Série Lobos I - Hogosha (O Guardião) escrita por M Schinder


Capítulo 1
Parte I: A Lenda


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoas!
Trago para vocês minha mais nova ideia, Hogosha (O Guardião).
Aqui vocês poderão encontrar um pouquinho da mitologia japonesa, mais relacionada aos deuses, e um animal que era venerado no Japão feudal, o lobo.
Enfim, eu já estou com ela toda completa e postarei toda a semana!

Boa leitura :3



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“Desde tempos imemoriais, nossa raça serve ao deus da Lua.

Quando a Terra terminou de ser criada, nós dominávamos e erámos tão respeitados por todos os outros clãs, animais e humanos quanto qualquer outro predador. Entretanto, os humanos começaram a perder o medo de nós e de predadores passamos a ser presas. Foram anos difíceis e cada ano que passava mais de nós eram mortos ou escravizados, sendo forçados a se tornarem bichinhos de estimação.

Foi nesse momento, quando já não víamos mais solução e estávamos fadados à extinção, que o deus Tsukuyomi veio até nós. Dizendo que havíamos sido servos leais e que não merecíamos o que os homens faziam conosco. Compadecido de nossa situação, o deus disse que criaria um lugar onde estaríamos seguros por muito tempo.

O feudo Tsume (*Garras) surgiu nesse dia e por anos os lobos puderam viver em paz junto ao deus, que resolveu permanecer na Terra por motivos que nem mesmo nosso clã podia entender.

Todavia, Izanagi não parecia querer que nossa raça vivesse essa paz e, por estar irritado com seu filho por nos proteger, ele lançou uma maldição na esposa de nosso senhor: todas as crianças e sucessores, qualquer um que fizesse parte da linhagem de Tsukuyomi, estariam presos como mortais e nunca poderiam subir aos céus, para ficar ao lado de seu antecessor. Além disso, ele também foi obrigado a subir a escada celestial novamente.

Os lobos, claro, se revoltaram. Uivos de ódio e repulsa podiam ser ouvidos todas as noites antes do dia que Tsukuyomi deveria voltar para o lado de seu pai. Fiéis como só nossa raça, nós, lobos, juramos que protegeríamos seus sucessores com nossas vidas. Emocionado, o deus afirmava que não poderíamos lutar naquela forma. No dia da despedida, Tsukuyomi nos deu seu último presente: a forma humana.”

~000~

Repetir aquela história em minha mente me fazia sentir um pouco mais calmo com a agitação que estava por vir. O feudo Tsume ainda existia; nós, lobos, podíamos assumir a forma humana sem explicação aparente; e a família real, descendente do deus, governava nosso feudo da mesma maneira que estava na lenda: com justiça, gentileza e cuidado, como um reflexo do próprio deus.

Eu era o mais novo “filhote” do atual Hogosha (*Guardião) da família imperial e não chegava nem perto de ser o mais poderoso ou o mais corajoso da matilha. E não, não estava interessado em ser nada disso. Eu apenas queria viver em paz, sem perturbações ou trabalho demais.

Eu estava sentado em frente a minha casa naquela tarde, como sempre fazia depois do almoço, e tentava fazer com que Issa parasse de me morder. Issa era um lobo filhote de uma subespécie da minha – a Canis Lupus Hodophilax— que fora abandonado por sua mãe há alguns dias e fora adotado pela minha família. Acho que preciso explicar que a espécie de lobos que foi presenteada com a humanidade foi uma pequena parcela – formada por três matilhas – da Canis Lupus ou lobo cinzento, como preferir. De qualquer maneira, estávamos lá, Issa tentando afiar seus dentes em minhas pernas, quando uma marcha foi ouvida ao longe.

Estávamos no começo da primavera. Depois de dez anos do nascimento do próximo herdeiro ao trono, naquela mesma época, o próximo Hogosha era escolhido para acompanhá-lo em seu crescimento como seu protetor. Normalmente era alguém de idade próxima, mas que já mostrasse habilidades e liderança avançadas, como um mini alfa.

Muito bem. Eu estava lá, sentando, fazendo nada como sempre e observando alguns dos garotos mais velhos serem chamados para as provas. Minha mãe saíra de casa para observar o grupo. Sempre era um evento importante quando o Hogosha seria escolhido e, com muito orgulho, mamãe esperava que meu irmão mais velho, Saki, fosse chamado para os testes. Enquanto ela gritava por meu irmão, animada, ordenou que eu voltasse à forma humana. É, eu também tinha isso de diferente, gostava muito mais da minha forma natural do que a humana, não via um real sentido em me manter de outro jeito se minha forma natural era animal. Podem imaginar que ninguém mais entendia isso.

O grupo se aproximava cada vez mais rapidamente e meu irmão se aprumava cada vez mais também. Ele, provavelmente, era o favorito para se tornar o próximo guardião por causa de nosso pai – normalmente o título se mantinha na família por gerações e, se meu irmão conseguisse, a minha estaria indo para sua quinta geração de Hogoshas.

Quando o enviado do Rei parou a nossa frente, eu podia ver que aquele homem não estava acostumado a manter a forma humana. Sua postura estava muito curvada e seus caninos eram muito mais alongados do que a maioria. Fiquei curioso com aquilo e estava pronto para perguntar quando o homem começou a falar com a voz que mais parecia um rosnado animal.

— Aqui é a casa do Hogosha Toshio?

— Sim, senhor – respondeu minha mãe extremamente educada.

— Ótimo – rosnou o homem fazendo com que Issa se escondesse entre minhas pernas. – Estou procurando por Toshio Katsuo.


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Notas finais do capítulo

E então, o que me dizem? Gostaram? Não? Por quê? Deixem seus reviews!