Capítulo 5

“- Draquinho, venha. Eu sei que você me quer. –Pansy murmurava enquanto esperava Draco na cama de sua cabine. Ela vestia uma lingerie rosa shock e calçava saltos cheios de glitter rosa. O gerente estava paralisado, encostado na porta, sem ter para onde fugir.

Ao perceber que Draco não iria se mover, Parkinson se levantou e puxou-o pelo braço, jogando-o na cama. Ela se colocou em cima dele lentamente, engatinhando até estar sobre seu alvo, que ainda estava estático.

No momento exato em que Pansy iria encostar seus lábios nos de Malfoy, que suava frio, sem reação, a porta da cabine foi aberta com um estrondo. A hóspede que perdera a carteira, Hermione Granger, surgiu na entrada do local, vestindo seu pijama do Bob Esponja e calçando pantufas. Os olhos inchados e cabelos bagunçados delatavam que tinha acabado de acordar.

— Sr. Malfoy, o senhor não disse que iria me mostrar o navio? Porque você não apareceu?”

E então Draco acordou num pulo, se lembrando do encontro combinado. A tela de seu celular mostrava que eram 8:40 da manhã, e o encontro era às 9 horas. Ele só tinha tempo para ir ao banheiro e se trocar, ou deixaria a mulher esperando.

— Maldito sonho. –Murmurou, enquanto vestia a calça branca de seu uniforme. Os botões da camisa pareciam impossíveis de ser abotoados com pressa.- Pansy não me deixa em paz nem mesmo enquanto durmo. Eu poderia até mesmo agradecer à senhorita Hermione por ter me livrado do pesadelo.

E então ele correu até as portas do restaurante, ofegante. Eram 9:10, mas a mulher não estava lá. Draco não conseguiu decidir se ficava decepcionado por ela não ter ido ou feliz por ele não ter se atrasado realmente. Ele esperou por mais vinte minutos, e já estava prestes a desistir, quando viu ao longe uma grande quantidade de cabelos castanhos sendo levados pelo vento. Ela se aproximou rapidamente, também viera correndo. Ofegante, a mulher se apoiou na parede e olhou para Malfoy. Sua cara era de poucos amigos.

— O que aconteceu, senhorita Granger?

— Depois que você me acordou para entregar a carteira, eu não consegui mais dormir. –Ela fechou a cara, com a voz carregada de mau humor e ironia.- Muito obrigada.

— Bom dia para você também. Bom saber que passarei minhas horas vagas da manhã com uma hóspede mal humorada. –Provocou Malfoy.

— Se você tivesse deixado para me entregar ela hoje quando acordasse... –Ela respondeu imediatamente. Porém seu mau humor matinal não era exatamente culpa do gerente. Tinha problemas não resolvidos fora do navio.- Mas eu sei algo que pode compensar. Um ótimo café da manhã. – Malfoy sorriu, surpreso com a mudança repentina da mulher.

— Tudo bem. Vou te esperar tomar seu café da manhã. –E assim que a mulher soltou um sorriso e deu um passo em direção ao interior do restaurante, os hóspedes que estavam fazendo suas refeições se levantaram e começaram a sair. Hermione olhou para Malfoy confusa.- Parece que o horário acabou. Venha, te levarei à cozinha. O passeio pelo navio é longo e a senhorita não pode fazê-lo sem ao menos algo no estômago.

Draco se desencostou da parede e entrou no restaurante, com a mulher o seguindo de perto. O que o gerente não viu foram olhos curiosos e desconfiados os espiando por detrás de uma das pilastras principais.

A cozinha principal era um lugar enorme repleto de mesas metálicas e funcionários de chapéus brancos. Cada mesa estava abarrotada de comidas de todos os tipos sendo preparadas para o almoço. O cheiro do local era inebriante e ele ouviu o estômago da mulher roncar.

— Dobby, por favor. Um café da manhã para esta moça, ela perdeu o horário.

— Tudo bem senhor. –Respondeu o rapaz, que tinhas as orelhas estranhas, parecidas com as de um elfo.

— Dobby? –Draco ouviu uma voz perguntar. A moça parecia intrigada com o apelido estranho.

— O nome real dele é Doug, é o nosso chef. Não sei o motivo do apelido, porém o chamamos assim desde que chegou aqui.

Alguns minutos se passaram e Dobby voltou com uma bandeja repleta de tudo a que os hóspedes tinham direito no café da manhã. Hermione se sentou á mesa em que colocaram a bandeja e começou a comer, faminta. Com um olhar para o gerente, chamou-o para comer junto com ela.

— Confesso que também acordei atrasado e não tomei café da manhã. –disse ele, sentindo a barriga roncar.- Mas não é permitido que a tripulação coma junto com hóspedes.

— Ei, ninguém está vendo. Garanto que quem trabalha na cozinha não vai sair contando aos seus superiores. Vem, senta comigo. Tem comida suficiente para um batalhão nesta mesa.

E então Malfoy se rendeu. Enquanto comiam, Draco explicou a ela como era o sistema de ordens no navio. Apesar de ser o primeiro de maior nome e autoridade no Magic Of The Seas, Blaise somente comandava e colocava ordem de dentro de sua cabine, enquanto o gerente, além de dar ordens, tinha que passar o dia andando pelo navio enquanto verificava se tudo estava saindo da forma correta. Ele também resolvia problemas que seus funcionários notificavam. Era um trabalho cansativo, mas ele amava o que fazia.

— Uau. Então você é um tipo de Super-Homem neste lugar. –Falou a mulher, surpreendida. –Eu não imaginava que o gerente de um cruzeiro fosse tão atarefado assim.

— A senhorita nem imagina. Eu corro por este lugar o dia todo, posso andar por aqui de olhos fechados. –Vendo que ela tinha acabado de comer, Draco se levantou e estendeu a mão. –Vamos?

Hermione se levantou, relutante. Ela queria ajudar Dobby a lavar as vasilhas que tinha sujado em seu café improvisado, porém o chef negou veemente e desapareceu com as vasilhas antes mesmo que ela pudesse protestar. A mulher agradeceu a todos pelo trabalho que tiveram com ela e seguiu Malfoy para o deque principal, perguntando a ele por onde começariam o tour. O gerente começou a falar sobre o navio e a citar tudo o que a embarcação possuía, enquanto andavam por todas as áreas, e Hermione prestava total atenção, encantada.

— O Magic Of The Seas é um dos maiores cruzeiros do mundo atualmente. Criado pela empresa Hogwarts Internacional, foi elaborado para atender perfeitamente e por vários meses milhares de turistas. Nossa rota prevê paradas em diversas cidades europeias a partir do primeiro mês de viagem. Temos atrações aquáticas diversificadas, para todas as idades, além de banheiras em cada quarto. Além do restaurante principal, temos mais de 20 restaurantes temáticos. Um pedaço de Vegas está aqui dentro, com nosso cassino e outros shows. Um cinema 3D também faz parte da área do Cassino. Um shopping ocupa a área central do navio e temos também um mini parque de diversões...

Draco ia falando e tudo o que a mulher conseguia fazer era observar boquiaberta a embarcação. Era tudo um sonho naquele lugar.

Ao final do tour, o gerente deixou Hermione na porta de seu quarto, se despedindo com um grande sorriso e um boa noite. Ela podia dizer que o homem amava o navio e o que fazia. Ele era um cara legal, ela se sentia confortável perto dele, apesar de somente terem conversado sobre o navio. Podia ser um bom amigo naquele lugar imenso.

— Espero que possamos nos encontrar e conversar mais, Sr. Malfoy. –Hermione falou, enquanto via ele se afastar. Ao ouvi-la falar, Draco se virou.

— Eu espero o mesmo, senhorita. –O gerente respondeu, com um aceno de cabeça, e foi embora.

Ao deitar em sua cama naquela noite, Hermione teve plena certeza de que o tour era melhor com um guia só para si, especialmente com alguém simpático e apaixonado pelo que fazia como o gerente, pois era possível conhecer o navio de forma mais profunda, e admirar mais ainda o lugar.

Draco, por sua vez, teve de admitir que guiar uma só pessoa pelo navio era mil vezes melhor, pois podia falar do que mais gostava no lugar com mais entusiasmo, ainda mais se tratando de uma mulher bonita e simpática como a senhorita Granger, que esteve atenta durante todo o tempo e tinha um jeito interessante de conversar e agir que agradava a ele.