Meu Amor (I)mortal escrita por Rosecchi


Capítulo 4
O Vulto


Notas iniciais do capítulo

Oieee!! Desculpinha pela demora... Tive um pequeno bloqueio, e fiquei meio travada, mas, tá tudo ok!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700377/chapter/4

Viviane preparou para deitar na sua cama, mas um som um tanto familiar a fez entrar num transe tão hipnótico quanto o que tivera com a rosa. Aquele som, tocado num piano, era tão suave, tão acolhedor, era... Era a sua música!

Anos atrás, Viviane fizera uma paródia de sua música favorita, e a tocou no show de talentos da escola, e essa música praticamente se tornou viral. O que mais impressionou foi a potência de voz que a garota tinha. Mesmo assim, desde que chegou no Palais Garnier, ninguém a conhecia, ou seja, ninguém ouvira sua música. E ela não vira nenhum de seus amigos por lá, a não ser que ele a evitasse por ser bastante tímido.

Ela abriu a porta, olhou para os lados, e andou em direção ao som que vinha do palco que estava iluminado, numa certa parte, pelos holofotes. Assim que chegou perto do local, espreitou até a quina da parede, e viu um piano de cauda, de cor preta, cuja sua parte superior estava levantada, tornando difícil ver quem o tocava. Talvez fosse o tal admirador. Viviane foi andando lentamente até o músico que estava ali. Mas, do nada, a música para, e isso a tira do transe na hora. Logo, corre para o piano, estica seu corpo o quanto pode, vê o outro lado do instrumento, mas não há ninguém ali. Antes que pudesse pensar em algo, a voz grave de Edward a interrompeu.

— O que está fazendo aí? — Ele estava do outro lado do palco com um cabo, com fios soltos nas pontas, numa das mãos, e uma longa escada articulada na outra – tirara o fio, que estava pendurado, do holofote que caíra mais cedo. Viviane ficou paralisada, não sabia como escapar, muito menos o que falar; ela deu uns passos para trás, a fim de camuflar-se nas sombras. Edward respirou fundo, diante o silêncio que foi feito. — Escute, está tarde, e vamos começar com os ensaios a partir de amanhã, bem cedo, então, volte para o seu quarto, agora! — O professor virou-se e andou para fora dali, sem dizer mais nada.

Aproveitando a oportunidade de não levar uma bronca, e seguindo as ordens do seu professor, Viviane foi de imediato para seu quarto. Ele, por acaso não a teria reconhecido? Para sua sorte, não. Assim que chegou no quarto, levou o cobertor até o fim da cama, deitou-se, e puxou-o até a cintura — a garota ligara o ar-condicionado, mas como o lugar não estava tão frio, pensara que não fizera isso, e estava cansada demais para fazer isso agora, uma vez que já tinha adormecido.

Com o passar das horas, o ar começou a esfriar, então, na penumbra do quarto, uma silhueta negra passa por lá, e aproxima-se da cama. O vulto vira a cabeça, em direção à janela, vendo a neve cair, e puxa o cobertor de Viviane levando-o até a altura dos ombros dela, e logo depois vai embora, silenciosamente como entrou. A menina, então, percebe o calor de um tecido envolvendo-a, e abre os olhos, vendo o cobertor nos seus ombros. Olha para os lados, sonolenta, e, como era de se esperar, não vê ninguém ali, então, dá de ombros, e retorna a dormir.

No dia seguinte, Viviane vai para a sala de balé, e no segundo que ela entra lá, olha de canto para o espelho, vê uma sombra na parede, mais escura e diferente da sua. Seu coração parou por fração de segundos — a sombra estava muito próximo à ela — e a moça olhou para trás, subitamente. Mas a sombra havia desaparecido, e assim que olhou para o espelho, também não tinha nada de incomum. Pensou estar alucinando — como no palco, no dia anterior, quando pensou ter esbarrado em alguém —, então andou ao encontro do resto dos alunos. Edward chegou tempo depois para iniciar a aula, a partir dos alongamentos, antes de distribuir os papeis da próxima. Alguém, minutos após a aula dar início, entrava na sala. O professor parou a aula e virou-se para Lorraine.

— O que você está fazendo aqui? Não devia estar de repouso? — Edward perguntou, seco, fitando a faixa envolvida no joelho esquerdo da menina. O holofote batera no osso da jovem, a ponto de deixar a área do joelho roxa em questão de minutos, uma vez que estava na enfermaria, soube que não foi apenas um corte: foi uma fratura. Lorraine usava duas muletas para se manter em pé.

— Nada demais. Só vou voltar a ensaiar, afinal...

— Desse jeito? Sabia que pode até perder a perna assim?

— Ah! Você está sendo muito dramático. — Lorraine virou os olhos. Viviane fitou a perna enfaixada e, preocupada, perguntou:

— Foi tão forte assim? Você está, mesmo, se sentindo bem para ensaiar?

— É claro que não foi tão grave! Acha que eu não estaria aqui se não estivesse me sentindo bem?

— Não dê importância ao que ela diz. — Edward virou para Viviane. — Essa cidadã está quase perto de romper um tendão, — Aumenta a voz, a fim de Lorraine entender, olhando para esta, do canto do olho. — quando fizer qualquer atividade que force a perna!

— Não exagere! — Hesitou a moça, dois anos mais velha que Viviane. — Em pouco tempo meu joelho vai voltar ao normal.

— Mas nunca voltará ao normal se romper um tendão e ter que fazer uma cirurgia! — Edward virou-se de frente à Lorraine, quase gritando. Ele respira fundo, e então abaixa muito pouco o tom de voz. — Pode dispensar a aula por hoje, e por um tempo, até que realmente se recupere! — Lorraine estava a prestes a explodir de tão vermelho que seu rosto ficou, de raiva. Ela rangeu os dentes, mas acabou por concordar com o que Edward tinha dito, deu meia volta, e saiu da sala.

Uma vez que Lorraine deixara totalmente o local, Edward fechou a porta, sem mesmo ver se a garota tinha obedecido suas ordens. Não importava aonde ela estava indo, portanto que não atrapalhasse a aula. Assim que voltou para próximo dos alunos, obviamente todos cochichavam sobre o que acabou de acontecer, e bastaram apenas três palmas do professor, para chamar a atenção de todos, fazendo ficarem emudecidos num instante. Ele diz para eles focarem no que é mais importante no momento, ou seja, a peça de "Paquita", apesar desta estrear no mês seguinte. Agora, não só Viviane, mas todos os novatos trabalharão mais sério.

O primeiro ensaio seguiu normalmente, com poucas interrupções — que foi o Edward, reclamando com vários dos seus alunos, que conversavam. Depois de uma hora e meia, enfim, o ensaio acaba, e todos os alunos, de todas as salas saíram para descansar os músculos e conversarem. Viviane encontrou Emily, contando sobre a música que ouvira na noite anterior.

— Você não ouviu nada? Como assim? Seu quarto é um dos mais próximos do palco. Do meu, que fica no Havaí, consegui ouvir!

— Você deve ter ouvido coisas. Se foi só você quem ouviu isso... — Emily olhava para Viviane como se esta contasse uma das histórias mais estranhas que já tinha escutado.

— Sim. E eu ouvi “coisas”: notas. Alguém tocou a música que eu tinha composto. — Viviane enfatizou o “eu” na sua frase. — Na verdade, foi uma paródia. Mas, já procurei várias vezes e nunca encontrei alguma que fosse igual a minha!

As duas continuavam a discutir, até que Emily diz à amiga que quer ouvir sua música. Viviane pensou bastante até ser convencida pela amiga. Então, seguiam as duas para o palco que tinha poucas pessoas. O piano permanecia no mesmo lugar, e do mesmo jeito que Viviane vira antes.

— Vou ser rápida, porque o nosso tempo já vai acabar.

Viviane respirou fundo e tocou cada tecla delicadamente, para evitar que se formasse uma multidão, e trouxe uma melodia que chamou a atenção das pessoas que estavam ali, e as que andavam por perto. Como sua voz era o que ela menos gostava em si mesma, resolveu não cantar. Atrás da pequena multidão que a cercava e a observava, estava lá, a mesma silhueta que entrara no quarto de Viviane, observando atentamente os toques precisos, ágeis, e, ao mesmo tempo, delicados da garota que tocava o instrumento. Tanto o vulto nas sombras quanto Viviane sentia sua alma mais pacificada a cada nota, a cada som. A jovem quase se perdeu na própria música, e assim que voltou à realidade, pulou algumas partes, indo direto ao final. Uma vez que terminara, todos sorriam e elogiaram a garota, que agradecia aos amigos. Um deles, aproximou-se dela, flertando-a. Percebendo a iniciativa do rapaz, o vulto fitou o piano, e fez a parte superior do instrumento abaixar de uma vez só, machucando os dedos daquele quem tentava flertar com ela, assustando a todos. O garoto que estava mais próximo do piano levou a culpa; uma vez que ele confessou que encostara no instrumento. Este mesmo garoto pediu desculpas inúmeras vezes, e se ofereceu para levá-lo à enfermaria.

— Já é a segunda pessoa, em menos de 24 horas que vai à enfermaria. — Comentou Viviane à Emily, enquanto deixava o palco, indo em direção ao refeitório.

— Se você ver o quanto de pessoas, por hora, vai para lá, no Natal e Ano Novo... — Emily sorriu de canto, o que fez a amiga rir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi mal, de novo, pela demorinha de um mês e um dia (literalmente). Hehe... Enfim, estou louca pra ver o quanto você gostou do cap!
Beijos de estrelas cadentes!! ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Amor (I)mortal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.