- pergunta Jane que neste momento já se encontra a ser amparada pelo marido.

— Bom, parece que houve algum tipo de discussão entre os dois, nós não sabemos pormenores. E o pior aconteceu...Lydia de forma a defender a filha colocou-se à frente e foi agredida por Wickham.

— Mas ela está bem, quer dizer onde ela está?- Jane pergunta...

— Infelizmente Wickham perdeu o controlo e acabou por...por...Jane minha querida a nossa pequena Lydia morreu.

— Não. Não pode ser Tio...Lydia não pode ter morrido...diga-me que é mentira...que ela está...

— Mrs. Bingley, infelizmente é a verdade. Sei que lhe está a doer, só eu sei como queria estar neste momento perto de Lizzy, abraçando-a e dando-lhe o consolo que sei que precisam neste momento, tal como Bingley está a fazer. Porém precisamos de contar aos seus pais e tratar de um assunto urgente.- Jane olha confusa para Darcy.

— Júlia, temos que ver com os teus pais com quem ela ficará. Foi por essa razão que o oficial de justiça procurou Mr. Darcy. Ela está sozinha no mundo neste momento...

— Meu Deus, eu nem sei como vamos contar aos pais, e ainda temos isso para resolver. Desculpem-me mas eu não consigo pensar nisso agora...com licença...- e sem dizer mais nada Jane sai da sala.

Dirige-se para o quarto de Charlotte, ficando a olhar para a pequena. Pensa em Lydia, recordando o dia em que esta nasceu, na menina alegre que sempre foi. Percebe que também ela errou, se Lydia fora alguém tão inconsequente a culpa também fora dela. Como irmã mais velha, devia ter sido seu o papel de a colocar na linha. Recorda as vezes que Lizzy lhe chamou a atenção sobre o comportamento de Lydia e de como esta influenciava Kitty.

Sentou-se no cadeirão existente no quarto da filha, e deixou as lágrimas finalmente cair. Nessa altura sentiu alguém abraçá-la, nem precisou de olhar para quem era, sabia pelo toque que era Bingley...e assim se deixou mergulhar na dor que estava a sentir.

— Jane. Precisas de ter calma, Mr. e Mrs. Bennett vão precisar de ti...-levanta-lhe o rosto e beija a sua testa com carinho...- Sei que te está a doer, mas tens que ser forte por eles.

— Charles...como é que vamos contar aos meus pais...a minha mãe...ela...nem quero imaginar o que...e o meu pai, ele não vai aguentar com a culpa. Eu estou com medo...medo de os perder como perdemos Lydia.

— Estive a falar com o teu tio e com Darcy, hoje já não vamos a Longbourn, está tarde e não seria um bom momento para dar uma notícia destas. Assim vamos descansar esta noite, amanhã então vamos...primeiro contamos ao teu pai, depois com ele arranjamos a melhor forma para contar à tua mãe.

— De acordo...- Jane levanta-se e dirige-se ao berço da pequena Charlotte...pega nela e encaminha-se para a porta.

— Onde vais com a nossa pequena?- pergunta Charles, olhando para as duas mulheres da sua vida.

— Sei que não devia, mas hoje preciso de a sentir perto de mim.- Charles percebe o que ela quis dizer...e dirige-se até elas.

Enquanto Mr. Bingley falava com a esposa, Mr. Darcy e Mr. Gardinner tinham ficado a falar sobre como contar a notícia, e de Júlia. Mr. Gardinner acreditava que Mrs. Bennett quisesse ficar com a neta, contudo, Mr. Bennett talvez achasse que não seria uma boa ideia. Ambos já não eram novos, e a menina era pequena e ainda dava algum trabalho.

Mr. Darcy ponderou a hipótese de os Gardinner ficarem com Júlia, contudo, logo esqueceu isso uma vez que eles tinham 4 filhos ainda novos. Assim sobrava os Bingley e ele próprio com Lizzy. A ideia de criar a filha do seu "inimigo" era algo que o irritava, no entanto por Lizzy ele faria o sacrifício. E pensando bem, que culpa teria a menina por ter os pais que tinha.

Ao fim de um tempo a conversar e a meditar na melhor solução, resolveram ir deitar-se, de nada valeria fiarem a pensar em soluções. Darcy ao deitar-se pensou na sua Lizzy. Como estaria ela? Será que estava a cuidar-se? E como estava o bebé? Ele tinha a certeza que toda esta ansiedade lhe faria mal, mas neste momento estava completamente com as mãos atadas.

Esperava que a visita de Mrs. Gardinner e de Mr. Phillips fizessem Lizzy ficar um pouco melhor. Pelo menos sabia que a tia a faria comer e tratar da sua saúde bem como do bebé. Em relação a Mr. Phillips, sabia que Lizzy o amava como irmão, o que o preocupava não era tanto a relação entre os dois, mas o que poderia acontecer entre Phillips e Georgiana na sua ausencia.

Sim Darcy percebera os olhares entre os dois durante as festas, apenas deixara que estes não desconfiassem, queria saber até onde eles iriam. Se um deles dava algum passo...contudo nem um nem outro o deu, apesar de se perceber a milhas que estavam encantados um pelo outro. Pensou em falar com Lizzy sobre isso, contudo, com tudo o que se passou com os Martin, a gravidez de Lizzy, a ida dele a Rossings, a morte de Lydia...acabou por nunca tocar no assunto.

Resolveu que depois de conseguir resolver toda esta situação de Miss Julia Wickham, iria falar com Lizzy sobre o seu primo. Perceber um pouco da história do mesmo e tentar perceber o que Georgiana sentia em relação ao rapaz. Ele não era de boas famílias, mas depois de se apaixonar por Lizzy, Darcy percebeu que nem sempre isso é o mais importante: o amor, o respeito, a paciencia...a humildade...sim isso era o mais importante.

 


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