I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 109
Capítulo 109 — Traga ela para casa.


Notas iniciais do capítulo

O quarto e último capítulo de hoje.
É mais uma parte da história desse casal. Desde o começo quis seguir essa mesma linha, pensei em mudar, mas no fim decidi por seguir a minha ideia inicial. Espero que gostem ♥

E mais uma vez, ainda não revisei, desculpa qualquer erro.



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CASTLE.

 

Diferente da noite passada, os gêmeos estavam cansados o bastante para dormirem antes do horário habitual. Alexis também, mas resistiu um pouco para um pouco comigo e Kate. Ela dormiu enquanto assistíamos a um programa de TV que ela gosta. Mesmo com pena, Kate acordou ela para subir, já que a menina estava pesada demais para carrega-la no colo.

Alexis sonolenta é engraçado. Ela subiu praticamente se arrastando enquanto Kate a segurava em um abraço desajeitado. Quando elas sumiram no andar de cima, eu desliguei a TV e fui a cozinha pegar duas taças e um vinho. Kate estava cansada o bastante para eu saber que ela precisava disso tanto quanto eu.

Ela voltou quando eu estava voltando para a sala. Descalça, com uma lingerie preta e um robe da mesma cor. Nada provocante, mas tudo ficava extremamente lindo e sexy naquela mulher. Ela me olha confusa e eu faço um esforço para segurar o vinho e as taças numa única mão, e seguro a mão dela a minha livre.

— Antes que você me faça perguntas, eu tomei a liberdade de fazer uma pesquisa rápida na internet e dizia que sim, você pode tomar vinha sem problemas. – digo enquanto a puxo para o sofá. – mas não pode exagerar.

— Obrigada internet. – ela agradece me fazendo rir.

Eu nos sirvo e entrego sua taça. Kate fez a mesma cara da noite anterior, como se aquilo fosse o que faltava para ela ficar completa.

— Obrigada, meu amor. Isso era exatamente o que eu precisava.

— Música?

— Sim, por favor. – ligo o som com o controle e o deixo numa altura agradável. Não atrapalharia nossa conversa e, o mais importante, não acordaria as crianças.

Puxo suas pernas para meu colo e começo a fazer uma massagem improvisada. Kate estava encostada confortavelmente no canto do sofá, seus olhos distantes, como se estivesse preocupada com algo.

— Posso saber porque você está assim? – ela me encara.

— Assim como?

— Kate, eu te conheço. Você chegou e brincou com as crianças, conversamos normalmente, mas eu sei que tem alguma coisa aí... – aponto para ela. – aconteceu algo na clínica?

— Não... está tudo bem na clínica. – ela suspira pesado. – hoje quando eu cheguei na clínica encontrei uma menina... ela pediu para ajudar um gato ferido que ela encontrou na rua e eu ajudei, claro. Mas...

Ela para e suspira novamente.

— Mas?

— Ela é carente. É visível nas roupas e no jeito dela ser. Quando eu estava de saída eu a encontrei e ela estava com fome, então eu comprei um cachorro quente para ela. Por isso demorei mais do que gostaria.

— Isso te deixou abalada? – ela confirma com a cabeça.

— Não, mas algo nela me chamou a atenção. Ela disse que ia para casa antes de sair, mas eu acho que é mentira porque ela passou o dia em frente a clínica e não apareceu nenhum adulto para cuidar dela.

— E os pais dela?

— Morreram. – ela fala baixo e eu pude ver seus olhos brilhando, como se estivesse prestes a chorar.

— Quantos anos ela tem?

— Seis...

— Nossa... – suspirei pensando nessa menina que eu nem conheço, mas a história mexeu comigo. É apenas uma criança. – o que você quer fazer sobre isso?

— Nada. O que eu posso fazer? – ela me encara. – eu só acho que ela é nova demais para perder os pais, e mais ainda para se cuidar sozinha. Você tinha que ver, Rick... ela é esperta e madura para sua idade, assim como Alexis. Jolie e Ana tem a mesma idade dela e não são independentes como ela.

Os olhos de Kate ainda brilhavam, mas não de lágrimas como antes. Era algo mais, mas eu ainda não sei bem dizer o quê.

— A gente pode envolver o conselho tutelar... – dou uma ideia, mas ela discorda na hora.

— Não, não quero envolver justiça enquanto eu não souber o que se passa com essa menina. Ela falou que morava com a tia, talvez a tia passe o dia na rua também, não sei... mas eu preciso fazer alguma coisa.

— Precisa? – perguntei confuso diante sua determinação.

— Sim, preciso. Eu não sei o que tem nessa menina ou na história dela, eu só sinto que eu preciso ajudar.

Pego a taça em sua mão e coloco as duas taças na mesa de centro. A puxo peço braço até ela está em meu colo. Uma perna em cada lado. Os cabelos ondulados modelam seu rosto, mas eu os coloco atrás do ombro. Tudo o que eu queria era ver seus olhos. Ver o que tinha por trás deles e tentar identificar, mas, mais uma vez, eu não consegui. Mas senti o quanto eles estavam sendo sinceros.

— Se você quer tanto ajudar, eu vou estar junto. – ela abriu um pequeno sorriso. – a gente pode descobrir onde ela mora e falar com essa tal tia.

— Você vai mesmo ajudar sem nem conhecer ela?

— Claro que vou! Eu posso ver o quanto é importante para você. Você ficou mexida com a história dela Kate, eu vejo isso. – seguro seu rosto com as duas mãos. – o que for importante para você, será para mim também. Você não vai fazer nada sozinha.

Um lindo sorriso surge em seu rosto e eu a beijo, deixando todos os meus sentimos expostos. Kate faz o mesmo. Ela aprofunda o beijo e desço minhas mãos por sua cintura. Nossas bocas se uniam sempre da forma mais perfeita, mas nesse momento eu também senti algo mais. Toda a nossa paixão estava em jogo nesse momento, e eu aproveitei.

Quando o ar foi necessário, nós nos afastamos. Kate voltou para seu lugar anterior e pegou a taça de vinho, dando um longo gole. Ela me olhou e, sem que eu precisasse perguntar, ela me contou como tudo aconteceu, com todos os detalhes.

A menina, que agora eu sei que se chama Lily, conseguia tirar de Kate um sorriso totalmente diferente, e esse eu conseguia decifrar. Era o mesmo sorriso que ela tinha quando estava com nossos filhos. Era um sorriso cheio de amor e orgulhoso. Talvez ela tivesse mexida demais com a história da garotinha.

 

UMA SEMANA DEPOIS...

KATE.

 

Depois daquela noite eu não vi mais Lily. Mesmo preocupada com a menina, tive que deixar esse sentimento um pouco de lado e dar continuidade ao meu trabalho e cuidar dos meus filhos. Mas isso não impedia de pensar nela antes de dormir. Eu tinha uma necessidade estranha de saber se ela estava bem ou não.

Hoje era sexta, e eu acabo de voltar de um almoço em família. Era rara as vezes em que almoçávamos todos juntos, já que Alexis tinha aula nesse horário e Castle ou eu sempre estávamos trabalhando. Mas independente disso, sempre tinha um de nós com os meninos. Hoje estávamos todos juntos.

Amanhã seria um grande dia para Alexis, já que ela jogaria como capitã do tome de futebol infantil pela primeira vez. Senti vontade de ficar em casa o resto do dia, brincar com os meninos e tentar acalmar minha menininha. Mas infelizmente eu não podia, já que tinha várias consultas importantes.

Parei dez minutos no meio da tarde para fazer um lanche, mas não tive tanto sossego. Assim que sentei na minha cadeira o telefone tocou, avisando que a visita que eu tanto esperei durante essa semana estava aqui.

Lily finalmente tinha aparecido. Eu deixei claro para ela que poderia visitar o gatinho que ela tinha pedido para eu ajudar, na hora que ela quisesse. Mas ela nunca veio, pelo menos não até agora. Pedi que a levassem para ver o animal e fui até o local também. Abri a porta devagar e a vi sentado no chão brincando com o gato que já estava bem melhor. Sorri ao vê-la. Aparentemente ela usava a mesma roupa da última vez que a vi.

— Oi... – disse assim que ela notou minha presença e me encarou. Ela sorriu fraco e voltou a olhar para o gato. – pensei que não te veria mais...

Me aproximo e me abaixo ao seu lado.

— Não pude vir antes... – ela me olha rápido. Seus olhos tristes.

Ela estende a mão para acariciar o gatinho e eu vejo manchas roxas em seu braço. Meu coração doeu na hora. Respirei fundo e tentei não me concentrar naquilo.

— Eu estava pensando... ele ainda não tem um nome, não é?

— Que tal Polo? Eu tinha um gato chamado Polo quando eu morava com meus pais... mas minha tia não deixou eu trazer ele para cá. – ela começa animada, mas acaba ficando triste no final.

— Então o nome dele será Polo. – anuncio e ela sorrir.

— Ele está bem?

— Sim, terá alta logo.

— Com licença, Doutora... – Maggie aparece e me chama discretamente. Eu levanto e me aproximo dela.

— Algum problema?

— Tem duas pessoas procurando pela menina na recepção. – eu olho para Lily, que estava de pé nos olhando curiosa.

— Quem são? Eles disseram? – volto a atenção para minha secretária.

— São da polícia...

Sinto uma onda fria percorrer meu corpo, mas tento me controlar. Passo a mão pelo cabelo tentando pensar em algo, mas minha cabeça simplesmente não funciona no momento.

—Lily, você fica aqui com Polo? Prometo que já volto.

Ela concorda e eu saio acompanhada de Maggie, que tenta me contar o que está acontecendo, mas ela não sabe muito. Na recepção, além de alguns paciente e acompanhantes, está Roy Montgomery, delegado da cidade. Eu o conheço desde pequena, já que ele era amigo dos meus pais. E logo atrás dele um funcionário de um mercado da cidade. Sorrio e cumprimento os dois.

— Posso ajudar em algo?

— É um assunto delicado, Kate. – ele olha em volta, as pessoas nos olhando curiosas com a situação.

— Podemos ir até minha sala? – eles concordam e nós seguimos pelo corredor. Meus passos são interrompidos por Lily, que corre na minha direção e agarra minhas pernas.

— Não quero ser presa, tia. Por favor, não deixa eles me levarem. – ela chora tentando esconder o rosto.

Olho para os homens um pouco atrás de mim e começo a imaginar o porquê de toda a situação. Peço para que Maggie os acompanhe até minha sala e quando estou sozinha com a menina, me abaixo e tento fazer com que ela olhe para mim. Mas parecia envergonhada.

— Por que você acha que eles vão levar você? – tento passar tranquilidade para a menina que só conseguia chorar. – Lily, você fez algo de errado?

— Não...

— Lily você pode me contar a verdade. – só agora ela me encara. – eu não vou deixar nada acontecer com você...

— Eu não roubei, eu juro. – seus olhos cheios de lágrimas pareciam sinceros.

— Certo, você não roubou. Mas o que aconteceu?

— Eu estava com fome, então peguei uma comida... mas eu ia pagar depois. Eu juro.

Sinto minhas pernas fraquejarem. Respiro fundo e abraço a menina que já estava chorando de novo. Vejo Maggie voltar pelo corredor e a chamo para perto.

— Meu bem, você vai ficar com o Polo e a Maggie? Ela vai levar você para ver os cachorros que estão aqui para adoção também, você quer? Minha filha sempre que vem aqui, adora brincar com eles. – sorrio tentando anima-la.

— Eu não vou com aqueles homens? – ela funga e tenta limpar o rosto.

— Não, você não vai. Isso eu posso te prometer. – ela concorda e eu limpo seu rosto.

Lily era apenas uma criança e já estava passando por coisas que nem um adulto merece passar. Ela precisa de carinhos e cuidados, e não ser punida por um erro que cometeu na hora do desespero. Impeço que as lagrimas caiam do meu olho e sigo para minha sala. Roy e o outro rapaz estavam me esperando quando cheguei.

— Olá. – cumprimento novamente. – então, como posso ajuda-los?

— Você conhece aquela criança, Kate?

— Sim, porque?

— Porque ela entrou dentro do meu estabelecimento e me roubou! – o rapaz fala alterado.

— Senhor, nós estamos falando de uma criança. Não tente rotula-la como ladra, porque ela não é.

— Aquela criança é de rua, e crianças assim são sim ladras. – ele grita. – quem é você? Porque ela correu diretamente para cá quando tentei pega-la.

Tento responder, mas Roy me impede.

— Ok, vamos manter a calma. – Roy intervém. – Kate eu estava por perto quando fizeram a ocorrência, e por se tratar de uma criança, eu preferi cuidar disso pessoalmente. Mas isso é realmente grave, então se você puder me passar o contato dos responsáveis eu agradeceria.

— Roy isso não é necessário... ela é uma criança, estava com fome. Lily não teve a intensão de roubar, ela pegou e achou que poderia voltar depois e pagar.

O outro rapaz rir sarcástico e Roy me encara.

— Ela não tem mais os pais, mora com uma tia. Eu não a conheço, mas posso me responsabilizar por deixar a menina com a tia hoje.

— Kate, não é assim que funciona. Nós temos uma queixa.

— E se não tivessem? – olho para o rapaz. – podemos entrar em um acordo e o senhor retira a queixa.

— Que tipo de acordo? – ele me olha interessado.

— O que ela roubou? Eu posso pagar e garantir que ela não irá mais ao seu estabelecimento.

Ele suspira e pensa um pouco.

— Olha, o que ela roubou não tem nenhum valor significante. Um saco de pão é quase nada... mas o ato de roubar é grave, ela precisa aprender.

— E vai. – garanto. – eu estou me responsabilizando por ela. Vou procurar a família e conversar, dizer o que aconteceu. Ela não vai mais ao mercado onde o senhor trabalha, e se algo acontecer, eu me responsabilizo pelos danos materiais.

— A senhora garante isso?

— Sim, dou a minha palavra. – digo firme.

O rapaz aceita o acordo e sai. Roy sai logo atrás, mas antes me diz que eu não preciso assumir nada e que ele poderia cuidar de tudo. Mas a questão é que eu queria assumir essa responsabilidade. Eu queria entender mais sobre a menina, queria ajudar a ela e a tia.

Depois que os depois saíram eu pedi para Maggie traze-la para minha sala. Lily ainda tinha os olhos cheios de lágrimas, como se não tivesse parado de chorar ainda. Ela entrou meio encabulada na minha sala, arrisco a dizer que com medo também. Eu estava sentada no sofá a esperando, abri um sorriso e a chamei para perto.

— Porque ainda está chorando? – pergunto quando ela senta ao meu lado. – não gostou dos cachorrinhos? Eles são tão pequenos e fofos.

— Gostei.

— Você não precisa mais chorar, Lily. Você é tão linda para estar assim... – seco suas lágrimas mais uma vez. – eu conversei com aqueles dois homens que estavam aqui, eles me contaram o que aconteceu e nós decidimos uma coisa... – ela me olha interessada. – eu fiquei responsável por levar você até em casa e conversar com sua tia. Então quando eu terminar o trabalho, nós duas vamos juntas até sua casa, ok?

— Não, eu não quero. – ela diz séria. – eu vou sozinha.

— Eu não posso deixar você ir sozinha, meu bem. – ela começa a querer chorar de novo. – Ok, vamos conversar sobre isso depois. Agora me diz uma coisa, você ainda está com fome?

— Muita.

— Então ótimo, acabei de pedir dois sanduíches enormes para nós duas. – ela abre um sorriso encantador. Ela com certeza deveria sorrir mais vezes.

Deixo a menina no sofá colorindo alguns desenhos que Alexis deixou aqui um dia e chamo Maggie na minha mesa para pedir que ela limpe minha agenda durante o resto do dia e passe meus pacientes para outro veterinário.

Enquanto esperávamos a comida, eu pensava em um jeito de fazer a menina ir comigo até sua casa, mas minha cabeça estava uma bagunça. A única ideia que tive foi falar com quem sempre me ajuda, Castle. Trocamos algumas mensagens e eu tentei explicar o que aconteceu, não demorou para meu celular tocar e eu ouvir ela dizer “traga ela para casa”.

Definitivamente era aquilo que eu queria fazer. Eu não assumi para mim, e me recusei a pensar assim. Mas era isso que eu queria e deveria fazer. Leva-la para casa e cuidar dela pelo menos por uma noite. Mostrar que alguém se importa com ela. E quem sabe assim ela pudesse entender que ela estaria segura em sua casa.

Quando o lanche chegou eu a vi comer tudo com muita vontade. Era apenas um sanduíche qualquer, mas que para ela era como a melhor comida do mundo.

— Então, eu tive uma ideia. – ela me olha interessada. – você não quer que eu te acompanhe até em casa, eu entendo. Sei que as coisas não são boas para algumas pessoas e provavelmente você não vai em casa há um tempo, não é?

Ela não disse nada, mas seu olhar culpado disse tudo.

— Onde você dorme? – ela joga os ombros e volta a comer. Lily era uma pessoa difícil de se abrir. – bom, eu estive pensando que poderia te levar para minha casa. Eu tenho uma filha que é um pouco mais velha que você, mas que vai adorar te conhecer. E tenho dois bebês, eu acho que eles vão gostar de você também.

Ela me encara, mas não fala nada de novo.

— E tem mais duas afilhadas da sua idade. – continuo. – além disso lá é grande, tem um jardim enorme para brincar... amanhã nós conversamos de novo sobre sua situação. Pode ser?

Lily fica um pouco pensativa, mas eu deixo que ela responda no seu tempo. Quando ela acaba seu sanduiche e eu já estou quase convencida de que ela não quer nada disso, ela me surpreende.

— Tudo bem. – sua voz era baixa, mas ainda assim eu ouvi.

Sorri para ela e apenas balancei a cabeça. Comecei a juntar minhas coisas e disse para ela juntar seus desenhos se ela quisesse levar, e assim ela fez. Antes de sairmos, nós fomos olhar Polo uma última vez. A menina parecia contente com a ideia de ir para minha casa, e me senti satisfeita com isso. Pela primeira vez desde que a conheci, meu coração não estava apertado, preocupado.

Mandei uma mensagem rápida para Castle dizendo que já estávamos saindo, e então fomos para o carro. Lily era calada, mas extremamente observadora. Seus olhos curiosos percorriam por todos os cantos por onde passávamos. O silencio do carro era absoluto, mas não era ruim. Eu sempre olhava para ela pelo retrovisor, e ela sempre estava olhando pela janela.

— Eu durmo ali. – ela quebra o silencio. Eu olho para trás e a vejo apontando para um local pela janela. Seus olhos fixos em uma sacada de uma lanchonete, onde provavelmente quando fechava, a menina dormia ali.

Não falo nada, apenas continuo o caminho. Sinto as lagrimas molharem meu rosto e rapidamente pego os óculos de sol, sem me importar se já estava escurecendo ou não. Eu só não queria que ela me visse chorar.

Quando estacionei o carro em casa, vi mais uma vez seus olhos curiosos passarem por todo o lugar. O jardim grande, a varando com alguns brinquedos espalhados, a casa enorme. Tudo para ela era grande demais. Desci do carro e abri a porta para que ela fizesse o mesmo. Lily parecia com vergonha agora, mas eu segurei em sua mão e disse que estava tudo bem.

Entrar em casa e ouvir as risadas dos meus filhos definitivamente fez eu me sentir melhor. Um sorriso surgiu em meu rosto assim que os vi. Castle reuniu todos na sala, inclusive Martha, para que recebessem Lily que se encolheu um pouco atrás de mim.

— Olha só quem chegou, a mamãe. – ele se aproxima com Reece nos braços, que já chamava sem parar por mama. Dei um beijo nos dois e olhei para baixo, vendo que Lily nos observava com atenção. – e você deve ser a Lily. Eu sou o Rick.

Ele estendeu a mão para a menina, que me olhou brevemente como se pedisse permissão, e só então apertou a mão de Castle.

— Kate me disse que você vai ficar aqui essa noite. – ela concorda sem dizer nada. – bom, então deixa eu te apresentar o resto da família.

Castle pegou a mão da menina e a levou para o tapete onde estavam Jack, Alexis e as gêmeas de Jenny. Ele parecia determinado em fazer com que ela se sentisse em casa. Fiquei apenas olhando a cena de longe, até Martha se aproximar e me puxar para a cozinha.

— Richard me contou o que aconteceu... – ela me encara e me serve um copo de água.

— Eu não sabia o que fazer, Martha. – limpo uma lágrima que caiu do meu olho. – não sei se trazê-la para casa foi a melhor ideia.

— Claro que sim, Kate. Amanhã é outro dia, você pode levar ela em casa e procurar outra maneira de ajudar.

— Não sei se a casa ela é uma opção.

Todos os meus planos de como ajuda-la mudaram depois que ela me mostrou onde dormia. Uma criança de seis anos não merece dormir na rua. Antes ela tinha uma vida com os pais, provavelmente uma casa cheia de amor, mas agora ela vive praticamente sozinha. Não é justo.

Controlo o choro mais uma vez quando vejo Jenny entrar com algumas roupas.

— Castle me disse que ela tinha a idade das meninas, então resolvi trazer algumas que elas não usam mais. – sorrio.

— Obrigada, Jenny. Eu não tinha pensado nesse detalhe.

Ela avisa que deixaria as roupas no quarto de Alexis e eu agradeço. Espero estar bem o suficiente para voltar para sala, pelo menos sem denunciar que estive chorando, e quando chego eu me surpreendo. Lily estava bem mais solta. Ela brincava com os meninos, mas também conversava com Alexis e as gêmeas. Castle, claro, estava no meio da bagunça.

Depois de conseguir fazer todos rirem e tirar uma gargalhada sincera de Liy, ele dá uma desculpa que precisava descansar e senta ao meu lado no sofá. Não fala nada, apenas segura minha mão enquanto olhávamos as crianças.

— Mãe, o que vamos jantar? Estou com fome. – Alexis se aproxima já sentando no meu colo.

— Não, sei ainda. Talvez pedir alguma coisa... – coloco seu cabelo para trás e beijo seu rosto.

— Hoje é especial, temos uma convidada. – Castle fala animado. – que tal se pedirmos pizza?

Os olhos de Alexis brilham, mas ela ainda me olha precisando de uma confirmação.

— Por mim tudo bem. – ela comemora junto com o pai. Olho rapidamente para Lily e vejo ela sorrir também.

— Alexis gosta de bacon, Kate também... Alguém quer algum sabor especial?

— Calabresa! – Ana para animada.

— Ok, uma de bacons, uma de calabresa... Lily, qual seu sabor preferido?

A menina joga os ombros como se não se importasse.

— Gosto de queijo. – ela diz tímida.

— Pode ser a de quatro queijos? – ela concorda e Castle saí pegando o telefone para ligar.

— E você? Porque não sobe para tomar um banho antes da pizza chegar? – Alexis faz uma careta que me faz rir. – um banho rapidinho, não precisa lavar o cabelo.

— Tudo bem. – ela resmunga, mas levanta e começa a subir as escadas. Sorrio e aviso que já a encontraria lá em cima. Na verdade, eu queria um tempo para conversar com ela.

— Lily, você quer tomar um banho também? – olho a menina que empilhava alguns cubos só para Jack e Reece derrubarem.

— Estou bem.

Não insisti. Queria que ela se sentisse à vontade estando aqui.

Fiquei mais alguns minutos ali e pedi a Martha para olhar as crianças enquanto eu ia ver Alexis. A ruiva concordou e eu subi. Alexis já estava saindo do banho quando eu cheguei. Vestida no roupão de unicórnio que ela praticamente me implorou para comprar quando fomos ao shopping uma vez.

— Vai vestir logo o pijama? – pergunto sentando em sua cama e ela concorda. Ficamos em silencio enquanto ela troca de roupa. Estava tentando pensar numa maneira de começar a falar, mas ela foi mais rápida.

— Meu pai falou que a Lily vai dormir aqui hoje. Acho que ela pode dormir aqui comigo se quiser. – ela fala de um jeito simples, como se aquilo não fosse grande coisa. Mais uma vez fiquei orgulhosa da filha que tenho.

— Está tudo bem para você se ela ficar?

— Sim, ela parece legal. – Alexis sorrir e senta ao meu lado na cama. – quem é ela?

— Filha, a Lily tem uma história de vida bem difícil. Ela perdeu os pais a pouco tempo, mora com uma tia que eu acho que não é legal com ela, então eu a trouxe parar ficar essa noite aqui e fazer ela sentir que alguém gosta dela.

— Você vai adotar ela também? Igual fez comigo?

Alexis é direta e isso me atinge em cheio. Nunca pensei nessa possibilidade.

— Não, meu amor. Nós só estamos cuidando um pouco dela. – ela concorda e olha ao redor do quarto.

— Ela pode ficar aqui se precisar né? Porque aqui é grande... meu quarto é grande... – sorrio e a puxo para um abraço.

— Sim, ela pode ficar aqui se precisar. – beijo seus cabelos. – você promete ser legal com ela?

— Sim. Mas... se ela vai dormir aqui, então amanhã ela vai ao meu jogo também?

— Claro. Vamos todos.

— Minha torcida vai ser a maior. – ela comemora e nós saímos do quarto. Alexis fala algo sobre colocar o colchão no chão e fazer barracas para parecer um acampamento e eu não tive escolha a não ser concordar, ela estava muito animada em ter alguém para dormir com ela hoje.

O jantar foi animado. Martha contava história sobre sua infância para as meninas e Castle constantemente a interrompia para fazer alguma graça. Ficou mais comum durante a noite ver Lily sorrindo. Vi seus olhos brilharem quando Alexis contou que fariam um acampamento improvisado para elas dormirem, mas ainda assim a menina ficou contida. Ela demoraria algum tempo para se soltar. Falava apenas quando falavam com ela, se mantinha observadora como sempre.

Deixei todos na sala quando subi para dar conta de duas ferinhas elétricas. O banho para dormir mais pareceu uma noite de diversão, lá que eles escolheram brincar de jogar água em mim e se divertir com isso. Na hora de vestir o pijama foi ainda mais complicado, já que um Jack pelado resolveu brincar tirando todas as suas roupas da última gaveta da cômoda enquanto eu vestia o irmão.

Quando finalmente consegui vestir os dois, tirei minha roupa molhada e fiquei apenas com a calcinha o sutiã. Não sei bem como consegui fazer os dois deitarem comigo no sofá cama que tinha no quarto, mas eu fiz. E quando o corpo deles finalmente relaxou, o sono veio rápido e pesado. Senti meu cansaço bater também e fechei os olhos por um minuto. Bom, não foi bem um minuto, já que despertei com Castle me chamando avisando eu já tinha colocado os meninos no berço.

Peguei o robe que ela segurava na mão e fomos até o quarto para que eu vestisse uma roupa. Peguei a primeira que vi e a que eu mais amava. Não era nada especifico, qualquer camisa e short largo de Castle eram os meus preferidos. Quando voltei para a sala Ana e Jolie já tinham ido, e Martha se despedia da neta. Lily estava sentada numa mesa no canto da sala, olhando fixamente as peças do xadrez que Castle deixava ali para praticar.

Me aproximo e sento no lado oposto ao dela.

— Você está muito concentrada.

— Posso jogar? - ela pergunta sem tirar os olhos do jogo.

— Claro que sim. Você sabe?

— Sim, meu pai me ensinou. – aquilo me surpreende. Ela com seis anos sabe jogar! Demorei um pouco até meu pai me ensinar também.

— Então amanhã nós podemos jogar, ok? Porque já está tarde, isso quer dizer que...

— Está na hora de dormir. – Alexis completa se aproximando. – vamos, Lily. Vamos arrumar nosso acampamento.

Alexis segurou a mão da menina e as duas correram para o andar de cima.


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Notas finais do capítulo

Então??? Lily chegar agora foi uma boa? Ou só os gêmeos e a Alexis estava bom?

Me deixe saber de tudoooo

bjs bjs e até a próxima



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