I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 99
Capítulo 99 — Ainda vivo um sonho.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa, volteeeei

Demorei mais do que eu queria, mas chegueeei!!!
Bom, além desse cap novo eu tenho uma novidade. Criei uma conta no Wattpad e lá vou estar postando histórias Caskett também. Mas para começar, como muitos me pediram taaaanto (não foi uma, nem duas, nem três pessoas. Foram várias) eu já comecei a postar a fic Tentação, adaptada do livro Acesso ao Bastidores.

Meu user é mrscaskett, só procurar!!

Espero vocês lá para matarem a saudade da fic, ok?

bjssssss e curtam esse cap ♥

OBS: o próximo vai ser babadeiro.



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KATE.

 

Aquele ambiente me fazia bem. Ficar me pé no meio dos dois berços me fazia bem. Olha para um, depois para outro. Ambos vazios. Isso partia meu coração. Não era como antes, quando eu ficava imaginando tê-los ali. Eu via os locais vazios e tocava a minha barriga, sentindo-os dentro de mim. Mas agora não sinto mais nada. Apenas um vazio. Uma saudade. Uma vontade de tê-los dentro de mim novamente, onde eu os mantinha protegidos.

Mas ainda assim eu me sentia bem.

Apesar da saudade de tê-los comigo, apesar da vontade crescente de chorar, eu ainda me sentia bem. Meus filhos estão vivos, sendo cuidados. Eu ainda estava aqui, esperando por eles. Eu me sentia bem por eles.

— Kate? – ouço a voz sonolenta de Castle e o olho por cima do ombro. Sua cara de sono me faz sorrir um pouco. – outra vez sem dormir? Pensei que isso acabaria, mas vejo que não.

Ele não espera eu responder, apenas tira suas conclusões. Deixo passar, sei que isso tudo é apenas preocupação. Volto minha atenção para o berço vazio ao meu lado.

— Você sabe que não te faz bem passar a noite acordada.

— Eu dormi essa noite, mas acordei de madruga e perdi completamente o sono.

— Então você veio para cá. – sua voz estava mais perto.

— Sim. – confirmo e sinto seus braços rodearem minha cintura.

— Acordei e você não estava do meu lado. Sabia que te encontraria aqui.

Suspiro e jogo minha cabeça para trás, apoiando em seu ombro.

— Quando nós vamos ser completamente felizes? Quando vamos ter nossa família aqui... completa.

— Mas nós somos felizes. Não somos?! – sinto seu rosto em meu pescoço enquanto ele me cheirava ali.

— Somos! Claro. Mas nossa felicidade não está completa. Nossos filhos ainda estão naquele hospital... sem nós.

— Tem razão. Mas logo eles estarão aqui e você realmente não irá dormir, ficará a noite acordada com eles, então é melhor aproveitar enquanto pode. – eu rio e me viro para ele.

— Farei isso com o maior prazer. Mas eu tenho certeza que o meu marido não vai ficar sozinho na cama e vai me ajudar.

— Seu marido é louco.

— Mas eu amo aquele louco. – Nós rimos e enfim selamos nossos lábios pela primeira vez naquele dia.

— Por que você não vai tomar um banho e se arrumar? Nós temos uma consulta hoje, lembra?

— Sim. – suspiro. – acorda Alexis?

— Pode deixar comigo.

Sorrio e o beijo antes de sair do quarto dos meninos, o deixando lá. Rick tem sido forte por mim desde que voltamos do hospital, mas eu sei o quanto ele sente por não ter nossos filhos aqui. Sei que ele gosta de ficar no quarto dos meninos imaginando como vai ser quando eles estiverem aqui, assim como eu.

Fui para o quarto e tomei meu banho sozinha. Fazia dez dias desde que eu cheguei do hospital e já conseguia ter minha rotina quase normal. Hoje seria minha consulta de revisão, Érica se ofereceu para vir até o rancho, mas eu fiz questão de ir até o hospital, assim poderia ver os meninos um pouquinho.

Quando terminei de me arrumar eu desci para o café da manhã, Alexis já estava vestida para escola, mas tinha uma carinha emburrada. Dei um beijo em seus cabelos antes de sentar ao seu lado.

— Que carinha é essa, meu amor?

— Hoje o dia vai ser chato. – ela resmunga enquanto bebe o suco. – é dia de educação física. – completa.

— Pensei que você gostasse...

— Não quando é futebol. – seu bico cresceu ainda mais. – esse é um jogo para meninos!

Eu ri e a puxei para uma pequena sessão de beijos, que parou após ela resmungar mais uma vez.

— Mãe, meu cabelo. – ela arrumou os cabelos lisos levemente bagunçados.

— Desculpa, mas é porque você fica fofa assim, emburrada logo de manhã. – ela deixa um sorriso escapar que encanta meu coração. – mas vem cá, você já jogou futebol antes?

— Não.

— Então como sabe que vai ser ruim?

— Porque é um jogo de meninos. – ela volta a repetir.

— Mas meninas também jogam futebol. Você pode gostar.

— Jogam? – seu olhar curioso se faz presentes.

— Sim. O futebol feminino não é muito conhecido, mas existe.

— Então não é um jogo só de meninos.

— Não. – eu rio.

— Você sabia que sua mãe jogava futebol quando tinha sua idade? – minha tia vem da cozinha carregando alguns pães de queijo.

— Sério mãe? – ela me olha com seus olhos azuis surpresos.

— Bom, sim. Mas eu era péssima. – eu rio lembrando. – minha mãe me colocou para jogar porque eu não cansava nunca, e ela queria que eu gastasse minha energia. Funcionou.

— Kate só fez um gol durante um ano inteiro. – minha tia rir lembrando. – e foi gol contra. – completa. A risada de Alexis enche o lugar.

— Do que vocês estão rindo aí? – Castle aparece sorridente.

— Eles estão tirando sarro de mim, amor. Só porque só fiz um gol quando jogava futebol.

— Contra. – Alexis de rindo e ele me encara, claramente segurando a risada.

— Não acredito, Kate. – ele se junta as duas e rir.

— Olha aqui, vocês são todos uns chatos. Eu ficava muito melhor no banco de reserva do que no campo. – me levanto segurando meu copo de suco e um pão de queijo na mão. – eu vou tomar um ar enquanto vocês zombam de mim.

— Depois eu quero saber mais desse seu lado jogadora. – Castle grita e volta a rir. – Que feio Kate! sua filha está aqui! – ele resmunga quando ver o sinal feio que eu fiz para ele.

Saio andando pela cozinha fingindo estar chateada e escutando eles me chamando de volta enquanto riam. Dou um tchauzinho e sigo para a varando de trás, sentindo o vento contra o meu rosto. A quanto tempo eu não venho aqui? Nem me lembro a última vez.

Ao longe vejo Espo cuidar dos cavalos. Desde que fiquei grávida não ia até o celeiro, apenas recebia as informações de Lanie quando ela vinha para dar uma olhada neles. Os cavalos estavam começando a se exercitar mais, Espo era responsável por isso também, então eles ficavam soltos num local reservado do rancho durante o dia enquanto eram treinados.

Bebo o resto do meu suco e vou até lá, mas não entro. Fico apenas na porta do celeiro olhando tudo de longe.

— Você não deveria estar aqui. – Espo me alerta quando se aproxima. Ele me abraça forte, mesmo trabalhando no rancho nós não nos víamos muito.

— Tenho que começar a vida normal. Mas por enquanto estou só matando a saudade deles. Como estão?

— Estão se saindo bem, quando puder voltar a montar seu cavalo estará em forma te esperando.

— Nem lembro a última vez que montei.

Kate.— ouço a voz de Castle e me viro, vendo-o se aproximar. – sabia que estaria aqui.

— Vim apenas ver como as coisas estão, não estou fazendo nada demais. – me defendi. Se fosse por ele, eu não sairia da cama por um mês.

— Estou apenas conferindo. – ele pisca e abraça minha cintura. Espo rir quando eu reviro os olhos. – Alexis está pronta, vamos?

— Sim. – sorrio e me viro para Espo. – Lanie está em casa ou na clínica? Queria passar por lá.

— Trabalhando. Por ela, ela não larga a clínica até entrar em trabalho de parto.

Eu sorrio e me disperso. Nunca imaginei Lanie sem trabalhar, desde que nos conhecemos ela é bem mais elétrica que eu. Não imagino como seria se ela tivesse que ficar me repouso como eu. Aliás, eu imagino, ela viraria a grávida mais chata do mundo. Sorrio lembrando da minha melhor amiga. Estava com saudade dela.

Quando deixamos Alexis na escola ainda era cedo para a nossa consulta. Tive que insistir muito para Castle me levar até a clínica, precisava ver como tudo estava por lá e falar com Lanie. Assim que chegamos fui recebido por alguns funcionários que fizeram questão de me abraçar e dizer que rezavam por meus filhos. Agradeci imensamente e segui até a sala de Lanie.

— Entra. – escutei ela falar do outro lado da porta e abri.

— Oi.

— Ué, o que você está fazendo aqui? – ela se levanta com sua barriguinha de grávida e me abraça. – pensei que você tinha que ficar em casa.

— Tenho uma consulta agora pela manhã antes da visita dos meninos, e claro que eu não ia perder a oportunidade de visitar minha amiga.

Nós sentamos no sofá que tinha em sua sala e ela cerra os olhos para mim.

— Eu sei que isso não é saudade porque fazem dois dias que eu fui até sua casa, então você veio foi para ver como andam as coisas no Hospital Veterinário, né?

Faço uma pequena careta. Ela me pegou. Nós duas acabamos rindo.

— Bom, isso também. Mas queria ver minha amiga e meu afilhado, não posso?

— Pode, claro eu pode. – ela zomba. – Mas enfim, em algumas semanas já estaremos funcionando. A clínica vai continuar funcional para atendimentos simples e o hospital para atendimentos mais complexos, assim como conversamos.

— Os equipamentos chegaram? – ela confirma com a cabeça. – e a equipe?

— Contratamos novos funcionários, mas em relação a isso está tudo certo.

— Ótimo. – sorrio fraco. – outro assunto que eu queria falar é que...

— Pode falar Kate.

— Eu sei que você também está grávida, e daqui a pouco vai ter que tirar sua licença, mas eu não vou poder voltar logo, Lanie. Nós precisamos encontrar uma pessoa para tomar de conta de tudo enquanto nós estivermos fora.

— Concordo. Já tinha pensado nisso, mas não encontrei a pessoa certa ainda.

— Então quando você tiver alguém, me fala? Vou pensar em alguém também. – ela concorda e sorrio. – e como está meu afilhado?

Sim, o filho da Lanie também é menino.

— Bem. – ela sorrir e passa a mão na barriga. – as vezes ele chuta mais que o necessário, mas estamos entrando em um acorda, né? – ela fala a última parte olhando para baixo.

Sorrio ainda mais. Eu também adorava conversar com meus filhos.

Lanie começou a falar sobre a reforma do quarto do bebê e como estava sendo morar junto com Espo. Ele se mudou para a casa dela a poucos dias e eles estavam vivendo uma lua mel, segundo ela. Sem plano para casamento, apenas morar juntos.

Ficaríamos ali por horas se não fosse Castle Interromper nossa conversa.

— Já estava me perguntando onde você estava, escritor. – ela brinca e ele entra na sala cumprimentando a morena.

— Estava em um telefonema importante, mas como minha esposa estava demorando, resolvi entrar. – fico de pé e automaticamente ele abraça minha cintura.

— Ele não quer sair do meu lado. É meu grude. – digo olhando para o rosto sorridente do meu marido e sinto meu coração desacelerar um pouco. Eu ainda sou capaz de me apaixonar por ele sempre que o vejo.

Castle beija meu rosto várias vezes me fazendo rir.

— Ok, vocês estão apaixonados e felizes. Já entendi. – Lanie brinca. – agora isso me fez ficar com saudade do meu amor. – ela faz um biquinho e eu rio.

— Bom, a gente vai indo. Pode ligar para o seu amor e matar a saudade. – pisco para ela e rio a vendo sentar já com o celular na mão.

Nós saímos da clínica juntos, Castle sempre segurando minha mão. Eu adoro estar assim com ele. Por um momento era como se estivéssemos de volta ao passado, no início do nosso namoro. Ainda sinto a mesma troca de energia que senti na primeira vez que demos as mãos.

Assim que chegamos a calçada eu me viro e vejo a fachada da clínica e logo mais a diante a do Hospital Veterinário. Estava quase tudo pronto por fora, faltava apenas alguns acabamentos. Suspiro e sorrio olhando tudo. É mais um sonho realizado.

— Quando você falou que queria vir até aqui achei que não deveria, mas agora vejo que estava errado. – Rick fala ao meu lado e eu o olho. – você entrou uma pessoa e saiu outra. Acho que sente falta daqui. Foram meses fora. Acho que precisava desse tempo aqui, mesmo que curto.

— É... – sorrio. – tudo aqui me faz bem. As pessoas, o ambiente, o clima... mas saber que um dia eu vou voltar para cá e fazer o que amo também é bom. É por isso que eu pareço melhor.

— Aos poucos você pode voltar a sua vida normal, amor. Isso inclui trabalhar.

Me viro de frente para ele.

— Eu sei, mas não penso nisso agora. Quando os meninos forem para casa eu quero aproveitar cada momento com eles e já falei isso com a Lanie. Quando eu tiver que voltar, eu vou voltar, mas enquanto eu puder ficar com eles, cuidar deles e estar presente em todos os momentos, eu vou também.

Castle sorrir e me abraça pela cintura, puxando meu corpo para perto do seu.

— Você é incrível. – ele me beija carinhosamente. – vamos? Ou vamos nos atrasar.

Concordo e nós caminhamos até o carro.

Ao chegar ao hospital o clima sempre mudava. Eu ficava ansiosa e apreensiva. Não sabia exatamente quais as notícias que me aguardavam. Assim que nos apresentamos na recepção fomos encaminhados a uma sala. Pouco depois Érica apareceu para a consulta. Algumas perguntas e alguns exames rápidos e nós estávamos liberados. Segundo ela eu estava bem e me recuperava melhor que o esperado.

Logo depois uma enfermeira veio me levar para fazer o procedimento de todos os dias: a retirada de leite. Eu odiava fazer isso. Dói e não é nada legal de seu marido ver, mas mesmo assim Castle fazia questão de me acompanhar. Mas esse procedimento era essencial para os meus filhos se alimentarem do meu leite e estimular a produção.

Depois de um longo tempo eu terminei tudo e estava liberada. Era sempre assim, eu já estava acostumada. Estava pronta para sair e ir ver meus filhos quando a enfermeira pediu para eu aguardar pois Demming queria falar comigo. O nervosismo se instalou em meu corpo durante os poucos minutos que eu fiquei esperando. Cinco minutos pareceu uma eternidade.

— Kate. – ele apareceu na porta da sala e fez sinal para que eu o acompanhasse. Castle segurou firme minha mão e nós o seguimos.

— O que tem de errado? – fui logo perguntando e ele sorriu.

— Nada. Temos notícias.

— Boas? – pergunto com um pouco de medo.

— Ótimas. – ele indica a entrada da UTI neonatal e nós vestimos os aventais. – mas acho que você vai querer ver antes que eu fale mais alguma coisa.

Varri meu olhar entre Castle e Demming e corri até o local onde eu já sabia decorado. Poderia chegar ali de olhos fechados. Assim que os vi de longe parei imediatamente e um sorriso surgiu em meus lábios. Como? Quando? Olhei para trás e vi Demming sorrindo e confirmando com a cabeça. Vi ele falar alguma coisa para Castle que rapidamente veio ao meu encontro com o sorriso tão grande quanto o meu.

Após quase duas semanas Reece finalmente saiu do aparelho que o ajudava a respirar. Assim como Jack ele já respirava sozinho e não tinha sentido nenhuma crise desde que o aparelho foi retirado.

— Retiramos durante a noite. Pensei em ligar e avisar, mas queria fazer surpresa. – Demming diz próximo a mim. Castle já estava perto dos meninos, mas eu ainda estava paralisada no mesmo lugar. – vem, Kate.

Ele segurou minha mão e me levou até a incubadora. Dois já tinham os olhos abertos atentos a voz do pai. Eles já tinham ganhado peso. Jack 200g e Reece 180g. parece pouco, mas para eles era muito. Senti meus olhos marejados e coloquei uma mão para dentro. O perto estava forte e fez meu coração acelerar.

— Tem mais uma novidade. – Demming diz e eu o encaro.

— Eles vão receber alta?

— Não. – ele rir. – ainda não. Mas hoje, se você quiser, podemos tentar fazer com que Jack comece a mamar.

— Sério?

— Sim. Se você quiser, claro.

— Óbvio que eu quero. É agora? – de repente a ansiedade bateu forte.

— Bom, sim. Pedi que deixassem essa poltrona aqui para você ficar confortável. Sente-se.

Faço o que ele me pede.

— Tem certeza que ele está pronto? – Castle pergunta enquanto Demming tirava Jack e o colocava em meus braços.

— Sim. Mas lembre-se, ele pode não pegar o peito, isso é um teste, para ele se acostumar, ok?

Concordei com a cabeça. Meus olhos estavam grudados naquele serzinho em meus braços. Ouvi um resmungado de Reece e Castle logo foi conversar com ele, o acalmando. Ele já estava sentindo falta do irmão.

Jack é tão pequeno que sinto um pouco de medo de machuca-lo. Demming me orienta e faço exatamente como ele pediu. Castle dividia sua atenção entre Reece e Jack. No começo ele não conseguiu e logo começou a se irritar, mas antes que ele chorasse eu acariciei seus cabelos e cantei baixinho a música que minha mãe cantava para mim. Eu tinha me esquecido dela, mas agora ela me veio como um presente.

Never forget who you are little star

(Nunca se esqueça de quem você é estrelinha)

Never forget how to dream butterfly

(Nunca se esqueça de como sonhar borboleta)

God gave a present to me

Made of flesh and bonés

My life, my soul

You make my spirit whole

(Deus deu um presente para mim

Feito de carne e osso

Minha vida, minha alma

Você faz meu espírito inteiro)

You are a treasure to me

You are my star

You breathe new life

Into my broken heart

(Você é um tesouro para mim

Você é minha estrela

Você respira vida nova

Para dentro do meu coração partido)

Never forget who you are little star

(Nunca se esqueça de quem você é estrelinha)

Never forget how to dream butterfly

(Nunca se esqueça de como sonhar borboleta)

 

Enquanto eu cantava ele se acalmou. Seus olhos azuis escuros enchiam meu peito de amor. Ele tinha sua atenção toda voltada para mim, reconhecendo minha voz, meus carinhos. Um pequeno sorriso surgiu em seu rostinho pequeno.

Tentei mais uma vez, e como um verdadeiro leão faminto ele sugou meu peito em busca de seu alimento. Sorri e fechei meus olhos curtindo esse momento único, mas continuei cantando. Imaginei várias vezes como seria esse momento, como eu me sentiria, mas nunca poderia imaginar isso. O amor que eu sentia por ele apenas cresceu. Abaixei minha cabeça e abri os olhos, vendo-o se alimentar e deixei uma lágrima escapar. Hoje realmente está sendo um dia especial.

Todos os dias são especiais quando se trata deles.

Cada pequena vitória deles faz eu me sentir orgulhosa.

O tempo parou naquele momento. Eu podia sentir cada sensação do meu corpo. Sentia o pequeno serzinho mamar com vontade até o leite finalmente sair. Podia sentir sua mãozinha levemente pousada sobre meus seios causando uma sensação ainda melhor. Podia sentir o meu amor por eles crescendo ainda mais.

O que eu queria que durasse para sempre, durou apenas alguns minutos. Arrumei minha roupa e segurei no colo por um tempo antes de entrega-lo para Castle que tinha um sorriso enorme rasgando seu rosto. Me aproximei novamente da incubadora, Reece estava lá quietinho, com os olhos azuis escuros observando tudo. Como ele podia ser tão esperto com apenas com alguns dias de vida?

— Posso pega-lo? – perguntei sem mesmo olhar para Demming, que me respondeu apenas abrindo a habitual casinha dos meus filhos. Ele o retirou com cuidado para então passa-lo para meus braços.

Fiz aquilo que eu sempre fazia com Jack quando o segurava, levei meu rosto até o dele passei meu nariz por toda a pequena extensão dele. Queria sentir todo o seu cheirinho. Por mais que estivessem no mesmo lugar, dividissem a mesma “cama”, os dois tinham cheiros diferente. Eu podia identifica-los apenas pelo cheiro.

Jack era mais elétrico que o irmão. Ele mexia bem as pernas e os braços, muitas vezes até puxando os fios que ainda ligavam seu corpinho. Quando ele chorava praticamente acordava todas as crianças, era preciso muito para acalma-lo. Ele era forte, segurava os nossos dedos sempre com força mostrando que passaria por aquela fase bem rápido.

Reece também era esperto. Seus olhos eram sempre curiosos, o que me fez lembrar muito Castle. De alguma forma ele tinha o poder de acalmar o irmão. Sempre que Jack estava agitado demais ou chorando, Reece sempre fazia algo que o desarmava e ele voltava a se acalmar. Seja sua mãozinha tocando no braço dele sem ao menos perceberem ou um resmungar baixinho. Já posso dizer que eles vão ser dois verdadeiros irmãos, daqueles inseparáveis.

— Oi amor da mamãe... – sussurrei ainda próximo ao seu rosto. Reece fechou os olhos brevemente e sorriu. O primeiro sorriso que eu o vi dando. O mais lindo e sincero dos sorrisos. E novamente senti todas as emoções percorrem por meu corpo e, principalmente, meu amor por ele crescendo ainda mais. Achei ser impossível, mas não era.

Olhei para Castle e lá estava ele, brincando com Jack enquanto tirava milhares de fotos dele. Eu sorri. Ele seria mais babão do que eu pensei.

— Quando eles poderão ir para casa?

— Logo. Os dois estão ótimos, Jack está muito bem e já poderia até ir, mas quero liberar os dois juntos, assim como vieram ao mundo. Mas logo vocês sairão com eles daqui.

Concordei sem ao menos tirar os olhos do meu filho. Demming nos deixou a sós dizendo que podíamos fica o quanto quisesse. Castle deu a ideia de ficarmos até a hora que Alexis sairia da escola, assim podíamos almoçar juntos. De imediato concordei e sentamos um ao lado do outro, tentando aproveitar cada momento ao lado dos nossos pequenos.

Estava ansiosa para o dia em que teria meus três filhos de volta em casa. Queria ver a interação de Alexis com eles, queria ver os dois em cada cantinho daquela casa. Queria poder vê-los crescendo rápido e logo logo correndo pelo jardim, brincando no espaço feito especialmente para eles, vê-los desarrumar o quarto inteiro, e vê-los deitados em nossa cama, onde nos apertaríamos para caber nós cinco.

Queria tudo isso e muito mais.

 

***

 

Demoramos mais do que devíamos no hospital, mas ainda assim foi pouco. Paramos em frente à escola da Alexis e nos encostamos no carro. Faltava poucos minutos para ela ser liberada. Castle estava bem ao meu lado, olho nossas mãos juntas e sorrio. Esse era apenas um dos seus gestos involuntários, ele segura minha mão e fica brincando com ela. Seus toques suaves que me faz sentir amada.

O portão da escola é aberto e as crianças começam a sair. Ficamos lugar esperando por ela dar seu sinal de vida ao sair da escola. Alexis não sabia que estaríamos aqui, normalmente ela pega o ônibus para vir e voltar para casa, mas hoje eu queria ficar mais tempo com ela e contar sobre seus irmãos, ela adora ouvir essas histórias.

E então ela sai, vestida com sua roupa de educação física, os cabelos presos num rabo de cabelo alto e um sorriso enorme em seu rosto. Quando Alexis não está sorrindo? Ela parecia distraída com suas amigas até uma delas apontar na nossa direção e ela nos ver. Achei que não fosse possível, mas seu sorriso cresceu ainda mais. Alexis se despediu rápido das amigas e veio em nossa direção correndo. Não importa o quanto eu diga para ela não correr, ela sempre corre.

— Mãe!! – abro meus braços e me abaixo um pouco para recebe-la. – o que aconteceu? Porque vocês estão aqui? – ela me olha assustada.

— Não aconteceu nada. – eu rio. – a gente só queria buscar a nossa princesa na escola e ficar um pouco com ela, não pode?

— Vem cá, não fala mais com o seu pai não? – ele finge estar chateado e ela corre para abraça-lo.

— Não fica com ciúmes não pai, eu te amo também.

Eu rio e abro a porta do quarto.

— Vamos logo almoçar e você me conta como foi no futebol hoje, ok?

— Sim. Eu posso escolher?

— Sim.

— Não. – Castle e eu dissemos juntos. Como sempre, nós erámos totalmente contrários quando o assunto era nossos filhos.— Castle, se depender de você e essa criaturinha ruiva aqui... – aponto para ela. – nós comeríamos hambúrguer com batata frita no almoço.

— Claro que não! – ele finge ficar ofendido.

— Milk Shake também, mãe. – a ruiva completa.

— Isso aí.

Eles batem as mãos e eu reviro os olhos. Sim, com mais dois minis Castle eu estaria ferrada. Bom, no fim qualquer um pode imaginar o que aconteceu, certo? Não importa o quão boa mãe eu seja, eu nunca resistiria aqueles dois pares de olhos azuis brilhantes e todos os seus apelos por um almoço nada saudável no meio da semana. Eu já deveria saber que nunca vou vencer isso, ou melhor, eles.

Durante todo o nosso almoço eu pude escutar Alexis falar sem parar o quanto tinha sido o máximo jogar futebol e que ela fez um gol, e claro, me lembro que não foi contra. As risadas em nossa mesa não paravam e isso me fez lembrar do começo. De quando era só nós três. Mas agora é diferente, e eu só conseguia pensar que queria ter esse tempo sempre com meus filhos. Todos eles.

Aprender e dividir nosso dia. Brincar e rir sem preocupação. Castle diz que eu sou uma mãe maravilhosa, mas definitivamente eu estou disposta a ser cada vez melhor. Por eles. Para eles.

Quando contei sobre como seus irmãos estavam indo bem, os olhos azuis de Alexis brilharam. Dava para ver o quanto ela os amava sem ao menos ter um contato mais próximo com eles.

Sim, apesar de tudo, eu ainda vivo um sonho.


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