Era noite e Buffy estava no cemitério. Aquela era sua primeira ronda sozinha. Nos dias anteriores, Giles fazia questão de ir junto, provavelmente para protegê-la. 

        Ouviu um barulho e apontou a besta. Atirou na direção da figura, mas acertou a árvore. Angelus apareceu com as mãos erguidas e um sorriso no rosto.

     —Calma.—Ele disse.—Eu não mordo.

     Buffy suspirou aliviada e envergonhada. Abaixou a arma.

      —Me assustei. Pensei que fosse um vampiro. 

     Ele assentiu. Se ela soubesse…

       —E o que faz sozinha neste lugar?

       —Ocupada. E você?

       Angelus deu de ombros. 

       —Procurava uma garota. Pode me ajudar?

       Buffy sorriu.

       —Talvez…

      Eles andaram juntos por algum tempo, até Buffy fitar o homem a seu lado.

       —Espero que não seja um jogo…

      —Por que seria um jogo?

     —Você desaparece por dias, semanas, depois aparece como se não houvesse nada.

      —Sou um homem bastante resolvido, no entanto, você ainda é um mistério, Buffy. Estou tentando me decidir se me aproximo de você, ou se me afasto.

      Ela riu levemente. 

      —Bem, senhor Angelus, espe…

      Não teve tempo de terminar, como tropeçou em algo e caiu. Mirou às cegas e estava a ponto de atirar quando a voz de Angelus surgiu.

      —Não há necessidade de atirar em um morto.

                *****

      —Carbonizado?—Giles indagou novamente para ter certeza. 

      Era dia, e Buffy, Willow e Xander estavam na biblioteca com Giles.

       —Tropecei ontem em um desagradável corpo queimado. Eu mencionei desagradável?

     —Você fez.—Disse Willow.—Duas vezes.

      —Algum sinal do responsável?—Ela negou.—Vou olhar para os diários do observador e ver se encontro algo. Talvez seja interessante fazer-lhe companhia, Inês. 

      Giles ganhou três olhares assustados e confusos. Ele então percebeu o que haviam dito.

       —Me desculpe, Buffy. Inês esteve sob minha orientação por dois anos. Ainda é difícil…

     Buffy assentiu.

     —Eu entendo, Giles. Também sentimos falta dela.

      Um mês havia se passado desde a morte de Inês. A sombra dela ainda pairava sobre eles. E Buffy sentia como se não estivesse a altura de sua antecessora.

      Willow sentiu que devia mudar de assunto. Ela olhou ao redor. A biblioteca estava cheia de livros e armas.

      —Mas o que são essas coisas, Giles?

     —Inventário.—Ele respondeu. —É realmente útil que esteja aqui, Buffy. Vou precisar de sua ajuda.

       —Pensei que eu devesse apenas caçar monstros.

      —Algumas dessas armas são pesadas demais e ninguém mais pode ergue-las…

       Ela deu um leve sorriso.

       —Fico feliz em ser útil. 

                *****

      Giles e Buffy estavam em ronda. O britânico olhou para ela e suspirou.

      —Estamos devagar. Cobririamos mais terreno separados.

      Ela assentiu.

      —Certo. Fico bem sozinha. 

       Seguiram caminhos separados. Não demorou muito para Buffy sentir a presença de alguém atrás dela. Ela parou de andar com o som da voz.

     —Pensei que seu observador jamais a deixaria sozinha.

     —Angelus?

    Angelus a alcançou e voltaram a andar.

       —Buffy. Ouvi que há lago interessante em uma fábrica abandonada. 

      —Como sabe?

      —Tenho meus contatos. 

       O vampiro não disse mais nada como seguiram até encontrar a fábrica. Buffy e Angelus chegaram a uma porta e ela quebrou a fechadura e entrou.

      O lugar estava aos pedaços, e um pouco escuro, no entanto, mais a frente, eles viram um cadáver queimado, e seu olhos haviam explodido.

     —Vou vomitar. —Buffy correu para um canto.

      Angelus olhou divertido de Buffy para o cadáver. Ele já havia feito pior. Dando de ombros, tocou o corpo. Estava frio. Buffy se recompôs e se juntou a ele.

      —Tudo bem com você?

       —Não, realmente.

       Os dois voltaram a andar, e ela gritou quando viu uma sombra. Uma criatura humanoide, todo vermelho, apareceu.

      Buffy foi contra a criatura, mas Angelus a puxou quando percebeu que a criatura parecia magma puro. Eles rolaram pelo chão, enquanto a criatura fugia pela fábrica.

      —Me desculpe. E obrigada.

       Quando Buffy tentou sair de cima de Angelus, ele segurou seus braços e a manteve no lugar.

     —Por que não me agradece de maneira adequada? Salvei sua vida muitas vezes.

      —E o que seria adequado?

      Angelus a segurou firme, dando-lhe um beijo duro.

                 *****

      Mais tarde, Willow e Xander se juntaram a Buffy e Giles na biblioteca. Giles tinha um livro aberto, no entanto ele não tinha muitas informações, apenas a descrição que sua caçadora lhe deu.

       Horas se passaram e Giles saiu de deu gabinete. Ele descobriu três adolescentes adormecidos sobre uma mesa. Ele encontrou algo, mas não tinha certeza. Giles gentilmente balançou o ombro de Buffy. 

      —Oh, o que?—Ela acordou meio grogue. 

         —Sh, os outros estão dormindo, mas poderia ter encontrado algo.

       Ele mostrou o livro e apontou uma imagem. Buffy assentiu, reconhecendo a figura monstruosa.

       —Volca… Volcanalis?—Ela leu.

       —Espécie de demônio do fogo, seu corpo é feito de magma puro.—Giles explicou.

       —E como faço para matá-lo?

       —Não tenho certeza.—Disse.—Não pode chegar perto dele, pois espele magma.

        Giles tirou os óculos para limpa-los. Willow aos poucos foi acordando, em seguida Xander. Ele bocejou, vendo Buffy e Giles trocando ideias.

       —E como eu o paro, se não posso chegar perto dele?

        Giles olhou para Willow e Xander. 

       —Gelo. E uma isca viva.

       —Sério?—Xander zombou.

       —Você queria participar. —Buffy o lembrou. Ela ficou de pé.—Vamos acabar com isso…

              *****

        Os quatro estavam na fábrica. Xander andava pelo interior, como combinado. Ajudar agora não parecia uma boa ideia. Parou quando ouviu algo.

       Xander se virou e viu a criatura feita de magma. Xander recuou e começou a correr, sendo perseguido pelo Volcanalis. Ele correu até o local esperado. Buffy então apareceu com um extintor, assim como Willow e Giles. 

       A criatura congelou no lugar, seu corpo agora petrificado. Eles fitaram a criatura. Giles estava orgulhoso que seu plano deu certo.

      Buffy tomou a besta das mãos de Giles. O Volcanalis se partiu em inúmeros pedaços diante de sua força.

      —Apenas para garantir.—Ela disse e sorriu.

               *****

        Buffy voltava para casa sozinha. Ela ainda temia o escuro, mas agora sabia se defender. Sorriu quanto Angelus se juntou a ela.

        —Noite interessante? —Indagou.

        —Diria que sim. Minha vida tem sido interessante ultimamente.

       —Ótimo. —Sem esperar, Angelus a puxou para um beijo. Quando se separaram, ele disse:

       —Acabei de me decidir, Buffy. A partir de agora, não vai se livrar de mim…

       Voltaram a se beijar. Angelus sabia que a loira poderia colocá-lo em uma situação ruim com o Mestre, mas ele desejava se arriscar. Buffy valia a pena.