Meu Amor (I)mortal escrita por Rosecchi


Capítulo 3
O Holofote




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Viviane acordou mais tranquila; sem aquela correria dos ensaios. Apenas com a dúvida de qual dos Drick tinha escrito aquele bilhete. Ela olhava para cada um dos dois, notando nada de mais: Emilly parecia nem sequer saber da existência do bilhete, igual ao Edward, que mantinha a maneira rígida, e autoritária. Ou ambos eram bons atores e realmente um deles não iria contar nada a respeito disso, ou realmente nenhum dos dois estavam envolvidos nessa história; nem como cúmplices. Então, Viviane decidiu ser mais direta, e perguntar, primeiro, à Emilly sobre o tal bilhete.

— Eu nem saí do meu quarto ontem à noite. Acho que te disse que eu estava muito cansada, e quando chegasse no quarto, iria deitar e dormir num segundo. E eu falei sério! Tanto que nem tirei meus sapatos.

— Você pelo menos sabe, ou tem alguma ideia de quem escreveu isso pra mim?

Viviane entregou o bilhete à Emilly, que o leu. Assim que terminou, subiu o olhar e sorriu maliciosamente.

— Aposto meus sapatos que você tem um admirador secreto... — Emilly riu, ainda com o olhar malicioso — Sabia que você tinha se saído bem ontem, mas não pensei que tinha ganhado tanta atenção assim...

O comentário da amiga fez Viviane corar. Em questão de milésimos, a garota estava tão vermelha, que nem sua pele parda conseguia esconder.

— Sim... Já percebi que você não sabe quem me mandou isso... Enfim, eu estou um pouco ocupada agora, então... — Viviane puxou o bilhete de volta. — Se me der licença.

— Entendo. — Emilly andou para mais perto de Viviane, que virara-se para sair, e pousou seu cotovelo no ombro da amiga, ainda com o sorriso. — Só não esquece de me avisar sobre ele. Mas não tente descrevê-lo como: “lindo”, “um sonho”, “gato”... essas coisas. Deve ter uma possibilidade de eu me apaixonar por seja lá quem ele for também, ok?

Viviane deixou seu rosto corado de lado, rindo do que a amiga disse.

— É claro que vou avisar a você. E com certeza vou me controlar quando falar dele. Mas só SE eu o encontrar.

— Do jeito que é investigativa, aposto que o achará até o fim da tarde. Bem, boa sorte para você.

Emilly afastou-se da amiga dando meia-volta e saindo para outro lugar, enquanto Viviane seguiu seu caminho em direção ao palco, onde a, segundo ela, chata da Lorraine estava a exibir seus passos. Viviane sabia o que a colega de coro queria: tornar-se prima ballerina. Mas o que a incomodava era Lorraine dançar todo o tempo. Num instante, ela e outras pessoas começavam a julga-la como egocêntrica.

Não muito longe dali, estava Edward, do outro lado do palco, observando um certo problema na iluminação. Viviane respirou fundo e foi em direção a Edward, a fim de tirar essa dúvida a limpo. Andou longe de Lorraine, que parecia muito distraída com a música no seu celular para prestar atenção em algo — ensaiava no palco para sentir-se mais uma prima ballerina —, até que enfim Viviane estava perto dele. Porém, um barulho, na verdade um estrondo, vindo de cima, chamou a atenção dela. Ela olhou para cima e viu um holofote vindo com tudo para baixo.
Rapidamente calculou o destino do objeto, e viu que cairia bem em cima de Lorraine. Por instinto, a puxou e a tirou do caminho do holofote, mas não o impediu de quicar no chão e, ainda assim, atingir e bater bem no joelho esquerdo de Lorraine, fazendo um corte, nem tão raso ou profundo demais, que fez o sangue correr rapidamente pelas pernas. No canto do palco, estavam algumas pessoas — umas conversando, e outras trocando carícias — que viram toda a confusão. Umas correram para fora do palco, provavelmente para chamar os outros, enquanto outras corriam para mais perto. O holofote fez uma rachadura no palco.

—Ai! Tirem as mãos de mim! Me soltem! — Lorraine se debatia, desvencilhando das mãos que a puxaram.

E só agora Viviane notou que Edward também deve ter percebido o holofote na direção da garota que, agora com os braços livres, tentava aliviar a dor no seu joelho.

— De nada. — Sempre tão simpático... — Mas poderia ser pior: podia ter caído na sua cabeça.

A garota morena, de cabelos cacheados e curtos, fuzilou Edward com os olhos verdes escuros.

— Isso não aconteceria se tivesse consertado isso — apontou para o holofote, sem tirar seus olhos dele — desde ontem!

— Em primeiro lugar, tudo estava em ótimas condições ontem! Não é minha culpa se a luz queimou!

— Ah é? — Lorraine estava prestes a explodir, mas a dor no seu joelho a impedia disso. — E o que... — Ela iria insultar Edward outra vez, quando o mesmo se precipitara.

— E em segundo lugar, quem é a pessoa que ensaia uma dança totalmente aleatória, sem qualquer motivo, no palco? Se não viesse para cá, obviamente teria evitado isso de acontecer.

— Eu... Eu só estava... Grrr!!! — A mulher praticamente perdeu a cabeça e pisou o pé direito no chão e andou mancando, no mesmo lado, saindo do palco.

Edward também ia saindo do palco, mas Viviane, já de volta de seu transe pelo que acabara de acontecer, foi na sua direção.

— Espera, Edward. — O homem virou-se para ela. —Escuta... Tem algo que eu...

—Perdeu? Quanto descuido. — Pelo tom de voz, ele não parecia sarcástico. Parecia mais... Brincalhão?

— Não, eu não perdi nada. Cuido bem das minhas coisas. — Edward pareceu sorrir com o comentário dela. Mas o que provocaria essa mudança repentina? — Eu quero saber se você já viu isso. — Ela tira o bilhete do bolso e entrega a ele.

Ele analisa cada palavra, como se estivesse investigando quem seria o dono da letra, antes de prestar atenção do que se tratava a mensagem escrita.

— Letra cursiva... Bem século 19, se quer saber.

— Mas você sabe quem escreveu isso? — Ela falou num tom quase desesperado.

— Não conheço pessoas com essas iniciais, fora a minha irmã. Mas vieram tantos novatos. Além de ter pessoas que devem ter adorado sua apresentação. Além disso, mal presto atenção nas letras dos outros. E espero que não pense que essa letra é minha! — Edward engrossa mais a voz, mas logo respira fundo. — Bem, — Ele devolve o bilhete à Viviane. — agora, se não se incomoda, preciso cuidar de coisas mais importantes.

Ele se virou outra vez, e saiu do palco, depois de pegar o holofote caído . “Droga!” Pensou “Agora acabaram meus palpites! Será que aguento esperar até que ele se revele?” A confusão de quem era o remente só aumentava. Poderia ele ser um admirador, ou só um fã. Não tinha provas o suficiente para acusar alguém. Uma vez que ela não sabia diferenciar a letra de umas cem pessoas, mais os novatos, os espectadores... Ela andou pelo palco, no mesmo caminho que viera, fitando seu bilhete, quando sentiu seu ombro bater em alguém.

— Opa! Descul... — Viviane olhou para ver em quem tinha esbarrado, antes de notar que era a quina da parede.

Ela pensou ter visto a silhueta de alguém, mesmo assim, continuou andando ao invés de fitar a parede esperando algo acontecer. E as pessoas corriam para o palco para ver o que tinha acontecido ali, um minuto atrás.

No meio do caminho, Viviane encontrou Emilly que corria para o palco junto com os outros, mas ela parou e se aproximou da amiga.

— Você está saindo do palco agora? Soube o que aconteceu?

— Sim e sim. É que a Lorraine estava lá no palco, se exibindo para não sei quem, quando um dos holofotes caiu. Se o Edward e eu não a puxássemos a tempo...

— Espera, espera! Edward e você?! Ah! Então foi ele quem...? — Emilly estava quase gritando, mas Viviane a interrompeu.

— Nem pense nisso! Eu também pensei que era ele mas, acabei descobrindo o contrário.

— Entendo. Você deve estar tão chateada... — Emilly abaixou o rosto com um pequeno sorriso. — Imagino se ele tivesse escrito aquele bilhete... Como você se sentiria...

— Ei! Nem pense nisso! — Viviane empurrou de leve o ombro de Emilly que ria sem parar. — E não venha com o papo de que eu vou estar apaixonada por ele!

— Hmm... Ficou nervosinha! — Emilly continuava a rir.

— Não seja ridícula! Para com isso! — Viviane ficou cada vez mais vermelha, o que fazia Emilly rir mais e mais.

A garota revirou os olhos e continuou a andar, com a Emilly tentando se acalmar para não rir mais. Até que ambas chegaram no quarto de Viviane.

— Vou continuar minha investigação mais tarde. Agora é só uns minutos livres.

Assim que abriu a porta, viu algo na sua cama, que também foi notado por Emilly: uma rosa! Uma rosa vermelha escura com duas folhas ligadas ao talo verde vivo. A imagem fez os olhos de Viviane brilharem. Esta aproximou mais perto da cama e pegou a planta delicadamente, sorrindo. Sua amiga corou, juntamente com ela pela imagem.

As amigas passaram boa parte do tempo observando a bela rosa, antes de saírem do transe. Logo, Viviane pôs seu bilhete, com a rosa em cima. E chamou Emilly para saírem do quarto. Feito isso, a dona do quarto fechou a porta e andou ao lado da amiga, que não perdeu a oportunidade de comentar do presente da outra.

— Que romântico ele, não? Seja lá quem for, uma vez que o encontrar, não perca a oportunidade de saírem juntos.

— Calma! Não vamos acelerar as coisas desse jeito. — Viviane parecia sem jeito ao falar do assunto.

— Você quem sabe. Enfim, e a Lorraine? Ela se machucou?

— Machucou o joelho esquerdo. Estava até sangrando. Mas nada grave. Apenas passar gelo ali, colocar um curativo, e melhora.

— Gelo? Está brincando? É melhor passar água quente. Só aquilo para acalmar aquela sangue-frio.

— Ah, é! Bem lembrado. — Viviane riu junto com Emilly.

Ambas continuavam a andar, até que viram uma multidão saindo às pressas do palco. Elas só ouviram a voz grave de Edward expulsando todos dali, dizendo algo como: “Não tem nada pra ver aqui! Vão embora!”

Mais tarde, agora à noite, e depois de ter conversado acerca de Lorraine e o holofote para a irmã — somente deixando de lado o bilhete e a rosa que recebera de seu admirador ou fã —, Viviane puxou o lençol da sua cama, pronta para deitar, quando viu um papiro, um pouco menor do que seu bilhete. Ela o pegou e leu a mensagem escrita nele.

“Dedico à você essa rosa delicada, porém de cores fortes. Pois é assim que lhe vejo: uma bela mulher, de rosto gentil e angelical, mas que por dentro tem a força e a coragem que mais ninguém poderia ter.

E.D.”

Viviane fitou a bela rosa que ganhara mais cedo, pousada na penteadeira, depois olhou de novo a carta, escrita na mesma letra cursiva do bilhete, com toques tão delicados e suaves quanto das pétalas de sua rosa, e sorriu, quase como se respondesse ao seu “admirador secreto” por aqueles presentes tão intrigantes, que aumentavam a dúvida de quem ele poderia ser.


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Notas finais do capítulo

Mais mistérios à vista para Viviane... E aí? Tem alguma idéia do que pode acontecer no próximo cap? Será que ela finalmente encontra seu admirador, hein?? Hahaha! Vamos ver...
Bjss!!!