Um Momento para Recordar escrita por HatsuneMiku


Capítulo 2
Cap. 2


Notas iniciais do capítulo

DEMOROU MAS TÁ AÍ, MIGAS E MIGOS!



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[27 de Junho de 1989] [Mansão dos Robbins]

Fredrick corria para a mansão, se chegasse apenas 1 minuto atrasado, seria seu fim. Amy estava muito confusa, queria conversar mais com Fredrick, saber mais coisas, então ela pensou, que se não impedisse ele, talvez nunca poderia fazer essas perguntas.

Rapidamente Amy tirou do bolso da saia um papel, que estava escrito algo ali, ela não sabia ler. Ela guardou o papel e se levantou, saiu correndo, atravessou o campo de flores, o mini túnel, e avistou Fredrick.

—FRED!- Ela gritou, o garoto olhou para trás e parou, ficou olhando para ela correndo em sua direção- FRED!

—Amy...- Ele disse para si mesmo, olhou para o relógio, tinha apenas 6 minutos, mas antes que ele voltasse a correr a garota se jogou em cima dele.

—Eu não vou deixar você ir!- Ela pegou batendo no peitoral dele de leve.

—Por quê?

Ela corou.

—Porque sim! Eu sou sua amiga, Fred!

—Amy, eu tenho que ir agora!

—Mas não vai!

Ele olhou o relógio, 4 minutos, se não fosse agora ele não sabia o que faria.

—Amy, por favor! Amanhã a gente conversa! Mas agora eu tenho que ir! Sai de cima de mim! Se não eu vou ter que te tirar a força!

—Eu não vou sair!- Ele percebeu que os olhos dela estavam se enchendo de lágrimas- Não vou ficar parada enquanto seu pai fica te maltratando!

—Por que está tão preocupada?

—Porque eu sou sua amiga, e se o que você falou que fez tudo isso por mim for verdade, eu não vou deixar você ir!

—Amy, desculpa.

—O que... ?

Ele tirou as mãos dela de cima de seu peitoral e puxou ela pro lado, ela tentou impedir, mas foi em vão. Fredrick era bem mais forte que ela. Ele se levantou e saiu correndo. Amy ficou olhando, com os pulsos doendo, ele havia apertado muito forte.

—FREEEEED!!!!- Berrou ela mais alto que pode. Logo podia se ver Brian saindo de traz da mansão em direção à irmã.

—Amy?- Disse ele se ajoelhando do lado dela.

—O Fredrick...

—O que ele fez? Ele te machucou?

Ela assentiu com a cabeça e apontou para o peito esquerdo. Brian não entendeu no começo, mas logo caiu a ficha- Fredrick machucou o coração da sua irmã.

—Ah... Amy...- Disse ele abraçando ela, que abraçou também.

Amy chorava no ombro do irmão. Sabia que Fredrick estava pensando só neles, nos seus amigos, e não estava pensando em si mesmo. Era doloroso saber que Fredrick sofria tanto. Isso era a tortura de Amy.

Fredrick chegou suado na porta escura. Limpou a testa, ajeito as mangas da camisa e tirou o pó. Olhou para o relógio. Tinha chegado a tempo. Suspirou aliviado e bateu na porta.

—Sim?- Sua mãe atendeu, quando viu o filho sorriu- Fredri! Como foi?

—Pai está?

Ela olhou curioso para ele e seus olhos se arregalarão.

—Fredrick... Ele pediu para você vir?

—Sim, senhora.

—Hum, ele não está. Mas pode entrar.

—Mãe, ajeita meu relógio? Está adiantado.

—Claro- Ela o pega e o ajeita rapidamente- Pronto, aqui está.

Fredrick suspirou novamente, só que bem mais aliviado.

Eles entraram e Fredrick se sentou na beira da cama, de cabeça baixa, com os cabelos tapando seu rosto.

—Então, filho- Falou Elizabeth querendo saber- Como foi com Amy?

—Foi legal e... – De repente um sorriso se abriu no rosto dele- Mãe! Foi uma das melhores noites da minha vida!

Ela riu.

—O que aconteceu?

—Eu... Comecei falando com ela, ai eu mostrei minha costa.

—O que ela disse?

—Ficou muito assustada. Fiquei com pena na hora, mas ela fica linda assustada- Disse ele ficando um pouco corado- Então eu expliquei o motivo da costa.

—E então?

Ele ficou muito corado, e feliz por conseguir lembrar o momento. A sensação que ele sentiu, o gosto dos lábios dela, o macio que eles eram, a delicadeza.

—Eu beijei ela.

A mãe abriu um sorriso.

—E como se sentiu?

—Incrível, os lábios dela são muito macios e delicados.

—Você beijou ela sem camisa?

Ele ficou muito corado quando lembrou disso. Colocou a mão atrás da cabeça.

—Acho que sim...

Ela riu.

—Fredrick, você é ótimo. Bom, suponho que ela ficou confusa, com medo e corada depois, não é?

—Bom, foi quase isso mesmo...

—E você?

—Huh?

—Como se sentiu depois que beijou ela?

—Estranho. E envergonhado também, não sabia se tinha feito o certo, ou o errado.

—Vocês conversaram sobre isso?

O sorriso voltou na cara dele, lembrou da conversa divertida que ele e ela tiveram depois.

—Sim, rimos bastante.

—Interessante.

Ele olhou para a mãe, ela estava muito feliz e pensativa.

—Bom, suponho que ela tentou te impedir de vir aqui, certo?

Ele olhou decepcionado para o chão.

—Sim... Mas eu não sabia o que fazer, se não viesse talvez o pai fosse fazer pior...

—Então acho melhor você tentar concertar as coisas com ela agora.

—Mas... E o pai?

—Eu falo para ele que você veio aqui mas ele não estava.

—O.k.

Fredrick saiu do quarto e foi até o andar de baixo, pediu dois copos d´água para uma criada. Ele bebeu um e deixou o copo na mesa e foi para o mesmo lugar, viu Brian e Amy no chão, abraçados. Ele andou até lá e se ajoelhou perto deles, Brian o olhou com um olhar tipo ‘’Cara, pelo amor de Deus, me ajuda aqui!’’

—Amy, me desculpe- Falou Fredrick sem saber o que dizer.

Ela olhou para ele surpresa, parece que não tinha percebido quando ele chegou.

—Fred...- Disse ela entre um soluço e outro

—Toma- Ele estendeu o copo para perto dela que pegou e bebeu- Desculpe de novo.

—Não... Tudo bem!- Disse ela abrindo um sorriso- Como foi... A coisa?

Fredrick percebeu que ela disse coisa porque não queria que Brian soubesse.

—Bom, o Fulano não estava lá. Então eu deixei um bilhete e voltei.

—Falando em bilhete... – Disse Brian- Eu convidei Alex e Lance para irem a festa amanhã, o.k. ?

Fredrick riu, nessa situação toda ele tinha esquecido que amanhã seria seu aniversário.

—O.k.- Respondeu finalmente.

—Bom, eu estou desatualizado, queridinho- Falou Brian- Me diga, o que aconteceu para você partir o coração da minha irmã?

Fredrick e Amy se entreolharam e começaram a rir.

—Querem saber de uma coisa? CANSEI DE VOCÊS DOIS! Vocês estão muito bipolares hoje! Creuzuite!!! Me ajude!!- Disse ele levantando a mão para o céu.

Amy e Fredrick caíram para trás de tanto rir.

Brian se levantou e colocou as mãos na cintura.

—Gente!!! To ficando com medo de vocês dois já!!!- Ele colocou uma mão apoiando o cotovelo do outro braço e com a mão do lado da boca. Batendo o pé no chão.

Então depois de um tempo- um longo tempo- Fredrick e Amy se levantaram e os três começaram a caminhar para a árvore favorita deles. Eles se sentaram, um colado no outro, Amy, Fredrick e Brian.

Conversaram sobre amanhã, que teria um jogo de verdade e desafio e um jogo da garrafa.

Quando Brian deu a ideia do jogo da garrafa Amy e Fredrick coraram.

—Bom, por que vocês tão tudo corado?

—Er... Nada!- Disse Amy.

—Corado? Quem tá corado?- Disse Fredrick.

—Hum...- Olhou desconfiado Brian.

—Tá mas... Se vai ter jogo da garrafa, não vale só eu de menina!- Berrou Amy.

—É mesmo!- Afirmou Fredrick

—Ata, então me digam quem de menina nós conhecemos?

Fredrick pensou por um momento.

—Conheço duas, acho que vocês já conhecem uma delas...

—Quem?

—Charlotte e Betannie- Afirmou Fredrick.

Brian corou.

—NÃO CHAME ESSA QUENGA!

—BRIAN!- Berrou Amy.

—Oi?- Perguntou Fredrick.

—Não chama a Charlotte!

Fredrick ficou confuso e logo se lembrou.

Fredrick caiu na gargalhada.

—AGORA QUE EU VOU CHAMAR MESMO!- Falou ele entre as gargalhadas.

—Eu estou boiando- Falou Amy.

—Amy, Charlotte é uma garota louca e desintegrada! Ela é uma falsa! Além de ser uma queridinha ridícula! É a gazela do Satanás!- Disse Brian olhando desesperado para ela.

—Mas, quem é ela?

—É só uma garota que adora o Brian- Disse Fredrick depois de recuperar o folego- Ela é doida por ele.

—Ata... Chama ela!- Disse Amy.

—NÃO!- Berrou Brian- Fredo, eu nunca vou perdoar você se fizer isso!

—Haha, O.k.- Falou Fredrick.

—Ufa.

—Pode deixar- Disse ele se levantando.

—Aonde vai?- Perguntou Amy.

—Vou convidar Betannie e a prima dela, pode acreditar, a prima dela é divertida!

—Espero- Falou Brian, recebendo um tapa de Amy.

Fredrick foi até a sala de estar, pegou o telefone e ligou para Betannie.

Alô?

—Beth? É o Fredrick.

Fredinho!!! Saudades!! Amanhã é seu aniversario não é?

—Sim, ei, pode vir aqui amanhã umas oito da manhã?

Claro!

—Traga sua prima também- Disse Fredrick mordendo o lábio para não rir.

A Charlotte? Tá bom!

—O.k. te vejo amanhã!

Sim, até!

E desligou, Fredrick quase rasgou o lábio para não rir.

Ele voltou para a árvore e se sentou no meio dos amigos de novo.

—Ele não vai deixar- Afirmou Brian, de braços cruzados.

—O que?- Disse Fredrick.

—Você deixa eu te dar meu presente por último? No fim da festa?- Perguntou Amy.

—Claro- Disse ele.

—Eu disse!- Falou Amy para Brian.

Então Fredrick notou que Amy estava corada, não tinha notado antes porque estava escuro, de noite.

—Qual vai ser seu presente?- Perguntando Fredrick para Amy.

Ela corou mais ainda.

—Nada de importante. Só um desafio desse cabeça de vento!- Falou apontando para Brian.

Brian cochichou algo no ouvido de Fredrick que o deixou corado.

—Sério?

—Sim.

Os dois se olharam e começaram a rir. Amy estava de cabeça erguida, tentando ignorar.

—Amy, não precisa me dar isso- Falou Fredrick.

—Hum, isso vai querer dizer que eu sou covarde! E eu não sou!

Ele riu mais ainda. Apesar de não concordar muito com isso, queria ver a cena.

—AMY! BRIAN! VAMOS!

Gritou uma voz de um homem na estrada, era alto. Tinha o cabelo roxo, e olhos castanhos, usava um avental e acenava para os dois.

—A GENTE JÁ TA INDO!- Gritou Brian como resposta- Tchau, Fredrick, até amanhã!- Ele falou e saiu correndo para o homem, que colocou a mão em cima do cabelo de Brian e começou a bagunça-lo.

—Já vai também?- Perguntou Fredrick para Amy com um olhar de decepcionado.

—Parece que sim...- Disse ela.

—Então... Tchau.

—Tchau.

Ela disse isso mais não se mexeu, ficou lá, encarando os olhos azuis do rapaz.

Ela beijou ele na bochecha rapidamente e se levantou.

—Até amanhã, Sr. Fredrick Robbins- Disse ela com uma reverencia, depois se virou e saiu correndo em direção ao pai e ao irmão.

—Você beijou ele?- Perguntou Brian.

—Talvez, ele é só um amigo, só foi uma despedida...- Disse ela por fim. Depois virou a cabeça e viu Fredrick olhando ela com um sorriso no rosto, debaixo da árvore.

Ele acenou meio lentamente, apenas com a mão. Ela repetiu o gesto e fez um sinal de zíper na boca.

Os dois sorriram.

Fredrick olhou para eles até sumirem de vista, virou para trás e viu a mãe na sacada, com um sorriso, parece que ela viu a cena.

Ele correu até o quarto dela e deu um abraço nela.

—Fredrick! O que foi isso?- Perguntou ela sorridente.

—Amor, mãe- Disse ele- Pelo menos eu acho que foi.

Depois de um tempo esperando no quarto da mãe, contando tudo que tinha acontecido no dia, a porta se abriu e Clarkson estava lá.

—Me desculpe o atraso, Fredrick.

—Sem problemas, senhor.

—Onde está seu paletó?

Fredrick engoliu em seco, tinha esquecido.

—Eu... Eu... Ele rasgou- Não queria meter Amy nisso- Eu estava fazendo minhas atividades e ele rasgou.

—Como um paletó rasga assim?

—Talvez ele estivesse velho.

—E onde ele está agora?

—Ahn...- Fredrick não tinha resposta, se falasse que deu para uma empregada, o pai iria descobrir que é mentira, se falasse que deu para a Amy, o pai mataria ela, se contasse qualquer coisa, estava perdendo.

—Eu joguei ele fora- Falou a mãe se levantando.

—Por quê?

—Estava muito velho, Clarkson.

Ele olhou para a esposa, depois para o filho, e então tirou o terno e jogou na cama junto com a maleta, afrouxou a gravata e se virou para a esposa.

—Beth, pode sair do quarto? Quero ter uma conversa com Fredrick.

Beth? Fredrick nunca ouviu o pai dar um apelido carinhoso para alguém.

—Sim, só... só deixe eu pegar as coisas que vou precisar- Ela pegou uns mil papeis e uma caneta, calculadora e uma ficha. Ela saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

—Fredrick...- Chamou o pai.

—Sim?

—Sente-se. Vamos conversar- Ele apontou para a cadeira e a mesa, onde ele se sentou.

—Sim, senhor.

Ele se sentou pensando que seu pai iria prender ele na cadeira, vendar seus olhos e tirar sua roupa para começar a tortura. Mas não, ele só pegou um papel e entregou a Fredrick.

—Leia isso.

—Sim, senhor.

Ele começou a ler, era uma carta, de alguém, quando ele viu de quem era ficou surpreso, nunca mais havia falado com essa pessoa antes. Ele desdobrou a carta e começou a ler:

‘’Querido Fredrick,

Quanto tempo! Achei que nunca mais poderia escrever para você! Mas estou escrevendo, bom, vamos tratar de negócios...

Conversei com seu pai agorinha, eu sei que você não quer se tornar dono disso tudo ai, sei que parece horrível, mas acredite, é legal!

Apesar de eu não saber o motivo por você não querer, nem seu pai, eu tomei liberdade para falar com ele sobre isso. Eu acho que é por causa de alguma namoradinha, não? Hihi.

Bom, do mesmo jeito, sei que parece assustador, mas não é tanto assim. Seu pai só é meio apegado a outros... Assuntos, tudo em particular.

Mas pense positivo; Você é um Robbins!

O que é melhor do que já nascer com vantagem? Hoje em dia, tudo está difícil, eu sei que parece um desafio, pode até ser, mas não se abale com isso, okay?

Eu e seu pai conversamos sobre seus amigos, sei que seu pai pode passar uma intenção errada sobre eles, sobre achar que eles são inferiores e tal.

Mas saiba que seu pai só está ansioso, com medo e frustrado. Nada de especial para alguém como ele, eu diria.

Amanhã é seu aniversário de 13 anos não é mesmo? A partir de amanhã só faltará uns 3 anos... Imagino, se não me falha a memória, hihi...

Seu pai também contou sobre uma garota que ele acha ser importante para você, já que (diz ele) nas discussões de vocês dois, você sempre protege ela, bom, acho que Amy Rodney é seu nome, só acho mesmo.

Fredrick, sei que estou me fazendo de intrometida, mas sua mãe troca cartas e telefonemas comigo quase sempre, toda semana. Eu sei o que acontece contigo sempre. E nunca vou julga-lo por isso, mas que tal um pouco de paciência com seu pai? Não custa nada.

Seu pai não é um homem violento, são os motivos da vida que estão fazendo ele assim; não conte a ninguém, mas ele anda traindo sua mãe, além de ter várias contas, furtos e dividas com o banco e com o estado, nem vou comentar o país! Sei que parece assustador eu pedir isso, mas converse com ele como conversa com sua mãe. Ele anda bebendo muito, talvez você ajudasse, que tal?

Calma com ele, e feliz aniversário! Que tal começarmos a trocar cartas? Seria legal, imagino. E que não ficaria sabendo de tudo só pela sua mãe, o que seria ótimo!

Com muito amor,               

                                                       Vómarter.

Fredrick não conseguia acreditar, furtos?  Dividas? Traição? O que estava acontecendo? Fredrick não conseguia acreditar que seu pai, o que ele achava que era um idiota, agora parecia uma vitima, apesar de não concordar sobre descontar nele, estava assustado. Vómarter era como Fredrick chamava sua vó por parte de mãe, ela era linda como a mãe, mas, nunca mais tinha falado com ela. Fredrick sabia que ela adorava seu pai. Mas que ela mantinha contato era novidade, além de todo o resto da carta. Tudo de repente começou a fazer sentido, e, ao mesmo tempo, sentido nenhum. Era tudo confuso que ele nem acreditava.

—É verdade?- Disse Fredrick ainda olhando para a carta, de cabeça baixa, quase amassando ela, já que estava segurando com força nos dedos- Tudo que está escrito... É A VERDADE?

—Sei que parece assustador, mas sim.

—Você... Parece mais horrível a cada momento, por que raios descontava em mim?

—Eu estava com a cabeça cheia, Fredrick. Não sabia o que fazer e...

—E bater no filho, chicotear, torturar parecia a coisa certa?

—Não, nunca pareceu mas...

—Mas você ainda fazia isso, ainda descontava, continuava a cada semana, dia ou hora, só por que eu protegia quem eu achava importante?

—Eu sei que está com raiva de mim, mas...

—Com raiva?- Fredrick olhou para ele com lágrimas nos olhos- Eu estou furioso! E eu achando que você nunca tinha se importado comigo! Pensando que eu era um zé ninguém! Que nunca conseguiria cuidar disso tudo sozinho!

—Eu sei, Fredrick, pode me culpar, eu tenho culpa...

—NÃO! VOCÊ TEM MAIS QUE CULPA! VOCÊ É HORRIVEL!

—Eu estou tentando ajeitar tudo com você...

—NÃO! NÃO ESTÁ! VOCÊ SÓ ESTÁ PIORANDO TUDO!- Ele limpou as lágrimas com a manga e olhou erguido para ele- Você é o pior pai do mundo!

—Fredrick, eu... Só estava me preocupando com seu futuro, e também tinha mais coisas para me preocupar, isso me deixou com a cabeça cheia e...

—Não, pai. Você estava preocupado fazendo mais um dos seus negócios injustos. Estava preocupada em trair sua mulher! Que é a melhor mulher que já conheci no mundo! Você nunca me olhou como um filho, apenas como um idiota que seguiria suas regras tolas e ficaria do mesmo jeito que você, resolvendo tudo para você quando tivesse 17 anos.

—Fredrick, eu nunca olhei para você desse jeito...

—MENTIRA!

—Fredrick, estou tentando colocar tudo nos trilhos de novo...

—MENTRA! NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ DISSER! É MENTIRA! PREFIRO ACREDITAR NOS MEUS AMIGOS DO QUE EM VOCÊ! SEU MONSTRO!

Logo depois que disse Fredrick pegou a carta e foi até a porta misteriosa.

—Se quer consertar tudo, mostre esta sala para a mamãe!

—Fredrick, você sabe que não pos...

—PODE SIM! SE VOCÊ PODE ME ESPANCAR, ENGANAR E TRAIR VOCÊ PODE MOSTRAR ISSO PARA A MAMÃE!

—Vejo que não escolha...

—Não tem mesmo.

O homem abriu a porta e pediu para uma criada chamar Elizabeth, que foi rápida.

—Chamou, Clarkson?

—Sim, quero lhe mostrar uma coisa feche a porta.

Quando a mulher entrou no quarto viu o filho do lado da porta, com a carta amassada no meio, em uma das suas mão, ele estava com a bochechas vermelhas, e suava muito.

—Fredri...

—Mãe, papai quer te mostrar uma sala.

Quando ela ouviu isso teve vontade de chorar.

—O que?

O homem caminhou até a porta e destrancou, no momento que fez isso, ele abriu.

A mulher quase cai, mas tapa a boca com uma mão e começa a chorar descontroladamente.

—Aqui, está... A sala, Elizabeth.

A sala era muito assustadora; havia uma cadeira, que tinha corrente nos braços e pernas, correntes e correntes por toda a sala. Também se via alicates, ferros, chicotes, e socos ingleses pendurados por correntes, no teto. Havia uma fornalha, que talvez servia para esquentar os ferros, ou para colocar pessoas em cima, também havia cordas, onde cabem perfeitos pescoços lá.

—Finalmente- Disse Fredrick com lágrimas nos olhos- Pelo menos fez algo de útil na sua vida.

Após dizer isso ele saiu e fechou a porta atrás de si; correu até seu quarto e fechou a porta, se jogou na cama e chorou mais que tudo. Estava frustrado demais. Estava confuso demais. Estava assustado demais. Não sabia o que fazer. Não sabia. Até que algo lhe surgiu. Poderia ser sua última chance de fazer aquela noite um pouco melhor.

Foi até seu telefone e ligou para Vómater, era sua única chance, ele achava.

Aló

—Vómater...

Fredrick! Oh, meu querido, acho que leu minha carta...

Sim...

Como está se sentindo?

Uma lagrima correu seu rosto. O que ele poderia dizer? Confuso? Frustrado? Assustado? Nervoso? Ansioso?

—Eu... Não sei...- Disse antes de começar a chorar.

Oh, meu querido, tudo vai ficar bem, se acalme, tudo vai ficar melhor! Confie em mim! Está tudo bem!

Não... Não está tudo bem, desculpe, mas tenho que ir.

—Fredrick... O que...

Ele havia desligado, começou a discar outro número, esperava poder se sentir melhor nesse.

—Alô

—Pode vir aqui? É urgente.

Fred... Vou ver o que posso fazer, bom, estou indo de qualquer forma, me espere onde você sabe que tem que esperar.

Um sorriso se abriu no rosto dele.

—Estou esperando.

Os dois desligaram ao mesmo tempo.

Ele pegou um agasalho, vestiu e colocou a carta no bolso, depois desceu, cauteloso. Não queria que ninguém soubesse que ele estava saindo.

Quando saiu da mansão, que estava medonhamente silenciosa, ele foi andando, com calma, até um muro qualquer, que era grande e velho, mas muito amplo, ninguém sabia o que tinha ali, e ninguém se importava. Menos Fredrick, ele se importava com aquele lugar mais que tudo. Colocou as mãos no bolso e se sentou do lado da grande grama. Começou a pensar na carta, em seu pai, em como tudo ia mudar daquele dia adiante. Ele não tinha ninguém para conversar sobre aquilo, apenas uma pessoa.

Ele ouviu um barulho na grama e se levantou, tirando a mão dos bolsos, ficou feliz por aquela pessoa; Ela estava com seu paletó, um vestido longo, mas que só passava dos joelhos, era branco, que se destacava com o paletó marrom, ela estrava com um coberto por cima da cabeça, e segurava uma cesta.

Ele nem pensou duas vezes; correu e abraçou ela, tão forte que dava para sentir seu coração acelerado, o cobertor caiu, revelando o rosto da pessoa.

—Fred...

—Shh... Não estrague o momento.

Amy ficou pensativa e apenas o abraçou de volta, não na mesma intensidade que ele, mas estava abraçando ele, ela fechou os olhos e cheirou o cabelo dele que estava na frente.

Ele a largou.

—Por que cheirou meu cabelo?

—Não sei... Ele me deixa menos nervosa, tem um cheiro bom.

—Por isso ainda está usando o paletó?

—Hum... Sim e não... Bom, vamos? Acho que aqui não é seguro.

Ele assentiu com a cabeça deu espaço para ela passar na frente, ela pegou o cobertor e passou pelo buraco, e ele a seguiu. Eles foram até o morro, com a árvore. Se sentaram e ela lhe deu a cesta.

—Para você se sentir melhor.

Quando tirou o pano de cima da cesta ele deixou cair uma lágrima.

—Vou guardar para sempre.

—Eu ia te dar amanhã, mas já que vou te dar outra coisa, decidi te dar agora.

—Obrigado.

—Então, o que tão urgente?

—Leia isso.

Ele tirou a carta do bolso e deu para ela, ela olhou para a carta e depois para ele. Queria lembra-lo que não sabia ler, mas viu ele estava muito nervoso, então tentou sozinha.

—Hum... Ela... É bem triste mesmo... – Disse ela tentando reconfortar o amigo.

Ele olhou para ela e depois arregalou os olhos.

—Eu sou o pior amigo do mundo, sempre esqueço, Amy, desculpe.

—Está tudo bem.

—Bom, vou ler ela para você.

—Obrigada.

Enquanto ele lia, ela ouvia com atenção. Não queria perder nenhum momento. Sabia que era importante para Fredrick.

Depois que ele acabou, ela ficou olhando ele.

—Fred... Eu... Sinto muito...

—Não é culpa sua. Eu briguei com meu pai depois disso, disse que nunca iria perdoa-lo, e que era o pior pai do mundo, que ele nunca me enxergava como filho, mas sim como o sucessor dele. E fiz ele mostrar o local para minha mãe.

—Que local?

—O que ele fazia isso- Ele apontou para a costa.

—Ah sim...

—Amy, sei que isso é pedir demais, mas, pode...

—Sim? Faria qualquer coisa para acalmar você.

Ele olhou para ela.

—Então... Eu quero parar de pensar um pouco, me ajude.

—Deixa eu pensar em um jeito de deixar você sem pensamentos...

Amy corou.

—Huh... Desde que você não se incomode, eu posso, te beijar...

Fredrick corou.

—Não, desde que não seja um incomodo para você.

Ela deu uma risada nervosa.

—Não estou afim de pensar, Amy. Apenas me beije.

Ela assentiu com a cabeça e beijou ele. Ele rapidamente mudou de posição e colocou ela contra a árvore. Deu certo; ele parou de pensar. Estava apenas concentrado em como os lábios dela eram macios e reconfortantes. Mas aquele beijo estava diferente do primeiro; Estava mais... quente. Ele tinha algo que Fredrick e Amy gostaram.

Eles pararam. Estavam menos corados agora.

—Desculpe, o dia só piora- Disse Fredrick passando a mão no cabelo e se escorando na árvore.

—Eu beijo tão mal assim?

Eles riram a lembrar de mais cedo. Para Fredrick era tenso não saber muito bem dos sentimentos de Amy. Pelo menos era confortável. Mais do que pensar na situação da carta.

—Srta. Rodney...- Disse ele olhando para o céu cheio de estrelas.

—Sim, Sr. Robbins

—Como você saiu de casa?

—É meio confuso. Eu estava na cozinha, bebendo água, já que todo mundo estava dormindo, eu atendi e então vim para cá.

—Não é tão confuso... No que você estava pensando?

—Huh?

—Enquanto bebia água.

—Hum... Acho que tipo ‘’Nossa mano, como água não tem gosto?’’

Eles riram.

—Água tem gosto, sim, Srta. Rodney.

—Então o gosto da água, Sr. Robbins?

—Tem gosto de... Água!

Eles riram.

—Então...

—Estou incomodado...

—Com?

—TUDO! Parece que todos viraram contra mim de uma hora para outra! Tipo, eu pensava que meu pai era alguém, então chega uma carta dizendo que ele não é quem eu penso. Isso me deixa um pouco frustrado...

—Entendo...

—Mas é bom ter você aqui, sabe, do meu lado.

—Por quê?

—Porque você... Eu... Eu amo você, Srta. Rodney.

Amy corou.

—Só que... Eu não de você...

—Como assim?

—Não sei se você sente o mesmo por mim... Isso me incomoda também...

—Mas como eu respondo uma questão que eu não sei?

—Uma bela questão...

Eles pararam de se olhar, e olharam para o céu, os dois se deitaram. Fredrick não parava de criar mais e mais questões na sua cabeça.

—Queria que fosse assim para sempre...

—Como assim?

—Tipo, só nós dois, sem preocupações.

—Fred, você TEM preocupações.

—Eu sei... Mas tipo, imagine se eu não tivesse?

—Hum...

—Seria muito melhor!

Os dois queriam dizer muito mais. Só que não conseguiam.

—Está animado para amanhã?

—Um pouco, fazer 13 anos não é tão interessante...

—Como você sabe? Ainda não fez.

Ele olhou para o relógio, um sorriso se abriu nele.

—Acabei de fazer.

Ela olhou confusa. Então notou o relógio.

—Feliz aniversário.

Ele olhou para ela.

—Queria um parabéns melhor...

—Como assim?

—Com você me beijando...

—Fred...

—Eu sei, talvez eu seja pervertido, mas não tanto quanto Alex e Brian.

—Era exatamente isso que eu estava pensando.

—No que?

—Que você é um pervertido.

Eles riram. E voltaram a olharem o céu. Adormeceram ali mesmo. Mas Amy não. Ela tirou o cobertor e colocou sobre ele, deu um beijo na testa dele. Se levantou e foi andando noite adentro, pensando em Fredrick, pensando na carta, pensando no beijo, pensando no dia inteiro. Era estressante, não sabia como Fredrick aquentou tanta pressão. Então começou a pensar na festa; Era melhor, não era preocupante e nem muito assustador. Mas ela não sabia o que estava esperando por na festa... Ninguém sabia. A menos é claro, ele. A pessoa que mudaria a vida deles para sempre. De todos eles.


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