Buffy olhou para Joyce como se o maior absurdo do mundo tivesse saído de sua boca. Sua mãe apenas sorriu para ela.

─Não me olhe assim. ─Disse. ─Você ficava tão linda na equipe de torcida.

A menina loira soltou um suspiro pesado enquanto terminava de arrumar a mesa.

─Não me sinto com um estado de espírito para líder de torcida e futilidade...

Joyce fitou a filha.

─Anime-se querida. Você não estava assim desde que me separei do seu pai. O que houve?

─Nada.

─Poderia ao menos tentar... ─Insistiu.

Buffy suspirou novamente.

─Poderia. ─Fez uma pausa. ─Mas não quero.

*****

Geralmente Buffy ganhava suas pequenas discussões com Joyce. Não daquela vez. Sua mãe estava decidida a fazê-la entrar para a equipe de torcida. Então lá estava ela, entre as demais candidatas, esperando para ser chamada.

Cordélia fazia seus movimentos, mostrando às candidatas o nível que era exigido delas. Buffy se distraiu um pouco, não prestando muita atenção. Ouviu uma mulher gritar o nome de alguém.

─Amber Grove.

A menina anunciada começou a dançar, mas algo não estava certo. Todos então notaram que suas mãos começaram a se incendiar. Vendo que ninguém se movia para ajudá-la, Buffy pegou a coisa mais próxima, uma bandeira da escola, e se jogou contra a menina. Ambas foram ao chão, mas ela conseguiu seu objetivo. Amber chorava, porém não tinha mais fogo em si.

─Vai ficar tudo bem...

*****

Darla se apressou para sentar no colo de Angelus quando percebeu seu amante pensativo demais. Há horas ele não se movia, fitando o nada. Contudo, ao sentir a loira se esfregando nele, teve sua atenção despertada.

─Darla. ─Disse, sem muita emoção.

─Você está chateado. ─Observou.

Angelus se colocou de pé, obrigando Darla a sair de cima dele.

─Entediado seria uma palavra melhor. Se tivéssemos sucesso coma colheita...

─Se não tivesse desaparecido naquela noite, teríamos liquidado a caçadora. Onde esteve mesmo?

Ele segurou o queixo dela. Seu olhar ameaçador escondia algo mais. Abriu a boca para falar, mas decidiu por ficar calado. Ao invés, puxou a mulher loira contra ele, dando-lhe um beijo duro.

******

Mais tarde, naquele dia, Giles estava na biblioteca com Inês e Buffy. Discutiam sobre o treino das lideres de torcida, e Buffy estava lá por ter visto de perto o ocorrido. E ser a única entre eles que agora sabia sobre o mundo sobrenatural.

─Eu estive massacrando vampiros por quase dois anos agora e nunca ouvi nada parecido ─Inês admitiu.

─Como está a garota?

─Ela vai ficar bem. ─Buffy respondeu. ─Algumas queimaduras superficiais...

Giles então olhou para a menina loira com uma sobrancelha levantada.

─Foi uma excelente reação de sua parte, Buffy. ─Observou.

A menina deu de ombros.

─Reflexo, eu acho. Tive que fazer algo por ela.

Giles pôs a mão em seu ombro.

─Foi realmente bom.

─Que seja. ─Ambos olharam para Inês. ─O que pode dizer sobre combustão instantânea?

─Houve apenas dois casos reais. Ambos causados por raiva intensa.

─Ela não me parecia com raiva. Mas se precisarem de minha ajuda, eu...

Inês ergueu a mão para Buffy, indicando para ela parar. Pegou seu casaco, pronta para ir em patrulha. Ela ainda tinha um trabalho noturno a fazer.

─Tudo bem, Barbie. Eu trabalho sozinha.

Em seguida, ela saiu.

*****

No outro dia, na escola, foi uma loucura como a lista para a equipe de torcida saiu. Não foi surpresa para Buffy ao descobrir que não conseguiu. Algumas meninas choravam por ter passada, e até algum tempo atrás teria a mesma reação, mas não agora. Não se importava, realmente.

Buffy foi para o estacionamento com os amigos quando viram Cordélia passando por eles. Ela parecia estranha enquanto caminhava para seu carro. Algo não estava bem quando ela saiu com o carro em disparada, batendo em outros carros pelo caminho.

Inês apareceu como num passe de mágica e saltou sobre o carro destruído da morena, fazendo-a parar no outro lado da estrada.

─Você é maluca? ─Ela gritou enquanto pessoas rodeavam a cena.

─Não posso ver! ─Ela gritou. Seus olhos eram brancos e ela estava chorando. ─Não posso ver!

*****

─Bruxaria. ─Giles afirmou após ter conhecimento do ocorrido. Além de sua caçadora, Willow, Xander e Buffy estavam presentes. Eles sabiam demais para ignorar.

─Tem que ser uma líder de torcida. ─Era Inês. ─Acabando com a competição.

─Mas a equipe foi escolhida.

─Então deve ser alguma das reservas. Como desejam ajudar, porque não procuram a lista das equipes para mim?

O trio saía, quando Giles chamou Willow de volta. a ruiva foi convidada a ajudá-lo com um feitiço, enquanto Inês ficaria de olho nos jogos e na torcida. Havia apenas três reservas e uma delas já estava na equipe.

Inês observou de sua posição uma líder de torcida indo ao chão. Um brilho azul a envolveu e em seguida ela saiu correndo. A caçadora sabia que tinha trabalho a fazer. Ela a perseguiu pelo corredor, mas Xander a agarrou antes que fugisse. Mas a bruxa jogou Xander de lado.

─Quem é você? ─Gritou olhando para a caçadora. Ela ergueu a mão e uma força invisível fez Inês voar. Mas então Willow interrompeu-a com um cântico, enquanto segurava um livro.

─Agora você perde seus poderes. ─Giles disse, como um portal se formou elevou a bruxa embora.

Buffy ajudou Inês a ficar de pé.

─Obrigada, Barbie.

─Meu nome é Buffy.

Ela sorriu.

─Que seja. Mas obrigada de qualquer maneira. ─E para Giles. ─O que houve com a bruxa?

─Ela será devidamente julgada pelo coven. Não é mais nossa responsabilidade.

─Será que ela volta? ─Inês perguntou.

─Creio eu que não a veremos mais.

─Bom. ─Ela disse. ─Isso é bom.

*****

Angelus terminou um desenho do rosto de Buffy, enquanto esperava os últimos raios de sol se pôr. Admirou sua obra por uns instantes, até decidir que o desenho não condizia com a beleza da jovem loira. Amassou o papel e começou outro desenho. Com o sol se pondo no horizonte, desistiu de encontrar o desenho perfeito.

Levantou-se e estava pronto para sair, sem se importar com Darla, ou o Mestre. Decidiu dar uma volta pela cidade antes de procurar alguém para se alimentar, apenas pensando que a sorte lhe sorriria caso encontrasse Buffy. Perdido em pensamentos, não sentiu a presença de Inês até ser tarde demais.

Ela o chutou pelas costas, fazendo-o cair. Inês apontou a besta para seu coração, pronta para atirar.

─Enfim tenho o prazer de encontrá-lo, Angelus.