Eternamente com você - livro II escrita por Mayara


Capítulo 3
Capítulo 1




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Olhei novamente para todas aquelas caixas jogadas no chão, e eu tentei me animar. Só tentei, porque não tinha vontade de tirar tudo aquilo, e colocar no lugar. Bem que poderia existir aquele negócio de fechar os olhos, e tudo estar em seus devidos lugares. Mudar faz bem, mas é tão cansativo, ainda mais quando se sai da casa dos pais, como é o meu caso e o da Lara. Nós estávamos acostumadas a ter tudo. Claro que nós ajudávamos, mas eram sempre as nossas mães que faziam a parte pesada, só que meu caso o meu pai também tinha que ajudar, senão a minha mãe acabava com ele. 

Mudar sempre é complicado, seja qual for a mudança, mas mudar de casa, em outra cidade e sem a ajuda dos pais para desempacotar tudo isso aqui, é muito complicado e chato. Cadê o meu pai para me livrar dos trabalhos pesados, e me deixar ir descansar? Cadê o meu pai contando as suas piadas, alegrando o meu dia? Minha mãe fazendo maravilhas na cozinha, e os dois rindo um do outro. Vou sentir falta disso, mas eu sei que essa mudança favorecerá a mim, a minha educação e ao meu crescimento pessoal e profissional. Eu só tenho 19 anos, quase 20, então eu precisava sair um pouco das asas dos meus pais, mesmo que soframos um pouco, mas eu sinto que valerá a pena, e muita coisa mudará daqui pra frente, e serão coisas boas!

 

Peguei uma das caixas que estavam perto de mim, e abri. Fui tirando, e colocando em cima do sofá, mas era eu que queria estar deitada nesse sofá, assistindo as minhas séries, comendo pipoca, e enchendo a vida de refrigerante. Mas a vida não é tão simples. Eu precisava tirar todas essas caixas daqui, e depois limpar casa. Sim, senhores, eu teria que limpar a casa ainda, e tentar ligar o fogão e a máquina de lavar. Se bem que nenhum dos dois se dá bem comigo, então eu terei que ter uma conversa antes. Eu sei cozinhar, mas e se eu ligar o fogão, e ele explodir? Deus me livre!

— Eu vou matar o seu irmão! Eu ligo para o celular dele, mas ele não me atende! Será que está com alguma caloura peituda, digna dos filmes American Pie? – Lara se jogou ao meu lado, e olhou pra mim.

— Ah... Eu não sei! Não é interessante saber sobre a vida amorosa ou sexual do meu irmão gêmeo! – dei de ombros. – Ele deve estar na faculdade, ou ele não quer te atender, porque sabe que você pedirá para ele vir aqui nos ajudar. O meu irmão é um preguiçoso!

— Não fala assim do Lucas! Ele é o meu amigo!

— E o meu irmão! Nós dividimos a barriga da minha mãe, então o conheço por mais tempo. – sorri. – Passa esse pano pra mim, por favor? Meu irmão é esperto, então ele não virá enquanto tudo não estiver pronto.

Ela pegou o pano, e me passou para eu limpar algumas coisas, e colocar no lugar.

— E o Nathan? Você já ligou pra ele?

— Já, mas também não me atende. Ele deve estar trabalhando com o tio George, então eu não vou ficar ligando para ele vir aqui. Talvez eu tente depois, mas só para saber se ele está desocupado.

— Você deveria pedir ajuda para ele. O Nathan faz tudo o que você pede. Se você o mandar pular de um prédio de 100 andares, ele vai pular, e ainda gritar o seu nome. – riu.

— Claro que não! – sorri. – Nós somos como irmãos, e fazemos o que irmãos fazem um pelo outro, mas só isso!

— Aham! E aquela vez que ele te beijou na sua festa de 15 anos, só porque você estava com duvida de como era beijar, hein? Tudo o irmãos fazem um pelo outro? Sei!

— Xi! O meu irmão não pode saber disso, e muito menos o meu pai. Se o meu irmão sonhar que o amigo dele me beijou, e se o meu pai descobrir que o querido afilhado dele me beijou, eles acabam com o pobre do Nathan. Meu pai uma vez ameaçou arrancar as bolas do Nathan e colocar na redoma de vidro igual do filme a Bela e a Fera, caso o Nathan tentasse alguma coisa comigo, ou me fizesse sofrer.

Ela começou a gargalhar sem parar, e eu a acompanhei. Quando eu descobri que o meu pai tinha ameaçado o Nathan, eu quase gargalhei da cara que o meu amigo fez.

— Seu pai é o melhor, Soso! – riu. – Você deve ter se divertido tanto enquanto morava com ele.

— Até demais! Eram piadas todos os dias, ciúmes e muita risada! Meu pai é fantástico!

— Ele é mesmo! Pobre do Nathan!

— Por isso que eu não conto sobre o beijo. E isso foi há quase cinco anos. Nós já conversamos, e vimos que somos muito amigos para ficarmos juntos. Acho que não iriamos combinar muito bem.

— Você acha? Eu ainda acho que o Nathan é piradão em você. Todas as vezes que ele te vê, as bochechas dele ficam vermelhas.

— Corrigindo. Todas as vezes que você solta alguma das suas pérolas é que ele fica vermelho. Ele é vergonhoso!

— Aham! Quero ver entre quatro paredes. A vergonha desce pro pênis, que levanta rapidinho!

— Lara! – rimos. – Que horrível imaginar a cena do pênis do meu melhor amigo. Isso é nojento!

— Eu posso imaginar. Ele é meu amigo também. Eu estou imaginando um negócio grande, e...

— Parou! Lara, por favor! – ri sem parar. – É a mesma coisa de você imaginar o pênis do meu irmão. É nojento! Você consegue imaginar isso? Porque eu não consigo!

— Claro que não! Eu nunca imaginei isso do seu irmão! Eca! - disse, ficando vermelha. - Mas você já o viu pelado uma vez quando eram crianças, então está em vantagem.

— Isso não conta! Olha aqui, eu não quero saber de pênis do meu irmão, muito menos do Nathan! Isso é... Credo! Deixa quieto!

— Se você não quer saber do Nathan, eu pergunto pra ele, e depois eu te falo.

— Não vai perguntar coisa nenhuma. Deixei-o em paz, e vamos voltar as nossas tarefas do lar, ou você se esqueceu de que temos muito serviço por aqui?

— Como esquecer, Sophie! Tem caixas até na minha cabeça. Já sei! Vamos ligar para os nossos pais, e falar que estamos com saudades. Ele vem até nós, e nos ajudam na arrumação.

— Claro que não, Lara.

— Qual é, Sophie? Vai rolar maior diversão. O seu pai e a minha mãe implicando um com o outro, a sua mãe tentando parar com a briga dos dois, e o meu pai só rindo da situação, sendo prensado pela minha mãe, para que fique do lado dela, não do tio Gabe. Seria legal!

Eu estou até imaginando essa cena. Maior confusão, risadas e quase uma terceira guerra mundial! Meu pai e a madrinha ainda não se bicam tanto. Um gosta de implicar com o outro.

— Não! Nós acabaremos com isso aqui, só nós duas! Depois a gente pode fazer alguma coisa. O que você acha?

— Pelo menos isso, né? – ela pegou uma caixa, e colocou em cima da bancada. – Deus nos dê força para acabar com isso aqui.

— E ele dará muita força! – sorri para ela, que retribuiu com a cara fechada.

Começamos a limpar, e eu liguei o som do celular, deixando a voz da Beyonce tocar. Eu comecei a dançar, e puxei a Lara para me acompanhar, desfazendo a carranca que estava em seu rosto. Dançávamos animadas, enquanto limpávamos todo o nosso apartamento, tirando tudo das caixas, e guardando em seus devidos lugares. Confesso que estava sendo trabalhoso, mas valeria a pena no final. Tudo ficaria do nosso jeito.

Depois de algumas poucas horas, tudo estava arrumado. Eu estava orgulhosa de nós duas. Conseguimos arrumar o nosso cantinho, deixá-lo do nosso jeito, e bem organizado. Todas as louças guardadas, nossas roupas e tudo bem limpo e lavado. Mamãe ficaria orgulhosa de mim.

— Graças a Deus! Eu não estava aguentando mais carregar caixa pra lá e pra cá. - Lara se jogou no sofá, fazendo massagem em seus pés. — Olha, esse pessoal que trabalha com mudança deveria ganhar milhões, porque não é fácil ficar tirando coisas de caixas, e tentando arrumar um lugar pra elas.

— Eu sei que foi complicado, mas valeu a pena. Está tudo arrumadinho, e do nosso jeito. - sorri, me jogando ao lado dela.

— Se os meninos estivessem aqui, teríamos acabado mais cedo.

— Ou não. Meu irmão odeia ajudar, a não ser quando você pede, porque quando sou eu, ele me chama de irmã folgada. Com coisa que ele não é.

— Seu irmão é incrível, Soso. - Lara sorriu.

— Sem bajulação para o lado dele, pelo amor de Deus. - reclamei sorrindo.

— Por falar nisso, ele não me ligou até agora. - pegou o celular, verificando. - Ah, me mandou uma mensagem, perguntando se nós já acabamos. Eu vou respondê-lo. - sorriu.

Esses dois é uma melação. Se fossem namorados, não seriam tão melosos um com o outro. A única que o meu irmão tem é a Lara, e eu, claro. Ele a tem como uma irmã.

— Lucas está chegando aqui. - sorriu entusiasmada.

— Agora todo mundo aparece, né? Na hora do sufoco, não vemos nem a sombra dele. - ri.

— Ele estava estudando, eu acho.

Eu olhei pra ela, que estava concentrada no celular. Eu conheço o meu irmão, e sei que ele não estava estudando até agora. Se estava com alguma garota? Eu não sei, porque o meu irmão, apesar de puxar para o nosso pai, ele era sério com isso. Claro que não era santo, mas não saía pegando por ai, e falando para todo mundo.

— Deve ser ele. - correu até a porta, assim que escutou a campainha tocar.

Meu irmão estava lindo, e não é por causa de ser irmã dele, mas ele é literalmente lindo. Puxou ao papai, mas tem muitas características da nossa mãe.

— Olá, minha menina. - cumprimentou a Lara com um beijo na testa, e sorriu pra ela.

Pois é. O meu irmão chamava a minha melhor amiga de Minha menina. Era fofo, e isso começou desde criança, pelo que os nossos pais disseram. Era fofo esse carinho e a amizade deles.

Ele virou-se para o sofá, e me viu sentada, ou melhor, jogada por causa da preguiça.

— E ai, gnoma, beleza? - sorriu, jogando-se do meu lado.

Eu já disse que ele tem a mania irritante de me chamar de gnoma só por causa do meu tamanho. Só porque ele era mais alto do que eu. Odiava quando ele me chamava desse jeito.

— Odeio quando você e chama desse jeito. - resmunguei.

— Por isso que eu adoro te chamar de gnoma, mas você pode escolher entre formiguinha, cogumelo, meia porção, chaverinha, mecânica da Hot Weels, lego, e...

— E mais nada. - bufei. — O papai disse que era para você parar de me chamar desse jeito.

— Quando éramos adolescentes, apesar que você ainda é uma, então não conta. - riu.

— Você e o seu humor, né?

— Puxei ao papai. - sorriu, piscando para a Lara, que ria de nós dois.

— Uau! Ficou realmente incrível esse lugar, hein! - olhou admirado para o nosso apartamento. — Vocês deram um jeito em tudo. Ficou perfeito.

— Obrigada. - agradecemos.

— Eu te liguei para você vir aqui, mas você não me atendeu. - Lara disse, com a carinha triste.

— Minha menina, eu estava atolado com coisas da faculdade, e nem deu tempo de fazer nada. Assim que eu terminei por lá, eu vim pra cá para ver vocês duas.

— Se for isso, então está tudo bem. - Lara falou.

Meu irmão ficou olhando para as fotos que tínhamos colocado no apartamento, e reparou um quadro que eu tinha com as fotos minhas e do Nathan. Eu tinha me esquecido de colocar no meu quarto, droga.

— Você fez um quadro com as suas fotos e do Nathan?

— Fiz. - sorri.

Ele chegou perto, olhando uma por uma, com a famosa cara que o meu pai fazia quando tinha ciúmes de alguma coisa.

— Eu não sabia que vocês tinham tantas fotos assim. Tem muita foto em que estão grudados um no outro. O papai viu isso? - perguntou, olhando seriamente pra mim.

— Ai, Lucas, pelo amor de Deus! Que exagero! O Nathan é o meu melhor amigo, do mesmo jeito que você é o Lara. - ele olhou para a minha amiga, que sorriu timidamente. — E, sim, o papai sabe que eu tenho fotos com o Nathan. - não tantas assim, mas ele sabe.

Se tem uma coisa que o meu irão puxou ao meu pai, foi o ciúme. Ele tem essa coisa de querer me proteger, e de achar que eu ainda sou a bonequinha da família. Parece que ele sempre quer me vigiar.

— Deixe de besteira, Lucas. - Lara interferiu. — Eu preciso ir até o campus pegar uns papéis do curso. Você pode me levar até lá? - pediu.

— Claro! Não precisa nem pedir. - piscou pra ela.

Meu irmão fazia de tudo pra ela, mas se fosse pra mim, ele reclamaria até na outra vida.

— Eu só vou tomar um banho, e já podemos ir. Eu não demoro. - saiu em direção ao banheiro do quarto dela.

— Você também vai, maninha?

— Eu vou tomar um banho, mas não vou à faculdade. Fique à vontade, mas nem tanto.

— Ah, gnominha. - riu da minha careta.

Fui para o banheiro que tinha no meu quarto, e tomei um bom banho, da cabeça aos pés. Coloquei um vestido bem confortável, e um sapato baixo, e arrumei o colar que o Nathan tinha me dado na minha festa de 15 anos. Era o meu amuleto.

Avisei a Lara que eu iria ao mercadinho que tinha aqui perto, para poder comprar algumas coisas aqui para a casa. Meu irmão queria me levar, mas eu disse que não era preciso.

Cheguei ao mercadinho, e comprei algumas coisas para fazer um sanduíche para nós. Comprei o que eu achava que seria mais útil para um apartamento de solteiras, paguei e voltei para a casa. O porteiro me ajudou, e sorria muito pra mim. Eu retribui, e agradeci a gentileza. Assim que eu cheguei na porta do apartamento, eu vi que ela estava destrancada.

— Jesus! É um assalto! - comecei a rezar, e abri a porta.

Já estava me preparando para jogar a sacola do mercado em cima do bandido, quando eu escutei a música 7 years, do Lukas Graham. Nathan adorava aquela música. Olhei em volta, e tinha bexigas rosas e lilás por toda a sala, e uma faixa de boas vindas. Coloquei as compras em cima da mesa da sala, quando eu me deparei com uma cena que tocou o meu coração: Nathan estava de avental, cozinhando e com a mesa pronta, do jeito que ele sabia fazer.

— Nath. - sorri, e ele virou-se para mim, sorrindo.

— Meu anjo. - veio até a mim, e me abraçou. — Está tão perfeita.

— Obrigada. Ah, o que é isso aqui? Eu te liguei, mas você não me atendeu.

— É um jantar de boas vindas ao mundo universitário, e um pedido de desculpas por eu não ter vindo te ajudar. Eu queria muito, mas acabei perdendo a hora com algumas coisas, então, eu decidi fazer o jantar, coloquei uma música romântica, mas sem interesses, ok? - disse, parecendo nervoso. — E, você é a convidada do seu primeiro jantar no apartamento novo.

— Uau! Isso é incrível! - sorri.

Ele me olhou por alguns instantes, e chegou perto de mim.

— Eu posso fazer muitas coisas incríveis, Sophie. Só deixe o tempo passar. - sorriu, ficando vermelho.

O que ele queria dizer com aquilo? As vezes, o Nathan era uma incógnita, mas eu desvendaria.

— Senhorita, queira se sentar, por favor. - Nathan arrastou a cadeira pra mim, e sorriu. — Hoje eu sou o seu cozinheiro, meu anjo.

Ai, tem como ser mais fofo? Esse homem todo é meu! Quero dizer, meu amigo, claro. Sorri, e me deixei levar pelo jantar maravilhoso que estava me esperando.

Nathan

Eu contava as horas para poder encontrar com a Sophie. Mas eu precisava terminar o trabalho da faculdade. Eu adiantei muitas coisas para poder ajudar a Sophie com a mudança, mas a professora acabou pedindo esse trabalho de última hora. Fiz de tudo para terminar antes do tempo, mas parecia que eu nunca conseguia acabar. Cursar administração não era fácil, mas eu amava o curso, e eu sempre quis isso para ajudar o meu pai com a empresa. Quando a Sophie disse que queria cursar administração também, eu fiquei tão feliz, mesmo imaginando que ela escolheria outra coisa, mas, o que importava pra mim, era a sua felicidade, porque isso me deixava mais feliz ainda.

Olhei novamente para o relógio, e vi que eu já estava atrasado. Droga! Meu celular estava sem sinal, e eu poderia imaginar que a Sophie deveria estar me esperando. Tentei ligar, mas a ligação não dava certo. Peguei as minhas coisas, e saí da biblioteca. Eu faria o trabalho outro dia, porque eu queria dar atenção ao meu anjo, e ajudá-la com a mudança.

Antes de chegar ao estacionamento, eu encontrei com o Lucas, que estava vindo em minha direção.

— E ai, cara. Beleza? - ele me cumprimentou.

— Bem, tirando aquele trabalho que eu comentei com você. - massageei a minha têmpora.

— Você vai se dar bem. Você é o mais inteligente da turma, Nathan.- sorriu. — E a bruxa da Jaqueline parou de infernizar a sua vida?

Jaqueline é uma ex que não aceita o fim do nosso quase namoro. E nem foi um "namoro" longo. Foram apenas alguns meses, mais precisamente 4 meses. Ela chegou a conhecer os meus pais acidentalmente. Eles vieram me visitar, e ela estava grudada no me pé, então tive que apresentar, mas ela já foi se apressando, dizendo que era minha namorada. Estávamos nos conhecendo, só isso. Ela é bem maluca, e vive me perseguindo. Eu não estava aguentando mais, e decidi acabar com aquela palhaçada. Ela tinha ciúme da Sophie, e queria que eu parasse de falar com ela, mesmo sem conhecê-la. Obviamente que eu não faria isso. Sophie é a pessoa mais importante da minha vida, e eu nunca ficaria sem ela. Nunca.

— Ela é bem maluca, Lucas, mas, por enquanto, está quieta.

— Quieta até demais. Cuidado, meu amigo. Ela pode estar planejando algo em seu caldeirão de bruxaria. - nós dois rimos, imaginando a cena dela, e o seu caldeirão.

— Cruzes! - fiz o nome do pai.

— Mudando de assunto, o meu pai quer falar com você. Não sei o que é, mas disse que é para levá-lo àquele restaurante que fomos aquela vez.

— Agora? - não que eu não queira ir, mas eu precisava ver a Sophie.

— Você conhece o meu pai, e sabe que ele irá atrás de você se não for.

E ia mesmo. Meu padrinho quando queria alguma coisa, ele ia até o fim.

— Ok! Eu vou com o meu carro, e eu sigo você.

Sophie não havia me ligado em momento nenhum, então imaginei que ela estaria ocupada com o apartamento. Paramos em frente ao restaurante, e nos sentamos na cadeira que o meu padrinho havia reservado. Não demorou muito, quando eu o vi entrando. A garçonete deu uma bela olhada no meu padrinho, que estava alheio ao olhar dela. Se a minha madrinha imaginar isso, ela arranca os olhos da garota.

— Essa mesa ficou completa com a minha chegada. - sentou-se, pedindo um café. — Obrigado.

— E ai, pai, como vão as coisas?

— Muito bem, meu filho. Eu e a Emy estamos sempre bem, se é que me entendem. - piscou. — O trabalho vai bem, os seus avós também.

Lucas sorriu ao saber que estava tudo bem.

— Vocês devem querer saber o motivo dessa reunião, né? - concordamos, e ele tomou um gole do seu café. — Eu quero ter uma conversa séria sobre a Sophie.

Ao escutar o nome dela, eu fiquei atento. Será que tinha alguma coisa de errado com ela? Eu estava tão preocupado, e queria saber o que tinha acontecido.

— O que tem a Sophie, padrinho? - perguntei, tentando manter a calma.

— Eu tentei usar dos meus poderes de pai, mas a Sophie não me escuta. Eu até disse que poderia morrer longe dela, mas ela simplesmente ouviu a voz do coração. Desde quando coração tem voz? Se tivesse, eu arrancaria a língua dela, e mandaria tomar naquele lugar. A porra da voz do coração dela, pediu que ela viesse estudar longe de mim. Longe de mim, vocês acreditam? No começo eu achei que ela estava falando sozinha, mas ouviu essa tal voz. Dã! Continuando, a Emily deu total apoio, dizendo que seria bom ela criar asas. Criar asas? Ela não é galinha! Se quisesse ter asas, era só implantar uma, e ficar em casa. Eu poderia criar um viveiro pra ela, mas não, ela quis vir pra cá. - suspirou. — Eu sei que tem o Lucas aqui, a Lara, e até mesmo você, Nathan. - olhou de rabo de olho pra mim. — Mas eu não estarei aqui. Eu prometi que cuidaria dos dois, mas a Sophie é muito inocente, igual a mãe dela. Acha que tudo é igual ao mundo da Polly Pocket, não que eu já tenha assistido, ou saiba quem é essa tal de Polly, mas ela acha que tudo é perfeito. Eu tenho medo de muitas coisas, inclusive de algo que possa machucá-la. - ele olhou para os lados, e se virou novamente para nós. — Ela nunca beijou, imagine fazer outras coisas.

Nessa hora, eu engasguei, e quase morri com o café que estava tomando. Se ele soubesse, cortaria a minha língua agora mesmo. É bom que não saiba, porque eu amo a minha língua.

— Eu estou bem, pode continuar, padrinho. - sorri, disfarçando.

— Enfim, o Lucas está aqui, mas não a todo o momento. Ele estuda, e tem a vida dele, por isso que eu vim pedir algo que eu jamais imaginei que faria. Eu repensei muito, mas eu vi que um dos meus métodos de manter a minha filha longe das testosteronas, e de braços ao redor dela. - ele olhou pra mim, e respirou fundo. — Nathan, eu preciso que você cuide da minha filha. Não do jeito safado que vocês jovens pensam, mas do jeito que você sabe que eu não te mate.

Eu? Cuidar da Sophie? É claro que eu cuidaria dela, mas agora seria uma responsabilidade maior, porque o meu padrinho estava na jogada. Quando Gabe Hunter queria proteger ou sentisse ciúme de alguma coisa, era melhor sair da frente.

— Eu quero que você não a deixe perto desses caras que comem batata-doce, frango e urra em academia. Eu conheço o tipo deles, foram que peidam fedido. Mataria a minha filha! Também não quero que ele fique perto desses que comem besteira, porque senão irá se engraçar pro lado dela, querendo levá-la pra comer, e a Sophie não dispensa um bom lanche, fora que ele irá querer fazer besteira com a minha filha, e eu mato também. - parou para pensar em alguma coisa. — Ah, e muito menos perto daqueles que são inteligentes. - olhou pra mim, e eu senti uma indireta. — Eu conheço esses tipos também. Ah, deixa eu explicar a matéria pra você. Dai, vai querer mostrar é a anatomia masculina pra minha filha. Esses nerds também só tem carinha de santo, porque eu conheço essa raça. Estudam para atacar. - olhou novamente pra mim.

— Isso mesmo, pai. Nó vamos cuidar da Sophie muito bem, e da Lara, claro. - sorriu. — Não é, Nathan?

— Claro! Nós cuidaremos muito bem delas. - eu já disse que a Sophie é a minha prioridade. Eu cuidaria muito bem dela, mesmo sem ele me pedir.

— Mesmo a Beck chatinha não merecendo, podem ficar de olho na Lara. Ela é uma boa menina, e o Alex é o meu amigo. - sorriu.

— Ok, pai. Então você quer que a gente fique de olho nas meninas, então nós faremos isso. - olhou pra mim, e eu concordei.

— Muito bem. Não quero que elas fiquem prisioneiras, mas eu sinto que vai acontecer alguma coisa. Deve ser a porra da voz do coração que não fala a minha língua. - resmungou. — Ah, claro, antes que eu me esqueça. Nathan, meu querido afilhado, se você se engraçar pro lado da minha filha, você vai se arrepender.

— Eu? - quase morri com o olhar dele.

— Lucas, como que chama aquela história que você ouviu na escola aquela vez? Aquela do folclore brasileiro, que o menino não tem uma perna.

— É o Saci, pai. - sorriu.

— Isso mesmo. - olhou novamente pra mim. — Eu arranco uma das suas pernas, e faço uma prótese para o Saci. Ele vai ficar com as duas pernas, já você... - deu de ombros, sorrindo.

Meu padrinho poderia ser bem assustador quando queria. E, neste momento, ele estava sendo.

— Fora que eu cortarei as suas bolas, e colocarei em uma redoma de vidro, igual ao da Bela e a Fera. Você quer isso?

— Não! Claro que não! Eu, ah, eu nunca daria em cima dela. - imagina. Eu sou o amigo dela, só isso.

— Acho bom que não dê nem embaixo, e em nenhuma posição. Estamos entendidos?

— Claro! - falei, nervoso.

— Ótimo! - olhou para o relógio. — Eu preciso ir. Ah, não contem nada para as meninas, muito menos para a Emy. Não que eu tenha medo dela, ou que ela queira cortar as minhas bolas, mas é melhor evitar uma separação, ou uma morte. - arregalou os olhos. — Tchau, meu filho. Cuidado você também. Sabe que pode contar comigo. - abraçou o Lucas, e depois me abraçou, mas sussurrou pra mim — Eu sempre estou de olho, Nathan Adams.

E saiu, nos deixando um olhando para a cara do outro.

— Uau! Temos uma missão. Eu cuido da Sophie. - falei, animado.

Lucas me olhou com o mesmo olhar do meu padrinho, e eu juro que me assustei.

— Nós cuidaremos da Sophie, ou acha que eu deixarei a minha irmã nas suas mãos?

— Lucas, eu não vou fazer com ela. A Sophie é a minha melhor amiga, do mesmo jeito que você considera a Lara.

Ele abaixou a cabeça por alguns segundos, e voltou a me olhar.

— Prometa que não fará nada com ela. Não vai tentar nada com a minha irmã, Nathan.

— Lucas...

Parece que ele acha que eu serei um maníaco, que poderia atacar a Sophie.

— Me prometa, ou eu mesma cuidarei da Sophie.

Como ele pode achar que eu possa tentar alguma coisa com ela? Ele não percebe que eu gosto dela, mas de um jeito amigável. Eu gosto da Sophie, do mesmo jeito que ele gosta da Lara. Eu quero cuidar da minha Soso, quero dizer, da Soso.

— Eu prometo. - sorri, mas com um aperto no peito.

— Ótimo! - sorriu de volta. — Eu preciso ir. Lara já me ligou, e eu só vi quando estávamos aqui. Quer ir no apartamento novo das meninas?

— Não, talvez eu vá mais tarde. Eu vou passar no meu apartamento primeiro.

— Tudo bem. - levantou-se, e deixou o dinheiro para pagar pelo café.

Saímos do restaurante, e nos despedimos. Eu teria que ir ver a Sophie ainda hoje. Ela era como um anjo, e me acalmava tanto. Eu precisava me desculpar por não aparecer por lá, e ajudá-la com a mudança. Pensei em o que poderia fazer, e tive uma grande ideia, e eu sabia que ela adoraria.

Tomei o meu banho, passei o meu perfume, e peguei o que eu precisava. Mandei uma mensagem pra Lara, perguntando se ela estava em casa, mas fui avisado que não teria ninguém, porque ela estava com o Lucas, e a Sophie tinha ido ao mercadinho. Ótimo! Me plano daria certo. Fui até a loja para comprar bexigas e uma faixa de boas vindas, e comprei alguns ingredientes no mercado, e flores, que eu sei que ela adora. Eu comprei duas, senão o Lucas vai achar que eu estou dando em cima da irmã dele. Ao chegar no prédio dela, que não era longe do meu, subi rapidamente ao apartamento. Sorte que eu tinha a chave, que ela me deu a cópia de bom grado.

Uau! O apartamento estava lindo! Bem a cara delas, com tudo decorado, e do jeito que eu imaginei que a Sophie gostava. Vi o nosso quadro e fotos, e sorri. Eu me pergunto porque ela é tão linda? Parece realmente um anjo. Tirei esses pensamentos, e já fui arrumando as faixas, e as bexigas. Arrumei a mesa, e comecei a cozinhar. Seria algo simples, mas que ela lamberia os beiços, no bom sentido, sem pensar em besteira. Liguei o som, na música que eu gostava, e que a Sophie cantava perfeitamente. A voz dela é tão perfeita!

Eu me concentrei em cozinhar, porque tinha que ser perfeito, quando eu senti um cheiro conhecido. Ela tinha chegado.

— Nath. - eu me virei, e a vi.

Meu Deus! Meu santo Deus! Ela não cansa de ser tão linda? Eu... Eu... Ela é tão perfeita!

— Meu anjo. - fui até ela, e a abracei. — Está tão perfeita.

— Obrigada. Ah, o que é isso aqui? - perguntou curiosa.

— É um jantar de boas vindas ao mundo universitário, e um pedido de desculpas por eu não ter vindo te ajudar. Eu queria muito, mas acabei perdendo a hora. Então, eu decidi fazer o jantar, coloquei uma música romântica, mas sem interesses, ok? E, você é a convidada do seu primeiro jantar no apartamento novo.

— Uau! Isso é incrível! - sorriu.

Esse sorriso! Como eu amo esse sorriso. Quero dizer, ele é lindo. Sempre foi.

— Eu posso fazer muitas coisas incríveis, Sophie. Só deixe o tempo passar.

Por que eu disse isso? Eu não estou raciocinando direito Deve ser os temperos. Controle-se, Nathan!

Voltei a minha atenção a ela, e arrastei a cadeira para ela se sentar.

— Senhorita, queira se sentar, por favor. -sorri. — Hoje eu sou o seu cozinheiro, meu anjo.

Ela teria tudo de mim. Sempre teve tudo e mim. Sophie era a minha salvação, e o meu declínio ao mesmo tempo. Eu nunca conseguiria ficar longe dela, nem por um segundo. 


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