I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 54
Capítulo 54 - Amor & Raiva.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa
Bom, eu tinha programado para postar esse cap ontem, já que não escrevi um cap especial para dia dos namorados. Mas não deu certo postar. Correria total ainda :( Mas aqui estou eu novamente, com um cap de presente do dia dos namorados huahauhusahua

Sei que estão ansiosos então não vou enrolar aqui. Boa leitura :)



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UMA SEMANA DEPOIS.

KATE.

Abro as cortinas do meu apartamento. Ele estava a muito tempo fechado e precisava de uma luz. De ar circulando. Sorri ao olhar a paisagem da minha janela. Eu conseguia ver a cidade quase toda daqui de cima. Não era um apartamento luxuoso, mas eu tinha uma vista privilegiada da cidade e do sol nascendo todas as manhãs. É bom estar de volta. Minha casa. Minha cidade. Meu lar. Estar com tia Thereza é ótimo, mas não há nada que eu goste mais do que a minha casa.

Já passava das dez da manhã quando o táxi estacionou na porta do meu prédio. Estava cansada, louca por um banho e cair na minha cama. Mas minha cabeça não parava de girar em torno de uma pessoa. Posso descansar depois. Tomei meu banho, pequei o pacote embrulhado e saí de casa. Era quase hora do almoço. Perfeito. Segui até a escola próxima a minha casa e fiquei esperando na calçada, encostada no meu carro. Queria fazer uma surpresa para Alexis. Ela não sabe que eu já cheguei. Falei com ela na noite passada e disse que chegaria em dois dias, mas resolvi adiantar minha vinda já que não tinha mais assuntos para resolver em Nova Iorque. Depois daquela noite no bar eu restringi meu contato com Will só para algo relacionado aos contratos. Meu tio Robert Assumiu meu lugar nas reuniões diárias dos contratos, o que foi muito melhor para mim. Nessa última semana tive mais tempo pensar em tudo o que estava acontecendo e curtir um pouco mais da companhia da minha tia.

Ouço o sinal tocar e sinto meu peito vibrar. Eu estava ansiosa. Faz duas semanas que eu não vejo a menina e já estou morrendo de saudades. Os telefonemas e as vídeos chamadas não adiantaram tanto quanto eu gostaria. Eu estava louca para vê-la e abraça-la. Poderia ir no rancho para isso, mas decidi vir até a escola numa tentativa desesperada em evitar Castle, rezando para que Ryan seja o encarregado de pegar a menina na escola hoje. Vejo algumas crianças saírem, mas Alexis não está entre elas. Começo a ficar ainda mais ansiosa. Toda aquela expectativa estava me matando. Então eu vejo a minha pequena ruiva de cabelos longos andar pelo pátio enquanto conversava com uma amiguinha.

Me afasto do carro e dou alguns passos na direção da saída da escola. Ela ainda não me viu. Está tão entretida em sua conversa que não me notou. Mas como poderia? Ela não sabia que eu viria hoje. Me aproximo das grades que rodeavam a escola e chamo seu nome, alto o suficiente para que ela escute. Alexis olha para os lados, procurando a voz que lhe chamava. Sua amiga aponta sobre seu ombro e ela se vira, batendo seus olhos em mim. O sorriso em meu rosto cresce, e um sorriso encantador surge no lindo rosto dela. Alexis acena e corre até o portão, mas é parada pelo porteiro antes de conseguir sair de vez do prédio.

— Mas é a Kate... – ela ponta quando eu estou me aproximando da entrada da escola. Sua voz parecia angustiada pela possibilidade de não ser liberada. Sorri para o porteiro um segundo, ele já me conhecia desde que as gêmeas começaram a estudar nessa escola, e sempre me via pegar Alexis com Castle.

— Senhorita Beckett... – ele me cumprimenta e sorrir, liberando a passagem da menina. – eu não sabia que a viria busca-la hoje... – comenta, mas eu não me dou o trabalho de responder, apenas abro os braços e recebo Alexis em um longo braço apertado.

Assim que eu sinto seu corpo minúsculo colado ao meu e seu cheirinho delicado, meus olhos se enchem de lagrimas. Eu estava com muita saudade da minha pequena ruivinha. Ela se tornou parte da minha vida e o carinho que eu tenho por ela é quase inexplicável. Eu sentia falta de seu jeito doce, do seu sorriso meigo, do seu olhar admirador. Alexis tinha algo que me encantou desde a primeira vez que eu a vi, mas ainda não descobri o quê. Me separo dela e a encaro. Assim como eu, seus olhos estão marejados. Sorrio. Posso imaginar a saudade que ela também sentia, já que eu também senti a mesma coisa nos últimos dias. Acaricio seu rosto, limpando as lagrimas que começavam a cair.

— Eu estava morrendo de saudade, meu amor. – me abaixo em sua frente para vê-la melhor.

— Eu também estava, Kate. – ela me abraça novamente. Mais apertado que antes. – morrendo de saudade. – sua voz sai abafada e embargada. Fecho os olhos com força, me concentrando para não chorar, caso contrário, pareceríamos duas loucas chorando na porta da escola.

Aperto ela forte antes de me afastar novamente. Sorrio olhando seu rosto levemente rosado.

— Achei que você só chegava amanhã...

— Eu também, mas resolvi fazer uma surpresa. Gostou?

— Eu amei. – ela diz abrindo o sorriso novamente. – meu pai já sabe? – ela pergunta inocente. Provavelmente ainda não sabia o que estava realmente acontecendo. Mas eu também não contaria. Me levanto e sorrio.

— Trouxe presente. – mudo de assunto. – quer ver?

— Quero. – ela responde animada. Estendo minha mão e a menina aceita, feliz. Nós andamos ela calçada da escola até meu carro, que não estava muito distante dali. Abro a porta e entrego a caixa embrulhada num papel cor de rosa claro. Alexis me olha com seus lindos olhos azuis brilhantes e rasga o embrulho sem nenhum cuidado. Quando ela abre a caixa seu sorriso cresce ainda mais.

— Então? Gostou? – pergunto curiosa. A menina estava olhando tempo demais para o tecido branco.

— Eu amei, obrigada Kate. – ela se põe na ponta dos pés e estende os braços. Me abaixo e recebo outro abraço carinhoso da menina. Quando estava em Nova Iorque mandei fazer um jaleco especialmente para ela. Nele, estava bordado Alexis Castle, Médica Veterinária em cor de rosa claro. Rodei muitas lojas de presentes em busca de algo especial para a menina, não queria levar apenas um presente comum, queria levar algo que ela lembrasse de mim. Estava quase desistindo quando vi uma loja de costura e resolvi entrar. Foi impossível não lembrar da Alexis pedindo meu jaleco para sua feira de profissões.

— É para você usar na feira de profissões... trouxe também um estetoscópio e algumas seringas de brinquedo. – digo mostrando os outros itens na caixa.

— Agora eu posso te ajudar com os cavalos, Kate. – eu rio. A inocência que Alexis tinha era adorável. Ela olhou mais uma vez o jaleco e sorriu para mim. Não tinha como não amar essa criança. Seu jeito doce. Seus olhos brilhosos. Seu sorriso contagiante. Dessa vez eu a puxo para outro abraço. Cada abraço que ela me dava era revigorante, e eu precisava disso.

Alexis.— ouço a voz de Castle chama-la e, imediatamente, meu coração para. A partir daí tudo parece ficar em câmera lenta. Alexis se afasta e olha sobre meu ombro. Ela abre um sorriso e acena para o pai. Meu coração começa a bater lentamente, quase não consigo sentir. A ruiva passa por mim e corre até Castle. Ainda abaixada e de costas para ele, respiro fundo. Queria que esse momento não acontecesse agora. Não estava pronta. Não pelo o que aconteceu antes de eu viajar, mas pelo o que aconteceu na viagem. Eu ainda não esqueci o beijo que Will roubou, e me sinto mal com isso. Ver Castle só vai me fazer sentir mais culpada. Mas agora não tenho como fugir.

Me levanto e, ainda de costa para Castle, começo a arrumar o presente da menina dentro da caixa. Uma desculpa para adiar o contato visual. Por mais que eu quisesse, desesperadamente, vê-lo, não me sentia confiante agora. Alexis conta sobre a surpresa e o presente para o pai. Olho por cima do ombro e o vejo escutar atentamente a história da menina, como se aquela fosse a história mais incrível do mundo, como se só existisse Alexis no seu mundo. Aquilo faz meu coração disparar de uma vez. A sensação de tudo acontecer em câmera lenta se vai. Aquele é um dos motivos para eu ser completamente apaixonada por esse homem. Castle me encantou desde que chegou ao rancho, mas, com certeza, depois que Alexis chegou e eu conheci um Castle diferente, meu amor e admiração por ele só aumentou. Respiro fundo e me viro para eles.

— Você gostou, pai? – ouço a menina pergunta, mostrando o jaleco em suas mãos. Minha respiração para por alguns longos segundos quando eu o olho. Ele estava diferente. Suas roupas estavam diferentes. Ele usava um blazer e camisa social azul. Mais lindo que nunca. Seu cabelo estava curto, mostrando toda a beleza de seu rosto e seus olhos azuis. Seu rosto estava liso, sem nenhum sinal da barba que ele deixava crescer. Senti vontade de toca-lo. Ele estava ainda mais irresistível que antes, e isso me incomodou. As mulheres já o olhavam antes, agora então...

— É lindo. – ele diz pegando o tecido branco nas mãos e estendendo no ar para olha-lo melhor. Sua voz faz meu corpo inteiro estremecer. Eu não sabia como ia ser quando eu o visse novamente, senti muito sua falta nesses últimos dias, mas nunca imaginei que me sentiria assim. Parece que eu voltei no tempo, onde qualquer ação que ele fazia me causava as mais inexplicáveis sensações. Me sinto nervosa como antes, quando não estávamos juntos. Acho que estou me apaixonando de novo. Isso é possível?

Não consegui tirar meus olhos dele nem um segundo. Estava hipnotizada. A imagem que eu tinha dele estava se apagando da minha memória e agora eu queria me certificar que isso não acontecesse mais. Castle olha na minha direção por um segundo e depois volta sua atenção para filha. Aquele simples olhar me deixou sem ação. Eu não conseguia me mover, falar ou respirar.

Porque isso está acontecendo comigo?

— Kate. – ele me cumprimenta. Como um balde de agua gelada, sou tirada dos meus pensamentos. – quase não te reconheci... seu cabelo está diferente. – ele fala sério e eu sinto borboletas em meu estomago.

— Cortei o cabelo. – sorrio sem graça. Decidi voltar de cara nova. Cortei o cabelo na altura dos ombros. Queria acreditar que aquele corte também levasse junto os meus problemas, mas não funcionou. Aqui estou eu, tendo que encarar todos os meus problemas de uma vez.

— Ela não está linda, pai?

— Sim. – ele força um sorriso e olha para filha, acariciando seu rosto. – não sabia que já estava de volta.

— Foi surpresa. – Alexis se adianta e me olha sorrindo. Sorrio de volta antes de fitar Castle novamente.

— Estava ansiosa para vê-la... desculpe não avisar.

— Não. Não tem problema. – mais uma vez ele força o sorriso e olha para a menina. – está pronta?

— Na verdade... – chamo sua atenção. – eu pensei que poderia levar a Alexis para almoçar. Você se importa? Eu a levo em casa antes de anoitecer.

— Claro. Se se ela quiser por mim não tem problema. – ele olha para a menina, que balança a cabeça animada. – então pode ir.

— Você não vai, pai?

— Não, meu amor...

— Porque? – eu já esperava por aquela pergunta. Alexis ainda não sabia de nada e acabaria estranhando a distância entre Castle e eu. Ele me olha e eu balanço a cabeça. Não precisava de muito para entender o que ele queria dizer com aquele olhar. Nós nos conhecíamos muito bem para não precisar de palavras em um momento como esse. Não conversamos sobre isso, mas parece que ele estava decidido a contar para a menina agora.

— Alexis, a Kate e eu... nós... – ele para, tentando encontrar as palavras certas. – nós não estamos mais juntos. – ele fala de uma vez e a menina me olha.

— Mas porquê? Foi porque a Kate viajou? – pergunta, alternando seu olhar entre seu pai e eu. – mas ela já voltou, papai. – sua voz estava triste e confusa.

— Não foi porque ela viajou, filha. Nós decidimos isso antes da viagem... – escutar Castle falar isso doeu. As suspeitas que eu tinha de que ele estava bem com o termino apenas se confirmaram. Pelo visto ele também já decidiu, sozinho, que não conversaríamos mais sobre nós dois.

— Kate... – a menina me olha. Seus olhos azuis desesperados e quase marejados. Me aproximo.

— Alexis... isso não significa que eu vou ficar longe. Eu vou sempre estar por perto. – coloco uma mecha do cabelo ruivo atrás da orelha.

— Filha, eu não quero afastar a Kate de você... – ele me olha. – eu nunca vou fazer isso. – escuta-lo dizer isso em conforta de alguma forma. Eu não queria perder o contato e o carinho que eu tenho com Alexis. – vocês podem se ver sempre que quiserem.

— Mas ela não vai mais ficar lá em casa... nem me colocar para dormir... – Alexis diz, quase chorando. – pai, por favor... – Castle me olha e eu puxo Alexis para o meu lado.

— Alexis, não vai ser como antes, mas eu vou estar com você todos os dias. Eu prometo.

— Mas eu queria que fosse como antes. – Castle suspira pesado ao meu lado. Eu o olho.

— Castle, pode deixar que eu converso com ela. – mesmo contrariado ele concorda. Castle beija os cabelos da menina e sai sem olhar para trás. – agora... – volto minha atenção para a menina. – porque nós não vamos almoçar? – passo meu braços pelos ombros de Alexis e a conduzo até meu carro. Alexis envolve minha cintura com seu braço e esconde seu rosto em minha roupa.

A menina estava triste e quieta quando chegamos ao restaurante, assim como todo o caminho. A vejo enxugar algumas lágrimas e fungar. Meu coração dói ao vê-la assim. Não queria que ela sofresse por minha culpa. Sento ao seu lado e seguro sua mão. Ela me encara, mas não fala nada.

— Você sabe que eu nunca vou te deixar... então não chora, porque isso parte meu coração.

— Porque vocês terminaram, Kate? – ela pergunta com sua voz chorosa.

— É complicado, meu bem...

— Você não ama mais meu pai?

— Amo. – me apresso em dizer. – eu amo muito o seu pai... nunca duvide disso.

— Então porque vocês não estão juntos?

— Porque o amor é complicado. Mas eu quero que você saiba que independente de estar ou não com o seu pai, eu nunca vou te deixar. – digo olhando em seus olhos.

— Você não vai embora como a minha mãe? – eu podia sentir meu coração se estilhaçar naquele momento.

— Eu nunca vou deixar a minha ruivinha. – toco a ponta do seu nariz e, pela primeira vez desde que recebeu a notícia, ela sorrir. Um sorriso fraco e tímido. Mas ainda assim, um sorriso.

 

CASTLE.

 

Entro em meu escritório e me tranco ali. Precisava ficar sozinho. Ver a Kate hoje era a última coisa que eu esperava. Quando eu a vi de longe, quase esqueci o que aconteceu em Nova Iorque. Mas eu nunca vou esquecer. De longe, fiquei observando sua interação com Alexis. Esperei um pouco para me aproximar, fazia dias que não via minha filha tão feliz. Ela sentia falta da Kate. Eu também sentia. Aos poucos, enquanto eu me aproximava, aquela cena veio novamente a minha cabeça, e eu não consegui deixar de sentir raiva naquele momento. Tudo o que eu queria era pegar minha filha e sair dali, mas ela estava tão linda...

Kate era absolutamente linda com seus longos cabelos ondulados, mas agora, de cabelos curtos, ela estava ainda mais linda. Tive que fazer muito esforço para não parar e ficar ali, apenas admirando a beleza dela. Kate é minha maior fraqueza, por ela eu sou capaz de tudo, mas aquela cena insiste em não sair da minha mente. Me aproximei e não mantive o contato visual com ela. Não queria deixar transparecer que ainda tinha sentimentos fortes por ela.

Contar para Alexis que tudo estava acabado foi a pior parte. Ver os olhos decepcionados da minha filha partiu meu coração, mas eu não tinha escolha. Kate não tinha mais motivos para continuar aquele relacionamento, nem eu. Ver minha filha sofrer por minha causa, de novo, é a pior parte. Não iria afastar as duas, mas o convívio delas não será o mesmo. Eu sei. Alexis sabe. Kate sabe. Mas, por enquanto, é o melhor para todos nós. Eu estou com raiva e Kate... bom, Kate está com outro.

Sento na minha cadeira de couro confortável e respiro fundo. O cursor piscava insistentemente na tela do computador. Eu precisava escrever. Colocar para fora todos esses sentimentos confusos que venho guardando desde aquele dia. Me endireito na cadeira e coloco os dedos sobre o teclado. Não demorar muito para eu começar a escrever um novo capitulo do meu livro. Um livro baseado na Kate. Em seus jeitos. Seus costumes. Suas manias. Sua maneira de pensar.

Amor. Atração. Raiva.

É muito sentimento misturado e eu não consigo administrar nenhum.  Não sei se esse foi nosso fim, mas depois de tudo o que eu presenciei naquela noite, eu sei que foi melhor ficarmos separados. 

 

UMA SEMANA ATRÁS.

Quando cheguei em Nova Iorque ainda era dia. Assim que cruzei a porta de desembarque vi Mark, meu amigo e advogado, à minha espera segurando uma plaquinha escrito “Mr Castle”. Não tinha como não rir. Mandei uma mensagem para ele quando estava prestes a embarcar. Não porque queria que ele viesse me buscar, mas aproveitaria para saber como andava a editora todo esse tempo que eu estava longe. Me aproximo dele, que também tinha um sorriso no rosto.

— Senhor Castle, hoje eu vou ser seu motorista. – ele diz brincalhão e eu rio.

— Ótimo. – entro na brincadeira e lhe entrego minha mala. – estou cansado. – dou os ombros e começo a andar. Mark demora um pouco para me acompanhar, mas logo está ao meu lado resmungando.

— Eu só vou carregar isso porque faz tempo que eu não te vejo. – rio. – vamos lá... Nova Iorque nos espera. – ele passa o braço por meu ombro e me puxa para um abraço desajeitado enquanto andamos. Eu rio. Sentia falta dele. Mark era meu amigo, meu irmão. Apesar de me fazer bem morar no interior, eu sentia falta do seu bom humor.

Caminhamos até o estacionamento, onde o carro de Mark estava. Em questão de minutos estamos parados no meio do transito de Nova Iorque. O silencio era quebrado por uma banda de indie rock, a preferia de Mark. Ele não perguntou sobre minha vida no interior, sei que, apesar de me ajudar a comprar o rancho, ele nunca concordou com o fato de eu ir morar lá. Mark e eu agora éramos sócios no restaurante na divisa da cidade onde eu morava. O mesmo que eu levei Kate para jantar. Então, enquanto ele cuidava do meu negócio aqui, a editora, eu cuidava do restaurante lá. Era bom poder ter algo para fazer naquela cidade, mesmo que não fosse muito.

Mark começou a falar algo sobre irmos a uma casa noturna essa noite. Ele não sabia nada sobre o que eu estava fazendo aqui, mas definitivamente não iria com ele a lugar algum. Então, mesmo sem ele perguntar, contei o que estava acontecendo em minha vida. Contei sobre Kate, sobre o quanto eu estou apaixonado por ela, sobre nossa discussão e sobre meu plano para encontrá-la.

— Então você já tem tudo planejado? – ele pergunta quando paramos em um sinal vermelho.

— Sim. – sorrio contente. Meu plano parecia infalível em minha mente. Por mim, eu iria agora mesmo até o hotel da conferencia de Kate, mas sei que ainda está cedo. Vi na programação na internet que as palestras só acabam a noite, então mais tarde eu iria encontrá-la. – vou para a editora agora, quero ver como as coisas estão. Depois vou até meu apartamento tomar um banho e vou encontrar a Kate.

— Kate... sua nova musa. – ele disse pensativo. Eu rio. Tinha contado sobre o livro que eu estava escrevendo.

— Sim, ela é minha musa. – o sorriso só cresce em meu rosto. – ela é encantadora, Mark. Apaixonante...

— Quero conhece-la.

—Você vai. Eu só preciso... – respiro fundo, pensando se Kate iria mesmo querer falar comigo. – eu só preciso conversar com ela.

— Ok. Mas me fala sobre ela... quero estar por dentro quando finalmente conhecer a mulher que mudou sua vida.

Não era preciso pedir duas vezes para eu falar sobre Kate. Ela é a pessoa mais fácil do mundo de se falar. Eu poderia ficar a noite inteira só falando sobre ela.

♦♦♦

Já era noite quando entrei no meu apartamento. Estava escuro e vazio. Fazia tempos que ninguém aparecia aqui. Deixei minha mala no canto e segui até o quarto, exausto. A editora não estava nada bem depois do meu afastamento, e eu tinha que começar a pensar em algo para melhorar a situação. Tomei um banho e deixei que esse problema esvaísse da minha mente enquanto a agua caia sobre meu corpo.

Saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura e, só então, percebo que as caixas que eu mandei entregar aos pais da Gina estão no meu quarto. Nosso quarto. Suspiro. Eu sabia que os pais dela não reagiriam bem a isso e, provavelmente, pediram para Mark deixá-las aqui. Resolveria isso depois. Alugaria um depósito ou qualquer outro local para guardar todas essas caixas, mas não deixaria que elas atrapalhassem meu relacionamento com Kate novamente.

Já passava das nove quando eu resolvo sair de casa. Procuro meu celular em todo o apartamento, mas não acho, provavelmente esqueci na editora. Queria ligar para Kate quando chegasse ao hotel e avisar que eu estava esperando por ela, mas pelo visto tudo vai ser uma surpresa para ela. Pego a chave de um dos meus carros e saio de casa. No elevador, olhando-me no espelho, vejo o quanto eu estou nervoso. Porque isso agora? Estava confiante há pouco tempo... as portas de metal se abrem e eu saio, respirando fundo e rezando para tudo dar certo.

O hotel estava lotado. Pessoas bem aparentadas conversando entre si. Olho em volta à procura de Kate, mas não a vejo. Não sei qual a roupa que ela está usando e não tenho como ligar par ela, então tenho que encontrá-la no meio da multidão. Não vai ser difícil. Posso reconhece-la de longe. Dou a volta na recepção e sigo até o bar, onde a maior concentração de pessoas. Logo na entrada havia uma mesa com etiquetas e os nomes dos participantes do evento. Bom, eu não era participante, mas ninguém sabe. Pego uma etiqueta qualquer e colo na minha roupa.

Agora meu nome era Daniel.

Entro no bar e, imediatamente, olho e volta a procura de Kate, mas não a encontro. Começo a andar pelo lugar. A música alta me faz lembrar dos meus tempos de balada, eu adorava sair e dançar. A pista de dança improvisada no meio do bar estava cheia. Gente dançando de todo jeito. Alguns não sabiam dançar, mas estavam se mexendo. Eu estava andando no meio dessas pessoas, procurando por ela. Parecia um estranho no meio daquela gente toda, mas eu não ligava.

Algumas músicas depois, e vários empurrões, eu consigo chegar até o bar. Kate pode não ter chegado ainda, então resolvi pegar uma bebida. Estava suado só de andar pelo lugar procurando por ela. Peço um whisky e me encosto no bar, de frente para as pessoas dançando e conversando no salão. Mesmo parado, meus olhos trabalhavam ativamente a procura dela. Algumas pessoas se aproximam e me cumprimentam, elogiando meu trabalho, ou melhor, o do Daniel. Sorrio e agradeço, minha mãe é atriz e eu aprendi a me virar desde cedo. Desvio meu olhar um segundo e posso jurar que a vi passar.

Eu vi seu sorriso e não há outro sorriso igual. Era ela. Seguro meu copo e me despeço de dois homens que falavam comigo. Ou com Daniel. Ando pelo lugar novamente, dessa vez em uma direção certa. Eu a vi passando aqui! Consegui ver que ela usava um vestido verde, mas nada além disso. Olho em volta, por todos os lados, e não a encontro.

Volto para o bar e peço mais uma bebida. Meu olhar sempre alerta por quem passava próximo a mim. Não demora muito para eu escutar a sua risada. Aquela risada que só ela sabe dar. Meu corpo inteiro fica em alerta. Olho em volta. Ela está por perto. Não demora muito para eu nota-la sentada em um dos bancos altos do bar. Sua postura correta e seus cabelos presos, mostrando sei lindo pescoço do jeito que eu gosto. Kate conversava com alguém. Não me importo em olhar para a pessoa ao seu lado, mas sei que é um homem, e isso faz o ciúme crescer dentro de mim. Bebo um gole da minha bebida e ando em sua direção.

Ainda estava nervoso, talvez mais do que antes, mas agora eu já estava aqui e iria fazer exatamente o que eu vinha planejando desde cedo. Pensei que seria mais fácil. Que chegaria para ela e me declararia, nós dois sairíamos daqui e fiaríamos a noite juntos. Mas eu estava errado. Nada era tão simples quando se tratava da Kate. Por isso eu estava nervoso. Kate consegue me deixar sem ação e sem palavras. Minhas mãos chegam a soar quando estou próximo dela. Só ela consegue me deixar assim. Desvio de algumas pessoas até chegar próximo a ela, mas paro no instante que os vejo. O homem ao seu lado, agora em pé, aproxima seu rosto do dela. Kate fica imóvel enquanto o homem segura seu rosto com a mão e toma seus lábios para ele. Ela não reage. Não faz nada. NÃO O AFASTA! Deixo meu copo no bar e saio. Não ficaria vendo-a beijar outro homem.

Tudo me incomodava. As pessoas andando de um lado para o outro. O lugar lotado. A música alta. As risadas. TUDO! Fechava meus olhos forte, tentando apagar aquela imagem da minha mente, mas não conseguia. Estava tudo tão nítido que eu nunca iria esquecer. Poderia voltar e quebrar a cara daquele imbecil. Mas não voltaria. Saio às pressas do hotel procurando, em vão, meu celular até lembrar que esqueci na editora. Volto para a recepção e peço que chamem um táxi para mim enquanto ia até o banheiro. Não esperei a confirmação e segui pelo corredor até onde a placa indicava o banheiro masculino. Lavo meu rosto e, mais uma vez, tento esquecer aquela cena. Mas não consigo.

Queria que tudo fosse mentia. Um sonho ruim. Um pesadelo. Mas a água gelada em meu rosto me diz que não é. Isso aqui é realidade. Kate estava com outro homem, e isso doía mais do que um tiro em meu peito. Uma raiva repentina surge e eu saio do banheiro batendo a porta com força e ando a passos duros de volta ao bar. Estava decidido a confrontar os dois. A quebrar a cara daquele idiota. Eu iria tirar Kate dos braços dele e leva-la para longe... Mas uma mão firme em meu braço me para no meio do caminho.

— Seu táxi chegou, Senhor Castle. – um funcionário do hotel me diz. Olho na direção do bar e depois para o homem que segurava o meu braço. Respiro fundo e tento controlar a raiva. Assinto e ando em direção à porta do hotel. Da porta eu conseguia ver meu táxi me esperando. Ando na direção do carro amarelo e, quando estou pestes a entrar, escuto meu nome.

Era ela. Eu reconheceria sua voz em qualquer ocasião. Paro um instante, pensando se devo ou não me virar, mas logo entro no táxi. Não queria conversar agora. Queria sair daqui e voltar para minha casa. Ficar com minha filha. Queria esquecer dessa viagem. Daquela cena.


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Notas finais do capítulo

E ai?
Pelos comentários de vocês sei que esperavam outra coisa desse cap, mas peço que confiem em mim. A relação deles vai ficar ainda mais forte depois de tudo isso ♥

Até o próximo



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