20 anos depois - A salvação da Escola Mundial escrita por W P Kiria


Capítulo 16
Capítulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700178/chapter/16

No carro, Margarida não abriu a boca. Jorge não tirou o olho da pista, mas ela sentia pequenos olhares furtivos vindos do canto do olho dele. Tinha medo de perguntar, por temer mais ainda a resposta.

Entraram na garagem subterrânea do prédio e pegaram o elevador. O prédio que moravam era alto padrão, e o elevador dava no hall de entrada de cada apartamento. Ela preferia algo menor, mas Jorge insistia que fosse assim.

A empregada abriu a porta assim que o elevador apitou no andar, o choque sendo visível em seus olhos.

“Suas visitas o aguardam na sala, seu Jorge.” Avisou ela, fechando a porta.

“Obrigada, Gabriela. Pode esperar aqui um momento, logo uma delas irá se retirar.” Pediu ele, recebendo um aceno afirmativo. O rapaz então se virou para a namorada, que estava aflita. “Vamos? Tem uma pessoa te esperando.”

Sentados no grande sofá de couro branco, uma mulher na faixa dos trinta e um menininho de pouco mais de dois anos conversavam baixinho. O pequeno tinha cabelos pretos e bagunçados, além de brilhantes olhos azuis.

Ao ver Margarida, seu rostinho se iluminou em um sorriso.

“Mamãe.” O pequeno saltou do sofá, correndo com passinhos trôpegos até a modelo, que caiu de joelhos no chão e o acolheu em seus braços, os olhos enchendo de água. “Senti saudade.”

“A mamãe também estava morrendo de saudade, bebê.” Garantiu a morena, analisando seu rostinho. “Você cresceu bastante, hein?”

“Quatro centímetros desde a sua última visita.” Contou a visitante no sofá, se levantando. Margarida levantou com o menino no colo e caminhou até ela. “Marga, o que está acontecendo?”

“Eu não sei, Diana, mas acho que vou descobrir em breve.” Sussurrou a dona da casa, temerosa.

“Um homem estava esperando nós dois no aeroporto e nos trouxe direto para cá. Disse que era a pedido do Jorge. Você não disse que ia contar para ele.”

“E não contei.” As duas suspiraram, Margarida com o filho enroscado em seu pescoço.

“Diana, meu motorista te espera lá embaixo. Ele vai te levar aonde você quiser ir.” Jorge se fez presente, a expressão séria.

“Tchau, príncipe. Tia Di volta te ver outro dia.” Ela se despediu do pequeno, lhe dando um beijo na face. “Tchau, amiga. Boa sorte.”

“Obrigada, Di. E obrigada por trazer ele para mim.” Agradeceu a morena, ninando o filho enquanto a amiga partia.

Gabriela acompanhou a visita até a porta, esperando que ela entrasse no elevador. Assim que as portas se fecharam, ela fechou a porta principal e se virou para os patrões.

“Precisam de mais alguma coisa?”

“Por favor, prepare um lanche para nós dois e o menino, Gabriela. Obrigado.” Orientou o advogado, as mãos no bolso da calça. A mulher assentiu, sumindo pelo corredor até a cozinha. Jorge então se voltou para Margarida e a criança, um sorriso tentando aparecer no rosto. “Olá, Jack. Como vai?”

“Oi. Você é amigo da mamãe?” Para quase três anos, o garoto tinha uma pronuncia perfeita.

“Sim, eu sou um grande amigo da sua mãe.” Concordou o homem, se aproximando. “Está com fome?”

“Muita. Eu e a tia Di só comemos no avião. Mamãe, você já andou de avião? É muito legal.” A atenção da criança logo se desviou para a mãe, que sorriu para ele.

“Já sim, meu anjo. É realmente muito legal.” Margarida puxou o garotinho de novo para seus braços, e ele deitou em seu ombro. “A mamãe estava com tanta saudade de você, Jack.”

“Eu também estava com muita saudade sua, mamãe.” Ele sorriu, revelando uma pequena covinha. “Eu vou dormir aqui hoje? Tá escuro lá fora.”

“Vai sim, Jack, hoje você vai dormir com a mamãe. Olha que legal.” Jorge disse, as mãos ainda no bolso.

“Sabia que eu nunca dormi com a mamãe? Eu sempre ficava na casa da tia Di, e a mamãe visitava a gente.” Ao ouvir isso, as lágrimas escorreram pelo rosto de Margarida, que o abraçou novamente.

“Com licença, seu Jorge, o lanche está pronto.” Avisou Gabriela, aparecendo no corredor. “Onde eu devo colocar as malas do pequeno Jack?”

“No nosso quarto, Gabriela, é o único mobiliado por enquanto.” Mandou o dono da casa, sério. Ao vê-la sair, virou-se para a namorada. “Vamos comer?”

“Jorge, o que você está fazendo?” Perguntou Margarida, parando ao lado dele e sussurrando.

“Depois que colocar nosso filho para dormir, nós conversaremos.”

~*~

“Os pais do tio Davi são muito legais, sabia mamãe?” Perguntou Sara, enquanto Valéria a colocava na cama.

“Eu conheci eles, muito tempo atrás. São pessoas muito bacanas mesmo.” Concordou a jornalista, cobrindo a pequena com o lençol. “E a noiva dele? Você conversou com ela?”

“Uhum, ela e o tio Davi me levaam no paquinho. E ela desenhou comigo. Ela é muito legal, de veidade. Queo binca com ela de novo.” Sara sorriu, bocejando. “Sabe o que eu queia, mamãe?”

“O quê?”

“Que o tio Davi fosse meu papai. Ele é legal, binca comigo, e os cabelos dele são molinhas tamém.” Contou a menina, bocejando e abraçando seu ursinho de pelúcia.

“Eu também queria, princesa, eu também.” Suspirou Valéria, beijando sua testa. “Boa noite, para você e o Teddy.”

“Boa noite, mamãe.” Os olhinhos se fecharam, indicando que a pequena estava para cair no sono.

Já do lado de fora do quarto, Valéria se escorou na porta e chorou. Esse reencontro não estava lhe fazendo bem, há tanto tempo que já havia deixado de chorar por Davi todas as noites. E agora, isso estava acontecendo de novo.

Acabou voltando para o quarto da filha, sentando no chão ao lado da cama e encarando o ursinho. A forma de Davi de participar do nascimento da filha: um ursinho enviado através de Cirilo, assim que ficou sabendo que Sara havia chegado ao mundo.

“Que ela seja uma boa madrasta para você, meu anjo. Mesmo que você e ela não saibam disso. Que possam ser amigas.” Suspirou a jornalista, deitando a cabeça na cama da filha.

Por mais que quisesse muito, não conseguia acreditar que Davi se afastaria da religião judaica, muito menos que confrontaria os pais o bastante para romper o noivado e assumir a filha.

E principalmente, para voltarem a ficar juntos.

~*~

“O Leo dormiu.” Daniel entrou no quarto, encontrando Carmen encolhida na cama. Como esperado, ela chorava. “Hey, calma.”

Ele deitou ao lado da esposa, a aninhando em seu peito. Enroscaram seus pés, um costume que tinham desde o começo do namoro, e o homem se colocou a afagar os cabelos dela.

“Eu sou uma péssima mãe, Dani.” Ela choramingou.

“Claro que não, meu amor, você é a melhor mãe do mundo.”

“Daniel, eu larguei o nosso filho e corri para o incêndio. Eu não pensei, em momento nenhum, no bebê que eu carregava na minha barriga. E por isso eu perdi ele, Dan.”

“Carmen, o que aconteceu foi uma fatalidade. Você queria salvar a Escola, foi uma atitude nobre da sua parte. Você deixou o Leo seguro nos meus braços, e não se preocupou com o bebê porque acreditou que, na sua barriga, ele estava seguro. Mas não foi bem assim.” Daniel continuou afagando o cabelo dela, ele mesmo tentando evitar as lágrimas.

“Acho que foi um sinal de Deus, Dani. De que não era hora de termos outro filho, de que não estamos prontos.”

“Então vamos fazer por merecê-lo, meu amor. Vamos salvar a escola e provar para Deus que podemos ser ótimos pais, não só para o Leo, mas para quem mais vier.” Ele sorriu, beijando a testa dela. “Agora dorme, descansa. Você teve um dia longo.”

~*~

“Mário, ela está calma?” Perguntou Marcelina, entrando no quarto e encontrando o marido deitado na cama com a filha no peito.

“Está sim. Ela já fez as necessidades, só falta mamar e vai capotar.” Ele ria, deixando a pequena brincar com seus dedos.

“E-eu quero fazer um teste. Você me ajuda?” Ela pediu, recebendo um aceno afirmativo. “Eu não tomo o remédio desde a o meio da tarde.”

“O efeito já passou, eu sei. Você não conseguia segurar a Oli na casa do Dan.” Lembrou Mário, sentando-se e fazendo a filha sentar em sua perna. “O que isso tem a ver?”

“A Alicia me pediu para fazer uma coisa quando estávamos lá na escola, que foi o que me ajudou a segurar a Olívia. Quero tentar de novo.”

Ela sentou na cama, cruzando as pernas como um índio. Suspirou e fechou os olhos, buscando sentimentos antigos. De preferência, os da época da gravidez. O amor, o carinho, a ansiedade. A vontade de ter logo a filha nos braços e poder niná-la e lhe dar todo o seu afeto.

Focando nisso, sentiu o corpo ir relaxando. Os batimentos cardíacos ficaram mais calmos, o rosto com a expressão mais suave. Tinha medo de abrir os olhos, mas queria tentar. Quando o fez, encontrou Mário a encarando com ansiedade, assim como Olívia.

Estendeu as mãos em silêncio, e a filha se atirou em sua direção por conta própria. Abraçou o corpinho pequeno contra o seu, estendendo uma das mãos e indicando a mamadeira ao lado do marido. Ele a apanhou e entregou para Marcelina, que começou a amamentar Olívia.

“Você... É a primeira vez que você consegue dar de mamar para ela, vida.” Mário sorriu, emocionado. Marcelina não se atreveu a tirar os olhos da filha, mas estava tão emocionada quanto.

“É bom, anjo, é muito bom.” Ela afirmou, maravilhada. “É do jeitinho que eu imaginava quando estava grávida dela.”

“E como você está se sentindo, Marce?”

“Nervosa, e em paz ao mesmo tempo.” Ela sorriu, ainda encarando Olívia. “Eu não quero que esse momento acabe nunca.”

“A gente vai dar um jeito de durar para sempre, Marce, eu prometo.” Mário acariciou o rosto dela, que fechou os olhos ao toque.

“Hoje, quando eu vi a Carmen perder o bebê, alguma coisa baqueou em mim. Eu fiquei pensando: e se fosse eu perdendo a Olívia? E isso só deixou tudo ainda mais conflitante dentro de mim.”

“Mas você resolveu esse conflito agora, vida, e tenho certeza que vai conseguir vencer ele muitas outras vezes. Eu to muito orgulhoso de você, meu amor.” Garantiu Mário, deitando na cama e ficando admirando as duas coisas mais importantes da sua vida, em uma paz livre de remédios.

~*~

Margarida estava deitada na enorme cama de casal, Jack agarrado no decote de sua camisola, dormindo tranquilo. De tão feliz que estava, não conseguia parar de chorar. Se lembrava perfeitamente de quando o garotinho havia nascido e ela não tinha um berço para colocá-lo naquele cubículo em que viviam, e eles dormiam juntos em uma cama de solteiro, e ele se agarrava a ela daquele mesmo jeito.

Na poltrona do canto do quarto, Jorge observava a cena tentando não se emocionar. Achava apaixonante o olhar que a namorada dirigia àquela criança, fruto do amor dos dois. Ou pelo menos, de seu amor por ela.

E por mais que ansiasse em conversar com ela, ficava se contendo por não querer romper o momento. Aquela talvez fosse a pintura mais bonita que alguém poderia fazer, e era só dele. Que acervo particular!

“Eu acho que a gente precisa conversar.” Quem quebrou o silêncio foi ela, ainda encarando o filho. “Mas não aqui, porque ele pode acordar.”

“Vamos para a sala, pode ser?” Jorge levantou, observando ela fazer o mesmo, porém com muito mais cuidado. Soltou a mãozinha gordinha de sua roupa, ajeitou o lençol nele, beijou seu rostinho diversas vezes.

Era maravilhoso ver Margarida como mãe.

Na sala, sentaram um em cada sofá, se encarando em silêncio. A modelo mordia o lábio inferior, abraçada aos joelhos, enquanto Jorge batia o pé nervosamente no chão.

“Então... Como você descobriu sobre o Jack?” Perguntou a mulher por fim, cansada de enrolar. Jorge riu baixinho, negando com a cabeça.

“Você não achou mesmo que eu não ia perceber você mandando dinheiro para a Diana, ou a frequência das suas idas à Boston?” Ele perguntou o óbvio.

“Considerando que você disse que não dava a mínima para o que eu fazia da minha vida, realmente achei.” Ela deu de ombros, deitando a cabeça no joelho. “E por que foi atrás dele?”

“Porque ele é meu filho, Margarida. Quer dizer, eu pelo menos acho que é. Ou tem alguma chance de...”

“Não tem chance nenhuma de ele ser filho do Ramon, e você sabe disso.” Ela se irritou, vendo que ele ia desviar do assunto. “Você nunca deixou eu me explicar, Jorge.”

“Para mim tudo ficou muito óbvio naquela época, Margarida. Você estava comigo porque não tinha aonde cair morta ou o que comer.” Ele foi enfático, e ela se irritou.

“Você se acha o dono da verdade, não é? E quer saber: por isso que eu deixei o Jack bem longe de você.” Ela se levantou, nervosa.

“Você não tinha o direito de ter escondido meu filho de mim, Margarida.” Jorge rebateu, também se levantando.

“Você tinha me expulsado de casa, Jorge, queria que eu fizesse o quê?” Ele se encolheu diante disso, voltando a se sentar. A morena respirou fundo, tentando se acalmar. “Se você deixar, eu te explico tudo.”

“Eu não quero suas desculpas.”

“E nem eu penso que você as mereça. Mas você quer uma explicação para tudo o que aconteceu, e isso eu posso te dar.” Ela avisou, voltando a se sentar no sofá. “Posso?”

“Por favor.”

Ela esfregou as mãos, tentando organizar os pensamentos. Nesse meio tempo, Jorge ficou em silêncio, à espera do que ela diria.

“Como você já sabe, quando nós nos encontramos em Nova York, eu estava na pior. Eu havia ido a trabalho, como modelo, e quando cheguei lá as coisas não foram como o esperado. Perdi o quartinho em que dormia, comecei a dormir em albergues, tinha apenas um armário na estação de metrô, onde eu guardava minhas coisas. Fazia bicos aqui e ali, para conseguir comer.”

“Até aí eu já conheço a história, Margarida. Segue em frente.” Mandou Jorge, escondendo o rosto nas mãos.

“Foi nessa época que eu conheci o Ramon. Ele me conseguiu um emprego de garçonete em uma lanchonete, e nós começamos a sair. E então eu encontrei você no Central Park naquela tarde, quando estava indo encontrar o Ramon. E você estava tão... Diferente. Mais gentil, amigo, carinhoso. Eu fiquei balançada por você, e você sabe que é verdade.”

“Mas continuou saindo com o porto-riquenho.”

“Eu jurava que você só estava se divertindo comigo, Jorge, e você também achou que seria só isso a princípio. Quando você descobriu minha situação e me convidou para morar com você, eu quis sim me aproveitar de você e da sua bondade. Eu estava vivendo no bom e no melhor, sem gastar nada, sendo tratada como uma princesa.” Conforme ela ia falando, Jorge ia se encolhendo cada vez mais. “E o plano era ir aproveitando até conseguir o dinheiro para voltar para o Brasil, e trazer o Ramon junto, mas... Mas eu me apaixonei por você, Jorge.”

Ele ergueu os olhos ao ouvir que ela chorava ao contar isso. Ela encarava as próprias mãos, com um olhar distante.

“Apesar de ainda ver o Ramon algumas vezes, nós nunca mais tivemos nenhum contato físico, se você me entende, depois da primeira vez que eu dormi com você. Naquele momento eu decidi que iria terminar tudo. Ali, na verdade, já tinha tanto tempo que eu e o Ramon não tínhamos nada. Foi naquela primeira noite que a gente concebeu o Jack, eu tenho certeza pelas contas do médico.”

Ela levantou, indo até a janela de vidro que pegava a parede inteira, encarando São Paulo de cima. O advogado permaneceu sentado, afoito por ouvir o que mais ela tinha para dizer.

“Eu descobri que estava grávida naquela manhã, sabe? Você me perguntou o que tinha ido fazer no hospital pela manhã, e eu menti sobre a gripe. Queria te fazer uma surpresa, mas o Ramon foi mais rápido. A maioria do que ele te disse é mentira, eu juro. Nós nunca nos encontramos no seu apartamento, nem dormimos na nossa cama. O máximo que ele chegou foi na portaria uma vez. Ele estava bravo porque eu havia desistido de voltar para o Brasil, e trazer ele comigo. O plano dele era que roubássemos algo do apartamento e comprássemos a passagem, mas eu recusei e terminei o relacionamento de vez, mesmo que ele já tivesse terminado há muito tempo. Eu só estava com medo de colocar um ponto final e ele fazer exatamente o que ele fez.”

“Por que você não me contou isso na época, Margarida?”

“E você queria me ouvir, Jorge? Chegou no apartamento já gritando comigo, pegando minhas roupas e jogando no chão. Mandou eu sumir da sua vida e me chamou de golpista.” Ela cuspiu as palavras da mesma forma que ele havia feito na ocasião.

“Tudo seria diferente se eu soubesse que você estava grávida.” Garantiu ele, mas ela negou.

“Não seria, Jorge, seria pior. Você me acusaria de golpe, diria que meu filho era do Ramon. O Jack mal teria nascido e já estaria no meio de batalhas judiciais, dessas que você sempre se envolve. Não, não era isso o que eu queria para ele. Eu conhecia a Diana da época em que fomos modelos, mas ela deu mais sorte do que eu. Conseguiu um emprego em Boston, um apartamento razoável. Me deu um quarto para ficar com o Jack, me ajudou a conseguir um emprego em outra lanchonete. Estava comigo quando eu dei a luz no meio de uma tempestade de neve, sem chances de chegar no hospital. E então, quando aquele brutamontes apareceu atrás de mim, a mando seu, ela cuidou do Jack. Manteve ele seguro e protegido.”

“Você podia ter me contado ali, Margarida, você sabia que eu aceitaria qualquer coisa.”

“Mas ele não é qualquer coisa, Jorge. Ele é nosso filho, um ser humano.” Margarida chorou alto, decepcionada. “Você disse que não se importava com o que eu fizesse, que você só não podia viver sem mim, longe de mim. Eu quis ir embora na hora, mas então eu pensei nele. Em como era difícil comprar comida, comprar as roupas... Eu fiquei com você pelo meu filho, Jorge, para poder cuidar dele. Então, se quiser falar que eu estou com você por interesse, pode encher a boca. Mas eu não me arrependo disso nem um minuto.”

“E qual era o seu plano, trazendo nosso filho para o Brasil?” Apesar de tudo, ela gostava quando o namorado se referia a Jack como filho dos dois.

“Meu plano é ir para o sítio da minha mãe. Os negócios estão indo bem, eu posso trabalhar com ela, e morar lá com o Jack. Vou parar de sugar seu dinheiro assim que essa situação da Escola Mundial estiver resolvida.” Ela prometeu, e isso irritou o advogado.

“Você não vai levar meu filho para longe de mim de novo, eu não vou deixar.” Ele se aproximou, a segurando pelos braços. “Eu falei sério, Margarida, eu não suporto ficar longe de você. E agora, não suporto a ideia de ficar longe do Jack. Que você não me ame, não me queira, eu não ligo. Mas não vá embora com ele, eu te imploro.”

“Você realmente acredita que eu não te amo?” Ela negou com a cabeça, lágrimas escorrendo sem perdão. “Às vezes você é cego demais, Jorge.”

“Mamãe?” Viraram depressa, vendo Jack parado no meio do corredor. “Tá tudo bem?”

“Tá sim, campeão, eu e a mamãe só estávamos conversando.” Jorge caminhou depressa até o filho, o pegando no colo. “Que tal o papai te colocar na cama?”

“Você é meu papai?” A surpresa despertou o pequeno, que arregalou os olhos.

“Você não percebeu que nossos olhos são iguais?” O homem sorriu orgulhoso, admirando o sorriso do filho.

“Isso é verdade, mamãe?” Jack perguntou para Margarida, que concordou com um sorriso vacilante. “Então, agora eu vou morar com um papai e uma mamãe. Não é legal?”

“É legal sim, filho, legal demais.” Concordou Margarida, caminhando até os dois.

“Agora nós vamos ser uma família de verdade, ok, Jack? Eu, você e a mamãe. Nada vai separar nós três, eu te prometo.” Jorge beijou a cabeça do garoto, que a deitou em seu ombro. “Agora vamos para a cama, hã?”

“Só se a mamãe vier junto.”

“A mamãe não vai para lugar nenhum longe de você, meu amor, te prometo.” Eles começaram a caminhar para o quarto, quando Jorge a abraçou com o braço livre. Já acostumada a sempre manter as aparências, o abraçou de volta, deitando a cabeça junto da do filho.

Deitaram um de cada lado do menino, que dormiu agarradinho com eles. Margarida se sentia plena, feliz, realizada. Mas ao mesmo tempo, sentia medo.

Porque quando olhava nos olhos de Jorge, não sabia dizer o que havia ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero deixar aqui registrado um grande abraço de urso para a Clara (paulicia7) por entender minhas referências sempre (adoro leitoras assim), e um beijo muito especial para a Juhbert, que me fez chorar e me emocionar MUITO com o seu comentário. Digo novamente, ele foi muito especial para mim, e estará guardado para sempre no coração!
Graças a pedidos, o próximo bônus (e capítulo postado) será Jorge e Margarida. Já estou terminando de escrever, deve sair entre hoje ou amanhã!
Agora sobre o capítulo: CHAMA OS BOMBEIROS QUE A BAGAÇA PEGOU FOGO! Espero que estejam todas vivas e vivos, ok? Até o próximo!
Beijos ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "20 anos depois - A salvação da Escola Mundial" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.