Eternamente com você - livro II escrita por Mayara


Capítulo 8
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700430/chapter/8

Olhei para a gigante peituda que estava na minha frente. Se eu estava com medo dela? Claro que não! Medo eu tenho de fantasma, apesar de ela parecer com um, já que voltou para assombrar as nossas vidas. Nem que eu chame um padre, mas eu vou exorcizar esse demônio daqui.

Sem eu esperar, ela entrou no apartamento, fazendo questão de bater em mim. Que Deus me dê paciência, porque se der força, eu arrebento a cara de cavalo que ela tem. Posso não ser tão alta, mas sei uns golpes que o meu pai me ensinou. Claro que a minha mãe não sabe quais são esses golpes, mas o meu pai sempre nos ensinou que a vida não é fácil, e iremos sempre encontrar pessoas peculiares pelo caminho. Sempre nos ensinou golpes como defesa, e dizia que, se não for algo que dê para comer, mate. Não no sentido de matar mesmo, só no figurado. Saudades do meu pai e dos seus ensinamentos.

Voltei a olhar para a perna de saracura na minha frente, que olhava para mim com uma cara feia. Parecia que ela estava tendo uma deformidade no rosto, já que revirava os olhos e a boca.

— Cadê o Nathan?

Não te interesse, boca de caçapa. Isso era o que o meu pensamento gritava, mas eu sou uma dama, e não vou me rebaixar o nível da saracura.

— Ele está ocupado, querida. – sorri, mas pensando como seriam lindas as minhas mãos no pescoço dela.

— E o que você está fazendo no apartamento do meu namorado, querida? – segurando na mão de Deus e vai. Vai rezando pra não pegar uma agulha, e estourar o peito inflável dela.

— Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui, Jaqueline? – mesmo sabendo a resposta, eu perguntei.

Sentou-se no sofá, como se a casa fosse dela, e bem intima. E eu lá dei intimidade para ela chegar desse jeito, como se fosse dona do apartamento? Aqui não, peitiane. Não vai cacarejar em um poleiro que não é seu.

Eu poderia dar uma rasteira naquelas pernas secas, mas eu vou me segurar, por enquanto.

— Jaqueline? O que você está fazendo aqui? – me virei, e vi o Nathan parado perto de nós.

Não era para ele aparecer agora. Eu cuidaria dela, e ele não estava nos meus planos de acabar com ela. Agora ela vai dar em cima dele, escutem o que eu estou dizendo.

— Amor! – levantou-se, e correu até ele.

Amor? Caso de amor será do meu salto 15 com garganta dela, e descendo bem devagar. Amor é o rolo do meu punho no nariz de rinoplastia dela. Ela agarrou o meu Nathan, como se fosse dela. Ah, querida, agora você mexeu comigo. Paciência dando adeus!

Fui até a boca de caçapa, mais conhecida como Jaqueline, que ainda estava grudada no pescoço dele, e respirei fundo antes de fazer uma besteira. Fui entrando no meio dos dois, já tirando as mãos dela de cima dele. Essa boca de rola que não se engrace para o Nathan. Ela se afastou, e eu fiquei na frente do Nathan, evitando que ela o agarre novamente.

— O que é isso, garotinha? – garotinha? Ela vai ver a garotinha.

— O que é isso? Eu é que quero saber desse atrevimento todo pra cima do dele.

Ela riu, como se eu estivesse fazendo uma piada.

— Sophie, deixa isso...

— Não se intrometa, Nathan! – voltei a olhar para a perna de saracura na minha frente e a encarei.

Cruzei os meus braços perto do meu peito, só para dar aquele volume, e estufei-o, mostrando que eu não tenho medo dela.

— Que atrevida essa sua amiga, amor. Baixinha e já querendo barraco?

O que? Ela me chamou de baixinha? Eu nunca me importei de me chamarem desse jeito, até porque o meu irmão me chama de mecânico dos carrinhos da Hot Wheels, mas essa boca de rola não vai me chamar de baixinha. Eu posso ser isso, mas em cima de um salto 15, eu faço pole dance nela, essa escada de bombeiro.

— Que engraçada essa sua ex, Nathan. Bem que dizem que ex bom, é ex morto. – sorri. — Posso ser baixinha, mas não tenho uma boca de caçapa igual a sua. Dá pra ver o seu intestino quando você fala.

 — Escuta aqui, sua nanica.

— Escuta você, sua boca de rola. Guindaste do corpo de bombeiros. Poste de luz. Arranha céu. Pode escolher os apelidos, querida.

Ela me olhou com ódio, e eu fiquei mais animada. Meu pai nunca me deixou fugir de uma briga, e não seria essa que eu desapontaria o meu querido papi.

— Nathan, você não vai falar nada? Não vai me defender dessa sua amiguinha? – perguntou incrédula.

— Você tem alguma pra falar, Nathan? – se ele abrir a boca para defendê-la, eu corto toda a sua coleção de revistas em quadrinhos, e ainda tiro sarro da cara dele.

 — Eu, ah... – ele ainda está gaguejando por isso? Ah, Nathan, você não me conhece.

— Para de ser carretel, e desenrola, Nathan.

Ele me olhou, e sabia que eu não estava confortável com a presença daquela mulher perto de nós. Sim, ela me incomodava pelo simples fato de ter um passado com o Nathan. E eu não estou nem ai se ela nunca me fez nada. Só de estar dando em cima do Nathan, ela já fez algo. Eu sei de toda a história, porque o Nathan não me esconde nada, Essa mulher nunca me passou confiança, mesmo sem conhecê-la. Agora então é que eu não vou dar ousadia para ela.

— Jaqueline, por favor, vai embora. – Nathan é tão fofo, que pede com educação. Se fosse comigo, iria embora com butinada na bunda.

— Mas Nathan...

—Jaqueline, vai embora. Nós não temos mais nada.

— Mas eu...

— Eu não quero mais nada com você. Eu estou em outra há muito tempo.

Como assim ele está em outra. Outra mulher na vida dele? Já quero até o tipo sanguíneo dela.

— Você vai se arrepender por isso, Nathan. Eu sou muito melhor do que essas que você anda por ai. – disse olhando pra mim. Com coisa que eu tenho medo dela. Medo eu tenho é do meu pai descobrir que eu já beijei o Nathan. O negócio ia ficar louco!

— Essa dai tem inveja de mim, e você não faz nada. – falou, apontado aquele dedão grosso pra mim.

— Eu tenho inveja de você? – perguntei rindo. — Querida, inveja eu tenho dos gêmeos da Beyonce, que desde quando ainda estavam no saco escrotal do Jay-z, já eram milionários. De você, eu tenho dó.

— Olha aqui, sua garotinha atrevida... – ela veio pra cima de mim, e eu fui pra cima dela. Posso ser baixinha, mas eu fiz aulas de karatê na escola, e o meu pai sempre me ensinou alguns golpes, dizendo que era para usar com os abusadinhos da vida.

— Ei, parem vocês duas! – Nathan entrou no meio, bem na hora que eu iria furas os peitos dela com as minhas unhas.

Ele me segurou pela cintura, e estava furioso.

— Vai embora daqui, Jaqueline. Some da minha vida! – gritou.

— Eu vou, mas eu estou de olho em vocês dois. – saiu pisando quente, e bateu a porta.

Nathan me soltou, e eu sorri vitoriosa. Quem ganhou a briga? Fui eu! Dancinha da vitória. Uhul! Olhei para o Nathan, e ele estava furioso. Ai, Jesus! Agora eu vou fazer a dança do abençoa para não levar uma bronca.

— Porque você fez aquilo? – sentou-se no sofá, e respirou fundo.

— O que eu fiz? Defender-me? – sorri sarcasticamente. — Eu não acredito que você está defendendo aquela mulher. Como eu fui tonta em achar que você estaria do meu lado. – peguei a minha bolsa, e queria sair dali.

 — Eu não estou a defendendo.

— Nem a mim, que sou a sua melhor amiga há mais tempo do que a duração das plásticas dela. – suspirei. — Eu vou embora. Preciso voltar pra minha casa.

— Sophie. – ele veio até a mim, e eu me desvencilhei.

 — Pode ficar por aqui, eu quero ir embora.

Ele me olhou por alguns segundos, até que percebeu que eu não iria mudar de ideia.

— Eu te levo.

— Não precisa. Eu vou ficar bem, assim como a minha decepção com você.

— Por favor, Sophie.

—Tchau, Nathan. – abri a porta e sai, querendo ficar o mais longe dele.

Eu queria a minha casa, o meu quarto e me afastar da decepção com o Nathan. Eu nunca achei que ele iria me decepcionar desse jeito. Eu, a melhor amiga dele. A garota que sempre esteve ao lado dela, enquanto a outra era uma sanguessuga da pior espécie. Às vezes eu queria voltar a ser criança, só para não perceber as idiotices que o ser humano consegue fazer. Nathan me decepcionou pela primeira vez na vida ao defender aquela mulher.

***

Estava jogada na sala, quando escutei a porta abrindo, e vi o meu irmão e a Lara. Eles sorriam de algo, e eu querendo socar a cara do Nathan.

— Oi, amiga! Chegou faz tempo? – Lara perguntou, colocando a bolsa em cima da poltrona.

— Um tempinho. – sorri sem vontade, voltando a minha atenção para o filme que estava passando na televisão.

— Que carinha é essa? – meu irmão perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Deve ser a TPM. – falei, mas era mentira.

— Meu Deus! Eu vou correr para as colinas. TPM para você significa tempo para morrer.

Olhei com o semblante fechado para ele. Se o Lucas fizer mais alguma gracinha, vai sobrar pra ele. Eu vou chutar as bolas dele em dois tempos.

— Para de brincar com a sua irmã, Lucas.

— E nem quero. Essa dai quando fica brava, fique o mais longe possível. – riu. — Eu preciso ir. – sorriu para nós.

— Tchau, Lucas. Obrigada pela carona.

— Sempre que quiser, minha garota. – sorriu, beijando a minha amiga no rosto.

Eu não mereço essa melação dos dois. Credo! Eu querendo matar o Nathan, e esses dois de sorrisos pra lá e pra cá. Sei não sobre esses dois ai. Algo está rolando, e a minha amiga está me escondendo algo.

Lucas saiu, e a minha amiga ainda ficou com um sorrisão no rosto. Eu não sei o que tanto essas meninas olham para o meu irmão. Ele é um homem normal, assim igual a todos os outros. Pra mim, ele é ainda pior, porque é o meu irmão e vive me enchendo o saco o máximo que pode.

— Então, o que aconteceu? – Lara sentou-se ao meu lado, e desligou a televisão.

— Nada. Eu estou bem. – tentei pegar o controle, mas ela não deixa.

— Eu te conheço, Sophie. Aconteceu alguma coisa com os seus pais? Com os seus avós?

— Não! Eles estão bem. – suspirei. — Foi o Nathan. – dei de ombros.

— Ai, meu Deus! – gritou me dando um baita susto.

Lara se levantou do sofá, colocando a mão no coração, e pulando feito uma maluca.

— Aconteceu? Ai, Jesuisinho! Aconteceu mesmo aquilo que eu estou pensando? Super shippo Naphie. – ela sorria tanto, que eu já estava achando que ela tinha usado alguma coisa.

— O que? Lara, o que você acha que aconteceu?

— O óbvio, claro. Demorou, mas rolou algo, né? E ai? O beijo dele melhorou com o tempo? Ele é quente na cama? Dizem que os inteligentes com carinha de santinho são os melhores. Eu não sei, mas vi em uma revista sobre isso.  Aquela carinha dele não me engana. Puro fogo! E ai? Quero saber de tudo, menos os detalhes mais íntimos, mas eu quero saber tudinho. Anda, Sophie. Ai, eu vou preparar a pipoca, porque eu esperei tanto por isso. – ela falava sem parar, e eu acho que ela vai acabar morrendo por falta de respirar.

O que? De onde ela tirou essas ideias? Eu nem sei o que pensar sobre fogo, beijo, Nathan na mesma frase. Mas o beijo... Foco, Sophie!

— Beijo? Fogo? Claro que não, Lara! – ela tirou o sorriso do rosto, e sentou-se, triste. — Porque você acha que aconteceu alguma coisa?

— Porque é o óbvio, Sophie. É tão claro quanto os olhos azuis do Nathan. Ele te olha de um jeito que só você não percebe. E você estava toda tristinha, eu achei que estivesse arrependida de ter dado um passo a mais no relacionamento de vocês, mas estou vendo que eu estou bem enganada.

— E está mesmo. Muito enganada. Não aconteceu nada, e nem vai acontecer. E, não, ele não me olha de um jeito estranho como você diz.

— Já que você acabou com a minha fantasia, o que aconteceu entre vocês? Beijo eu sei que não foi.

— Adivinha quem apareceu no apartamento dele.

— O seu pai? Sophie do céu, o seu pai arrancou uma perna do Nathan? Porque ele disse uma vez que se vissem vocês dois juntos, ele arrancaria uma perna e faria uma doação para o Saci. Pior, o seu pai fez ovos fritos com os ovos do Nathan? Ou, ele ameaçou o Nathan, de novo? Eu perdi isso? Droga! Tio Gabe sempre arrasa nas ameaças. – riu.  — Lembra aquela vez que o tio Gabe se vestiu de Jason, aquele do filme de terror, e ameaçou o cara que deu em cima da gente? O cara soltou até um pum de medo. Foi tão engraçado. – eu comecei a rir ao me lembrar daquela cena horrível.

— Como me esquecer disso, Lara. Mas, não, o meu pai nem apareceu por aqui, ainda. Você acredita que a ex do Nathan apareceu.

— A falecida? – perguntou.

— Ela não morreu, até porque ela apareceu em carne e osso.

— Se é ex, é falecida. Não se deve desenterrar ex. Tem que deixar enterrado, e garantir que não vai voltar.

— Isso é verdade. A ex, aquela que uma vez ele disse que estava ficando, ou sei lá o que, voltou das trevas, com a sua vassoura. – eu estava bufando de raiva.

— Qual era o nome dela? Ah, Jaqueputa. Eu me lembro vagamente do Nathan mencionar a falecida.

— Pois é. – levantei-me nervosa. — Essa coisa voltou da cova para infernizar a minha vida. Ela estava toda dengosa pro lado dele. Abraçando e tal, e eu posso ser baixinha, mas não fiquei por baixo. Falei umas verdades pra ela, e quase usei os meus métodos de capoeira.

— Gosto assim. Se não fosse para ter amiga barraqueira, eu nem teria nascido. – Lara disse, e nós fizemos o nosso toque de amizade.

— É, mas depois que a Jaqueputa foi embora, eu comemorei, claro, e o Nathan achou ruim, como se estivesse protegendo aquela garota.

— O que? Pega a minha bolsa, amiga. Vou ter uma conversa com esse nerd comedor de gibi.

— Ei, não precisa. – a segurei, antes que ela realmente fosse até ele. — Eu sai de lá toda magoada, e esperando pedido de desculpas dele.

— Está certinha. Não se rebaixe a ele. Ele deve um pedido de desculpas, com direito a chocolate, porque dai você divide comigo. – riu.

— Vamos esquecer isso. Eu não quero nem me lembrar dele por hoje, principalmente das tetas de bexigão.

— Isso mesmo, amiga. Se fosse final de semana, nós poderíamos ir encher a cara, mas a gente nós não podemos beber, então vamos encher a barriga de sorvete, e assistir Magic Mike. – foi até o freezer, e trouxe o nosso sorvete favorito.

Nosso final de noite foi repleto de sorvete e homens gostosos dançando. Dane-se o Nathan! Se ele que o peito de bexigão, que fique com ela!

***

Eu já estava terminando as minhas aulas do dia, e ainda não tinha visto o Nathan. Parece que hoje seria o dia de ele ficar no escritório que ele faz estágio, e não teria aula. Sorte dele, senão eu chutaria aquele cabeção, até ouvir o pedido de desculpas. Nem uma ligação ele fez pra mim, mas tudo bem, Deus sabe o que faz.

Peguei as minhas coisas, e sai em direção ao refeitório. Assim que eu coloquei o pé, escutei alguém me chamando. Virei-me, e me deparei com o Leonard vindo minha direção.

— Sophie, eu fui te procurar na sala, mas você já não estava lá. Tudo bem?

— Bem. Ainda um pouco perdida, mas estou bem. Você não tinha que estar no estágio?

— Deveria, mas eu consigo que assinem o meu estágio rapidinho. Com o dinheiro que eu tenho, eu não vou perder tempo em um escritório, rodeado de papéis. Eu não preciso disso.

Sabe quando você desenha um triângulo, e no topo dele você coloca as pessoas que você conversa, e do nada, quando menos espera, uma dessas pessoas cai do topo, e fica debaixo de tudo? E isso que aconteceu com o Leonard. Ele estava sendo uma pessoa legal, até segundos atrás. Essa voz de rei do Whey Protein me fez perder a graça. Acho irritantes essas pessoas esnobes que se acham só porque tem um pouco de dinheiro, enquanto os outros se matam para fazer as coisas no lugar deles. Enquanto ele está comendo frango e ovo, outras estão se matando para conseguir um simples estágio.

— Uau! Que bom pra você. Assim você tem mais tempo de malhar a panturrilha, porque tá parecendo o alicate que eu corto as minhas unhas.

— Ai, Sophie, você é tão engraçada.

— Não imagina o quanto eu posso ser engraçada, alicatinho. Está no sangue. Perco o amigo, mas não perco a piada.

— Seu namorado deve adorar o seu jeito.

— Se eu tivesse um, ele teria que gostar mesmo. Eu não mudaria por ninguém.

— Mas você tem um namorado.

— Claro que não! Quer saber mais da minha vida do que eu?

— Não, mas o Nathan disse que vocês estavam namorando?

— Oi? Você cheirou Whey Protein? Injetou anabolizante no cérebro? Que história é essa?

— Pergunte para ele, porque foi o que ele me disse. Ficou nervoso comigo, e disse que vocês estavam namorando. Isso é mentira?

Respira e não pira, Sophie!

— Não! É que ele não fez um pedido formal, então eu ainda acho que não estamos namorando. – sorri, mas fervendo por dentro. — Eu preciso ir. Ah, malhe a panturrilha, é uma dica de colega, acredite.

Sai de lá morrendo de raiva, e planejando como eu poderia matar o Nathan. Seria algo rápido ou lento? Jogá-lo em frente de um carro? Torturar? Ligar para o meu pai e contar sobre esse namoro falso? O que seria pior? Nathan vai se arrepender de ter feito isso.

Entrei no primeiro táxi que parou, e indiquei o caminho do trabalho do meu namoradinho fake.

Enquanto o carro me levava, eu permaneci em silêncio, e só mandei uma mensagem para a Lara, avisando que já tinha ido embora da faculdade.

Paguei o motorista, e subi até o andar que ele fazia estágio. Minhas sapatilhas ecoavam pelo piso liso e branco. Assim que eu cheguei ao andar dele, fui até a secretária, que parecia ser simpática, e parecia ser casada.

— Olá! Por favor, Nathan Adams está?

— Sim. A srta é?

— Sophie Campbell Hunter. Sou amiga do Nathan.

— Ah, claro. Ele comentou sobre a srta. É a melhor amiga dele, né? – concordei.

— Então, como hoje ele não foi à faculdade por causa do estágio, eu trouxe a pasta que ele esqueceu na minha casa. Nathan só não esquece a cabeça porque está grudada. Homens. – sorri.

Deus vai me perdoar por essa mentirinha.

— Nathan é um querido. Ele não está na sala dele, mas se quiser esperar por lá, pode ir. É a segunda porta a direita.

— Muito obrigada, de coração. Não o avise, porque eu quero fazer uma surpresinha.

— Claro, querida. Quer algo para beber?

— Não, muito obrigada.- agradeci, e fui até a sala.

A sala não era tão pequena como eu imaginei para um estagiário. Era um típico escritório, com sofás, cadeiras, mesas e essas coisas. Havia fotos nossas em cima de sua mesa, e tinha uma minha. Porque ele tem uma foto só minha? Ah, tinha fotos dos nossos amigos, dos meus pais e dos meus padrinhos. Que saudades! Mas agora não é hora de ter coração mole pra ele. Escutei passos, e sabia muito bem que eram dele.

Virei-me na cadeira, ficando de costas. Escutei-o abrindo a porta, sorri. Hora da ação!

— Quem está ai? – sua voz irritada me deixava com arrepio. Que voz grossa!

Assim que eu virei a cadeira, ele arregalou os olhos. Tenha medo mesmo.

— Olá, namorado. Vim fazer uma visita. – sorri.

Palmas pra mim, porque pela cara dele, ele sabe que está ferrado comigo. Não minta ou esconda algo de uma Campbell Hunter.

Nathan

A demônia voltou para infernizar a minha vida. O capeta não aguentou no inferno, e decidiu mandar de volta. Sério, gente. Quando eu achei que teria paz na minha vida, com a Sophie mais perto de mim, aparecem dois encostos para me tirarem do sério. Leonard e a sua arrogância em se achar o melhor em tudo por causa do dinheiro do papai, e a Jaqueline, que infernizou a minha vida até não poder mais, me deixando criar uma poção de sumiço para dar pra ela, porque não estava sendo fácil só de imaginar ter que conviver com ela, mesmo que hipoteticamente.

— E o que você está fazendo no apartamento do meu namorado, querida? – ah? Quem disse para essa perseguidora de pintos que eu sou namorado dela? Nunca mais! Só erro uma vez na vida.

— Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui, Jaqueline?

Sophie ainda estava mantendo a calma, mesmo eu sabendo que isso não iria durar por muito tempo. Ela é calma quando quer, mas quando chega ao seu limite, foge. Ela é um mini dragãozinho de tão nervosa que fica, mas que ela não me escute dizendo isso, senão sobra pro meu lado.

Assim que eu a vi sentada no meu sofá, e o olhar matador da Sophie, eu sabia que era hora de dar um basta nela, e manda-la ir embora o mais rápido possível, antes que ela começa com todo aquele charme dela, de que está com saudades e tudo mais.

— Jaqueline? O que você está fazendo aqui? – olhei para a Sophie, que parecia não gostar de me ver ali.

— Amor! – levantou-se, e correu mim.

Ai, droga! Eu não falei isso? Agora aguenta toda essa melação, mas quem não a conhece, não sabe a raça dessa mulher. Pela carinha, todos acham que ela boazinha, mas ela é o cão. Traiçoeira e não gosta de perder. Eu preciso ficar de olho nela.

Tentei, eu juro que tentei tirar esse encosto de três tetas de perto de mim, mas ela parecia daqueles chocolates ruins, que só sabia grudar cada vez mais. Eu me afastava dela, quando senti um outro braço no meio do meu rosto, e cabelos batendo na altura do meu peito. Olhei pra baixo, e que a Sophie tentava nos separar de qualquer forma. Era um tira mão daqui, tira mão dali, até que eu me vi livre daquela mulher. Sorri para a Sophie, que nem estava ai pra mim. O foco da raiva dela era outro.

— O que é isso, garotinha?- alerta perigo. Liga o pisca alerta.

— O que é isso? Eu é que quero saber desse atrevimento todo pra cima do dele.

— Sophie, deixa isso... – eu tentei falar para deixar isso quieto. Eu não gostava quando ela ficava nervosa desse jeito.

— Não se intrometa, Nathan! – eu senti a queimadura pelo olhar dela. É rezar para não voar cabelo por aqui.

— Que atrevida essa sua amiga, amor. Baixinha e já querendo barraco?

Senhor! Segura na mão de Deus, e reza para não rolar sangue, porque só eu sei quando a Sophie fica brava, mesmo ela achando que não liga, mas eu sei que ela se importa. Ela risca faca quando escuta isso. Acho melhor ligar para alguém. Bombeiros? Polícia? Socorro!

— Que engraçada essa sua ex, Nathan. Bem que dizem que ex bom, é ex morto. – sorriu. — Posso ser baixinha, mas não tenho uma boca de caçapa igual a sua. Dá pra ver o seu intestino quando você fala.

 — Escuta aqui, sua nanica.

— Escuta você, sua boca de rola. Guindaste do corpo de bombeiros. Poste de luz. Arranha céu. Pode escolher os apelidos, querida.

Vrá! E toma! Gosto assim. Sophie tem um jeito meigo, que eu amo, mas quando mexem com ela, ou com quem ela ama, ela não se deixa intimidar. Ela briga com classe, nada de bate aqui ou ali. Ela já começa a citar apelido, que é pra pessoa tomar na cara. Apesar de eu não gostar quando ela briga desse jeito, mas a garota é boa nisso. Orgulho da minha vida. Como eu amo essa mulher. Amor de amizade, claro.

— Nathan, você não vai falar nada? Não vai me defender dessa sua amiguinha? – perguntou incrédula olhando pra mim, como se eu fosse defendê-la. Se fosse para brigar, seria pela Sophie e pelo bem dela, mesmo não gostando muito de briga.

— Você tem alguma pra falar, Nathan? – droga! Sophie me olhando desse jeito, eu não vou falar nada. Só se fosse para pedir que ela parasse.

— Eu, ah... – merda! Eu odeio gaguejar nessas horas que eu mais precisava falar.

Eu sempre fui assim. É só me colocar sobre pressão para falar algo, que eu fico nervoso. Não que eu fico em cima do muro, é apenas um grande nervosismo atravessando as minhas ideias.

— Para de ser carretel, e desenrola, Nathan. – eu não disse que todos achavam  que eu estou enrolando.

Eu olhei pra Sophie, e ela me entendia com um olhar. Eu estou desconfortável com a presença dela. Quero que ela suma da minha vida, assim como fez por todo esse tempo. Ela infernizou a minha vida, e odeia a Sophie. Só pelo o simples motivo de não gostar dela, eu não a quero por perto novamente. Sophie é o meu anjo, e a pessoa que eu mais me importo no mundo. Não há ninguém mais importante, lindo e que me deixa mais feliz, do que essa pequena garota que invadiu a minha vida assim que a vi pela primeira vez. Eu me afastaria de todos que possam lhe fazer mal, ou me afastar dela.

— Jaqueline, por favor, vai embora. – eu tento ser educado com as pessoas, mas parece que ninguém entende isso.

— Mas Nathan...

—Jaqueline, vai embora. Nós não temos mais nada.

Será que é tão difícil entender isso. Que o fim chegou! Bye! Tchau! Hasta la vista! Até nunca mais! Eu me enganei com ela, e aprendi da pior maneira como ela não presta.

— Mas eu...

— Eu não quero mais nada com você. Eu estou em outra há muito tempo.

Menti, claro. Bem que eu queria estar em outra, mas isso é outra história. Algo que não irá acontecer, mesmo eu querendo muito, mas ao mesmo tempo achando errado. Nem estou pegando gripe, quem dirá namorando alguém.

— Você vai se arrepender por isso, Nathan. Eu sou muito melhor do que essas que você anda por ai. – olhou para a Sophie. Como ela descobriu que... Deixa pra lá!

— Essa dai tem inveja de mim, e você não faz nada. – falou, apontando o dedo para a Sophie. Vai dar merda!

— Eu tenho inveja de você? – perguntou rindo. — Querida, inveja eu tenho dos gêmeos da Beyonce, que desde quando ainda estavam no saco escrotal do Jay-z, já eram milionários. De você, eu tenho dó.

— Olha aqui, sua garotinha atrevida... – eu disse que teria treta. A minha torcida declarada era pela Sophie, mas eu não quero que ela se rebaixe ao nível da Jaqueline. Essa ai gosta de chamar a atenção, e só quer arrastar os outros para o inferno dela.

— Ei, parem vocês duas! – entrei no meio, já parando com toda essa briga, que só iria piorar as coisas.

— Vai embora daqui, Jaqueline. Some da minha vida! – gritei, pedindo paciência a Deus.

— Eu vou, mas eu estou de olho em vocês dois. – saiu pisando quente, e bateu a porta.

Soltei a cintura da Sophie, que nem percebi que estava segurando. Céus, que bagunça toda foi essa? Parece que um furacão passou por mim, e levou a minha paciência e a paz junto. Agora seria mais uma preocupação na minha enorme lista de prioridades na vida. Eu precisava manter a Sophie longe das maldades da Jaqueline. Sophie é pura demais para aguentar tanta coisa ruim que aquela mulher jorra com o seu veneno. Egoísta e maldosa eram os seus  sobrenomes.

Sophie dançava tão feliz, que nem isso tirou o meu mau humor.

— Porque você fez aquilo? – sentei-me no sofá, e respirei fundo.

Não era para ser uma bronca, mas eu queria lidar com toda a merda que a Jaqueline poderá fazer.

— O que eu fiz? Defender-me? – sorriu sarcasticamente. — Eu não acredito que você está defendendo aquela mulher. Como eu fui tonta em achar que você estaria do meu lado. – pegou s bolsa, pronta para sair dali, e isso era a última coisa que eu queria.

 — Eu não estou a defendendo.

— Nem a mim, que sou a sua melhor amiga há mais tempo do que a duração das plásticas dela. – suspirou. — Eu vou embora. Preciso voltar pra minha casa.

— Sophie. – fui até ela, que se esquivou de mim. Droga!

— Pode ficar por aqui, eu quero ir embora.

Será que é tão difícil esquecermos toda a merda de segundos atrás, e ficarmos bem? Odiava essa nossa distância, e essa raiva que emanava sobre nós. Ela não iria mudar de ideia, então o jeito era aceitar a ida dela.

— Eu te levo.

— Não precisa. Eu vou ficar bem, assim como a minha decepção com você.

— Por favor, Sophie. – insisti.

—Tchau, Nathan. – abriu a porta e saiu, me deixando sozinho e arrependido pelo o meu maldito mau humor repentino.

Minha noite já estava uma merda mesmo. Lucas estava com a Lara, e não poderia vir aqui, a minha melhor amiga não queria me ver nem pintado de ouro. Minha ex maluca, perseguidora da pior espécie estava de volta. Um bombadão, comedor de ovo cozido estava dando em cima da minha Sophie. E o meu padrinho, que me pediu para ficar de olho na Sophie, para que nenhum marmanjo dê em cima dela. Eu estou ferrado? Imagina. Só estou atolado de coisas pra minha cabeça. Ah, e eu conto sobre o falso namoro que eu falei pro Leonard, que ainda acha que eu e a Sophie estamos juntos. É pouca bosta pra uma pessoa só, né? É mau olhado pra cima de mim. Eu sinto isso.

Sabe o que eu sinto mesmo? Eu sinto muito por não poder gritar aos quatro ventos o meu segredo. A minha maior vontade na vida. Eram medos, ressalvas, e a minha insegurança que atrapalhava. Era preciso de tempo para que eu pudesse falar o que eu sinto, e eu posso ficar segurando muito, senão eu vou explodir de uma hora para outra.

Depois de pensar se seria melhor ligar ou não ligar para a Sophie, eu optei por deixá-la descansar por hoje. Amanhã eu ligarei depois do estágio, e pedirei mil desculpas pelo o desiquilíbrio emocional. Tomei um banho, comi alguma coisa mesmo, e me joguei na cama. Amanhã seria um novo dia, e eu tenho certeza que seria um ótimo dia, sem brigas ou surpresas na minha vida.

***

— Eu não acredito nisso, Nathan? A Jaqueline voltou e foi para o seu apartamento ontem? E a Sophie, como ela ficou?

— Bem nervosa, porque você sabe como a Jaqueline consegue insultar as pessoas.

Obviamente que eu não comentei a parte do ciúme que a Jaqueline estava de mim com a Sophie, senão o Lucas desconfiaria de algo.

—  Minha irmã quando perde a calma, é como uma espécie de animal selvagem quando sai da cela pela e vê um humano, porque sai matando todo mundo. Por isso que ela estava nervosa ontem.

— Ela estava muito nervosa? – parei o carro no estacionamento da empresa que fazíamos estágio, e descemos.

— Daquele jeito que você já sabe. Atirando bomba de gás lacrimogênio para todos os lados. Aquelas típicas caretas pra mim, e aquele bico enorme dela.

— Sua irmã não é assim. – defendi.

— Claro que não. Ela é muito pior. Ela é a mistura dos meus pais, cara. Se tiver alguém mais parecido com a minha mãe no quesito nervosismo, é a princesinha da nossa família. O meu pai me disse uma vez, que a minha mãe quase bateu na mulher no escritório dele, porque ela estava dando em cima dele. O apelido dela era teta de pereba. A Sophie não fica atrás, viu?! Ela é sarcástica, e isso puxou ao nosso pai. Mas até eu sou assim. Gene de papai Gabe são fortes. – rimos.  — Teve uma vez, que o meu brigou com pai na antiga escola que nós estudávamos. Mas, o jeito de brigar do meu pai é diferente. Ele apelidou o cara de Voldemort, só porque o cara tinha as narinas pequenas, respirava diferente. Teve uma outra vez que o meu pai chamou o cara de Malévola.

— Malévola? Por quê?

— Parece que o cara era traído pela mulher, e todo mundo sabia, menos ele, que disfarçava o chifre.

— Entendi – rimos, até entramos no elevador.

— Escuta, Nathan, eu só quero que a minha irmã fique em segurança. Você sabe que a Jaqueline é maluca, e eu não quero a Sophie envolvida com ela. Mantenha a minha irmã longe daquela mulher. Se alguma coisa acontecer com ela, eu acabo com você, sem dó, e chamo o meu pai para me ajudar. Ele vai ter o prazer de fazer isso. Podemos ser melhores amigos, mas ela é a minha vida. A minha única irmã, que eu amo e protejo com acima de qualquer coisa.

Eu sei o quanto o Lucas ama a Sophie, e que ele faria de tudo, mas eu também vou fazer de tudo para que a Sophie não caia na lábia da minha ex. Eu morro pela Sophie, sem pensar duas vezes.

— Claro, Lucas. Eu fico até feliz que você se preocupe com ela, e te dou razão. Eu cuidarei para que a Sophie fique bem, sem cair nas garras da Jaqueline. Eu prometo.

— Acho bom, porque eu não quero ter que chamar o meu pai para vir aqui.

— Não precisa. – sorri.

— Ótimo. – concordou. — Eu vou parar no andar de advocacia, e não sei se vou sair para o almoço. Eu te espero na saída?

— Claro! Se mudar de ideia, pode ir à área de administração.

Despedimo-nos, e cada um foi fazer o seu trabalho no grupo empresarial que fazíamos estágio. Lucas ficava na parte da advocacia da empresa, e eu na administração de uma enorme multinacional. Por sorte, conseguimos os estágios na mesma empresa, graças as nossas notas na faculdade, e a ajuda de um professor, que nos indicou para o cargo.

Cumprimentei a secretária, que era tão simpática. Sempre conversávamos sobre as coisas, e até falei da Sophie, mais do que deveria dizer, já que eu sempre, quase todos os dias, eu falava dela.

Deixei uma das minhas pastas em cima da mesa, e fui até a reunião que estava marcada. Hoje seria duas seguidas, e eram desgastantes, só porque eu estou morto de cansado, e morrendo de saudade de falar com a minha Sophie, meu anjo.

Após emendar uma reunião atrás da outra, eu só queria almoçar. Será a Sophie já tinha almoçado? Deveria ligar pra ela? Acho que ela deve estar em aula, e não vai me atender. A nossa reconciliação não passaria de hoje, porque eu não suporto ficar longe dela. Meu peito dói só de imaginar ficar muito tempo sem vê-la sorrir, sem sentir o seu abraço, seu cheiro, suas piadas, sem os nossos filmes, e sem poder tocá-la. Era uma dor asfixiante, que eu não poderia sentir isso novamente.

Fui em direção à minha sala, e a secretária riu pra mim, mas de um jeito diferente. Sorri de volta, e percebi que havia alguém na minha cadeira. Não! Só me faltava ser a Jaqueline, de novo. Gente, eu não vou ter sossego? Está tão difícil de entender que eu quero viver a minha vida, assim como antes.

— Quem está ai? – eu já estava irritado com essa mulher no meu pé.

Assim que a cadeira se virou, eu me assustei com a figura que eu vi. Sophie estava menor ainda naquela cadeira, mas estava linda. Seu olhar era penetrante, e isso me deu medo. Só faltava ela vir me dizer que...

— Olá, namorado. Vim fazer uma visita. – sorriu.

Pronto! Agora eu sou um homem morto, e eu nem me formei, casei, tive filhos para deixar a minha semente na terra. Uma coisa que eu aprendi em todos esses anos, é: nunca minta ou esconda algo da Sophie, porque ela acaba descobrindo de alguma forma. Que eu saia vivo dessa história toda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eternamente com você - livro II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.