Meu Amor (I)mortal escrita por Rosecchi


Capítulo 19
A Revelação


Notas iniciais do capítulo

Eis que aqui está minha surpresa!! (Meio atrasada, mas veio!!) Espero mesmo que goste de cap porque... Nossa, tô muito nervosa, sério! Enfim, só vamo! :)



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Passou um bom tempo até que Viviane tomou a iniciativa, afastando-se do fantasma lentamente, pois se sentiu com falta de ar. Ela não sabe quanto tempo durou aquele beijo, mas isso não importava, uma vez que cada segundo valeu a pena. Ah, e como queria provar outra vez! Ela deslizou os dedos pela máscara negra do fantasma, que apesar do objeto ocultar seu rosto, os lábios finos ainda eram visíveis e neles, foi possível notar um sorriso apaixonado sendo formado. Nunca ninguém fez a mulher sentir uma sensação tão boa... Infelizmente, o momento foi interrompido por batidas na porta.

Viviane demorou quase um minuto para se recompor e atender quem batia incansavelmente. Na sua postura mais normal, a garota foi atender no modo mais normal possível.

— Matt? O que houve?

O amigo a olhou de cima a baixo, percebendo que Viviane estava ainda com as roupas de balé, além de notar uma pequena marca avermelhada na sua bochecha direita.

— Eu é que pergunto. Esqueceu que nós iríamos sair agora a tarde? Mas você ainda está assim... — Matt estava tentado a mencionar algo sobre o hematoma que fitava enquanto conversava com a garota. Esta, depois de um breve suspiro, o respondeu:

— Escuta, Matt. Eu... Acabei mudando de ideia. Eu vou ficar aqui hoje. — Para azar da garota, seu amigo era insistente e curioso. E percebendo essa curiosidade, ela lembrou do seu machucado no rosto, então o virou discretamente, quase ficando de perfil.

— Mas por quê não vai? — Ante o inocente dar de ombros de Viviane, Matt resolveu mudar um pouco o assunto, falando sobre o que a amiga não queria comentar. — É por causa do seu machucado?

— Q-que machucado? — Viviane falou na melhor atuação que podia. — Olha, não sei mesmo onde que chegar, mas não é isso. Como se eu tivesse vergonha de sair por causa disso. — Matt já estava ficando impaciente, então pegou o queixo da garota, centralizando o rosto desta, deixando o hematoma mais uma vez visível aos olhos do rapaz.

— E quanto a esse?

Envergonhada, Viviane tocou no local dolorido, delicadamente e abaixou o rosto. Logo, essa vergonha foi dando lugar ao nervosismo. Mesmo assim, continuou na farsa:

— N-não é nada, Matt. Eu só...

— Como assim não é nada? Vivi, eu sou seu amigo. Pode confiar em mim.

— Eu confio. Mas não é essa a questão. Eu tenho minhas próprias preocupações. — Por mais rude que ela soasse, só queria ficar um tempo sozinha. Uma vez que não tinha se recuperado do trauma com o Edward, embora o E.D. tenha feito algo para acalmar e distrair seu coração e manter sua mente ocupada.

— Mas eu posso ajudar se precisar! — Matt mudou aquela raiva para preocupação. Realmente ele era mais prestativo do que parecia.

— Agradeço, mas não preciso. — Ela engoliu em seco, quase não aguentando o pesar da consciência. Se o Matt ficasse desconfiado, ela estaria perdida. Logo, forçou um sorriso e falou, ainda inocente: — Bem, já que está tudo explicado, se me der licença, eu preciso tomar um banho.

— Um minuto. — Matt a segurou pelo ombro, ainda preocupado, e analisou o rosto marcado, percebendo que tinha formato de uma mão, com todos os dedos, exceto o polegar, marcados perfeitamente na bochecha da garota. — Isso parece... — Murmurou.

Viviane ouviu tudo, e decidiu abrir o jogo, mas sem encarar o rosto preocupado do seu amigo.

— Sim. Bateram em mim... — Ela se sentia tão envergonhada. Sempre gostava de cuidar de si própria, e quase nunca demonstrava que estava fraca. Mas Matt não foi o único que ouviu sua confissão.

— Quem bateu em você? — Emilly chegou, já preocupada, onde os amigos estavam.

Viviane se sentiu mais desconfortável do que já estava. Ela não conseguia mais pronunciar uma palavra sequer. Até que ela respirou fundo, e apenas falou:

— Olha... Podemos conversar depois, gente? Eu realmente preciso...

— Não mude de assunto, Vivi! — Matt ficou exaltado, mas antes dele tentar repreender a amiga, Emilly segurou o braço do rapaz.

— Matt, se acalme! — Então, virando-se para Viviane: — Conversamos mais tarde, está bem?

Viviane assentiu e foi ao banheiro, trocou a roupa de balé por uma mais confortável. E encontrando seus amigos discutindo entre si, até que viram a garota na frente deles. Como estavam curiosos para saber o que houve, conseguiram convencê-la a sair com eles.

O trio chegou na mesma lanchonete que foram anteriormente, na esquina da Rue de l'Echelle com o cruzamento da Rue de Rivolli. Sentaram-se numa mesa próxima da parede, de frente ao balcão de atendimento. A mesa redonda e feita de madeira e metal nas pernas; as cadeiras feitas do mesmo material. O ambiente era tranquilo, apesar do movimento de turistas e clientes locais, como era o caso dos três bailarinos.

Eles começaram conversando calmamente, sem pressionar Viviane acerca do seu rosto marcado. Eles fizeram seus pedidos normalmente, mas assim que os pratos chegaram e Matt voltou ao assunto, o clima ficou mais tenso. Viviane tentou, de todas as maneiras, desviar das perguntas e dúvidas dos amigos, porém, viu-se rendida e acabou, contando de quem a bateu, depois do que houve entre ela e o Edward no telhado. Confessou praticamente tudo, com exceção do fantasma, que ela conseguiu não citar.

Quando caiu a ficha de que seu irmão bateu na sua melhor amiga, Emilly não disfarçou a indignação e quase saltou da cadeira com a raiva que sentiu.

— Eu não acredito que ele fez isso! — Por pouco, não derrubou o copo no chão, já que a mesa estremeceu com o soco que ela deu. — Eu vou até lá agora mesmo!

— Ei, Emilly! — Matt segurou o braço da morena, que tinha levantado da cadeira, preparada para pegar a bolsa e sair. — Calma!

— O Matt tem razão, Em. — Viviane dizia, pacientemente, apesar do olhar que misturava o desespero e a timidez pelo que iria sair da sua amiga. — Não tem por quê se exaltar tanto.

— É claro que tem, Vivi! Aquele... Imbecil não tinha liberdade de bater em você!

— Em, respira fundo, as pessoas vão começar a se incomodar. — Matt sussurrou, olhando para as outras cadeiras, onde somente algumas crianças e idosos das mesas ao fundo pareciam se interessar na discussão. Apesar do conselho, Emilly pareceu ignorá-lo, já que o rapaz ia falar mais alguma coisa, quando ela o interrompeu, falando mais alto para Viviane escutar.

— E mesmo que tivesse, ele não deveria ter feito o que fez!

— Eu entendo seu ponto de vista. Mas você está exagerando... — Viviane levantou-se a fim de acalmar sua amiga. Porém, ela ficou mais irritada do que nunca.

— Acha exagero?! E quantas vezes ele já te bateu para você achar que isso é uma coisa normal? Não! Ele vai estar perdido quando eu voltar!

Bom tempo se passou, até que Matt e Viviane controlassem Emilly, apesar de irem para a ópera logo após, a pedidos dela, que prometeu não falar com o irmão antes do trio tomar uma atitude. Nenhum dos três — nem mais ninguém — tinha cruzado caminho com o professor no fim daquele dia.

Na manhã seguinte, os alunos estavam conversando normalmente, quando uma mulher, que nunca vista na sala antes, entrou, mandando todos aos seus lugares. Lorraine, do modo mais paciente, foi a primeira a falar:

— Com licença, Karen, mas acho que se enganou de sala.

— Não, garanto que são da turma do Edward. Estou certa?

— Sim, mas...

— Não soube? Alguma coisa aconteceu com ele. — Toda a turma ficou com os olhos arregalados com a notícia. A mulher logo resolveu acalmar a situação. — Não é nada grave. Mas não está em condições de dar aula hoje. Então, vamos retomar diretamente de onde ele parou, certo?

Todos ficaram confusos, pois até o dia anterior ele estava perfeitamente bem... Mas não podiam pensar nisso, uma vez que o dia da apresentação estava próximo: na noite de gala.

No fim da aula, Viviane saiu trêmula pela notícia. Emilly a seguiria se a outra não dissesse que queria ficar sozinha. Quando chegou no seu quarto, ela sentou na cama, com os dedos pressionando a cabeça, respirando fundo várias vezes, cabisbaixa. Assim que olhou para cima, estava um copo de vidro cheio d'água. Ainda trêmula, pegou-o e tomou, depois de sussurrar um "obrigada" para o fantasma, tendo um sexto sentido de que ele estava ali. Quando tinha terminado, soltou os cabelos e deitou outra vez na cama, porém, leves batidas foram ouvidas da porta.

Emilly foi ao quarto da sua amiga a pedidos de Matt. Ela estava muito constrangida, então o rapaz teve que tomar a iniciativa, já que nem Viviane se pôs a falar:

— A Emilly quer te contar uma coisa.

Mais constrangida ainda, a garota falou, virando-se para o amigo:

— Quer saber, Matt? Mudei de ideia, vamos deixar isso pra depois! Afinal com tudo isso acontecendo...

— Na verdade, eu já estou bem. — Viviane falou. Realmente estava bem. Os mínimos gestos do fantasma pareciam ser melhores do que meses de consolo. Se sentia tão bem ao lado dele... — Foi só um susto. Pode falar, Em.

— De que lado você está? — Emilly falou entre os dentes. Matt sorriu e deixou a garota a sós com Viviane. Esta, por sua vez, a convidou para entrar.

— Bem que preciso dos seus comentários agora. — Viviane sentou-se na cama, sorrindo. Embora estranhasse o porquê da amiga entrelaçar os dedos, como se fosse ser julgada por algum crime.

— Não é bem um comentário... Eu só... — A respiração de Emilly ficou mais forte, tanto que foi visível ao olhar alheio. — Quer saber, isso é bobagem! E-eu tenho que ir!

— Espera! — Viviane a segurou pelo braço, e Emilly pareceu estremecer. — Você me fez contar meus problemas, agora me conte o seu.

— Eu... — Ela estava cabisbaixa. Então, subitamente, estava abraçando sua amiga com muita força. — Eu não sei... Só... Sei que gosto muito, mesmo, de você...

Aquela afirmação pegou Viviane totalmente desprevenida! Sabia bem o que a amiga queria dizer, só não conseguia acreditar... Não era algo que acontecia todos os dias. Ela ficou sem reação por vários segundos, abraçada a colega. Que soluçava baixo.

— Emilly... Eu... — Viviane falou, enfim. Mas sua voz estava tão séria e grossa por conta do choque, que Emilly interpretou de maneira errada. Então, a abraçou mais forte, dizendo entre lágrimas:

— Não, não, não! Tudo bem! N-não precisa falar nada. Mas só... Pensa com calma, está bem?

Numa atitude desesperada e carente, Emilly desfez do abraço, acariciando o rosto de Viviane e então, depositou um suave beijo na sua bochecha — cuja ainda tinha uma marca meio sumida da mão de Edward. E, ainda com lágrimas nos olhos, Emilly fitou uma Viviane completamente confusa, e foi embora.

Viviane nunca viu sua amiga ser tão sensível e vulnerável como tinha sido ser naquele momento. Quando teve um pouco mais de noção do que houve, encostou os dedos na parte do rosto beijado por ela, deixando escapar um pequeno sorriso involuntário no canto dos lábios.

Toda a cena foi notada pelo fantasma, que, claro, não gostou nada daquilo. Aparentemente, tinha mais um obstáculo no seu caminho, e agora era uma mulher!


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